quinta-feira, 30 de junho de 2011

A canonização de Paulo Renato

Por Marcio TAQUARAL

A gestão de Paulo Renato de Souza a frente do Ministério da Educação é bastante polêmica. As opiniões simplesmente se dividem entre os que o consideram o melhor ministro de todos os tempos e os que o consideram o pior. O centro da polêmica tem uma razão ideológica: as ações de Paulo Renato optaram pela educação privada em detrimento da educação pública.

Dessa forma, os entusiastas da educação privada valorizam o fato do MEC ter liberado a abertura de universidades privadas e apoiado a expansão de todo o sistema privado de educação. De outro lado, os entusiastas da educação pública denunciam o fato de sua gestão ter sucateado as universidades federais, precarizado a situação dos professores e causado um êxodo de pesquisadores.

Independente de qual opção ideológica se faça, é importante citar algumas realizações de Paulo Renato, entre elas, o FUNDEF (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério), o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), o Provão, a LDB (Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional), o FIES (Financiamento ao Estudante do Ensino Superior) e as Diretrizes Curriculares Nacionais. Cada uma dessas realizações tem seu mérito em alguma medida. O problema é que foram aplicadas pela metade.

O FUNDEF foi, sem dúvida, um importante instrumento para garantir a universalização do Ensino Fundamental, repassando verba para os demais entes federativos conforme o aumento do número de estudantes. Só faltou investir dinheiro de fato e incluir o Ensino Médio e as Classes de Alfabetização.

As avaliações, como o ENEM e o Provão, são importantes instrumentos de regulação da Educação, seja ela pública ou privada. O problema é que são avaliações incompletas, que se focam apenas nos estudantes, não no contexto geral em que a educação é vista como um sistema. Além disso, ainda que houvesse a avaliação, nunca houve de Paulo Renato qualquer ação no sentido de exigir melhorias das entidades educacionais mal avaliadas.

A LDB em geral é reconhecida como uma lei importante para a educação Brasileira. A principal crítica ideológica que pode ser feita é referente a mudança no caráter das instituições de ensino superior, permitindo a existência de universidades com fins lucrativos (antes disso as universidades particulares não podiam ter fins lucrativos, sendo mantidas por fundações).

O FIES trata-se de um crédito da Caixa Econômica Federal para que estudantes possam pagar as mensalidades em universidades privadas, como um empréstimo subsidiado. A idéia não é nova (surgiu para substituir o já existente CREDUC), mas é boa. O problema é que as taxas de correção e forma de pagamento do FIES, bem como a exigência de fiador com renda duas vezes superior ao preço da mensalidade, impedia que estudantes pobres pudessem receber o crédito.

As Diretrizes Curriculares Nacionais garantiram um currículo nacional único, porém opcional. Neste caso, a crítica ou elogio ao fato de ser opcional é ideológica.

Enfim, independente da questão ideológica, a gestão Paulo Renato no MEC teve muitas realizações, mas quase todas incompletas, o que tira totalmente seu mérito. Muitas das medidas foram corrigidas durante o Governo Lula, mas nem todas. Sendo assim, nada justifica a canonização de Paulo Renato, agora apresentado como um grande ministro. De fato, aqueles que ideologicamente se identificam com o setor privado da Educação devem louvá-lo, mas não por razões técnicas e imparciais. E o pior, depois de oitos anos de Paulo Renato e de oito anos sem Paulo Renato, a Educação no Brasil ainda continua aquém das necessidades do País.

**********
De São Paulo-SP.

FOTO: http://files.nilnoticia.webnode.com.br/200000220-73f4b7472a/Paulo%20Renato.jpg


@MarcioTAQUARAL Sabe aquela história do metrô em Higienópolis e da gente "diferenciada"? Isso me fez lembrar daquele "movimento" Cansei!

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Marina fora do PV

Por Marcio TAQUARAL

Os Partidos Verdes são um fenômeno mundial que surgiu na Europa dos anos 70 e tem menos a ver com ambientalismo do que se pensa. Obviamente, como o nome já demonstra, os Verdes têm grande preocupação com a questão ambiental, mas este não é o único tema de seu programa. Criados pelos líderes das manifestações de maio de 68, os Partidos Verdes lutavam contra o “establishment”, tanto à Esquerda, quanto à Direita e levantam, entre suas bandeiras, questões relacionadas à liberalização dos costumes, como a descriminalização do aborto, legalização das drogas, defesa da união civil homossexual, além, é claro, do ambientalismo.

No Brasil, o PV surgiu como um racha “moderninho” do PT do Rio de Janeiro, liderados pelo ex-guerrilheiro Fernando Gabeira (atualmente deputado federal). Por acasos do destino, atualmente os verdes europeus são identificados com a Esquerda, enquanto o PV tupiniquim é constantemente aliado da Direita.

O Brasil e a Europa estão em diferentes graus de evolução do capitalismo, ou seja, atuam de maneira bastante diferente com relação à natureza. Diga-se de passagem, o Brasil é muito mais respeitador do meio ambiente do que a Europa. Enfim, no velho continente o ambientalismo é uma questão mais retórica do que prática, fazendo parte de um compilado de teses politicamente corretas que têm pouco impacto econômico. No Brasil, a questão ambiental tem muito mais centralidade, sendo uma preocupação tanto de partidos de Esquerda como de Direita. Ocorre que, diferente das demais questões relacionadas aos costumes (que são meras representações da liberdade individual), a questão ambiental têm grande impacto econômico no Brasil. Curiosamente, no Brasil o PV é muito mais associado à questão ambiental do que as demais questões, uma situação inversa ao que ocorre na Europa.

Marina Silva é uma figura originária da Esquerda, ex-filiada ao PT. Foi companheira de Chico Mendes que, mais do que um líder ambientalista, era uma liderança popular preocupada com a luta social. Depois foi vereadora, deputada estadual, senadora e, finalmente ministra do Meio Ambiente. Após deixar o ministério, Marina decidiu mudar de partido e filiou-se ao PV para se candidatar a Presidência da República. Obteve 20 milhões de votos, mas não foi para o segundo turno. A candidatura de Marina Silva tentou se apresentar como uma terceira via, quebrando a polarização entre o PT de Dilma Rousseff (de Esquerda) e o PSDB de José Serra (de Direita).

Ocorre que o PV no Brasil é um partido meio picareta. Cheio de coronéis, sem democracia interna e que adora fazer uma aliança com os setores mais reacionários da Direita. Em pouco tempo, ficou inviável a convivência de Marina (por sua trajetória de Esquerda) com gente desse tipo. O divórcio era inevitável e Marina desfiliou-se.

Ninguém tem a menor dúvida de que os 20 milhões de votos são de Marina Silva, não do PV. Afinal, como já dissemos, a pauta do PV combina ambientalismo com posições relacionadas à liberalização dos costumes, enquanto os eleitores de Marina, por sua vez, são aqueles que combinam ambientalismo com conservadorismo nos costumes. Isso mesmo, ainda que parte do eleitorado “marineiro” seja progressista, muitos seus votos vieram de suas posições antiaborto, alavancadas pela campanha terrorista promovida por algumas igrejas católicas e evangélicas reacionárias. Em resumo, Marina tinha muitos motivos para sair do PV, o problema é o que fazer a partir de agora.

Algumas pessoas sugeriram que Marina Silva iria desembarcar no PPS. Seria uma má escolha, uma vez que trocaria seis por meia dúzia: o PPS é uma filial tucana que tem o Roberto Freire em vez do Penna. É tudo farinha do mesmo saco! Interlocutores de Marina sugerem que ela irá criar um novo partido, mas apenas em 2013.

É esperar para ver!

**********
De São Paulo-SP.


Recordar é viver (agosto de 2009): Marina, cuidado com as companhias!


@MarcioTAQUARAL Reafirmando: não gosto da Marina Silva, mas começo a "desgostar" menos agora que ela saiu do PV. Que ela não vá para outro partido picareta.

terça-feira, 28 de junho de 2011

O DNA do escândalo

Vejam só como um simples exame de DNA resolve tantos problemas. FHC que o diga. Diferente foi Pelé, que preferiu manchar mais uma vez sua imagem ao negar reconhecimento a sua filha, apesar do DNA confirmar. Ronaldo foi um fenômeno e reconheceu imediatamente a paternidade de Alexander. José Alencar foi um grande vice-presidente, só não foi maior porque se recusou a fornecer material para exame de DNA de reconhecimento de uma suposta filha. Enfim, a tecnologia faz milagres.

Aproveitando que o exame de DNA está em evidência, por que o caseiro Francenildo Costa não faz um DNA para comprovar que o empresário tucano Euripedes Soares da Silva é realmente seu pai? Para quem não se lembra, o “escândalo” da quebra do sigilo do caseiro era centrado no fato de que o pobre Francenildo tinha um saldo bancário de R$ 38.860,00, sendo que R$ 24.990,00 teriam sido pagos por seu suposto pai biológico.

Há quem garanta que o dinheiro foi pago para que o caseiro fizesse falsas acusações contra o então Ministro da Fazenda Antonio Palocci. O que faz muito sentido. Um simples DNA resolveria essa dúvida...

**********
De São Paulo-SP.


@MarcioTAQUARAL É injustiça dizer que Paulo Renato foi o pior Ministro da Educação. O Suplicy de Lacerda (MEC-USAID) foi muito pior! Paulo Renato é o 2º.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Uma história muito mal contada

Durante 18 anos poucas pessoas souberam sobre o filho extra-conjugal de Fernando Henrique Cardoso. O garoto Tomás era filho da jornalista Miriam Dutra da Rede Globo e teria sido concebido enquanto FHC era apenas senador. Quando FHC foi candidato a presidente, a Globo decidiu transferir Miram Dutra para a Europa, uma atitude muito conveniente para evitar escândalos e especulações na candidatura favorita de Roberto Marinho. Apesar de toda a imprensa ter conhecimento sobre o suposto filho de FHC, durante 18 anos o assunto foi ignorado (com uma honrosa exceção da revista Caros Amigos de abril de 2000).

Em 2009, quando o rapaz completou 18 anos, FHC decidiu reconhecer oficialmente o filho. Provavelmente Fernando Henrique o fez porque, ao completar a maioridade, Tomás poderia pessoalmente ingressar com uma ação de reconhecimento de paternidade. Além disso, Dona Ruth já havia falecido.

Eis que essa semana surge uma notícia bombástica: exame de DNA confirma que Tomás não é filho de FHC.

Trata-se de uma história pra lá de mal contada. Mas três fatos incontestes podem ser filtrados:

1. Fernando Henrique Cardoso teve uma amante.

2. A quase totalidade da mídia ignorou um fato público e notório por 18 anos.

3. Tomás não é filho biológico de FHC.

Cada um tire a conclusão que puder.

**********
De São Paulo-SP.


O Bispo e o Sociólogo

FHC e Renan Calheiros


@MarcioTAQUARAL Corpus Christie é um feriado em homenagem àquela escritora de livros policiais?

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Críticas ao sistema tributário

Por Marcio TAQUARAL

O sistema tributário Brasileiro tem três defeitos graves:

1. Impostos indiretos – Que incidem sobre o consumo de bens e serviços e acabam pesando indistintamente no bolso do consumidor final (seja rico ou seja pobre).

2. Tributação sobre a folha de pagamento – Que torna a contratação mais cara do que o salário a ser pago, ou seja, desestimula a contratação formal e conseqüentemente estimula esquemas para fraudar direitos trabalhistas (contratar funcionário como pessoa jurídica, ou cooperativa de funcionários) ou a superexploração dos já contratados.

3. Progressividade incompleta – A tabela progressiva do imposto de renda tem um aclive muito suave: com relação às alíquotas existem apenas cinco categorias para pessoas físicas e duas para pessoas jurídicas.

Em lugar nenhum do mundo as pessoas gostam de pagar impostos, muito menos onde mal percebem o resultado deles nos serviços público. Por outro lado, além de garantir os serviços públicos, a tributação pode ser um mecanismo de transferência de renda. Infelizmente, enquanto não forem corrigidos os três defeitos listados, dificilmente alguém (que não faça parte do governo) vai defender os tributos.

**********
De São Paulo-SP.

@MarcioTAQUARAL E o Pelé com um terno cor de Santander... Coincidência? Espere só até o próximo comercial com novo garoto-propaganda...

terça-feira, 21 de junho de 2011

A importância da Meia-Entrada

Por Marcio TAQUARAL

Teoricamente, os estudantes Brasileiros têm direito a pagar meia-entrada em eventos culturais, esportivos ou de lazer. O tema deveria ser regulamentado pela legislação estadual (como a Lei nº 7.844/92 no caso do Estado de São Paulo), mas foi tema de uma Medida Provisória 2.208/01 durante o Governo FHC.

A meia-entrada foi um importante instrumento de democratização da cultura durante os anos 50 (quando os eventos culturais eram caríssimos) e durante os anos 90 (quando a grande maioria da juventude excluída socialmente passou a ter acesso ao cinema graças à carteirinha da UNE). A meia-entrada é um importante instrumento de incentivo à educação e à cultura entre os jovens. Além disso, a meia-entrada beneficia os cinemas e produtores culturais, pois estes passam a receber um público que antes não tinha acesso aos eventos, além da formação de público, pois um jovem que durante sua formação toma gosto por teatro, ópera e cinema, continuará sendo um espectador depois que se formar (pagando o ingresso inteiro a partir de então).

Infelizmente, a MP 2.208 gerou uma confusão, uma vez que não prevê especificamente qual é o valor do desconto e desregulamentou a identificação estudantil, que até então era feita exclusivamente através da Carteira da UNE (União Nacional dos Estudantes). Sem a regulamentação, pipocaram em cada esquina verdadeiras fábricas de carteirinha. Empresas sem qualquer relação com as escolas, universidades ou entidades estudantis passaram a vender carteira de meia-entrada. Sem compromisso com os verdadeiros estudantes, tais empresas não se sentiram ultrajadas em vender carteirinhas para não-estudantes.

O resultado é que atualmente todo mundo que vai ao cinema tem alguma forma de comprovar que é estudante, mas a maioria não é. Como reflexo, os cinemas, teatros e produtores culturais dobraram o preço das entradas. Na prática, os estudantes pagam inteira, os não-estudantes desonestos pagam inteira e os não-estudantes honestos pagam o dobro. Nesta conta maléfica, os cinemas e artistas compensam a quantidade de estudantes falsos aumentando o preço. Quem perde são os estudantes verdadeiros, que têm seu direito tolhido, e os não-estudantes honestos, que são obrigados a pagar o dobro do preço real para compensar a desonestidade de uns outros. É uma pena, mas os honestos são a minoria...

Como os ingressos estão muito caros, os artistas e cinemas são obrigados a pagar mais imposto e sentem alguma pressão quanto à freqüência. Então passaram a combater a meia-entrada como forma de baratear os ingressos. Compreendemos o problema, mas discordamos da solução. A melhor alternativa seria uma reformulação da MP 2.208/01 no sentido de reestruturar a identificação estudantil, preferencialmente sendo centralizada na Carteira da UNE. Inclusive, nada impede que as carteiras sejam confecionadas pela Casa da Moeda como forma de garantir um documento à prova de falsificações e que haja um convênio entre a UNE e os cinemas, artistas e produtores culturais, para que estes possam fiscalizar a venda de carteiras e confirmar que não serão vendidas a não-estudantes.

**********
De São Paulo-SP.


O Financiamento do Movimento Estudantil


Isso sem se falar que fiquei sem luz, sem telefone e sem água por causa da última chuvinha. Só o preço da tarifa não cai!

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Sete motivos para legalizar as drogas

Por Marcio TAQUARAL

Listamos 7 bons motivos que justificam a legalização das drogas. Não apenas da maconha, mas todas elas.

Entendemos que num sistema ideal, a maconha receberia um tratamento parecido com o do tabaco, mas também sofreria algumas restrições como sofre o álcool (seria proibido dirigir sob o efeito de maconha). Para as demais drogas defendemos o monopólio estatal da produção e do comércio. Quanto ao acesso, seria restrito para maiores de 18 anos devidamente registrados em um cadastro integrado ao SUS. A propaganda de todas as drogas seriam proibidas (inclusive o álcool) e o consumo em público seria vedado, apenas liberado em locais específicos e fechados (como bares, tabacarias ou drug stores) e nestes locais menores de idade não seriam admitidos. Também seria necessária uma constante campanha de esclarecimento sobre os malefícios das drogas.

Os sete motivos são:


1. Direitos trabalhistas

Atualmente os traficantes ganham rios de dinheiro, exploram jovens e crianças nos morros e periferias, mas não arcam com os deveres trabalhistas.


2. Tributação

Se o tráfico de drogas é uma atividade tão lucrativa, é melhor que o Estado cuide dela e receba os lucros ou tributos, podendo aplicá-los em campanhas educativas ou ações de saúde pública.


3. Regulamentação

Mercado ilegal é um mercado sem regulamentação. É o sonho do neoliberalismo. Laissez faire, laissez passer.


4. Controle de qualidade

Atualmente as drogas são misturadas a toda sorte de produtos químicos, causando mais danos à saúde do usuário.


5. Redução de danos

A política de criminalização das drogas obscurece as políticas de redução de danos, pois os usuários escondem seu vicio das autoridades e não recebem as informações adequadas sobre tratamento, apoio psicológico e medidas de redução de danos. O cadastro integrado ao SUS serviria como medida de saúde.


6. Fim da violência

O tráfico de drogas é a atividade ilegal mais lucrativa do mundo, por isso tais quadrilhas detém armamento superior ao de muitos exércitos. Sem dinheiro, tais criminosos não terão condições de comprar um equipamento tão poderoso como hoje em dia têm. Além disso, a convivência forçada entre usuários de drogas e criminosos não mais ocorreria.


7. Fim da hipocrisia

A proibição das drogas não impede o tráfico e nem o consumo de drogas. Por outro lado, impede que os usuários façam uso de seu próprio corpo (um uso burro, mas a liberdade é deles) e impede a discussão saudável sobre as drogas. Atualmente os pais, irmãos e familiares dos usuários raramente sabem sobre seu vício, o que dificulta qualquer forma de ajuda. Com a legalização, os usuários não terão porque esconder seus hábitos.

**********
De São Paulo-SP.

Foto: http://drogasnaeducacao.zip.net/


Drogas: debate polêmico

Legalizar sem falsa moral

FHC está certo, parcialmente


@Marcio TAQUARAL Só falta o Bispo de Guarulhos dizer que as crianças mentem sobre pedofilia para faltar nas aulas de catecismo... Cretino

domingo, 19 de junho de 2011

Sigilo eterno: por que temer a verdade?

Por Marcio TAQUARAL

O simples conceito de sigilo eterno é inconstitucional. Um dos pilares do Estado Democrático de Direito é a publicização das atividades do Poder Público. Se o Povo não tiver acesso às informações sobre os atos dos governantes, então não terá meios para julgar se concorda ou não com aquelas ações. Sem tais meios, não podemos considerar que o processo democrático é válido.

De fato existem informações cuja divulgação pode gerar danos à segurança nacional e isso justifica que sejam classificadas como secretas, mantendo-se restrito o acesso a elas. Ocorre que, após um período de tempo, a informação deixa de causar danos e, por isso, pode e deve ser publicizada. Isso serve, inclusive, para que o Povo possa julgar se concorda com a atitude tomada pelo Poder Público na ocasião e pautar os governantes nas ocasiões futuras.

Nos Estados Unidos, a lei exige que os documentos ultrassecretos sejam divulgados após 40 anos. Isso garante que o povo americano tenha acesso às informações passadas, inclusive sobre controvérsias como a Guerra do Vietnã, a Operação Condor, corrupção na Casa Branca etc. Com base em tais fatos, o povo tem melhores condições para escolher como quer ser governado.

A renovação indefinida do sigilo é uma agressão ao princípio Democrático, aos princípios básicos da administração pública e ao direito fundamental da igualdade. Isso mesmo, ao existirem documentos que serão mantidos eternamente em sigilo, cria-se duas categorias de cidadãos, pois os que um dia passarem pelo governo terão acesso a tais informações e continuarão detendo este conhecimento quando saírem da vida pública e voltarem a ser meros cidadãos. Uma vez fora do poder, não há nada de justifique que alguns cidadãos saibam de informações referentes à história do Estado Brasileiro cujo acesso seja negado aos demais cidadãos. A questão da segurança nacional pode, no máximo, garantir que o acesso só possa ocorrer depois de um determinado período de tempo.

A alegação de que existem documentos que podem comprometer a integridade territorial Brasileira também não merece prosperar. Nosso País tem território consolidado e ocupado, sendo reconhecido pacificamente por todas as nações com quem temos fronteira. Não temos movimentos separatistas ou sectários (com exceção de alguns malucos sem expressão). Caso alguns dos acordos do Barão do Rio Branco tenham sido pouco escrupulosos, é direito do Povo Brasileiro saber. Caso algum documento revele excessos e brutalidade no comportamento das Forças Armadas durante a Guerra do Paraguai, temos o dever de saber. Caso ocorram eventuais questionamentos por parte países vizinhos, estes serão causados pelos fatos, não pela divulgação dos documentos. E a nós cabe enfrentarmos estes questionamentos, discutir as medidas cabíveis e assumir o ônus pelas nossas próprias ações. É dessa forma que se constrói uma nação séria.

A verdade simplesmente existe com base nos fatos, não podemos ter medo dela. E o fato de desconhecermos a verdade não faz com que ela deixe de existir. Melhor enfrentar logo e de frente os eventuais problemas, do que vivermos assombrados por eles.

**********
De São Paulo-SP.

sábado, 18 de junho de 2011

Na crise da Grécia a moratória é a solução

Por Marcio TAQUARAL

E a crise grega continua. O país foi à bancarrota, a economia faliu, o Estado não tem dinheiro para pagar sua dívida e o Povo foi às ruas protestar. E os comentaristas econômicos deste lado do Atlântico insistem em dizer que a solução para a Grécia é um ajusto fiscal. Será que esses comentaristas não estudaram economia? Como podem dizer uma coisa tão estúpida?

A crise da Grécia não é meramente financeira, mas também econômica! O país está do jeito que está porque não está produzindo riquezas, porque as empresas estão paradas e a população não tem emprego. Como resultado disso, o Estado quebrou e está com dificuldades para pagar sua dívida. Pagar a dívida não resolveria o problema central, que é a economia falida. A solução é realizar fortes investimentos na economia (como o Brasil e os EUA fizeram).

O ajusto fiscal é uma idiotice, pois significa retirar dinheiro da economia para pagar ao sistema financeiro externo. A solução para a Grécia chama-se moratória. Infelizmente, nossos comentaristas econômicos estão a serviço do sistema financeiro credor da Grécia e insistem em mentir para nós. E seguimos mal informados.

**********
De São Paulo-SP.


@MarcioTAQUARAL Não sou fã da Marina Silva, mas acho muito acertada sua decisão de sair do PV, aquele partido picareta!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Hostilizar o agronegócio é estupidez

Por Marcio TAQUARAL

Com o aumento da participação do agronegócio na economia Brasileira, este passou a ser um dos assuntos centrais de qualquer debate sobre os rumos do País.

Em breves palavras, podemos dizer que o agronegócio é a aplicação do capitalismo ao campo. Trata-se da agricultura altamente intensiva, com muita tecnologia, apoio do sistema financeiro e cuja produção é voltada ao mercado. O agronegócio é muito diferente do latifúndio, que em breves palavras se resume à sub-utilização de terras, produzindo o que for mais fácil, sem tecnologia, sem financiamento, sem preocupação direta com as demandas do mercado. O latifúndio é um resquício de um período que o Brasil sequer podia ser considerado capitalista. Enquanto o agronegócio gera empregos no campo, o latifúndio expulsa camponeses para a cidade.

Mas quem é o agronegócio? Digamos que existem duas categorias, a primeira é composta pelas multinacionais do setor (que compraram as terras dos latifundiários) e a segunda categoria é composta por latifundiários que se associaram com o sistema financeiro para modernizar sua produção. Resumindo, são multinacionais, ex-latifundiários e bancos. Não é exatamente o tipo de gente que mais se preocupa com o desenvolvimento nacional....

Os entusiastas do agronegócio consideram-no uma panacéia que resolve todos os problemas do Brasil. Graças a ele aumentaram os empregos no campo, cresceu a produção de alimentos e subiram as exportações. De fato, o agronegócio foi muito importante neste aspecto: garantiu o re-equilíbrio da nossa balança de pagamentos com superávits comerciais, diferente do Governo FHC, quando a balança comercial era desfavorável e o equilíbrio era conquistado queimando reservas ou pela atração de capital especulativo. Ou seja, a exportação de commodities produzidas pelo agronegócio garante uma posição mais soberana para o Brasil na economia mundial.

A exportação de commodities nunca matou ninguém, pelo contrário, tanto os Estados Unidos quanto a França são grandes exportadores. O problema é quando o excesso de entusiasmo com a exportação de commodities a coloca no centro da economia, o que pode gerar a “doença holandesa”. Por exemplo, a questão do câmbio revela uma contradição entre o agronegócio e a industria nacional. A valorização do Real é boa para exportar commodities, mas é ruim para a indústria. Se a equipe econômica do Governo quiser reforçar o agronegócio, pode adotar políticas que, entre outras conseqüências, gerem desindustrialização. E um país desindustrializado (em termos absolutos, não relativos) é um país subdesenvolvido e dependente, uma vez que o preço dos produtos de baixo valor agregado sofre constante variação (atualmente estão em alta, mas uma hora vão cair!).

Por outro lado, o agronegócio não precisa se restringir à exportação, podendo se coligar com a industria nacional, produzindo sua matéria-prima e contribuindo no desenvolvimento soberano do Brasil. São opções que o Povo Brasileiro deve fazer.

**********
De São Paulo-SP.

Foto: http://www.mogianaonline.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2803:exportacao-do-agronegocio-cresce-20-em-maio&catid=35:agronegocios&Itemid=190


@MarcioTAQUARAL Acho sempre curioso quando as pessoas defendem direitos humanos no Irã e são contra os mesmos direitos no Brasil...

terça-feira, 14 de junho de 2011

AES Eletropaulo e o monopólio da incapacidade

Por Marcio TAQUARAL

As privatizações são uma opção ideológica. Não existe qualquer comprovação científica de seus benefícios. As pessoas que acreditam na mão invisível do mercado apóiam a idéia simplesmente porque acreditam (e porque ignoram as crises econômicas de 1929 e 2008).

Durante os anos 90, as privatizações foram vendidas para a população como uma panacéia que solucionaria todos os problemas do Brasil. Segundo tal campanha publicitária, a venda das empresas estatais diminuiria o tamanho do Estado garantindo menos tributos e melhores serviços públicos. Segundo os marqueteiros privatistas, um empresário teria mais cuidado e zelo com a empresa própria e a iniciativa privada seria mais eficiente do que o Poder Público. Sem se falar que a concorrência geraria queda de preços e aumentaria a qualidade.

Tais argumentos foram desmentidos pela prática. A realidade, infelizmente, não foi convencida pelas belas palavras neoliberais. Empresas públicas pertencem ao Estado, mas não se confundem com ele. Ou seja, a existência delas não tem relação direta com a questão tributária. Tanto é que no Governo FHC as estatais foram vendidas, mas os impostos subiram...

A suposta superioridade gerencial da iniciativa privada é outro mito. Afinal, só vale quando consideramos exclusivamente os empresários de sucesso, ignorando a gigantesca massa de empresas falidas, deficitárias, incompetentes ou simplesmente picaretas. A vantagem da iniciativa privada é que uma empresa ruim simplesmente quebra, deixa de existir. Essa vantagem converte-se em desvantagem se a empresa fizer parte um setor estratégico, ocasião em que, mesmo ruim, é preferível que a empresa continue operando.

A superioridade gerencial da iniciativa privada inclusive também é desmentida por empresas públicas como a Petrobrás (para citar um exemplo Brasileiro).

A concorrência de fato é boa, desde que ela realmente exista. Curiosamente, os defensores da livre concorrência como justificativa para as privatizações não defendem essa tese nos casos de trustes, grandes fusões, concentração de mercado etc. Neste caso eles apóiam, pois é a auto-regulação do mercado... Enfim, a mão invisível do mercado tem o hábito de concentrar os setores econômicos e eliminar a concorrência. Se for assim, melhor que o monopólio seja estatal e sob o controle do Poder Público.

No Brasil, as privatizações dos anos 90 foram criminosas. A Companhia Siderúrgica Vale do Rio Doce, atual Vale, era uma empresa altamente lucrativa e que foi vendida a preço de banana (com o valor das commodities na baixa!). No cálculo do preço da Vale, sequer incluíram o potencial que suas reservas minerais quase infinitas. Tanto foi que atualmente o valor pago pelo controle da Vale (US$ 3,3 bi) é inferior ao seu lucro trimestral. O mais grotesco é que a privatização foi feita com financiamento do BNDES.

Outra empresa privatizada foi a Telesp, companhia telefônica do Estado de São Paulo, vendida para a espanhol Telefónica. Atualmente, é a campeã de reclamações no Procon, demonstrando a incrível capacidade gerencial da iniciativa privada...

Outro caso bizarro (e que ganhou atualidade na última semana) foi a privatização da companhia energética de São Paulo, Eletropaulo. Trata-se de um setor altamente estratégico, ou seja, a prudência é que ficasse sob o controle do Estado. Infelizmente, não era esse tipo de lógica que movia nossos governantes na época. A Eletropaulo foi uma empresa pública privatizada com financiamento do BNDES e a empresa adquirente (o consórcio americano AES) não cumpriu os pagamentos com o BNDES. Resumindo, venderam uma empresa nossa, que foi paga com dinheiro que nós emprestamos, mas o empréstimo não foi quitado e a empresa ainda por cima nos cobra tarifa pelo serviço de fornecimento de energia... Essa história só pode ser piada em Portugal!

Enfim, após quase ser reestatizada, a AES renegociou seus débitos com o BNDES. Porém, até hoje a empresa não cumpre com as obrigações para o setor. O edital de privatização previa a expansão de sua capacidade instalada em 15% até 2007. Estamos em 2011 e nem um watt foi agregado.

Depois das chuvas da semana passada, houve inúmeros casos de apagões e falta de energia. A AES Eletropaulo acusa a chuva (como se nunca chovesse dessa forma na cidade), mas esquece que parte do problema é causado pelo fato de ainda usar o ultrapassado sistema de cabos aéreos, em vez de aterrar os fios de energia.

Isso tudo porque a AES Eletropaulo é monopolista no fornecimento de energia. Quer dizer, não serve nem como modelo de privatização!

**********
De São Paulo-SP.


@MarcioTAQUARAL Nada contra a isenção que a Prefeitura concedeu ao estádio do Corinthians. Só espero que ela também invista o mesmo $ em transporte público.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Uma ilha chamada USP

Por Marcio TAQUARAL

A USP parece uma ilha. No meio de São Paulo, o campus Butantã é um paraíso de grandes áreas verdes, frequentada por gente bonita e inteligente, transporte público gratuito, restaurantes com preços subsidiados, clube, conjunto habitacional e festa toda noite. Às vezes tem até aula naquelas que são algumas das melhores faculdades do Brasil.

A USP parece uma ilha, mas não é. A USP está dentro de São Paulo e faz parte da maior cidade do País. Ou seja, tem todos os seus problemas, como violência, trânsito congestionado, poluição (fica ao lado da Marginal Pinheiros!) e pobreza. Digamos que a pobreza não fica na USP, mas é vizinha dela.

Foi com muita tristeza que recebemos a notícia de que um jovem estudante foi assassinado durante uma tentativa de assalto no estacionamento da FEA. Nos solidarizamos com os pais, amigos e parentes da vítima e consideramos absolutamente normal que estes desejem justiça e punição para os assassinos.

Infelizmente, tragédias como essa sempre são aproveitadas para fazer propostas demagógicas. O problema da segurança pública não é apenas da USP, mas de todo o Estado de São Paulo, e, em particular, da Capital. A violência na USP não é maior do que no resto da cidade. Pelo contrário! Exatamente por isso o fato nos chocou.

Se o problema da USP é segurança, então medidas de segurança devem ser aplicadas. Alguns defendem uma presença maior da Polícia Militar. Outros alegam que a presença ostensiva da PM inibe a liberdade e a autonomia universitária e defendem apenas a Guarda da USP. Independente da solução adotada, o problema não será totalmente resolvido enquanto não forem resolvidas as raízes da violência. Mesmo com presença ostensiva dos mecanismos de segurança, existem crimes dentro de bairros nobres, condomínios fechados, prédios, até mesmo dentro de bancos. As rondas da PM ou da Guarda vão apenas inibir temporariamente a concretização de ações criminosas. A polêmica em torno da presença da PM no campus é falsa, uma vez que a PM já está presente. A questão é a intensidade e ostensividade desta presença.

A questão mais preocupante é a visão de “ilha” que algumas pessoas têm a respeito da USP. Trata-se de uma universidade pública, ou seja, não pertence apenas aos estudantes, professores e funcionários, mas a toda a população. É bastante questionável que o CEPE (Centro de Práticas Esportivas, o clube da USP) seja restrito aos membros e ex-membros da comunidade uspiana. Por que não liberar o acesso aos vizinhos da USP, como ocorre com quase todos os aparelhos esportivos do Estado e da Prefeitura? Coisas de ilha.

Outra concepção de “ilha” é a que restringe o acesso ao campus. A partir das 20hs, só podem entrar de carro os que portarem a carteirinha da USP. Uai, não é um espaço público? Ou a regra funciona para todos ou não funciona para ninguém.

O mais preocupante, enfim, foi o resultado do plebiscito realizado entre estudantes da Poli. Por ampla maioria, os estudantes declararam-se favoráveis à presença da PM dentro do campus, que a Guarda Universitária porte armas de fogo e efeito moral, que o acesso de visitantes exija deles um cadastro e que o portão da Favela São Remo seja fechado durante a noite. Vamos por partes. A presença da PM já existe, trata-se de uma aprovação retórica que no máximo vai ampliar a ostensividade das rondas. O porte de armas de fogo pela Guarda até pode ser entendido, mas por que armas de efeito moral? Para dispersar manifestantes? (essa conversa já está ficando meio enviesada) Cadastro de visitantes é outra daquelas medidas populistas inócuas, pois para funcionar dependeria de um sistema de catracas em todas as entradas, que verificasse todos que entram, sejam estudantes, professores, funcionários ou visitantes cadastrados. A propósito, quem quiser cometer um crime na USP, antes de entrar no campus cometeria outro, bastando roubar o documento de outra pessoa para manter seu anonimato...

Por fim, o mais absurdo é a proposta de fechar o acesso da Favela São Remo. Por acaso os assassinos do estudante da FEA são moradores da favela? E se os assassinos tiverem entrado de carro pela portaria da Rua Afrânio Peixoto com Rua Alvarenga, a P1 seria fechada? Trata-se de uma visão preconceituosa e sem base na realidade, que pretende excluir os pobres da vivência do espaço público. É a mesma visão que mudou o projeto da Linha 4 Amarela do Metrô, que não mais conta com uma estação dentro da USP, o que seria essencial, visto que é um dos principais destinos dos que se deslocam pela região e sendo que dentro dela está o Hospital Universitário, cujo acesso seria facilitado.

Visões como está comprovam que o Poder Público no Brasil e, especialmente, em São Paulo é dirigido por uma pequena elite que pretende segregar a pobreza. A má notícia para eles é que a pobreza não pode ser contida assim e o crime sempre encontrará alternativas, cada vez mais violentas.

**********
De São Paulo-SP.


@MarcioTAQUARAL Coitado do PPS! Gravaram uma propaganda alardeando a volta da inflação, mas foi ao ar bem agora, que a inflação beira ZERO %! Patético!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Semana agitada!

Por Marcio TAQUARAL


Cai Palocci, sobe Gleise e liberdade para Battisti.


O longo ocaso do ex-Ministro da Casa Civil Antonio Palocci finalmente acabou. Façamos três considerações.

Em primeiro lugar, assim como José Dirceu (também ex-Ministro da Casa Civil), a queda de Palocci teve muitos elementos políticos e poucos elementos jurídicos. Nenhum fato relevante indica qualquer ilegalidade nos atos dos dois ex-todos-poderosos-ministros, mas ambos foram incessantemente bombardeados pela imprensa até caírem. Enfim, se Palocci for culpado, a imprensa superou as limitações do Poder Judiciário e fez justiça. Mas, se Palocci for inocente, isso é um fato preocupante, pois a imprensa suplantou a atuação do Judiciário e condenou injustamente. Independente da culpa de Palocci, é muito grave que a imprensa (composta por grupos privados) usurpe prerrogativas do Estado.

Em segundo lugar, apesar de Palocci ser o queridinho do sistema financeiro e o favorito dos empresários, suas relações não foram suficientes para mantê-lo no cargo. Isso mostra que não haverá trégua para o Governo Dilma. Zé Dirceu já cometeu esse erro antes, quando achou que tinha a Veja e a Globo nas mãos.

Em terceiro lugar, talvez a queda tenha seu lado positivo. Afinal, da última vez que Palocci caiu, o governo melhorou muito! Se bem que na ocasião ele era Ministro da Fazenda, o que possibilitou as (necessárias e bem vindas) mudanças na política econômica.


Já tomou posse a nova Ministra Chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. Trata-se de uma senadora petista do Paraná e também esposa de Paulo Bernardo, Ministro das Comunicações. A Ministra Gleisi começou na política ainda no Movimento Estudantil e foi da Diretoria da UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas). Sua indicação também é reveladora de três situações.

No Senado, o suplente da Gleisi é do PMDB, ou seja, a indicação dela também é um afago no partido do Vice-Presidente Michel Temer, cujas relações com o Governo andavam meio estremecidas.

Durante a crise de Palocci, fontes sempre anônimas diziam que os ataques a ele partiam do PT. O “fogo amigo” teria uma motivação muito clara, ocupar a Casa Civil. Um dos suspeitos era Paulo Bernardo. Como fica essa suspeita com a indicação de Gleise?

Por fim, trata-se de mais uma mulher com perfil mais técnico/gerencial (e fama de trator) para comandar a Casa Civil. A mensagem é clara! Tão clara que nem bem esquentou a cadeira e Gleisi já descobriu que tem muitos amigos. Pela esplanada dos ministérios, eram só elogios à indicação da nova Ministra, nem a oposição ficou de fora do beija-mão.


E o Battisti? A decisão da soltura de Cesare Battisti é absolutamente correta do ponto de vista do Direto pátrio e está em plena consonância com as regras do Direito Internacional. Tanto é caso de asilo político, que gerou essa “comoção”, coisa que não ocorreu na época do asilo para Alfredo Stroessner (Ditador do Paraguai) ou da prisão ilegal de Ronald Biggs (assaltante do trem pagador na Inglaterra).

Do ponto de vista poítico também é correta. O asilo político é um instrumento humanístico para proteger perseguidos políticos. Em geral, quem precisa de asilo são pessoas ativas politicamente, ou seja, que sempre vão despertar sentimentos de amor e ódio conforme sua ideologia. E todo país perseguidor se define como uma nação democrática e alega que o perseguido é um criminoso comum condenado segundo o devido processo legal.

O conceito que protege Battisti é o mesmo que garante que, ao visitar o Brasil, o Dalai Lama não seja imediatamente algemado e extraditado para a China.

**********
De São Paulo-SP.


@MarcioTAQUARAL Rain Man! Quando tempo vai levar até o primeiro jornal denunciar que parentes da ministra Gleisi Hoffmann contam cartas em Las Vegas?

quarta-feira, 8 de junho de 2011

O Fim do Mundo como o conhecemos? - Parte 3

Por Marcio TAQUARAL

A internet não vai acabar com os jornais escritos. Assim como a internet não vai acabar com a televisão, assim como a televisão não acabou com o rádio, assim como o rádio não acabou com o jornal escrito, assim como o jornal escrito não acabou com o livro. Os veículos de informação se completam e se alteram diante dos novos obstáculos e das novas tecnologias. Um não acaba com o outro, mas transforma.

Quando surgiu, o jornal impresso era um meio de comunicação muito mais veloz que o livro. Ou seja, retirou deste uma de suas funções. Por outro lado, ainda que os jornais publiquem conteúdo mais aprofundado, não têm tamanho suficiente para explorar uma assunto em sua totalidade (até porque, se o fizer, perde sua velocidade e se descaracteriza), ou seja, tal tarefa continuou cabendo aos livros. O livro perdeu uma funcionalidade, mas continuou existindo (e existe até hoje).

O rádio é um meio de comunicação muito mais veloz do que o jornal, do qual retirou a primazia das notícias mais quentinhas. E o jornal se transformou, passando a tratar os assuntos com mais profundidade.

E a televisão, que tem a mesma velocidade que o rádio, com o diferencial das imagens? Acabou com o rádio? Não, pois o rádio é um meio de comunicação portátil, que permite ao ouvinte executar outras tarefas ao mesmo tempo em que escuta. De fato, a televisão roubou do rádio o espaço central na sala de casa, mas o rádio ainda é insuperável entre os automóveis e pedestres (que não podem ficar olhando para a telinha!).

E a internet não vai acabar com qualquer um deles, pois é uma junção de mídias. A internet também é livro, também é rádio, também é televisão e também é jornal. Tais mídias continuaram existindo, às vezes fora, às vezes por meio da internet.

Diante da internet, os jornais impressos estão se transformando. O grande jornal, cuja leitura era obrigatória para todo pai de família durante o café da manhã, está em decadência (assim como o conceito patriarcal de “pai de família”). Está em decadência porque ninguém precisa assinar um jornal para ter acesso àquelas informações, que podem ser facilmente captadas pela internet. Mas este não será o fim do jornal impresso, ele apenas se transformará. Um exemplo disso é o sucesso de jornais menores, com distribuição gratuita e público localizado, como é o caso do Destak, do Metro, do MetroNews, para citar os mais famosos. Diante da internet o jornal impresso se transformará em uma espécie de “panfleto de luxo”, mais denso do que um simples panfleto e menor do que um tradicional jornal dos dias de hoje.

**********
De São Paulo-SP.

Foto: http://recruta-pm.blogspot.com/2010/05/conclusoes.html


@MarcioTAQUARAL Em campo Ronaldo sempre foi inferior a Pelé (o Rei é rei!), mas fora dele foi muito melhor: reconheceu o filho Alex sem fazer ladainha.

terça-feira, 7 de junho de 2011

"A Doença do Pepino" ou "O Pepino da Morte"

Por Marcio TAQUARAL

Ai, que medo! A bactéria E.Coli já matou 22 pessoas (mais que o Billy de Kid!) e deixou 2.000 doentes! O pepino, os brotos de feijão e de soja já foram alçados à categoria de principais suspeitos, apesar de nenhum teste identificar a presença da bactéria. É a doença da moda!

Como acontece a cada dois anos, de repente somos bombardeados com informações de uma terrível pandemia global que extinguirá a humanidade em algumas semanas. Antes da E.Coli, houve a Gripe Suína, a Febre Aviária, SARS, Ébola e a lista segue. Em comum, todas tiveram grande exposição na mídia e poucas vítimas. Poucas? Poucas, a Gripe Suína (Influenza A A1N1) matou o mesmo que qualquer gripe.

Isso não quer dizer que não existam pandemias sérias, apenas não recebem tanto destaque. Basta ir aos rincões da América Latina (Brasil incluído) e verificar a pandemia de malária, febre amarela, dengue, cólera, meningite, hanseníase, leishmaniose e sarampo. O mais impressionante não é a capacidade de contaminação destas doenças, mas o fato de que são causadas pela falta de saneamento básico. Em suma, são doenças de país pobre, o que no caso do Brasil (8ª economia do mundo) é absolutamente inadmissível!

Isso é um fato muito mais grave do que a doença do pepino, mas já estamos tão acostumados que nem nos impressionamos mais...

**********
De São Paulo-SP.

Foto: http://provasdofim.blogspot.com/2011/06/pepino-da-morte-iii-alemanha-registra.html (entrem nesse blog, é divertidíssimo!)


A gripe de Jack, o Estripador

Saiu a primeira morte oficial da Gripe influenza Tipo A (H1N1), vulgo gripe suína

Tcham! Tcham! Tcham! Tchaaaaaam!

Gripe quem?

Gripe Suína, a doença da moda


@MarcioTAQUARAL Em geral, a Esquerda odeia o Manhattan Connection. Acho que sou o único comunista que realmente gosta desse programa (menos do Mainardi).

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Palocci deveria ter apresentado números

Por Marcio TAQUARAL

Depois de muita pressão, o Ministro Chefe da Casa Civil Antonio Palocci resolveu dar uma entrevista.

Ou foi mal assessorado ou não foi assessorado. Equivocadamente, Palocci optou por uma exclusiva para a Rede Globo de Televisão em vez de uma coletiva de imprensa. A Globo pode ser poderosa, mas ela não é fiel. E não vai ser em troca de uma exclusiva que a Globo vai salvar Palocci. Além disso, a exclusiva com a Globo gera má vontade de todo o resto da mídia, ou seja, todas as outras emissoras de TV, rádio, portais de internet, jornais escritos e revistas. Tem que confiar muito na Globo para se indispor com tanta gente de uma só vez...

Sem se falar que a entrevista exclusiva ficou com cara de entrevista pactuada (mesmo que não tenha sido), imagem que uma coletiva nunca passaria, já que certamente algum jornalista mais ousado arriscaria fazer as perguntas mais agressivas. Numa coletiva, respondendo bem ou mal, Palocci teria respondido. Com a entrevista exclusiva para a Globo, mesmo respondendo tudo, ficou com cara de que algumas perguntas não foram feitas.

O mais grave é que Palocci não apresentou elementos novos. Consideramos que ele até respondeu bem às indagações, mas apenas repetiu a versão oficial que já era divulgada há semanas. Isso só funcionaria se o Palocci tivesse concedido a entrevista no começo da crise. Na atual situação, ele precisaria ter apresentado algum elemento novo que desse alguma guinada na cobertura do caso.

A Palocci restavam três opções:

1 – Dar os nomes das empresas que o contrataram;

2 – Explicar pormenorizadamente quais serviços prestava de fato.

3 – Apresentar em detalhes números de faturamento de sua consultoria;

Entregar as empresas seria uma péssima opção, não apenas por eventuais cláusulas de confidencialidade, mas principalmente porque seria extremamente irresponsável expor os contratantes. Independente do que fizeram, cada uma das empresas sofreria uma devassa e qualquer deslize seria apresentado como prova cabal de que Palocci cometeu tráfico de influências. Basta ver o que aconteceu com a WTorre.

Explicar exatamente quais eram os serviços que prestou (sem dizer os nomes das empresas contratantes) seria uma boa solução. Desde que, é claro, as atividades fossem totalmente lícitas. Se formos trabalhar com o pior cenário (no qual as atividades não eram exatamente legais) Palocci não poderia optar por esta saída.

Restava então a terceira opção: apresentar os números de faturamento. Trata-se de informação nova (que ainda não está nas mãos da imprensa), mas que não é secreta (afinal, a consultoria fez a declaração do imposto de renda para a Receita Federal do Brasil e a Prefeitura da Capital tem os números relativos ao ISS). É uma informação de pouca relevância, mas que serviria de isca para jornalistas durante uma ou duas semanas. E, em uma crise com essa, ganhar uma ou duas semanas pode ser fundamental.

**********
De São Paulo-SP.


@MarcioTAQUARAL Acho que a ABL deveria ter elegido Antonio Torres, mas é injusto atacar o Merval Pereira só porque é jornalista. Jornalista também escreve.

sábado, 4 de junho de 2011

Estação Pinheiros do Metrô, antes tarde do que nunca...

Por Marcio TAQUARAL

Os tucanos são incompetentes em muitas áreas. Talvez a área em que a incompetência do PSDB se destaque mais seja o transporte público. Trata-se de um partido elitista cuja principal base eleitoral é a classe média urbana que não abre mão de usar o automóvel. Por conta disso, as ações do Governo do Estado de São Paulo (e da Prefeitura, afinal Gilberto Kassab não passa de um mero preposto de José Serra) na área de transporte público são inócuas e lentas, os investimentos são poucos e a criatividade é nula. A situação caótica do trânsito na Capital é a principal evidência da incapacidade (ou descaso) dos tucanos para tratar o problema.

Transporte público é uma medida social, pois seus usuários são, em sua ampla maioria, pobres. Por sua vez, o transporte de qualidade pode ser utilizado também pela classe média, o que diminuiria consideravelmente o trânsito caótico em São Paulo, além de ajudar na redução da poluição. Investimentos em ônibus com qualidade superior (ar condicionado, por exemplo), corredores exclusivos, tarifas subsidiadas e a implementação do Bilhete Único foram as marcas das administrações da Prefeita Luiza Erundina (1989-1992) e da Prefeita Marta Suplicy (2001-2004).

Confrontados com os resultados positivos da implementação do Bilhete Único, os tucanos se sentiram acuados e precisaram apresentar alguma alternativa para o transporte público, afinal, já governavam o Estado de São Paulo desde 1995. A opção escolhida foi o Metrô. Nada mais lógico, afinal, trata-se de uma empresa de capital misto operada pelo Governo do Estado e que atende basicamente a Capital. Apesar de muita propaganda, pouco investimento real foi feito e o Metrô avançou a passos de tartaruga. Os números comparativos do sistema paulista com outras experiências do mundo afora revelam que o Metrô de São Paulo é insuficiente para a demanda da cidade e não está se expandido em um ritmo razoável (é lento, como o PSDB).

A chamada Linha 4 – Amarela do Metrô foi prometida para 2001. Estamos em 2011 e apenas quatro estações foram inauguradas, sendo duas delas no ano passado (casualmente em ano eleitoral) e duas delas apenas este ano. Mesmo assim, a inauguração da Estação Pinheiros do Metrô, em vez de ser recebida com entusiasmo pela população, foi alvo de críticas.

Estações de metrô sem banheiros, sem integração com a CPTM, com horários de atividades reduzidas são provas cabais de que foram inauguradas antes de estarem completamente prontas, apesar de operacionais. Mas, de que adiantaria manter esses serviços inoperantes por conta de funcionalidades menores? Certamente a população é mais beneficiada pela inauguração de uma estação incompleta do que se ficar esperando a que todos os detalhes sejam atendidos.

Enfim, novas estações de Metrô (incompletas que sejam) são sempre bem vindas, mas não podemos deixar de criticar a lentidão na expansão do sistema, que é resultado da falta de investimento, pois não é uma prioridade para o PSDB.

**********
De Cotia-SP.


Privatizaram o Bilhete Único sem a gente perceber

A Farsa da Linha Amarela

Para o Metrô, só promessas e aumento de tarifa

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Futebol e a Mafia

Por Marcio TAQUARAL

A FIFA e a CBF são como duas famílias mafiosas (sem querer ofender a Mafia). Em geral são aliadas, mas de vez em quando entram em guerra. De 1974 até 1998, a Federação Internacional de Futebol (FIFA) foi presidida por João Havelange, uma espécie de Don Corleone do mundo esportivo. Assim como o personagem de Mario Puzo, Don Havelange tem a imagem de um velhinho bonzinho que encobre todas as picaretagens que comete.

O sucessor de Don Havelange na FIFA foi o suíço Joseph Blatter, que agora se vê enrolado em inúmeros escândalos, entre eles, a acusação de suborno para que dirigentes da entidade votassem no Qatar como sede da Copa do Mundo de 2022.

O autor da acusação é David Triesman, cartola inglês que perdeu a disputa pela indicação da sede da Copa de 2022. Triestman agora posa de herói, mas está mais para Roberto Jefferson (que “denunciou” o Mensalão quando foi pego com a boca na botija em um caso de corrupção nos Correios). O inglês faz várias acusações para esconder sua incompetência, pois, se tivesse realmente alguma preocupação com a lisura do processo, já teria feito às denúncias antes mesmo da decisão da sede da Copa.

No meio da confusão também está Ricardo Teixeira, o principal cartola nacional da atualidade. Don Teixeira é presidente da Confederação Brasileira de Futebol e genro de Don Havelange. Além de estar envolvido em todos os escândalos citados, Don Teixeira resolveu brigar com Don Blatter. Os dois, obviamente, sempre foram aliados e, inclusive, existe um acordo de que Blatter apoiaria Teixeira na sua sucessão na FIFA em 2015, desde que o apoio fosse recíproco na eleição deste ano. Sabe-se lá diabos porque, Teixeira roeu a corda e ameaçou apoiar o candidato da oposição, que casualmente é Mohammed Bin Hamman, o cara do Qatar! Como a FIFA é uma entidade muito transparente, Don Bin Hamman foi suspenso por causa das acusações de corrupção e o ínclito Don Blatter foi candidato único, recebendo até o cândido apoio de Don Teixeira.

Enfim, apesar disso, a luta interna continua e hoje o Estadão publicou que dirigentes da FIFA acusam a CBF de prejudicar a cidade de São Paulo para a abertura da Copa do Mundo de 2014. Ocorre que a única possibilidade da maior cidade do Brasil não sediar jogos da Copa é no caso do estádio não ficar pronto. O que não é improvável, visto que as obras do Itaquerão estão previstas para terminar apenas três meses antes do início da Copa do Mundo (isso sem atrasos). Os dirigentes da FIFA, para atacar a CBF, só esqueceram de contar que foi exatamente a FIFA que fez de tudo para rejeitar o projeto de reforma do Morumbi (um dos maiores e mais modernos estádios do mundo), mas isso na época em que Don Blatter era aliado de Don Teixeira e queria agradar o amigo.

Vai dizer que não parece enredo de filme sobre a Máfia?

**********
De São Paulo-SP.


FOTO: http://eduardorodriguesbrito.blogspot.com/2010/07/ricardo-teixeira-e-joao-havelange-sao.html

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Tapajós e Carajás: a divisão do Pará

Por Marcio TAQUARAL

O argumento é o de sempre: o que é menor é mais fácil de administrar. É verdade, mas o fácil não quer dizer melhor. Basta ver que as maiores economias do mundo são as dos maiores países em área e população (considerando a União Européia como uma coisa só).

Com o argumento de que “menor é mais fácil”, o Estado do Pará vai ser retalhado em três partes: Tapajós à oeste, Carajás à leste e Pará ao norte (um “Parázinho” com apenas 17% do território original). Os plebiscitos para a criação dos dois novos estados já foram aprovados no Senado e devem ocorrer nos próximos seis meses.

Em nossa opinião, a única coisa boa na criação de duas novas estrelas para a Bandeira Nacional são os nomes dos Estados, que são bonitos e muito bem escolhidos. As desvantagens, por outro lado, são várias. Destacamos duas: em primeiro lugar, ao dividir o Pará em três estados, o custo de cada um deles aumenta, já que passam a ser três governos, três assembléias legislativas, três tribunais de justiça, três etc. Resumindo, o orçamento é o mesmo, mas o custo aumenta.

Em segundo lugar, aumenta a distorção na Câmara dos Deputados. Tecnicamente, essa casa deveria representar proporcionalmente o Povo, mas não é o que ocorre na prática, pois a Constituição Federal (art. 45, §1º) determina “pisos” (mínimo de 8 deputados federais por estado) e “tetos” (máximo de 70 deputados federais por estado) de representatividade. Sendo assim, o atual Pará, que tem 17 deputados federais, poderá passar para 28, enquanto São Paulo continuará com 70 deputados, apesar da população paulista ser 5 vezes maior do que a do Pará. Não se trata de uma questão de bairrismo, apenas estamos denunciando uma distorção no sistema representativo-democrático do Brasil. Para corrigir tal distorção bastaria eliminar o “teto” máximo de representação e todo ano dividir proporcionalmente o número de deputados conforme o censo mais recente do IBGE. Mas, para isso, a Câmara dos Deputados estaria em constante crescimento, acompanhando o aumento populacional Brasileiro. A única maneira de evitar tal aumento no número dos deputados seria eliminando o “piso” mínimo. Vale lembrar que a proporcionalidade na Câmara dos Deputados não prejudica os estados pequenos, pois estes continuam sendo igualitariamente representados no Senado Federal. A propósito, no Senado a representação do Pará vai passar de 3 para 9 senadores...

Enfim, a divisão do Pará vai criar novos espaços políticos e muitos deles serão em Brasília. E isso não quer dizer que a vida do paraense vai melhorar. O que o Pará precisa não é de divisão territorial, mas de atuação do poder público, saneamento básico, educação, urbanização e mais um monte de melhorias que o atual Estado do Pará tem tantas ou melhor condições de prover do que os novos estados terão.

**********
De São Paulo-SP.


http://www.estadotapajos.com.br/

http://estadodocarajas.com.br/