sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Tudo tem hora e lugar, aliança com o PMDB também

O maior erro do Governo Lula 1 foi não fechar uma grande aliança com o PMDB. Na euforia da vitória histórica, a criação de uma base aliada bem sólida teria sido fundamental para o projeto do PT.

Naqueles tempos, o PMDB, assim como hoje, estava dividido entre um setor lulista (louco para entrar no barco do governo) e um setor tucano que já era declaradamente de oposição. Ocorre que os PMDB-lulistas não queriam um papel coadjuvante nessa aliança, mas sim dividir o poder, e isso assustou gente graúda do PT... Alguns petistas mais ideológicos não queriam descaracterizar o projeto do governo, enquanto outros petistas menos ideológicos não queriam dividir os carguinhos, ministérios e estatais com outro partido.

Descartado o PMDB, o governo acabou montando sua base nos famosos partidinhos de aluguel PL, PTB e PP. Em vez de dividir o poder, com esses a discussão era no balcão mesmo: toma-lá-da-cá. A princípio podia ser uma idéia interessante, mas acabou se tornando o chamado “escândalo do mensalão”. Ironicamente, o maior chamuscado nessa história toda foi exatamente o Zé Dirceu, que era o principal defensor da tese da aliança com o PMDB.

Eis que chega o Governo Lula 2 e o PT finalmente resolveu fechar uma grande aliança com o PMDB. Assim como naqueles tempos, o PMDB continua dividido em duas alas, mas misteriosamente vieram fazer parte do governo os chamados PMDB-tucanos: Michel Temer, Geddel Viana, Romero Jucá entre outros menos cotados. Vai entender...

Enfim, isso tudo é notícia velha, mas voltamos ao assunto por causa da eleição da mesa da Câmara e do Senado. No caso do Senado não tinha muita discussão, com ou sem apoio, o Sarney ia levar, mas ele até que é um bom aliado (ele nunca foi oposição na vida...). Agora na Câmara, por sua vez, ocorreu o pior cenário para o PT. Michel Temer tem bico, rabo e pena de tucano! Só não mudou de partido porque no PSDB ele não serviria pra nada, enquanto no PMDB ele é um excelente agente-duplo do tucanato. Temer, que mal se elegeu deputado federal, tornou-se Presidente da Câmara com apoio do PT e do Governo Lula, e para que?

Alguém tem alguma dúvida de que o Temer vai apoiar o Serra? Ele foi o principal articulador do apoio do PMDB à reeleição de FHC em 1998 e à candidatura de Serra em 2002. Em 2006, Temer junto com Anthony Garotinho fez pressão para que os PMBD-governistas entregassem o cargo e passassem para a oposição. E agora em 2010, a pergunta que vale um milhão de dólares: Por que Temer, presidente da Câmara dos Deputados e do maior partido do Brasil iria apoiar a candidatura petista que não decola em detrimento da candidatura tucana?

**********

De São Paulo-SP.

Foto: Antonio Cruz/ABr

Nenhum comentário:

Postar um comentário