sábado, 28 de fevereiro de 2009

Os Carros de Lá e as Criticas Daqui

Recebi uma dessas correntes de e-mail ressentidas contra o Governo Lula. Era uma apresentação de Power Point que mostrava os dez carros mais vendidos nos Estados Unidos e seu preço em dólares (com a conversão para reais entre parênteses). No final da apresentação, o indignado autor escreve:

“Desnecessário fazer qualquer outro comentário de quanto o nosso governo COME dos nossos IMPOSTOS...

Que a carga tributária no Brasil é superior a dos EUA não é novidade para ninguém, basta saber que no preço de um carro vendido por aqui 40% é imposto, enquanto nos EUA a taxa é de 24%. Mas, em todo caso, resolvi checar as fontes, uma reportagem do UOL em 24/12/2007 intitulada “Picapes e sedãs para a família dominam vendas nos EUA”. Entrei no link e li a matéria. Notei que o próprio artigo faz a seguinte ressalva: são os preços “sem incluir frete (que custa menos de US$ 1.000,00), documentação, impostos e o lucro do revendedor”. Diante disso, reflito que o autor da apresentação Power-Point ou não leu a matéria, ou ignorou a informação deliberadamente...

O debate da Reforma Tributária é fundamental, mas deve ser feito com seriedade...

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De Cotia-SP.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Tudo tem hora e lugar, aliança com o PMDB também

O maior erro do Governo Lula 1 foi não fechar uma grande aliança com o PMDB. Na euforia da vitória histórica, a criação de uma base aliada bem sólida teria sido fundamental para o projeto do PT.

Naqueles tempos, o PMDB, assim como hoje, estava dividido entre um setor lulista (louco para entrar no barco do governo) e um setor tucano que já era declaradamente de oposição. Ocorre que os PMDB-lulistas não queriam um papel coadjuvante nessa aliança, mas sim dividir o poder, e isso assustou gente graúda do PT... Alguns petistas mais ideológicos não queriam descaracterizar o projeto do governo, enquanto outros petistas menos ideológicos não queriam dividir os carguinhos, ministérios e estatais com outro partido.

Descartado o PMDB, o governo acabou montando sua base nos famosos partidinhos de aluguel PL, PTB e PP. Em vez de dividir o poder, com esses a discussão era no balcão mesmo: toma-lá-da-cá. A princípio podia ser uma idéia interessante, mas acabou se tornando o chamado “escândalo do mensalão”. Ironicamente, o maior chamuscado nessa história toda foi exatamente o Zé Dirceu, que era o principal defensor da tese da aliança com o PMDB.

Eis que chega o Governo Lula 2 e o PT finalmente resolveu fechar uma grande aliança com o PMDB. Assim como naqueles tempos, o PMDB continua dividido em duas alas, mas misteriosamente vieram fazer parte do governo os chamados PMDB-tucanos: Michel Temer, Geddel Viana, Romero Jucá entre outros menos cotados. Vai entender...

Enfim, isso tudo é notícia velha, mas voltamos ao assunto por causa da eleição da mesa da Câmara e do Senado. No caso do Senado não tinha muita discussão, com ou sem apoio, o Sarney ia levar, mas ele até que é um bom aliado (ele nunca foi oposição na vida...). Agora na Câmara, por sua vez, ocorreu o pior cenário para o PT. Michel Temer tem bico, rabo e pena de tucano! Só não mudou de partido porque no PSDB ele não serviria pra nada, enquanto no PMDB ele é um excelente agente-duplo do tucanato. Temer, que mal se elegeu deputado federal, tornou-se Presidente da Câmara com apoio do PT e do Governo Lula, e para que?

Alguém tem alguma dúvida de que o Temer vai apoiar o Serra? Ele foi o principal articulador do apoio do PMDB à reeleição de FHC em 1998 e à candidatura de Serra em 2002. Em 2006, Temer junto com Anthony Garotinho fez pressão para que os PMBD-governistas entregassem o cargo e passassem para a oposição. E agora em 2010, a pergunta que vale um milhão de dólares: Por que Temer, presidente da Câmara dos Deputados e do maior partido do Brasil iria apoiar a candidatura petista que não decola em detrimento da candidatura tucana?

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De São Paulo-SP.

Foto: Antonio Cruz/ABr

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Dilma não é candidata a presidente

Posso morder a língua, mas sustento o que está escrito no título! A Ministra-Chefe da Casa Civil, Dilma Roussef (PT), não será candidata a sucessão do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Concordo com o lugar-comum proclamado por ai: ninguém é candidato com tanta antecedência!

Candidato esperto é aquele que resiste até o último minuto. Exemplos existem de sobra: Covas era Governador, no exercício do cargo, bem nas pesquisas e ainda dizia estar na dúvida da reeleição. Cu doce? O próprio Lula, na véspera de todas as eleições que disputou, mesmo com 40% de intenção de voto, não confirmava a candidatura até a hora H. Vejam lá o Serra, governador de São Paulo, candidato desde que saiu da UNE, lidera todas as pesquisas, mas ainda assim não se apresenta como postulante ao cargo. Diante do exemplo de Covas, Lula e Serra, afirmo que a Dilma não é candidata!

Quando digo que ela não será candidata, não quero dizer que ela não queira! Ao contrário, se existe alguém que acredita que a Dilma será candidata, é ela mesma. Pena que querer não é poder...

Mas, e o apoio do Lula? Convenhamos que o Lula nem liga muito para a eleição de 2010... O que ganha a atenção do Presidente são as eleições de 2014, quando ele tentará retornar ao cargo. Quem vai ficar nesse “mandato-tampão” é uma preocupação secundária. Pode ser a Dilma (candidata dele), pode ser o Serra (neo-amigo), pode ser quem for, desde que o Lulão possa se candidatar em 2014!

Lula apóia a Dilma, pois ela não passa de “a candidata do Lula”. Com todo respeito à trajetória de luta e às muitas qualidades da Ministra, sem Lula ela deixa de ter importância no cenário. Ou seja, numa eventual vitória, certamente a Dilma será muito grata ao Presidente, a ponto de abrir mão da reeleição para ele voltar ao cargo. Numa eventual derrota da Dilma, Lula volta a ser o candidato petista mais forte para enfrentar a reeleição do vencedor (o que pode não acontecer no caso de um bom desempenho de outro candidato petista).

Em geral, se aceita o “lenga-lenga” da candidatura da Dilma por ausência de vozes discordantes. Dentro do PT ninguém fala contra a Ministra, pois quem o fizer será automaticamente fuzilado pela oposição, pela imprensa e pelos outros candidatos enrustidos, além do risco de ficar mal com o Presidente. Os candidatos enrustidos, ao contrário de Dilma, estão aguardando a hora certa de sair da toca. E, enquanto isso, torcem para que a situação fique como está: índices de aprovação do governo lá no alto, intenção de voto da Dilma bem pífia e artilharia concentrada para as vésperas do pleito.

A propósito, reafirmo que a intenção de voto na Dilma é pífia! Disputa a segunda colocação contra Heloisa Helena enquanto o Serra ameaça ganhar no primeiro turno. E essa história de que a Ministra é desconhecida não cola muito, pois não há um dia que não saia uma notícia falando que a Dilma é a candidata do Lula (esse cabo-eleitoral de 84% de aprovação...). Além disso, ela precisaria do voto de quase todos os eleitores que a desconhecem para ultrapassar o primeiro colocado nas pesquisas.

Enfim, são apenas conjecturas, afinal de contas, nenhuma eleição se define na véspera. Vale lembrar que um ano antes das eleições dos Estados Unidos, tudo indicava que a disputa seria entre Rudolph Giuliani e Hillary Clinton e ninguém sabia quem era esse apagado senador por Illinois chamado Barak Obama.

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De São Paulo-SP.

Foto: Beto Barata/AE

Uma Opinião por Dia!

Já há algum tempo cultivo a vontade de criar um blog. Inicialmente, pensava em fazer um blog literário, para publicar alguns contos, poesias e outras bobagens que escrevo sem muito critério. No entanto, durante o Carnaval aproveitei para ler o livro “Às Margens do Sena” (sobre Reali Jr, o correspondente do Estadão e da Jovem Pan na França) e essa leitura despertou novamente meus “instintos jornalísticos”. Fui então seduzido pela idéia de escrever cotidianamente, sobre assuntos diversos. É daí que surge esse blog, no qual me proponho o exercício de escrever todos os dias.

Ao leitor aviso que não sou uma pessoa articulada com fontes quentíssimas, de forma que o centro deste blog não serão as notícias fresquinhas e furos de reportagem. Por outro lado, saiba o leitor que sou muito bem relacionado e me informo cotidianamente sobre os mais diferentes temas, de modo que me considero apto a dar opiniões.

Tenho opiniões e resolvi consolidá-las em textos e divulgá-las através deste blog. Espero que se interesse!

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De São Paulo-SP.