domingo, 28 de novembro de 2010

Tensão social nas universidades privadas - Parte 2

Algumas pessoas alegam que o e-mail enviado para uma estudante de Direito da PUC-SP argumentam que, apesar de agressivo, não tem conteúdo racista. Tal entendimento não procede.

O e-mail tem óbvio conteúdo racista ao fazer diversas referências físicas e sociais à vítima do ataque. Ao se referir ao cabelo, à aparência e ao estilo de roupa para ofender, a autora do e-mail está se baseando em um estereótipo que considera ruim, inferior ou desagradável. O fato da autora da agressão usar termos indiretos para agredir não muda o conteúdo da agressão.

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De Cotia-SP.

sábado, 27 de novembro de 2010

Tensão social nas universidades privadas - Parte 1

Sexta-feira (26/11/2010) ocorreu na PUC-SP um ato contra o racismo. A atividade foi motivada por agressivo e-mail de conteúdo racista que uma estudante de Direito recebeu de uma colega de sala. É inevitável a comparação deste fato com as manifestações anti-nordestinos de Mayara Petruso, também estudante de Direito, mas da FMU. Alguns consideram assustador que tais manifestações de ódio contra o povo sejam emitidas por estudantes do ensino superior. Assustador é apenas a sinceridade destas pessoas, pois o ódio que as elites têm pelo povo Brasileiro fica evidente na situação degradante a que a população pobre é submetida neste que é um dos países mais ricos do mundo.

O caso da PUC-SP chama a atenção, pois se trata de uma instituição que se notabilizou por exercer o ensino crítico e a visão social, mesmo durante os anos da Ditadura Militar. Infelizmente, os estudantes que optam por estudar na PUC não o fazem por conta de seu histórico político, mas sim por conta de seu reconhecimento no mercado de trabalho. Sendo assim, uma instituição progressista contém em seu corpo discente elementos reacionários que apenas buscam tecnicismo e a posição social decorrente dele.

Outro aspecto a ser analisado nestas situações é o fim do apartheid no ensino superior Brasileiro. Até os anos 90, somente os mais ricos tinham seu ingresso garantido na universidade (e, consequentemente, nas altas esferas de trabalho e cargos de direção). Isso ocorria porque não havia vagas suficientes nas universidades (que, em sua massacrante maioria, eram públicas) e os estudantes passavam por um filtro chamado vestibular.

O vestibular é uma prova exageradamente tecnocrática que só avalia quem decorou mais conhecimentos. Decorrente dele, surgiram os “cursinhos pré-vestibular”, que preparavam os filhos da elite para decorarem bastante conteúdo e passar na prova. Como a escola pública foi abandonada desde 1967 (com os acordos MEC-USAID da Ditadura Militar), apenas os ricos estudantes de escolas privadas e de cursinhos pré-vestibular tinham acesso ao ensino superior. Isso mantinha a divisão social do trabalho, pois garantia que os filhos dos ricos (mesmo que fossem burros) teriam acesso aos mesmos empregos superiores que seus pais e, consequentemente, continuariam ricos.

A partir dos anos 90, foi identificado que a educação superior poderia ser um lucrativo negócio. Diante disso, o Governo Fernando Henrique Cardoso liberou a abertura desenfreada de faculdades. O Ministério da Educação (MEC) deixou de lado rigorosos critérios de autorização e cada empresário sentiu-se a vontade de abrir uma faculdade em cada esquina. Propostitalmente, por falta de fiscalização do MEC a ampla maioria destas novas faculdades não tinha a menor qualidade de ensino. Por outro lado, tal movimentação ampliou de maneira exponencial a quantidade de vagas no ensino superior, desde que, é claro, se pagasse o preço.

Com o tempo, o mercado entrou em crise pelo excesso de oferta e começou haver concentração no setor, as faculdades menos lucrativas foram absorvidas pelas mais lucrativas. Ao mesmo tempo, o MEC (já no Governo Lula) passou a exercer mais controle sobre as faculdades particulares.

Com isso, a educação superior Brasileira ficou dividida em dois estamentos. Na base, as faculdades privadas, que cobram mensalidades mais baixas e oferecem cursos com qualidade não muito boa (mas nem muito ruim). No alto, as faculdades com alta qualidade, sejam as públicas gratuitas, sejam as privadas tradicionais que cobram mensalidades extorsivas. Neste cenário, o diploma de ensino superior deixou de ser o passaporte para os altos cargos. Os profissionais formados nas faculdades do primeiro grupo (de baixo) passaram a ocupar os cargos intermediários, de gerências subalterna. Enquanto isso, os cargos de alto escalão continuam restritos aos que se formarem nas faculdades públicas ou privadas tradicionais (do alto).

Mais recentemente surgiu um novo elemento: o Programa Universidade para Todos (PROUNI). Estudantes de baixa renda originários da rede pública (que fizeram todo o Ensino Médio na rede oficial, ou que estudaram na rede privada com bolsa de estudos) passaram a receber bolsas do Governo Federal para estudar nas universidades privadas. Com isso, estudantes altamente qualificados, mas com pouco poder aquisitivo puderam estudar nas universidades privadas, tanto as de cima, como as de baixo. Os estudantes do PROUNI, segundo estudos do MEC, mantêm médias e desempenho bastante superior aos estudantes não-prounistas.

Por um lado, o ingresso dos estudantes do PROUNI nas universidades privadas rompe de vez com o apartheid existente no ensino superior. Por outro lado, o PROUNI gera certa tensão social, pois os filhos da elite que estudavam nas universidades privadas tradicionais passaram a serem colegas de estudantes muito pobres, porém muitas vezes mais inteligentes. Talvez essa seja a motivação do e-mail racista na PUC.

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De Cotia-SP.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Para entender a crise coreana

Se nem eles entendem, seria muita pretensão de nossa parte! Mas aproveitamos a crise para desmistificar alguns pontos. Não que seja o caso de defender a Coréia do Norte, mas, como já tem bastante gente condenando, façamos um contraponto.

1. A “tensão” na região só existe por parte da Coréia do Sul e de quem resolver se meter (Japão ou EUA, por exemplo). Ocorre que a Coréia do Norte está em permanente estado de alerta. Para os norte-coreanos, essa crise toda não mudou em nada o dia-a-dia da população (digamos que eles sejam naturalmente tensos). A não ser, é claro, que comecem a ocorrer exercícios militares em sua fronteira.

2. O permanente estado de alerta da Coréia do Norte tem uma causa: a Guerra da Coréia (1950-1953) nunca acabou. Foi assinado um armistício entre as três partes (Coréia do Norte, Coréia do Sul e EUA), mas que nunca se converteu em tratado de paz. As duas Coreias já fizeram várias negociações para converter o armistício em tratado de paz, mas nunca conseguiram, pois os Estados Unidos se recusam (o que garante a permanência das bem localizadas e convenientes bases militares americanas na Coréia do Sul).

3. A Guerra da Coréia, por sua vez, é outra história muito mal contada. No final da Segunda Guerra Mundial, para impedir a ascensão dos comunistas (que lideraram a resistência à ocupação japonesa), os Estados Unidos inventaram a divisão artificial do país, ficando o norte comunista e o sul capitalista. Ocorre que a Coréia do Sul era uma ditadura (a primeira eleição livre ocorreu em 1988), ou seja, não foi uma simples invasão de um país por outro. Quando o regime sul-coreano caiu (a Coréia inteira foi ocupada pelos comunistas), os EUA resolveram invadir com seus próprios soldados. Ocorre que o Exército dos EUA, sob o pretexto de “defender” a ditadura sul-coreana, invadiu o território da Coréia do Norte e ultrapassou a fronteira da China. Então a China entrou na guerra, ocupou a península da Coréia e empurrou os americanos até o mar. Nova reação americana e os EUA conseguiram retomar o território da Coréia do Sul. Então foi assinado o armistício e a vaca fria parou por ai.

Resumindo, a “tensão” entre as Coréias tem origens bastante americanas... Em vez de mandar porta-aviões para assombrar os devaneios grandiloquentes de Kim Jong-Il, os EUA deveriam assinar de vez o maldito tratado de paz e evitar provocações com este país nervoso e nuclear.

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De São Paulo-SP.

Mapa retirado daqui.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Da série "mentiras que contam por ai": bons ventos internacionais

Com a proximidade do final do ano, as estimativas para o PIB 2010 começam a ficar mais realistas (claro, afinal já temos os números de quase 11/12 da série).

Em 18 de novembro, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), vulgo os países ricos, avalia que o PIB mundial irá crescer 4,6% em 2010.

Em 22 de novembro, o Boletim Focus do Banco Central do Brasil, que retrata as opiniões do Mercado (buuuu!) prevê que o crescimento do PIB Brasileiro em 2010 será de 7,6%.

Por sua vez, em 23 de novembro, o Federal Reserve (FED), o banco central americano, projeta entre 2,4% e 2,5% o crescimento do PIB dos EUA.

Com base em tais previsões é possível fazer uma média da evolução do PIB durante os 8 anos do governo do Presidente Lula (2003-2010) e compará-los com a economia mundial, os EUA e, como não poderia deixar de ser, com o PIB do Governo FHC (1995-2002).

A média de crescimento do PIB durante Governo Lula ficou em 3,57%. Quase o mesmo número do PIB americano durante o mesmo período, 3,95%. E relativamente superior à média do PIB mundial, 2,84%.

No caso de FHC, os números são tristes, 2,33% (sem crise econômica mundial). Menos da metade dos EUA, 5,22%. E um pouco menor do que a variação do PIB mundial, 2,88%.

Com isso, cai por terra a teoria de que os “bons ventos da economia mundial que puxaram a economia Brasileira”. Na média, a economia mundial teve quase o mesmo desempenho entre os períodos de Lula e FHC. Porém, enquanto o PIB de FHC foi inferior ao mundo (e muito inferior aos EUA), o Brasil foi superior ao mundo e quase empatou com os EUA.

“Ah, mas a crise é que modificou a tendência”, dirão as viúvas do tucanato. Pois façamos os cálculos sem a crise (ou seja, sem 2009 e 2010). A média do PIB de Lula fica em 2,65%, contra 3,86% dos EUA e 2,5% do mundo. Em suma, o Brasil cresceu menos que os EUA, mas cresceu mais que a economia mundial. Onde foram parar os bons ventos? Interessante usarem esse argumento durante a maior crise econômica desde 1929...

“Mas, a política econômica de Lula é herança de FHC”, retrucariam os tucanos. Se assim, fosse, os resultados seriam semelhantes. Podemos fazer um exercício e imaginar que o 1º ano do Governo Lula seja um reflexo da política de FHC, sendo assim, o período de cada governo fica alterado da seguinte maneira: FHC de 1996-2003 e Lula de 2004-2011. Faremos o cálculo abstraindo 2011. FHC fica com 1,87%, quase três vezes menor que os EUA (5,23%) e bem menor que o mundo (2,85%). No caso de Lula, o crescimento do PIB seria 4,01%, superando os EUA (3,84%) e o mundo (2,86%). Se colocarmos as projeções para 2011 a estimativa se mantém, ficando Lula com 4,07%, maior que os 3,77% dos EUA e 3,03% do mundo.

Resumindo, essa história de política econômica copiada e de “bons ventos internacionais” é uma balela e o Governo Lula ganha de goleada de FHC (e olha que nem comparamos diretamente os governos).

A propósito, essa análise não tem qualquer rigor técnico, apenas colocamos os números em uma planilha de Excel... Parece que alguns economistas nunca fizeram esse exercício ou, se fizeram, estão ignorando os resultados.

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De São Paulo-SP.

sábado, 13 de novembro de 2010

Ele é sério...

Antigamente, alguns anúncios de emprego “pediam boa aparência”. Era um eufemismo racista. Anúncios que pediam boa aparência eram um recado “só se contratam brancos”. Típico de gente que faz questão de diferenciar o elevador social do elevador de serviço.

Durante as eleições de 2010, surgiu um novo eufemismo. Na falta de argumentos para defender os candidatos de Direita, o eleitor saia-se com esta: “ele é sério”. O que vem a ser um candidato sério? Carrancudo? Honesto? Trabalhador? Não, basta que seja homem, branco e fique bem de terno. Não precisa ter uma vasta formação acadêmica, apenas que fale razoavelmente bem.

Existem candidatos sérios de Esquerda e de Direita, claro. Mas o fundamental é que tal adjetivação é sempre parte de eleitores de Direita sem argumentos definidos.

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De São Paulo-SP.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Índia e Brasil na ONU

Muita gente no Brasil se precipitou ao julgar a declaração do presidente americano Barack Obama em favor da inclusão da Índia como integrante permanente do Conselho de Segurança da ONU. Os “colonizados” já saíram alardeando que é uma derrota para o Brasil, afinal, “quem mandou o Lula viajar pelo mundo com essa tal política externa independente”. Bobagem!

A declaração de Obama reflete duas questões importantes: Em primeiro lugar, mostra que os Estados Unidos se dispõem a uma reforma do Conselho de Segurança da ONU para a inclusão de novos membros permanentes. Em segundo lugar, revela que os países emergentes do chamado BRIC são os mais cotados para esta cadeira.

Vendo por este aspecto, a declaração e Obama é muito positiva para as ambições do Brasil em se tornar como membro permanente do Conselho de Segurança. Ao contrário do que dizem os colonizados, a política externa do Governo Lula garantiu ao Brasil o apoio do Reino Unido, da França, de Portugal, da Rússia e da China. As viagens pela África certamente garantem mais alguns votos. Sem se falar no Irã e países do oriente médio que simpatizam com a atuação mediadora do Brasil nos debates sobre energia atômica naquela região.

Os EUA votam na Índia, que pena! Mas os americanos tem apenas um voto, e na ONU são 192 países-membros.

Que venha a reforma!

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De São Paulo-SP.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A “despolitização” da política

Por Marcio TAQUARAL

A despolitização da campanha eleitoral foi sintomática nas eleições realizadas 2010. A falta de politização não é novidade, trata-se de um processo que começou em 1992, quando Paulo Maluf contratou Duda Mendonça para reformular totalmente sua imagem. Deu certo, Maluf ressuscitou e foi novamente eleito prefeito da Capital de São Paulo. Desde então, os marqueteiros assumiram cada vez maior importância no alto comando das campanhas eleitorais.

A tática eleitoral consagrada pelos marqueteiros é transformar o programa de governo em um monte de “produtos” a serem oferecidos ao eleitor. Duda Mendonça “criou” o Fura-Fila, o PAS, o Cingapura, o Leve-Leite entre outros. Desde então, todas as campanhas eleitorais fazem o mesmo. O programa de governo dos candidatos é “despolitizado” e transformado em uma montoeira de siglas e produtos a serem oferecidos. Sobram siglas: na educação temos os CEUs, na saúde as AMEs, as UPAs, o SUS, o SAMU e por ai vai. Muitas vezes, os candidatos optam por esconder seu programa atrás de números, como os 10 milhões de empregos do Lula em 2002 ou o aumento do salário mínimo para R$ 600,00 do Serra em 2010. Até o Metrô foi devidamente embalado e é apresentado nas eleições como um “produto” a ser adquirido.

Os programas de governo continuam existindo, mas a apresentação por meio de “produtos” dificulta o debate eleitoral, uma vez que esconde quais realmente são as prioridades para cada candidato. Em vez de falar sobre investimento prioritário no transporte público ou privado, os programas eleitorais apresentam belas maquetes de avenidas ou de corredores de ônibus. Em vez de falar sobre quanto vai ser investido na Educação, a propaganda política contrapõe “duas professoras no 1º ano” com “a construção de centros educacionais com quadras, cinemas e piscina”.

Bons tempos em que os políticos deixavam claro o que achavam da Saúde, Educação, Segurança, Economia, Politicas Sociais, Transporte Urbano, Cultura, Esporte, Meio Ambiente, Saneamento etc...

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De São Paulo-SP.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O Poder Judiciário é uma piada!

O antigo Delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz se notabilizou por ter liderado importantes mega-operações ações contra banqueiros, políticos corruptos, criminosos do colarinho branco etc. Entre seus réus estão o Deputado Federal Paulo Maluf (PP-SP), o banqueiro Daniel Dantas do Opportunity, o mega-contrabandista Law Kin Chong, o esquema de lavagem de dinheiro Corinthians-MSI e o ex-Prefeito de São Paulo Celso Pitta.

Como se sabe, no Brasil é crime prender gente rica. No caso da Operação Satiagraha, o banqueiro Daniel Dantas conseguiu dois habeas Corpus no Supremo Tribunal Federal em menos de 24 horas (não deu nem tempo de amarrotar o paletó), depois o Juiz Fausto de Sanctis foi representado no Conselho Nacional de Justiça e o Delegado Protógenes foi afastado das investigações.

Desde então, Protógenes tem sido sistematicamente perseguido pelo Juiz Federal Ali Mazloum. O ex-delegado foi eleito Deputado Federal (PCdoB-SP).

Curiosamente, esta semana Protógenes se tornou o único condenado na Operação Satiagraha. Quer dizer, o banqueiro continua solto, mas é condenado o cara que ousou colocar algemas nele.

O Poder Judiciário é uma piada!

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De São Paulo-SP.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

A quem interessa os ataques ao ENEM?

O Exame Nacional do Ensino Médio é uma prova realizada anualmente desde 1998 pelo Ministério da Educação para avaliar o Ensino Médio do Brasil. Muitas universidades têm utilizado a pontuação do ENEM como parte de seu processo de ingresso e, desde 2009, existe a proposta de utilizar o exame para ingresso unificado nas principais Universidades Federais.

Desde então, o ENEM tem sido constante alvo de críticas. Diga-se de passagem, parte das críticas tem sua razão, afinal, de fato a aplicação do Exame teve muitos problemas em 2009 e 2010 (provas furtadas, gabaritos com numeração errada etc).

O mais grave é a campanha midiática que tem sido feita contra o ENEM. Criticar o ENEM para melhorar é uma coisa, criticar para destruir é outra.

O ENEM é um avanço no sistema educacional Brasileiro e deve ser aprimorado. No mesmo molde existe o SAT nos Estados Unidos, que também já teve seus problemas. A diferença é que o SAT ocorre várias vezes ao ano, ou seja, o problema em uma prova não atinge tão gravemente os estudantes que a prestaram, basta indenizá-los e eles fazem a prova de novo alguns meses depois. Talvez esta seja uma boa alternativa ao ENEM.

Outra questão importante é que o ENEM se destacou por ser uma prova reflexiva, que media a capacidade de raciocínio e compreensão dos estudantes, em vez de medir quem decorou mais fórmulas ou datas, como nos vestibulares por ai afora. Recentemente, o ENEM tem perdido este caráter reflexivo e passou a exigir mais conteúdo decorado, o que é uma pena.

O ENEM deve ser repensado, no sentido de aprimorado. E todas as propostas de supressão do ENEM devem ser rechaçadas.

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De São Paulo-SP.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A Oposição tem vergonha de seu projeto

Por Marcio TAQUARAL

Com o final do processo eleitoral, os debates políticos ficam menos emotivos. Enquanto o perdedor José Serra demonstra sua total falta de espírito público ao desdenhar do resultado democrático, o resto da Oposição ao Governo Lula (e futuro Governo Dilma) começa a se reorganizar.

Rei morto, rei posto. Serra já era (só ele que não sabe)! Já disputam a sucessão de 2014, o governador-eleito paulista Geraldo Alckmin e o senador-eleito mineiro Aécio Neves.

Enquanto lambe as feridas e planeja seus próximos passos, a Oposição tenta avaliar quais os motivos de seu fracasso eleitoral. A resposta é simples: falta apresentar um projeto nacional.

O candidato Serra se apresentou no começo da campanha eleitoral como se fosse o sucessor de Lula, tentando morder uma parcela da popularidade do atual presidente. A tática sub-reptícia não funcionou e, assim que o Povo soube que Dilma era a candidata oficial, Serra perdeu grandes parcelas de intenção de voto.

A partir dai, a Oposição voltou à sua tática anterior, de repetir como um mantra que “tudo de bom do Lula foi o FHC que fez!”. Em primeiro lugar, é mentira! Se fosse verdade, Fernando Henrique teria os mesmos 82% de popularidade de Lula (segundo o DataFolha).

Em segundo lugar, se a Oposição assume que o governo Lula é bom, então ela deveria aderir ao mesmo, mas não o faz! Porque sabe que o Governo Lula tem um projeto diferente do deles e discorda do mesmo!

1 – A Oposição é neoliberal, defende que o Estado não participe da Economia. O Governo Lula investe e intervém na Economia.

2 – A Oposição, na mesma linha do ponto anterior, é privatista. Privatizou o que pôde no Governo FHC e Serra continuou privatizando no Governo de São Paulo. O Governo Lula interrompeu o processo de privatização, fortaleceu as empresas públicas e mantém em rédea curta as empresas anteriormente privatizadas em que o governo possui ações ordinárias.

3 – A Oposição tem mentalidade colonial e se submete aos interesses das grandes potências da Europa e dos EUA. O Governo Lula mantém uma política externa independente e soberana, bem diferente da Oposição.

4 – A Oposição é contra os programas sociais com a envergadura que estão. Durante a eleição dizem ser a favor, mas durante os últimos 8 anos chegaram a ir ao STF contra o Bolsa-Família, o PROUNI etc.

5 – A Oposição é contra os aumentos do salário-mínimo. Segundo eles, isso explodiria a Previdência Social.

6 – A Oposição é contra os direitos trabalhistas. Chama isso de “flexibilização”.

A lista segue...

O Governo Lula é diferente do Governo FHC. O Projeto Nacional do atual bloco governista é diferente do projeto da Oposição. Enquanto a Oposição tiver vergonha de suas posições (e tem, pois são posições odiadas pelo Povo), vai perder as eleições.

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De São Paulo-SP