Por Marcio TAQUARAL
Depois de muita pressão, o Ministro Chefe da Casa Civil Antonio Palocci resolveu dar uma entrevista.
Ou foi mal assessorado ou não foi assessorado. Equivocadamente, Palocci optou por uma exclusiva para a Rede Globo de Televisão em vez de uma coletiva de imprensa. A Globo pode ser poderosa, mas ela não é fiel. E não vai ser em troca de uma exclusiva que a Globo vai salvar Palocci. Além disso, a exclusiva com a Globo gera má vontade de todo o resto da mídia, ou seja, todas as outras emissoras de TV, rádio, portais de internet, jornais escritos e revistas. Tem que confiar muito na Globo para se indispor com tanta gente de uma só vez...
Sem se falar que a entrevista exclusiva ficou com cara de entrevista pactuada (mesmo que não tenha sido), imagem que uma coletiva nunca passaria, já que certamente algum jornalista mais ousado arriscaria fazer as perguntas mais agressivas. Numa coletiva, respondendo bem ou mal, Palocci teria respondido. Com a entrevista exclusiva para a Globo, mesmo respondendo tudo, ficou com cara de que algumas perguntas não foram feitas.
O mais grave é que Palocci não apresentou elementos novos. Consideramos que ele até respondeu bem às indagações, mas apenas repetiu a versão oficial que já era divulgada há semanas. Isso só funcionaria se o Palocci tivesse concedido a entrevista no começo da crise. Na atual situação, ele precisaria ter apresentado algum elemento novo que desse alguma guinada na cobertura do caso.
A Palocci restavam três opções:
1 – Dar os nomes das empresas que o contrataram;
2 – Explicar pormenorizadamente quais serviços prestava de fato.
3 – Apresentar em detalhes números de faturamento de sua consultoria;
Entregar as empresas seria uma péssima opção, não apenas por eventuais cláusulas de confidencialidade, mas principalmente porque seria extremamente irresponsável expor os contratantes. Independente do que fizeram, cada uma das empresas sofreria uma devassa e qualquer deslize seria apresentado como prova cabal de que Palocci cometeu tráfico de influências. Basta ver o que aconteceu com a WTorre.
Explicar exatamente quais eram os serviços que prestou (sem dizer os nomes das empresas contratantes) seria uma boa solução. Desde que, é claro, as atividades fossem totalmente lícitas. Se formos trabalhar com o pior cenário (no qual as atividades não eram exatamente legais) Palocci não poderia optar por esta saída.
Restava então a terceira opção: apresentar os números de faturamento. Trata-se de informação nova (que ainda não está nas mãos da imprensa), mas que não é secreta (afinal, a consultoria fez a declaração do imposto de renda para a Receita Federal do Brasil e a Prefeitura da Capital tem os números relativos ao ISS). É uma informação de pouca relevância, mas que serviria de isca para jornalistas durante uma ou duas semanas. E, em uma crise com essa, ganhar uma ou duas semanas pode ser fundamental.
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De São Paulo-SP.
@MarcioTAQUARAL Acho que a ABL deveria ter elegido Antonio Torres, mas é injusto atacar o Merval Pereira só porque é jornalista. Jornalista também escreve.
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