terça-feira, 23 de agosto de 2011

A Farsa da OTAN


Por Marcio TAQUARAL

O Conselho Nacional de Transição da Líbia é composto por monarquistas, grupos religiosos, agentes da CIA e ex-aliados de Muammar Kadhafi que mudaram de lado nos últimos meses... Alguém realmente acha que vai surgir uma democracia desse caldo?

Vale olhar para o caso egípcio, onde os ex-aliados do ex-ditador Hosni Mubarak assumiram o poder e até agora não chamaram eleições. Eles são mais eficientes em fazer privatizações e contratos com os países da OTAN do que em consultar o Povo.

É triste constatar que no atual cenário internacional, não existe mais autodeterminação dos povos, pois as potências imperialistas tiraram suas máscaras e atuam ostensivamente para remover ou manter os ditadores que os agrade. Se houvesse alguma preocupação da OTAN e da ONU com a Democracia e com os Direitos Humanos, o mínimo que se esperava era uma atuação no Barein, no Qatar, na Arábia Saudita, em Israel e no Iêmen.

A questão democrática é apenas uma fachada, o que vale são os ricos contratos com empresas petrolíferas.

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De São Paulo-SP.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Falta política nas revoltas em Londres

Por Marcio TAQUARAL

A confusão em Londres é irmã gêmea dos distúrbios na periferia de Paris em 2005. E, por que não dizer que sejam aparentados com as recentes revoltas no mundo árabe? São todas ações de rebeldia de uma juventude sem perspectivas. No caso da Tunísia e do Egito (para não citar a lista inteira), os jovens incomodados pela péssima situação econômica (falta de emprego ou subemprego) não tinham como expressar sua crítica, uma vez que viviam em regimes ditatoriais. Tanta pressão acumulada explodiu em revolta e os governos alardeadamente estáveis caíram como cartas de baralho empilhadas.

Nos casos de Londres e de Paris, a situação é muito semelhante: o motivo da revolta é a situação econômica e, mesmo se considerando países democráticos, a maioria destes jovens não pode se manifestar pelo sistema, uma vez que são imigrantes (ou filhos de), ou seja, são cidadãos de segunda classe em sociedades xenófobas. A alternativa que lhes restou foi a mesma que no mundo árabe.

Democracia e Ditadura podem ser muito parecidas, dependendo da posição que se ocupa dentro ou fora do sistema. Tristemente, as ações dos governos inglês e francês também lembram as ações das ditaduras, que respondem com repressão, violência e prisões. No caso britânico, o Primeiro-Ministro David Cameron conseguiu se rebaixar ainda mais quando propôs a censura às redes sociais da internet...

Há quem chame esses jovens de vândalos, talvez sejam mesmo... Certamente os defensores do Antigo Regime também chamaram de vândalos os revolucionários de 1789! Assim também foi como o General de Gaulle chamou os manifestantes de maio de 68. O adjetivo é definido pela História, dependendo da vitória ou derrota de cada movimento.

Ainda sim, muito há para ser criticado na atuação dos revoltosos de Londres, afinal, queimar lojas e depredar propriedades não vai resolver o problema deles. O que lhes falta é uma pauta política. Tal revolta, caso contasse com um objetivo claro e uma tática definida, poderia ter grandes possibilidades de lograr êxito. Infelizmente, falta programa, falta liderança e falta teoria.

Como dizia Lênin: “sem teoria revolucionária, não há prática revolucionária”. Enfim, não basta a forma revolucionária, pois a revolta londrina não tem conteúdo revolucionário. Que ninguém se engane, mas aquilo não é uma revolução. Que pena, poderia ser!

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De São Paulo-SP.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Sustentabilidade


Por Marcio TAQUARAL

De tempos em tempos surge um tema ambiental para mobilizar a sociedade. Que bom que a sociedade se preocupa em preservar o meio-ambiente, afinal, é o único que temos. Neste ponto do desenvolvimento humano, a questão da sustentabilidade é central, pois já atingimos o nível tecnológico capaz de destruir o mundo. Vale lembrar, por sua vez, que sustentabilidade é um tripé equilibrado entre o ambiental, o social e o econômico. Cada um destes elementos não existe sem os demais. O desenvolvimento econômico deve estar a serviço da questão social. Se o meio-ambiente for devastado de maneira definitiva, haverá um impacto prejudicial no setor econômico e no setor social. Ao mesmo tempo, a onda “santuarista” (que entende o meio-ambiente como intocável) é um disparate que inviabiliza o desenvolvimento econômico e gera pobreza, fome e demais problemas sociais. Enfim, sustentabilidade é um tripé, mas em geral cada eixo tem defensores isolados, que ignoram os demais.

O Eixo Econômico é defendido pelo maior poder de todos. Não tenham ilusões, quem manda no mundo é o dinheiro. Democracia? E quem paga as campanhas? O econômico é o eixo mais poderoso e, conseqüentemente, é o mais difamado pelos demais (na maioria das vezes com justa razão).

O Eixo Social é defendido pelas organizações dos trabalhadores, pelos movimentos sociais e sindicatos, na absoluta maioria composta por pessoas ideologicamente ligadas à Esquerda. Se houvesse um eixo mais importante (e não há), seria o social, afinal, as pessoas devem estar em primeiro lugar, antes do que a economia e o resto da natureza. Ainda que este Eixo não seja atacado diretamente (ninguém assume que é contra a questão social, mesmo que seja), sofre uma violenta campanha de bastidores, orquestrada principalmente pelo poder econômico, que em geral é antipático à causa social.

Por fim, existe o Eixo Ambiental que todo mundo diz que gosta. Não há banco, empreiteira ou fábrica que não divulgue suas ações em prol do meio ambiente. Não há movimento social que não tenha a pauta ambiental entre suas bandeiras. É o eixo que mais desperta simpatias da sociedade em geral, principalmente da parte não alinhada a eixo algum. Enfim, todo mundo se considera um pouco ambientalista.

Exatamente por despertar tanta simpatia (muitos vezes injustificada) é que o Eixo Ambiental é usado para manipular os demais. Existem, é claro, causas ambientais justas. Mas existem causas demagógicas. Até outro dia, os pseudo-ambientalistas se esgoelavam contra a Transposição do Rio São Francisco, um projeto fundamental para acabar com a seca na Região Nordeste. Se existe um problema ambiental no Brasil, certamente a seca do Nordeste é o maior deles, pois tem conseqüências terríveis na vida do povo do sertão. Apesar disso, pseudo-ambientalistas preferem deixar a natureza intocada enquanto pessoas morrem de fome e de sede.

A Transposição do Rio São Francisco curiosamente foi tema de tantos debates e depois simplesmente foi esquecida. Por quê? Porque surgiu outra pauta ambiental com menos justificativa social. Trata-se da construção da Usina de Belo Monte.

Feitas essas considerações, em breve retornaremos a este tema (Usina de Belo Monte) e nos basearemos nos argumentos levantados no seguinte debate: http://www.tsavkko.com.br/2011/08/uma-aula-sobre-belo-monte.html. Até lá!

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De São Paulo-SP.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O Bolsa Família não resolve tudo. Pois é, e daí?

Por Marcio TAQUARAL


Quem foi o idiota que responsabilizou o Bolsa Família pelo desempenho dos alunos? O próprio estudo comprova que o Bolsa Família diminui a evasão escolar e garante aumentos de matrícula. Se as notas de matemática e português continuam baixas, talvez a culpa não seja do Bolsa Família, mas da qualidade do ensino.

O Bolsa Família é um projeto social cujo objetivo é garantir o mínimo de dignidade para pessoas em situação miserável. A freqüência na escola é uma contrapartida do programa, não é seu objetivo. A propósito, se a freqüência fosse um dos objetivos, ainda sim o Bolsa Família deveria ser considerado bem sucedido, afinal, graças a ele a evasão escolar diminuiu e as matrícula aumentaram.

Se os alunos de São Paulo não têm boas notas, talvez seja o caso de culpar as péssimas condições de ensino. Em vez de apontar o dedo para o Bolsa Família, o ideal era questionar as salas de aula caindo aos pedaços, o salário miserável dos professores, o os métodos antiquados de ensino, o currículo defasado, a curta carga horária etc. Diga-se de passagem, se estes problemas fossem resolvidos, o desempenho dos alunos seria muito melhor, mesmo sem Bolsa Família.

Está na hora de pararmos com essa falsa busca por panacéias que resolvem todos os males e nos concentrarmos na solução dos problemas sistêmicos que estão à frente do nosso nariz.

P.S.: Os autores do estudo fazem todas essas ponderações, mas isso não impediu que a manchete da Folha de S.Paulo fosse: "Estudo da FGV mostra que Bolsa Família e Renda Mínima não melhoram desempenho de alunos em São Paulo" Das duas, uma: ou quem elaborou o título da reportagem não leu a  matéria, ou o objetivo era desinformar...
Link da matéria para não assinantes: http://paulorios.org/2011/08/08/bolsa-x-aprendizagem/

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De São Paulo-SP.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O idiota que perdeu a modéstia e teve que sair calado

Por Marcio TAQUARAL

A carreira do Nelson Jobim é carregada de fatos polêmicos no mau sentido. Deputado Constituinte, Jobim fraudou a Constituição de 1988 ao incluir o artigo Art. 166, parágrafo 3º, II, b, que não havia sido aprovado em lugar algum. Foi Ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso e de lá pulou para o Supremo Tribunal Federal, onde foi apelidado de líder do Governo no STF, pois atuava descaradamente em favor de FHC sem o mínimo de isenção esperada de um juiz, que dirá de um Ministro da Suprema Corte! Presidindo o Tribunal Superior Eleitoral, Nelson Jobim inventou a tal da “verticalização”, uma interpretação absurda da Lei Eleitoral que obrigava os partidos a se coligarem em todos os pleitos (Presidente, Governador, Senador, Deputado Federal e Estadual), feito sob medida para ajudar a composição da coligação do candidato tucano José Serra.

No Governo Lula e Dilma, Nelson Jobim ocupou o cargo de Ministro da Defesa, mas declarou abertamente que em 2010 preferiu votar no candidato da oposição. Em suma, estava mais do que claro que Nelson Jobim era um infiltrado, que estava no Governo Lula/Dilma apenas para atrapalhar. Só isso explica o festival de verborragia inconseqüente que o ex-Ministro promoveu nos últimos tempos. Além de tudo, é covarde! Se estava descontente, por que não pediu demissão de uma vez?

A escolha de Celso Amorim foi excelente, trata-se de um diplomata com perfil nacionalista e visão estratégica internacional. As supostas "fontes anônimas" que criticaram a escolha são meio, digamos, suspeitas. Ainda mais se considerarmos que os militares nunca tiveram pudores nem para criticar abertamente o Presidente Lula, por que teriam para criticar um ministro?

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De São Paulo-SP.