sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Candidatos Republicanos - Eleições Presidenciais dos EUA 2012

Marcio TAQUARAL

Nos Estados Unidos existem dezenas de partidos políticos, mas por conta do voto distrital apenas dois conseguem eleger candidatos: o Partido Republicano (conservador e neoliberal) e o Partido Democrata (progressista e neoliberal). Bem de vez em quando algum candidato independente consegue se eleger para alguma coisa sem muita relevância.

Ao contrário do resto do mundo em que a política é polarizada entre a Esquerda e a Direita, nos Estados Unidos a disputa é centrada na moral e nos costumes. Claro que na hora de votar, o eleitor leva em consideração aspectos mais racionais, como economia, serviços públicos, política externa etc, mas a divisão partidária é feita por questões basicamente morais.

Cerca de 30% dos americanos são conservadores desde berço, ou seja, votam nos Republicanos (ou melhor, não votam nos Democratas). Ao mesmo tempo, 30% são liberais (progressistas) desde criancinha e apoiam os Democratas (ou melhor, repudiam os Republicanos). Os outros 40% da população está no meio termo e é quem decide a eleição.

A aparentemente tão dividida política americana tem um consenso exatamente no aspecto que polariza as demais nações: a economia. Nos EUA, tanto os Republicanos como os Democratas são todos neoliberais e ponto. Neste aspecto não divergem uma vírgula!

Resumindo, a política americana é uma eterna disputa entre duas direitas. É como se fosse uma eleição entre o DEMo e o PSDB. Para ser justo, os Republicanos seriam uma fusão do DEMo com o PSD e com o apoio de todos os malucos de extrema direita (Reinaldo Azevedo, Diogo Mainardi, Olavo de Carvalho e cia) enquanto os Democratas seriam o setor mais progressista do PSDB (e a ala mais à esquerda seria o PT). Triste fim para a nação que praticamente inventou a democracia moderna.

Ainda que tenha suas esquisitices, a democracia americana tem peculiaridades muito positivas. Uma delas é a realização de prévias. Antes de o povo eleger o Presidente, os eleitores (e simpatizantes) dos partidos Republicano e Democrata escolhem seus candidatos. É literalmente uma pré-campanha, com direito à debate, propaganda, corpo-a-corpo, exatamente como numa eleição de verdade.

Na eleição de 2012 o Partido Democrata já tem seu candidato: tentará a reeleição do Presidente Barack Obama. Já os Republicanos, têm atualmente pelo menos 7 candidatos disputando.

As prévias do Partido Republicano são um verdadeiro show de horrores! É um candidato mais patético que o outro! Vamos a eles (na ordem das intenções de voto da pesquisa Reuters/Ipsos):
  • Newt Gingrich - 28%
  • Mitt Romney - 18%
  • Ron Paul - 12%
  • Rick Perry - 12%
  • Michele Bachmann - 10%
  • John Huntsman - 5%
  • Rick Santorum - 4%
Newt Gingrich foi deputado federal e Presidente da Câmara de 1995 a 1999. Durante esse período perseguiu o Presidente Clinton durante o escândalo Monica Lewinski, mas ele mesmo traia a esposa com uma assessora. Depois de sair do Congresso, Gingrich ficou milionário fazendo consultorias (deixaria Antonio Palocci com inveja).


Mitt Romney é o menos maluco dos candidatos. Foi governador de Massachusetts entre 2003 e 2007. Sua principal dificuldade entre os Republicanos é o fato de não ser muito conservador.


Ron Paul (“Dr. No”) foi considerado o deputado federal mais conservador desde 1937. Sempre vota contra aumento de impostos e gastos públicos apoia a Escola Austríaca de economia (um monte de teses furadas). Por outro lado, defende uma política externa não intervencionista dos EUA e foi contra o Patriot Act.


Rick Perry é o atual governador do Texas. Dizem que é muito parecido com o ex-presidente George W. Bush, só que mais burro.


Michele Bachmann é deputada federal e é a candidata do Tea Party, aqueles extremistas que até outro dia diziam que o Obama não tinha nascido nos Estados Unidos.


John Huntsman é embaixador na China e foi governador de Utah. Está mais para um tecnocrata do que um conservador ideológico.


Rick Santorum é senador e se considera um “social-conservador”, ou seja, um conservador que acha que o Estado deve se meter nas questões morais.

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De São Paulo-SP.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O fim do Euro? Pobre Alemanha...

Por Marcio TAQUARAL

Muita gente inteligente saudou a crise de 2008 como a pá de cal que faltava para enterrar o Neoliberalismo. Afinal, foi a falta de regulamentação que derrubou a economia mundial naquela data. Uma crise semelhante, em 1929, decretou o fim do liberalismo econômico clássico (laissez faire, laissez aller, laissez passer) e com isso ganharam forças as teses que apoiavam o papel intervencionista e regulador do Estado.

Ocorre que as ideologias não são derrotadas apenas com argumentos racionais, pois, se assim fosse, o liberalismo nunca teria ressurgido nos anos 70 (com uma roupagem supostamente moderna e um prefixo “neo”). O mesmo acontece com a crise de 2008 em sua segunda etapa (que vai se constituindo em uma crise em W): na hora mais aguda da crise, quando os bancos ameaçavam ir à bancarrota, todos os economistas esqueceram o credo na mão invisível do mercado e clamaram pela ajuda do Estado, mas, assim que a crise arrefeceu, imediatamente voltaram suas baterias em defesa das teses velhacas de sempre (gasto público elevado, Estado ineficiente, superávit primário, ajuste fiscal, corte de direitos trabalhistas e benefícios sociais).


(Em parte, a culpa pela retomada de força do credo neoliberal em menos de três anos de crise é dos setores progressistas. Ao mesmo tempo em que soltavam fogos de artifício e retrucavam “eu não disse, eu não disse”, os partidos de Esquerda não apresentaram qualquer alternativa à crise. Os partidos de Esquerda, quando assumiram os governos de países em crise, mantiveram as políticas neoliberais, apenas adicionando algumas tímidas medidas desenvolvimentistas. Ora, em política pouco adianta identificar o problema sem apontar a solução. O resultado disso é que assim que a crise diminuiu, os conservadores retomaram suas posições, afinal, os partidos de Esquerda pouco fizeram para desmontar as políticas neoliberais.)

A postura de defender teses neoliberais para um problema causado pelo neoliberalismo ficou particularmente evidente na atuação do governo da Alemanha durante a crise da Grécia. O problema da Grécia não é o Estado, mas a total paralisia de sua economia e a única solução para isso é a injeção de mais dinheiro no mercado. Ocorre que cortar aposentadorias, diminuir os gastos públicos e realizar ajustes fiscais vai diminuir a quantidade de dinheiro na economia e aumentar a quantidade de dinheiro investido nos bancos. Ora, trata-se da opção mais equivocada que um governo poderia fazer em um momento como este.

Ocorre que o governo da Alemanha, liderado pela chanceler Ângela Merkel, nunca esteve preocupado com a economia grega (ou italiana, ou portuguesa, ou norte-irlandesa etc), mas sim com os bancos alemães, que são credores dos gregos... Traduzindo, as medidas que a Alemanha queria impor à Grécia prejudicariam a economia grega diretamente, mas o governo alemão preferiram defender os bancos a apoiar um país aliado.

Ao condicionar a ajuda aos gregos à imposição de medidas econômicas equivocadas, Ângela Merkel deixou a crise se aprofundar, prejudicando a Itália, a França e... a Alemanha. O resultado desse erro foi a desestabilização do Euro. Se não houver ajuda à Grécia, a moeda única europeia entrará em crise de credibilidade da qual só haverá duas alternativas: ou saem os países cujas economias estão enfraquecidas (como o sul da Europa) ou saem os países cujas economias não estão tão mal (como o norte da Europa). Resumindo, se não houver acordo, o Euro vai simplesmente acabar (mesmo que continue, nunca terá a mesma importância).

O problema é que a economia alemã é dependente do Euro. Os Estados Unidos e a China tem mercados consumidores internos que são suficientes para aquecer suas economias, ou seja, mesmo numa crise, eles têm condições de manter seu parque industrial competitivo para retomar espaço no mercado mundial nos tempos de crescimento. A Alemanha não: o que mantém o aquecimento da economia alemã é o mercado europeu. Com o fim do Euro, os produtos alemães perderão os benefícios alfandegários que detém, deixando de ter prioridade nos mercados dos demais países da Europa (afinal, por que manter benefícios aos alemães se o Euro acabou?).

Com o fim do Euro e sem o mercado europeu, a Alemanha não terá como manter sua economia aquecida durante a crise, ou seja, não estará competitiva quanto a China e os EUA quando as coisas se acalmarem.

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De São Paulo-SP.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Todo Poder aos Municípios

Por Mario TAQUARAL


 O debate do Federalismo é um dos mais antigos da política Brasileira. Ao contrário dos Estados Unidos que se formaram a partir da união de estados independentes, o Brasil sempre foi unitário. Os estados Brasileiros são uma evolução administrativa das antigas províncias, que conquistaram algum grau de autonomia com a Proclamação da República, mas nunca foram independentes do Brasil.

A discussão do federalismo a princípio foi uma maneira de democratizar o poder central, seja durante a monarquia, seja durante as ditaduras. Nos momentos de autoritarismo, a União centralizou o poder e, nos momentos de Democracia, a União dividiu o poder com os estados.

Ocorre que a divisão do Brasil em estados é artificial. O Povo Brasileiro é um só, independente do local de nascimento. Ainda que existam diferenças regionais, elas não são delimitadas pelos estados: assim como algumas manifestações culturais ultrapassam fronteiras e são comuns a vários estados, há estados que comportam dentro de si várias formações culturais absolutamente distintas. Em suma, a divisão em estados é meramente administrativa.

A Constituição de 1988 criou novos estados, como Tocantins (desmembrado de Goiás), Roraima e Amapá (anteriormente territórios), foi concedida autonomia ao Distrito Federal e alargadas as competências dos estados.

Recentemente, o Estado do Pará passa por um plebiscito para aprovar ou não sua divisão em outros estados, quais sejam, Carajás e Tapajós. Trata-se de uma divisão falsa, sem raízes culturais que justifiquem (assim como em todos os demais estados) e que não resolverá os problemas dessas regiões. Considerando que o orçamento do Brasil não vai aumentar por causa disso, a única coisa que vai acontecer é uma redivisão das verbas. Por isso somos contra a divisão.

O único argumento de relevância em defesa da divisão do Pará é a aproximação dos novos governos dos estados para com as suas regiões ("o que é menor é mais fácil de administrar"). Os defensores de Carajás e Tapajós alegam que estão esquecidos, pois o Governo do Pará fica em Belém e ignora as demais regiões do Estado. Entendemos que a crítica é justa, mas a solução não é a mais adequada. Melhor seria (não apenas para o Pará) se o poder dos municípios fosse reforçado (continuando um processo que também remonta a Constituição de 1988).

Ao contrário dos estados (que são artificiais), os municípios são locais que têm verdadeira identidade com seus habitantes. Ressaltando que os habitantes de um município são seus moradores que, independente do local de nascimento, decidiram ali viver e construir suas vidas. Os municípios são a estrutura político-administrativa que realmente têm proximidade com os problemas locais, não os estados.

Se o debate do Federalismo foi importante para democratizar o poder, tal movimento deve ter continuidade, não mais se restringindo aos estados, mas também ampliando a seara de competências dos municípios que, segundo a Constituição (art. 1º e art. 18), também são integrantes da República Federativa do Brasil.

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De São Paulo-SP.