quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Dilma não é candidata a presidente

Posso morder a língua, mas sustento o que está escrito no título! A Ministra-Chefe da Casa Civil, Dilma Roussef (PT), não será candidata a sucessão do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Concordo com o lugar-comum proclamado por ai: ninguém é candidato com tanta antecedência!

Candidato esperto é aquele que resiste até o último minuto. Exemplos existem de sobra: Covas era Governador, no exercício do cargo, bem nas pesquisas e ainda dizia estar na dúvida da reeleição. Cu doce? O próprio Lula, na véspera de todas as eleições que disputou, mesmo com 40% de intenção de voto, não confirmava a candidatura até a hora H. Vejam lá o Serra, governador de São Paulo, candidato desde que saiu da UNE, lidera todas as pesquisas, mas ainda assim não se apresenta como postulante ao cargo. Diante do exemplo de Covas, Lula e Serra, afirmo que a Dilma não é candidata!

Quando digo que ela não será candidata, não quero dizer que ela não queira! Ao contrário, se existe alguém que acredita que a Dilma será candidata, é ela mesma. Pena que querer não é poder...

Mas, e o apoio do Lula? Convenhamos que o Lula nem liga muito para a eleição de 2010... O que ganha a atenção do Presidente são as eleições de 2014, quando ele tentará retornar ao cargo. Quem vai ficar nesse “mandato-tampão” é uma preocupação secundária. Pode ser a Dilma (candidata dele), pode ser o Serra (neo-amigo), pode ser quem for, desde que o Lulão possa se candidatar em 2014!

Lula apóia a Dilma, pois ela não passa de “a candidata do Lula”. Com todo respeito à trajetória de luta e às muitas qualidades da Ministra, sem Lula ela deixa de ter importância no cenário. Ou seja, numa eventual vitória, certamente a Dilma será muito grata ao Presidente, a ponto de abrir mão da reeleição para ele voltar ao cargo. Numa eventual derrota da Dilma, Lula volta a ser o candidato petista mais forte para enfrentar a reeleição do vencedor (o que pode não acontecer no caso de um bom desempenho de outro candidato petista).

Em geral, se aceita o “lenga-lenga” da candidatura da Dilma por ausência de vozes discordantes. Dentro do PT ninguém fala contra a Ministra, pois quem o fizer será automaticamente fuzilado pela oposição, pela imprensa e pelos outros candidatos enrustidos, além do risco de ficar mal com o Presidente. Os candidatos enrustidos, ao contrário de Dilma, estão aguardando a hora certa de sair da toca. E, enquanto isso, torcem para que a situação fique como está: índices de aprovação do governo lá no alto, intenção de voto da Dilma bem pífia e artilharia concentrada para as vésperas do pleito.

A propósito, reafirmo que a intenção de voto na Dilma é pífia! Disputa a segunda colocação contra Heloisa Helena enquanto o Serra ameaça ganhar no primeiro turno. E essa história de que a Ministra é desconhecida não cola muito, pois não há um dia que não saia uma notícia falando que a Dilma é a candidata do Lula (esse cabo-eleitoral de 84% de aprovação...). Além disso, ela precisaria do voto de quase todos os eleitores que a desconhecem para ultrapassar o primeiro colocado nas pesquisas.

Enfim, são apenas conjecturas, afinal de contas, nenhuma eleição se define na véspera. Vale lembrar que um ano antes das eleições dos Estados Unidos, tudo indicava que a disputa seria entre Rudolph Giuliani e Hillary Clinton e ninguém sabia quem era esse apagado senador por Illinois chamado Barak Obama.

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De São Paulo-SP.

Foto: Beto Barata/AE

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