quinta-feira, 16 de junho de 2011

Hostilizar o agronegócio é estupidez

Por Marcio TAQUARAL

Com o aumento da participação do agronegócio na economia Brasileira, este passou a ser um dos assuntos centrais de qualquer debate sobre os rumos do País.

Em breves palavras, podemos dizer que o agronegócio é a aplicação do capitalismo ao campo. Trata-se da agricultura altamente intensiva, com muita tecnologia, apoio do sistema financeiro e cuja produção é voltada ao mercado. O agronegócio é muito diferente do latifúndio, que em breves palavras se resume à sub-utilização de terras, produzindo o que for mais fácil, sem tecnologia, sem financiamento, sem preocupação direta com as demandas do mercado. O latifúndio é um resquício de um período que o Brasil sequer podia ser considerado capitalista. Enquanto o agronegócio gera empregos no campo, o latifúndio expulsa camponeses para a cidade.

Mas quem é o agronegócio? Digamos que existem duas categorias, a primeira é composta pelas multinacionais do setor (que compraram as terras dos latifundiários) e a segunda categoria é composta por latifundiários que se associaram com o sistema financeiro para modernizar sua produção. Resumindo, são multinacionais, ex-latifundiários e bancos. Não é exatamente o tipo de gente que mais se preocupa com o desenvolvimento nacional....

Os entusiastas do agronegócio consideram-no uma panacéia que resolve todos os problemas do Brasil. Graças a ele aumentaram os empregos no campo, cresceu a produção de alimentos e subiram as exportações. De fato, o agronegócio foi muito importante neste aspecto: garantiu o re-equilíbrio da nossa balança de pagamentos com superávits comerciais, diferente do Governo FHC, quando a balança comercial era desfavorável e o equilíbrio era conquistado queimando reservas ou pela atração de capital especulativo. Ou seja, a exportação de commodities produzidas pelo agronegócio garante uma posição mais soberana para o Brasil na economia mundial.

A exportação de commodities nunca matou ninguém, pelo contrário, tanto os Estados Unidos quanto a França são grandes exportadores. O problema é quando o excesso de entusiasmo com a exportação de commodities a coloca no centro da economia, o que pode gerar a “doença holandesa”. Por exemplo, a questão do câmbio revela uma contradição entre o agronegócio e a industria nacional. A valorização do Real é boa para exportar commodities, mas é ruim para a indústria. Se a equipe econômica do Governo quiser reforçar o agronegócio, pode adotar políticas que, entre outras conseqüências, gerem desindustrialização. E um país desindustrializado (em termos absolutos, não relativos) é um país subdesenvolvido e dependente, uma vez que o preço dos produtos de baixo valor agregado sofre constante variação (atualmente estão em alta, mas uma hora vão cair!).

Por outro lado, o agronegócio não precisa se restringir à exportação, podendo se coligar com a industria nacional, produzindo sua matéria-prima e contribuindo no desenvolvimento soberano do Brasil. São opções que o Povo Brasileiro deve fazer.

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De São Paulo-SP.

Foto: http://www.mogianaonline.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2803:exportacao-do-agronegocio-cresce-20-em-maio&catid=35:agronegocios&Itemid=190


@MarcioTAQUARAL Acho sempre curioso quando as pessoas defendem direitos humanos no Irã e são contra os mesmos direitos no Brasil...

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