quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Oportunidade única

A hegemonia do PSDB em São Paulo é baseada em dois conservadorismos. No interior, Geraldo Alckmin assumiu o voto pragmático que era de Quércia e, na capital, José Serra herdou os votos conservadores que anteriormente eram de Maluf. Vencer os tucanos só é possível caso um novo elemento seja inserido no cenário.

O novo elemento é Gilberto Kassab (DEMo, por enquanto), o atual prefeito da Capital. Kassab foi um apagado Deputado Federal e Secretário de Planejamento do finado ex-Prefeito Celso Pitta. Escolhido para ser vice-prefeito por José Serra, Kassab caiu sem muitos méritos na cadeira do Prefeito. E lá ficou, inclusive derrotando Marta Suplicy (PT) e Geraldo Alckmin em 2008.

Kassab já é prefeito reeleito, ou seja, não pode se manter no cargo. Moto continuo, quer ser candidato ao Governo do Estado. Kassab é um homem de Serra, mas o atual governador é Alckmin. Ocorre que o PSDB está em luta interna e o derrotado Serra quer manter o poder e o vitorioso Alckmin quer assumir. Alckmin NUNCA deixaria um cupincha de Serra como seu sucessor. E por isso, Kassab está de malas prontas para o PMDB.

Para ser governador, Kassab tem que derrotar Alckmin ou o candidato por ele indicado. Para impedir esta ascensão, o atual governador tem que derrotar o candidato de Kassab nas eleições municipais. Aí que entra o “Centrão”.

O “Centrão” é um aglomerado de vereadores conservadores e fisiológicos que se organizaram na Câmara Municipal de São Paulo para dominar os trabalhos legislativos. O prefeito Kassab ficou refém deles, mas como também é conservador, preferiu apoiar em vez de enfrentar.

Ocorre que a ida de Kassab para o PMDB muda a correlação de forças na política paulistana. O prefeito ganha aliados fora do “Centrão” e tem condições de derrota-lo. É uma demonstração essencial de poder de quem pretende eleger seu sucessor.

E por que o PT apoia o “Centrão”? Porque o Partido dos Trabalhadores tem uma boa relação com o “Centrão”, que foi uma maneira dissimulada de aderirem ao governo (afinal, o “Centrão” era governista antes de Kassab declarar guerra). Os vereadores petistas não podem aderir abertamente ao governo, uma vez que vão lançar candidato contra nas eleições de 2012. Mas também não tem interesse em ficar fazendo oposição na Câmara, pois o trator Kassab-“Centrão” era muito forte. Na disputa entre Kassab e o “Centrão”, o PT optou pelo “Centrão”, pois mantém o jogo mais ou menos como está.

Trata-se de uma opção errada do PT. Manter o jogo como está significa manter a Direita unida e invencível. O despontamento de uma nova liderança de Direita significa a divisão do bloco conservador. Trata-se do elemento novo, a única chance de uma vitória progressista em São Paulo (seja na Capital, seja no Estado). A vitória do vereador José Pólice Neto (PSDB) para presidente da Câmara Municipal é uma vitória de Kassab sobre o “Centrão”, ou seja, mais um passo em sua jornada para o Palácio dos Bandeirantes em 2014. Lá está a verdadeira disputa!

Independente de quem ganhe em 2014, trata-se de uma divisão no bloco conservador. Isso por si só já é uma vantagem para a Esquerda. E vale lembrar que, enquanto Geraldo Alckmin se move cada vez mais para a Direita, Kassab dá uma guinada ao Centro ingressando no PMDB. Entre Alckmin e Kassab, viva Kassab!

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De São Paulo-SP.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Mini-debate sobre o Wikileaks

A Wikileaks é um perigo, pois seu dirigente é totalmente independente, não responde a qualquer autoridade e decide, a seu bel prazer, quais informações divulgar[1]. As informações divulgadas pelo Wikileaks são uma invasão da privacidade de seus autores e podem ter sido adquiridas por meios ilegais, inclusive através de espionagem[2]. Algumas das informações divulgadas pela Wikileaks são gravíssimas e podem colocar vidas em risco[3]. Além disso, o controverso Julian Assange é acusado de estupro na Suécia [4].


[1] De fato. Inclusive, o mesmo pode ser atribuído a qualquer órgão da imprensa. Os jornais, revistas, emissoras de rádio e televisão e os portais de internet são totalmente independentes, e decidem individualmente quais informações devem ser divulgadas e quais devem ser “abafadas”.

[2] Novamente a similaridade com a imprensa é presente. A mídia não vê qualquer problema em escancarar a intimidade das pessoas públicas, sejam artistas ou governantes. E muitas vezes adquirem sus informações de maneira ilegal. A propósito, a única espionagem confirmada no escândalo da Wikileaks foi a perpetrada pelo governo dos Estados Unidos contra funcionários da ONU (incluindo seu Secretário-Geral) e do Irã.

[3] Em primeiro lugar, o mais grave é que alguém tenha vazado essas informações que coloquem em risco a vida de pessoal (o governo dos EUA já fez isso propositalmente no caso de Valerie Plame, ex-agente da CIA cuja identidade foi revelada durante a administração George W. Bush). Os vazadores devem ser identificados e punidos antes de haver qualquer gritaria em torno do Wikileaks. Em segundo lugar, tais informações que colocam em risco a vida de pessoas, bem como as que violam sua intimidade devem ser avaliadas sob o prisma do interesse público, podendo inclusive ser um legitimo limitador para a liberdade de expressão. Afinal, a liberdade de uns não pode violar a vida de outros. Em terceiro lugar, as informações divulgadas pela Wikileaks são, em geral, telegramas indiscretos que causam, no máximo, um pequeno mal estar diplomático entre os EUA e algumas nações que se consideram suas aliadas.

[4] É, no mínimo, suspeito que as acusações contra Julian Assange sejam desarquivadas logo após a polêmica explodir. Muito mais suspeito é o fato de praticamente toda a mídia no Brasil, EUA e Europa ignorar o fato de que a acusação do processo criminal em questão é por ter feito sexo sem proteção, que na Suécia é considerado uma modalidade de estupro. A mídia não divulgou esta informação, nem mesmo como boato ou para desmenti-la. Quer dizer, que absurdo que os donos dos jornais decidam a seu bel prazer, sem consultar nem responder a ninguém, qual informação divulgar e qual “abafar”!


Julian Assange é uma figura controversa. Provavelmente um maluco. O Wikileaks é um perigo e deve ter seus limites. Assim como a imprensa o deve. Estes limites são o interesse público, mas devem ser muito bem delimitados, para não possibilitar abusos por parte dos Governos contra as informações que o desagradem. Afinal, a ausência da Liberdade de Expressão é um perigo muito maior do que a Wikileaks ou qualquer órgão da imprensa. A propósito, a pressão dos EUA para retirar o servidor do Wikileaks e impedir doações por cartões de crédito é comparável às atitudes de controle exercidas pela China sobre a internet, mas ao menos o Governo Chinês é honesto em dizer que considera a internet perigosa, diferente dos EUA que se apresentam como o último bastião da liberdade.

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De São Paulo-SP.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Não confiem em banqueiros!

A constitucionalidade do cadastro positivo é bastante duvidosa, e seu resultado prático mais ainda! A ideia é um SPC/SERASA ao contrário, em vez de listar os maus pagadores, listaria os bons, conforme suas compras à prazo. Tecnicamente, os bons pagadores são os que não constam nos sistemas já existentes de maus pagadores e diferenciá-los conforme seus hábitos de consumo seria uma clara violação ao princípio da igualdade.

O efeito prático do cadastro positivo também é bastante injusto, uma vez que se objetivo é baixar os juros dos bons pagadores (constantes do cadastro). Ora, se os juros abaixarão para uns, deverão ser aumentados para outros. E quem serão estes outros? Serão os bons pagadores que não constam no cadastro positivo (uma vez que os maus pagadores, que constam do cadastro negativo, não tem direito algum à crédito). Resumindo, os bancos estarão legitimados a AUMENTAR os juros pelo cadastro positivo...

Outra questão fundamental é que, no Brasil, o lucro dos bancos bate recordes todos os anos, ou seja, não há risco algum para as entidades que atuam neste setor da economia que justifique a criação de mais uma salvaguarda.

Diga-se de passagem, a queda na inadimplência do cartão de crédito nunca foi compensada por reduções nas taxas de juros, confirmando apenas que os banqueiros não se sentem e nunca se sentirão compelidos a cumprir qualquer redução de juros pela simples criação do cadastro positivo.

A Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) já anunciou que, antes de decorrido um ano, o cadastro não terá efeito. Se é que, depois deste período, terá efeitos positivos, pois os negativos são visíveis.

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De São Paulo-SP.

domingo, 28 de novembro de 2010

Tensão social nas universidades privadas - Parte 2

Algumas pessoas alegam que o e-mail enviado para uma estudante de Direito da PUC-SP argumentam que, apesar de agressivo, não tem conteúdo racista. Tal entendimento não procede.

O e-mail tem óbvio conteúdo racista ao fazer diversas referências físicas e sociais à vítima do ataque. Ao se referir ao cabelo, à aparência e ao estilo de roupa para ofender, a autora do e-mail está se baseando em um estereótipo que considera ruim, inferior ou desagradável. O fato da autora da agressão usar termos indiretos para agredir não muda o conteúdo da agressão.

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De Cotia-SP.

sábado, 27 de novembro de 2010

Tensão social nas universidades privadas - Parte 1

Sexta-feira (26/11/2010) ocorreu na PUC-SP um ato contra o racismo. A atividade foi motivada por agressivo e-mail de conteúdo racista que uma estudante de Direito recebeu de uma colega de sala. É inevitável a comparação deste fato com as manifestações anti-nordestinos de Mayara Petruso, também estudante de Direito, mas da FMU. Alguns consideram assustador que tais manifestações de ódio contra o povo sejam emitidas por estudantes do ensino superior. Assustador é apenas a sinceridade destas pessoas, pois o ódio que as elites têm pelo povo Brasileiro fica evidente na situação degradante a que a população pobre é submetida neste que é um dos países mais ricos do mundo.

O caso da PUC-SP chama a atenção, pois se trata de uma instituição que se notabilizou por exercer o ensino crítico e a visão social, mesmo durante os anos da Ditadura Militar. Infelizmente, os estudantes que optam por estudar na PUC não o fazem por conta de seu histórico político, mas sim por conta de seu reconhecimento no mercado de trabalho. Sendo assim, uma instituição progressista contém em seu corpo discente elementos reacionários que apenas buscam tecnicismo e a posição social decorrente dele.

Outro aspecto a ser analisado nestas situações é o fim do apartheid no ensino superior Brasileiro. Até os anos 90, somente os mais ricos tinham seu ingresso garantido na universidade (e, consequentemente, nas altas esferas de trabalho e cargos de direção). Isso ocorria porque não havia vagas suficientes nas universidades (que, em sua massacrante maioria, eram públicas) e os estudantes passavam por um filtro chamado vestibular.

O vestibular é uma prova exageradamente tecnocrática que só avalia quem decorou mais conhecimentos. Decorrente dele, surgiram os “cursinhos pré-vestibular”, que preparavam os filhos da elite para decorarem bastante conteúdo e passar na prova. Como a escola pública foi abandonada desde 1967 (com os acordos MEC-USAID da Ditadura Militar), apenas os ricos estudantes de escolas privadas e de cursinhos pré-vestibular tinham acesso ao ensino superior. Isso mantinha a divisão social do trabalho, pois garantia que os filhos dos ricos (mesmo que fossem burros) teriam acesso aos mesmos empregos superiores que seus pais e, consequentemente, continuariam ricos.

A partir dos anos 90, foi identificado que a educação superior poderia ser um lucrativo negócio. Diante disso, o Governo Fernando Henrique Cardoso liberou a abertura desenfreada de faculdades. O Ministério da Educação (MEC) deixou de lado rigorosos critérios de autorização e cada empresário sentiu-se a vontade de abrir uma faculdade em cada esquina. Propostitalmente, por falta de fiscalização do MEC a ampla maioria destas novas faculdades não tinha a menor qualidade de ensino. Por outro lado, tal movimentação ampliou de maneira exponencial a quantidade de vagas no ensino superior, desde que, é claro, se pagasse o preço.

Com o tempo, o mercado entrou em crise pelo excesso de oferta e começou haver concentração no setor, as faculdades menos lucrativas foram absorvidas pelas mais lucrativas. Ao mesmo tempo, o MEC (já no Governo Lula) passou a exercer mais controle sobre as faculdades particulares.

Com isso, a educação superior Brasileira ficou dividida em dois estamentos. Na base, as faculdades privadas, que cobram mensalidades mais baixas e oferecem cursos com qualidade não muito boa (mas nem muito ruim). No alto, as faculdades com alta qualidade, sejam as públicas gratuitas, sejam as privadas tradicionais que cobram mensalidades extorsivas. Neste cenário, o diploma de ensino superior deixou de ser o passaporte para os altos cargos. Os profissionais formados nas faculdades do primeiro grupo (de baixo) passaram a ocupar os cargos intermediários, de gerências subalterna. Enquanto isso, os cargos de alto escalão continuam restritos aos que se formarem nas faculdades públicas ou privadas tradicionais (do alto).

Mais recentemente surgiu um novo elemento: o Programa Universidade para Todos (PROUNI). Estudantes de baixa renda originários da rede pública (que fizeram todo o Ensino Médio na rede oficial, ou que estudaram na rede privada com bolsa de estudos) passaram a receber bolsas do Governo Federal para estudar nas universidades privadas. Com isso, estudantes altamente qualificados, mas com pouco poder aquisitivo puderam estudar nas universidades privadas, tanto as de cima, como as de baixo. Os estudantes do PROUNI, segundo estudos do MEC, mantêm médias e desempenho bastante superior aos estudantes não-prounistas.

Por um lado, o ingresso dos estudantes do PROUNI nas universidades privadas rompe de vez com o apartheid existente no ensino superior. Por outro lado, o PROUNI gera certa tensão social, pois os filhos da elite que estudavam nas universidades privadas tradicionais passaram a serem colegas de estudantes muito pobres, porém muitas vezes mais inteligentes. Talvez essa seja a motivação do e-mail racista na PUC.

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De Cotia-SP.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Para entender a crise coreana

Se nem eles entendem, seria muita pretensão de nossa parte! Mas aproveitamos a crise para desmistificar alguns pontos. Não que seja o caso de defender a Coréia do Norte, mas, como já tem bastante gente condenando, façamos um contraponto.

1. A “tensão” na região só existe por parte da Coréia do Sul e de quem resolver se meter (Japão ou EUA, por exemplo). Ocorre que a Coréia do Norte está em permanente estado de alerta. Para os norte-coreanos, essa crise toda não mudou em nada o dia-a-dia da população (digamos que eles sejam naturalmente tensos). A não ser, é claro, que comecem a ocorrer exercícios militares em sua fronteira.

2. O permanente estado de alerta da Coréia do Norte tem uma causa: a Guerra da Coréia (1950-1953) nunca acabou. Foi assinado um armistício entre as três partes (Coréia do Norte, Coréia do Sul e EUA), mas que nunca se converteu em tratado de paz. As duas Coreias já fizeram várias negociações para converter o armistício em tratado de paz, mas nunca conseguiram, pois os Estados Unidos se recusam (o que garante a permanência das bem localizadas e convenientes bases militares americanas na Coréia do Sul).

3. A Guerra da Coréia, por sua vez, é outra história muito mal contada. No final da Segunda Guerra Mundial, para impedir a ascensão dos comunistas (que lideraram a resistência à ocupação japonesa), os Estados Unidos inventaram a divisão artificial do país, ficando o norte comunista e o sul capitalista. Ocorre que a Coréia do Sul era uma ditadura (a primeira eleição livre ocorreu em 1988), ou seja, não foi uma simples invasão de um país por outro. Quando o regime sul-coreano caiu (a Coréia inteira foi ocupada pelos comunistas), os EUA resolveram invadir com seus próprios soldados. Ocorre que o Exército dos EUA, sob o pretexto de “defender” a ditadura sul-coreana, invadiu o território da Coréia do Norte e ultrapassou a fronteira da China. Então a China entrou na guerra, ocupou a península da Coréia e empurrou os americanos até o mar. Nova reação americana e os EUA conseguiram retomar o território da Coréia do Sul. Então foi assinado o armistício e a vaca fria parou por ai.

Resumindo, a “tensão” entre as Coréias tem origens bastante americanas... Em vez de mandar porta-aviões para assombrar os devaneios grandiloquentes de Kim Jong-Il, os EUA deveriam assinar de vez o maldito tratado de paz e evitar provocações com este país nervoso e nuclear.

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De São Paulo-SP.

Mapa retirado daqui.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Da série "mentiras que contam por ai": bons ventos internacionais

Com a proximidade do final do ano, as estimativas para o PIB 2010 começam a ficar mais realistas (claro, afinal já temos os números de quase 11/12 da série).

Em 18 de novembro, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), vulgo os países ricos, avalia que o PIB mundial irá crescer 4,6% em 2010.

Em 22 de novembro, o Boletim Focus do Banco Central do Brasil, que retrata as opiniões do Mercado (buuuu!) prevê que o crescimento do PIB Brasileiro em 2010 será de 7,6%.

Por sua vez, em 23 de novembro, o Federal Reserve (FED), o banco central americano, projeta entre 2,4% e 2,5% o crescimento do PIB dos EUA.

Com base em tais previsões é possível fazer uma média da evolução do PIB durante os 8 anos do governo do Presidente Lula (2003-2010) e compará-los com a economia mundial, os EUA e, como não poderia deixar de ser, com o PIB do Governo FHC (1995-2002).

A média de crescimento do PIB durante Governo Lula ficou em 3,57%. Quase o mesmo número do PIB americano durante o mesmo período, 3,95%. E relativamente superior à média do PIB mundial, 2,84%.

No caso de FHC, os números são tristes, 2,33% (sem crise econômica mundial). Menos da metade dos EUA, 5,22%. E um pouco menor do que a variação do PIB mundial, 2,88%.

Com isso, cai por terra a teoria de que os “bons ventos da economia mundial que puxaram a economia Brasileira”. Na média, a economia mundial teve quase o mesmo desempenho entre os períodos de Lula e FHC. Porém, enquanto o PIB de FHC foi inferior ao mundo (e muito inferior aos EUA), o Brasil foi superior ao mundo e quase empatou com os EUA.

“Ah, mas a crise é que modificou a tendência”, dirão as viúvas do tucanato. Pois façamos os cálculos sem a crise (ou seja, sem 2009 e 2010). A média do PIB de Lula fica em 2,65%, contra 3,86% dos EUA e 2,5% do mundo. Em suma, o Brasil cresceu menos que os EUA, mas cresceu mais que a economia mundial. Onde foram parar os bons ventos? Interessante usarem esse argumento durante a maior crise econômica desde 1929...

“Mas, a política econômica de Lula é herança de FHC”, retrucariam os tucanos. Se assim, fosse, os resultados seriam semelhantes. Podemos fazer um exercício e imaginar que o 1º ano do Governo Lula seja um reflexo da política de FHC, sendo assim, o período de cada governo fica alterado da seguinte maneira: FHC de 1996-2003 e Lula de 2004-2011. Faremos o cálculo abstraindo 2011. FHC fica com 1,87%, quase três vezes menor que os EUA (5,23%) e bem menor que o mundo (2,85%). No caso de Lula, o crescimento do PIB seria 4,01%, superando os EUA (3,84%) e o mundo (2,86%). Se colocarmos as projeções para 2011 a estimativa se mantém, ficando Lula com 4,07%, maior que os 3,77% dos EUA e 3,03% do mundo.

Resumindo, essa história de política econômica copiada e de “bons ventos internacionais” é uma balela e o Governo Lula ganha de goleada de FHC (e olha que nem comparamos diretamente os governos).

A propósito, essa análise não tem qualquer rigor técnico, apenas colocamos os números em uma planilha de Excel... Parece que alguns economistas nunca fizeram esse exercício ou, se fizeram, estão ignorando os resultados.

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De São Paulo-SP.

sábado, 13 de novembro de 2010

Ele é sério...

Antigamente, alguns anúncios de emprego “pediam boa aparência”. Era um eufemismo racista. Anúncios que pediam boa aparência eram um recado “só se contratam brancos”. Típico de gente que faz questão de diferenciar o elevador social do elevador de serviço.

Durante as eleições de 2010, surgiu um novo eufemismo. Na falta de argumentos para defender os candidatos de Direita, o eleitor saia-se com esta: “ele é sério”. O que vem a ser um candidato sério? Carrancudo? Honesto? Trabalhador? Não, basta que seja homem, branco e fique bem de terno. Não precisa ter uma vasta formação acadêmica, apenas que fale razoavelmente bem.

Existem candidatos sérios de Esquerda e de Direita, claro. Mas o fundamental é que tal adjetivação é sempre parte de eleitores de Direita sem argumentos definidos.

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De São Paulo-SP.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Índia e Brasil na ONU

Muita gente no Brasil se precipitou ao julgar a declaração do presidente americano Barack Obama em favor da inclusão da Índia como integrante permanente do Conselho de Segurança da ONU. Os “colonizados” já saíram alardeando que é uma derrota para o Brasil, afinal, “quem mandou o Lula viajar pelo mundo com essa tal política externa independente”. Bobagem!

A declaração de Obama reflete duas questões importantes: Em primeiro lugar, mostra que os Estados Unidos se dispõem a uma reforma do Conselho de Segurança da ONU para a inclusão de novos membros permanentes. Em segundo lugar, revela que os países emergentes do chamado BRIC são os mais cotados para esta cadeira.

Vendo por este aspecto, a declaração e Obama é muito positiva para as ambições do Brasil em se tornar como membro permanente do Conselho de Segurança. Ao contrário do que dizem os colonizados, a política externa do Governo Lula garantiu ao Brasil o apoio do Reino Unido, da França, de Portugal, da Rússia e da China. As viagens pela África certamente garantem mais alguns votos. Sem se falar no Irã e países do oriente médio que simpatizam com a atuação mediadora do Brasil nos debates sobre energia atômica naquela região.

Os EUA votam na Índia, que pena! Mas os americanos tem apenas um voto, e na ONU são 192 países-membros.

Que venha a reforma!

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De São Paulo-SP.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A “despolitização” da política

Por Marcio TAQUARAL

A despolitização da campanha eleitoral foi sintomática nas eleições realizadas 2010. A falta de politização não é novidade, trata-se de um processo que começou em 1992, quando Paulo Maluf contratou Duda Mendonça para reformular totalmente sua imagem. Deu certo, Maluf ressuscitou e foi novamente eleito prefeito da Capital de São Paulo. Desde então, os marqueteiros assumiram cada vez maior importância no alto comando das campanhas eleitorais.

A tática eleitoral consagrada pelos marqueteiros é transformar o programa de governo em um monte de “produtos” a serem oferecidos ao eleitor. Duda Mendonça “criou” o Fura-Fila, o PAS, o Cingapura, o Leve-Leite entre outros. Desde então, todas as campanhas eleitorais fazem o mesmo. O programa de governo dos candidatos é “despolitizado” e transformado em uma montoeira de siglas e produtos a serem oferecidos. Sobram siglas: na educação temos os CEUs, na saúde as AMEs, as UPAs, o SUS, o SAMU e por ai vai. Muitas vezes, os candidatos optam por esconder seu programa atrás de números, como os 10 milhões de empregos do Lula em 2002 ou o aumento do salário mínimo para R$ 600,00 do Serra em 2010. Até o Metrô foi devidamente embalado e é apresentado nas eleições como um “produto” a ser adquirido.

Os programas de governo continuam existindo, mas a apresentação por meio de “produtos” dificulta o debate eleitoral, uma vez que esconde quais realmente são as prioridades para cada candidato. Em vez de falar sobre investimento prioritário no transporte público ou privado, os programas eleitorais apresentam belas maquetes de avenidas ou de corredores de ônibus. Em vez de falar sobre quanto vai ser investido na Educação, a propaganda política contrapõe “duas professoras no 1º ano” com “a construção de centros educacionais com quadras, cinemas e piscina”.

Bons tempos em que os políticos deixavam claro o que achavam da Saúde, Educação, Segurança, Economia, Politicas Sociais, Transporte Urbano, Cultura, Esporte, Meio Ambiente, Saneamento etc...

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De São Paulo-SP.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O Poder Judiciário é uma piada!

O antigo Delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz se notabilizou por ter liderado importantes mega-operações ações contra banqueiros, políticos corruptos, criminosos do colarinho branco etc. Entre seus réus estão o Deputado Federal Paulo Maluf (PP-SP), o banqueiro Daniel Dantas do Opportunity, o mega-contrabandista Law Kin Chong, o esquema de lavagem de dinheiro Corinthians-MSI e o ex-Prefeito de São Paulo Celso Pitta.

Como se sabe, no Brasil é crime prender gente rica. No caso da Operação Satiagraha, o banqueiro Daniel Dantas conseguiu dois habeas Corpus no Supremo Tribunal Federal em menos de 24 horas (não deu nem tempo de amarrotar o paletó), depois o Juiz Fausto de Sanctis foi representado no Conselho Nacional de Justiça e o Delegado Protógenes foi afastado das investigações.

Desde então, Protógenes tem sido sistematicamente perseguido pelo Juiz Federal Ali Mazloum. O ex-delegado foi eleito Deputado Federal (PCdoB-SP).

Curiosamente, esta semana Protógenes se tornou o único condenado na Operação Satiagraha. Quer dizer, o banqueiro continua solto, mas é condenado o cara que ousou colocar algemas nele.

O Poder Judiciário é uma piada!

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De São Paulo-SP.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

A quem interessa os ataques ao ENEM?

O Exame Nacional do Ensino Médio é uma prova realizada anualmente desde 1998 pelo Ministério da Educação para avaliar o Ensino Médio do Brasil. Muitas universidades têm utilizado a pontuação do ENEM como parte de seu processo de ingresso e, desde 2009, existe a proposta de utilizar o exame para ingresso unificado nas principais Universidades Federais.

Desde então, o ENEM tem sido constante alvo de críticas. Diga-se de passagem, parte das críticas tem sua razão, afinal, de fato a aplicação do Exame teve muitos problemas em 2009 e 2010 (provas furtadas, gabaritos com numeração errada etc).

O mais grave é a campanha midiática que tem sido feita contra o ENEM. Criticar o ENEM para melhorar é uma coisa, criticar para destruir é outra.

O ENEM é um avanço no sistema educacional Brasileiro e deve ser aprimorado. No mesmo molde existe o SAT nos Estados Unidos, que também já teve seus problemas. A diferença é que o SAT ocorre várias vezes ao ano, ou seja, o problema em uma prova não atinge tão gravemente os estudantes que a prestaram, basta indenizá-los e eles fazem a prova de novo alguns meses depois. Talvez esta seja uma boa alternativa ao ENEM.

Outra questão importante é que o ENEM se destacou por ser uma prova reflexiva, que media a capacidade de raciocínio e compreensão dos estudantes, em vez de medir quem decorou mais fórmulas ou datas, como nos vestibulares por ai afora. Recentemente, o ENEM tem perdido este caráter reflexivo e passou a exigir mais conteúdo decorado, o que é uma pena.

O ENEM deve ser repensado, no sentido de aprimorado. E todas as propostas de supressão do ENEM devem ser rechaçadas.

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De São Paulo-SP.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A Oposição tem vergonha de seu projeto

Por Marcio TAQUARAL

Com o final do processo eleitoral, os debates políticos ficam menos emotivos. Enquanto o perdedor José Serra demonstra sua total falta de espírito público ao desdenhar do resultado democrático, o resto da Oposição ao Governo Lula (e futuro Governo Dilma) começa a se reorganizar.

Rei morto, rei posto. Serra já era (só ele que não sabe)! Já disputam a sucessão de 2014, o governador-eleito paulista Geraldo Alckmin e o senador-eleito mineiro Aécio Neves.

Enquanto lambe as feridas e planeja seus próximos passos, a Oposição tenta avaliar quais os motivos de seu fracasso eleitoral. A resposta é simples: falta apresentar um projeto nacional.

O candidato Serra se apresentou no começo da campanha eleitoral como se fosse o sucessor de Lula, tentando morder uma parcela da popularidade do atual presidente. A tática sub-reptícia não funcionou e, assim que o Povo soube que Dilma era a candidata oficial, Serra perdeu grandes parcelas de intenção de voto.

A partir dai, a Oposição voltou à sua tática anterior, de repetir como um mantra que “tudo de bom do Lula foi o FHC que fez!”. Em primeiro lugar, é mentira! Se fosse verdade, Fernando Henrique teria os mesmos 82% de popularidade de Lula (segundo o DataFolha).

Em segundo lugar, se a Oposição assume que o governo Lula é bom, então ela deveria aderir ao mesmo, mas não o faz! Porque sabe que o Governo Lula tem um projeto diferente do deles e discorda do mesmo!

1 – A Oposição é neoliberal, defende que o Estado não participe da Economia. O Governo Lula investe e intervém na Economia.

2 – A Oposição, na mesma linha do ponto anterior, é privatista. Privatizou o que pôde no Governo FHC e Serra continuou privatizando no Governo de São Paulo. O Governo Lula interrompeu o processo de privatização, fortaleceu as empresas públicas e mantém em rédea curta as empresas anteriormente privatizadas em que o governo possui ações ordinárias.

3 – A Oposição tem mentalidade colonial e se submete aos interesses das grandes potências da Europa e dos EUA. O Governo Lula mantém uma política externa independente e soberana, bem diferente da Oposição.

4 – A Oposição é contra os programas sociais com a envergadura que estão. Durante a eleição dizem ser a favor, mas durante os últimos 8 anos chegaram a ir ao STF contra o Bolsa-Família, o PROUNI etc.

5 – A Oposição é contra os aumentos do salário-mínimo. Segundo eles, isso explodiria a Previdência Social.

6 – A Oposição é contra os direitos trabalhistas. Chama isso de “flexibilização”.

A lista segue...

O Governo Lula é diferente do Governo FHC. O Projeto Nacional do atual bloco governista é diferente do projeto da Oposição. Enquanto a Oposição tiver vergonha de suas posições (e tem, pois são posições odiadas pelo Povo), vai perder as eleições.

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De São Paulo-SP

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Nuvens negras no horizonte

Atualmente o PT tem duas velocidades:

1. Já ganhei, então não preciso fazer campanha, basta dividir os cargos e fazer uma grande festa
2. Já perdi, então nem vale a pena mais fazer campanha.
Ninguém sai na rua, ninguém usa adesivo, ninguém compra o debate, ninguém tenta virar o voto dos amigos, da família etc.

Com a inesperada ocorrência do 2º turno, os petistas ficaram se sentindo derrotados e tiraram o time de campo. No primeiro turno, os candidatos a deputado mantinham um exército fazendo campanha nas ruas. No segundo turno, foram todos para casa, como se a eleição presidencial fosse ser resolvida na televisão.

Por outro lado, a tucanada está animada, pois a simples existência de 2º turno já foi uma vitória para eles. Estão todos na rua, fazendo campanha felizes e animados. Inimigos e desafetos se reconciliaram e hoje seguem juntos e esperançosos.

O pior é que, nesse cenário de empate técnico, começa a ocorrer a debandada. Um monte de fisiológicos e oportunistas que estavam com a Dilma quando sua vitória parecia inevitável, começam a negociar com o Serra em ascensão.

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De São Paulo-SP.

domingo, 10 de outubro de 2010

Rage Against the Censorship

Por Mario TAQUARAL

Curiosamente, durante o mais longo período democrático da História Brasileira, a mídia grita e se diz vítima de censura. A imprensa Brasileira é totalmente irresponsável, acusa sem provas, cria factoides, xinga, omite, manipula e ninguém faz nada. Ninguém faz nada, porque no Brasil não existe censura. Que bom! Se fosse pelos donos de jornais, ainda estaríamos na Ditadura, que eles tanto pediram, apoiaram e sustentaram.

Independente de censura, deveria haver algum tipo de responsabilização para os absurdos cometidos pela imprensa. Se alguém rouba, deve ir preso. Se um político quebra o decoro, deve ser cassado. Se um funcionário comete uma falta grave, deve ser demitido. Sendo assim, nada mais natural do que haver uma pena para mentiras e manipulações da imprensa. Isso não pode, obviamente, se transformar em censura. O correto seria que o Poder Judiciário julgasse as infrações cometidas pela imprensa, porém não temos mais Lei de Imprensa e nossos juízes são tão ruins quanto a imprensa.

Outra forma de censura é a autocensura. Por exemplo, o silêncio da mídia tupiniquim sobre as falcatruas de Paulo Preto, o caixa 2 do PSDB que fugiu com 4 milhões de reais, ou sobre a empresa de Verônica Serra (filha do candidato presidencial tucano José Serra) e Verônica Dantas (irmã do banqueiro Daniel Dantas) que quebrou o sigilo de 60 milhões de Brasileiros. Mais grave é quando a autocensura de um órgão informativo tenta calar os jornalista que nele trabalham, como foi o caso do afastamento de Heródoto Barbeiro, afastado da direção do Roda Viva após questionar José Serra sobre os extorsivos preços dos pedágios, ou o caso de Maria Rita Kehl, demitida do Estadão após escrever artigo opinativo com teor diferente dos editoriais.

Notória foi a censura ocorrida no festival SWU. A banda mais esperada era o Rage Against the Machine, conhecida pelo teor altamente politizado e contestador de sua música. O Rage tocou no sábado (09/10/2010) para 100 mil pessoas com uma estrela vermelha no palco, ofereceu música para o MST, questionou a existência de uma área VIP na pista do show e... foi censurado. A transmissão da apresentação pelo canal Multishow (de propriedade da Rede Globo) foi interrompida pouco após as 23hs quando um dos integrantes da banda decidiu vestir um boné do MST. Pela grade do Multishow, o evento seria transmitido até a meia-noite, mas curiosamente, o show mais esperado do festival SWU foi substituído por um programa sobre compra e preparo de peixes e outras iguarias. Nos jornais saiu alguma palavra sobre este fato? Alguma foto do Rage Against the Machine com boné do MST? Não, não saiu!

Em suma, existe censura no Brasil, a censura dos donos da mídia que só divulgam o que querem e escondem a verdade do publico. Deveria existir algum mecanismo que impedisse tal censura, mas não há. Então ficamos com a internet.

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De Cotia-SP.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O valor de um Prêmio Nobel

Por Marcio TAQUARAL

O Prêmio Nobel anda sem moral. Em 2009, o presidente americano Barack Obama recebeu o Nobel da Paz e logo em seguida anunciou o envio de mais tropas ao Afeganistão. Em 2010, pai do perfeito idiota latino-americano Mario Vargas Llosa recebeu o Nobel de Literatura.

Em 2010, o Nobel de Medicina foi para Robert Geoffrey Edwards, 32 anos após a criação da fertilização in vitro. Isso só para comprovar a pressão que o Vaticano ainda exerce sobre a ciência (depois de negar Darwin por tantos anos). Mas isso não é novidade no Brasil, onde religiões medievalistas (liderados pela Igreja Católica, com apoio das evangélicas) se sentem no direito de interferir na eleição presidencial para perpetuar a injustificável proibição do aborto (que é praticamente legalizado para quem tem grana, mas gera a morte de milhares de mulheres pobres que o fazem sob condições precárias).

Apesar de tudo, dizer que o Prêmio Nobel não tem valor seria uma injustiça, afinal, não há como ignorar o prêmio de 1,5 milhão de dólares concedido ao vencedor.

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De São Paulo-SP.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Reacionários enrustidos


Por Marcio TAQUARAL

Setores tradicionais da sociedade paulista (não necessariamente ricos) sempre se orgulharam muito de suas origens conservadores. Eleitoralmente, deram suporte a sujeitos do calibre de Ademar de Barros, Jânio Quadros, Paulo Maluf e, mais recentemente, Geraldo Alckmin e José Serra. Diante disso, não é nada surpreendente que os deputados federais mais votados sejam Enéas Carneiro (em 2002) e Tiririca (em 2010).

Atualmente, esse setor extremamente reacionário da população paulista tem vergonha de suas posições pessoais. Continuam de direita, mas enrustidos. Às vezes o discurso deixa escapar suas reais intenções... Hoje votam no PSDB, mas gostam mesmo é do Maluf.

Os reaças enrustidos sentem muitas saudadas do Esquadrão da Morte. Não falam abertamente que a polícia tem que sair matando, mas aceitam com bastante naturalidade as altíssimas taxas de assassinatos causadas por policiais. “Ah, mas ai é bandido que morreu em confronto com a PM”... Nos áureos tempos do Doutor Paulo, queriam ver “a ROTA na rua”, hoje em dia tem vergonha de dizer, mas deixam escapar esse tipo de pensamento quando ocorre algum ataque do PCC.

Os reaças enrustidos adoram falar em Direitos Humanos no Irã, mas no Brasil acha que “direitos humanos são para os humanos direitos”. E com isso acham normais as condições das cadeias (onde os presos são tratados piores do que num açougue) e as torturas que ocorrem nas delegacias.

Os reaças enrustidos gostavam muito da Ditadura, mas têm vergonha de assumir. Reivindicam a democracia e o movimento das Diretas Já!, mas tem ódio mortal de todos que combateram a repressão, foram vítimas de tortura, prisão e exilio. Falam de democracia, mas odeiam a anistia (com exceção da anistia para os torturadores, claro!).

Os reacionários enrustidos querem liberdade para si. Mas combatem a legalização do aborto, a descriminalização das drogas e a união homossexual. Falam em liberdade religiosa, mas odeiam evangélicos e umbandistas e consideram um absurdo a construção de uma mesquita em Nova Iorque (isso mesmo, eles têm até opinião sobre os problemas nova-iorquinos...).

Os reaças enrustidos votam no PSDB, odeiam o PT, PCdoB, PSOL e a Esquerda em geral. Odeiam por preconceito contra o povo. Para isso inventam motivos para não votar nos candidatos de esquerda. Falam em corrupção no Governo Lula, mas nunca deram a mínima para a bandalheira do Governo FHC, Serra e Alckmin. Criticam a aliança tática do Governo Lula com Sarney, Renan, Jader e Collor, mas na época do FHC aprovavam. Inclusive, apoiaram entusiasticamente o Governo Sarney, Collor e FHC...

O discurso mais falso dos reacionários enrustidos é aquele que rejeita todos os méritos do Governo Lula. Os reaças dizem que “tudo que bom vem do Governo FHC”. Até poderia ser, desde que eles gostassem do Governo Lula. Esses reaças odeiam tudo no Governo Lula, mas diante da popularidade estrondosa do Presidente, se valem deste falso argumento de que tudo de bom vem de FHC. A propósito, usam esse argumento, mas não têm coragem de defender os Governos FHC e Collor!

Os reaças estão por ai! São enrustidos e têm vergonha de suas posições políticas. No passado deram sustentação ao fascismo e à Ditadura Militar. Atualmente optaram pelos tucanos. Mas quando pressionados deixam escapar o que realmente pensam... Cuidado com eles!

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De São Paulo-SP.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Confusão jurídica causada pelo TSE

A Constituição Federal do Brasil tem um dispositivo (artigo 16) cuja função principal é evitar confusão e insegurança jurídica durante as eleições.

O Tribunal Superior Eleitoral é o órgão responsável por garantir a lisura das eleições no Brasil, conseqüentemente, é o maior interessado em evitar confusões e insegurança jurídica.

O princípio da Segurança Jurídica “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada” (Constituição Federal, artigo 5º, XXXVI) pode ser encontrado, com redações parecidas, em todas as constituições democráticas do mundo. Trata-se de uma garantia do cidadão de que as regras do jogo não mudarão repentinamente para prejudicá-lo.

Para evitar confusões e insegurança jurídica (tal qual a causada pela Lei da Ficha Limpa), a Constituição prevê:

Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.

A Lei da Ficha Limpa entrou em vigor no mesmo ano da eleição, ou seja, não pode ser aplicada em 2010. Não pode, exatamente para garantir lisura, a segurança jurídica e evitar confusões durante o processo eleitoral. Ao considerar em vigor a Lei da Ficha Limpa, o TSE gerou toda esta confusão que vemos no julgamento do caso Roriz entre outros.

O impasse que ocorre no Supremo Tribunal Federal é motivado por altos debates jurídicos. A confusão gerada pelo TSE é motivada por irresponsabilidade.

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De São Paulo-SP.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Sabotagem no metrô

Vou concordar com a Soninha Tucanine: tem gente sabotando o metrô. Sei até a identidade dos sabotadores: é o PSDB, que dirige o Estado de São Paulo há 16 anos e investe pouco e sucateou este que já foi um excelente serviço!

Apenas discordo dela quando diz que os acidentes são coincidência por conta das proximidades das eleições. Coincidência são as inaugurações em ano de eleição. A entrega da Linha 4 – Amarela foi prometida para 2006 e, coincidentemente, está sendo inaugurada em 2010...

Soninha, por que não volta para o buraco de onde saiu?

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De São Paulo-SP.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

D'Urso quer censurar Bienal de Arte

Nas horas vagas, o candidato Luiz Flávio Borges D'Urso é presidente da OAB-SP. Apesar de filiado ao DEMo, esse ano ele ainda não quis se candidatar a Deputado Federal.

Como faz tempo que não aparecia na mídia, D'Urso aproveitou para criar um factóide básico.

Ou é falta de noção do ridículo, ou D'Urso anda enciumado por todo o destaque que os candidatos tem recebido no processo eleitoral... Aproveitou para tirar sua casquinha!

De São Paulo-SP.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O "terrorista" da eleição

Quem será o candidato ao Senado daqueles reacionários que odeiam Dilma por ter sido “terrorista” e “assaltante de bancos”? Certamente que não será o tucano Aloysio Nunes, afinal, este também foi “terrorista” (aderiu à luta armada) e assaltou bancos (sem aspas).

Só falta a Folha de S.Paulo publicar a ficha policial dele na capa.

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De São Paulo-SP.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

PCC, mais um partido na coligação de Alckmin

Desde o começo da campanha o candidato petista ao Governo do Estado de São Paulo, Aloizio Mercadante, tem sido bombardeado sobre a participação do palhaço Tiririca (PR) na sua chapa de Deputados Federais.

Quem tiver o mínimo de coerência, deve cobrar do tucano Geraldo Alckmin explicações sobre a prisão do candidato a deputado federal Ney Santos (PSC), acusado de ter ligações com o PCC.

A propósito, alguém se lembra do “dia em que São Paulo parou”? Pois é, em 2006, quando Alckmin era governador, o PCC promoveu uma série de ataques a policiais e agentes penitenciários, além de queimar ônibus entre outros atentados. A população, apavorava, em plena segunda-feira fugiu para casa, causando um dos maiores congestionamentos da história da cidade. Misteriosamente, o PCC cessou os ataques. Na época, houve quem alertasse sobre uma negociação secreta entre o Secretário de Segurança e a facção criminosa.

O fato é que o PCC surgiu e se fortaleceu muito sob as barbas do tucanato. Atualmente controla as cadeias e lidera o crime organizado em São Paulo, o que demonstra a falência do PSDB na gestão da segurança pública.

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De São Paulo-SP.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Aloysio Pinóquio!

No programa eleitoral do PSDB, o candidato a Senador Aloysio Nunes Ferreira se apresenta como um cara bastante honesto. Primeiro assume que ninguém o conhece. Em seguida usou até o ex-Presidente FHC como cabo-eleitoral. Haja honestidade (para não dizer burrice).

No debate da Gazeta, dia 14 de setembro, vimos um outro Aloysio, mentiroso que só ele. Disse que 90% da população está satisfeita com a saúde do Estado de São Paulo... Piada! Também disse que o Estado oferece transporte público de qualidade... Quem pegar o metrô lotado pode conferir!


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De São Paulo-SP.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O adeus de Kassab?

A alardeada migração do suposto Prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, do DEMo para o PMDB ainda é apenas especulação.

Porém, é um indício da reorganização partidário que ocorrerá no 1º ano do Brasil pós-Lula. Como já dissemos antes, o lado mais fisiológico da Direita (provavelmente seu maior lado...) tende a aderir ao governo, independente de quem ganhe a eleição.

No DEMo, Kassab brilha como uma das principais estrelas, mas suas pretensões de se eleger governador de um lado esbarram na verborragia amalucada de César Maia, o novo dono do DEMo (que não pretende aderir ao Lulismo) e de outro lado esbarram em Geraldo Alckmin (futuro dono do PSDB), que certamente vai estar consolidando seu poder como maior nome da Direita e não vai querer dar espaço para o office-boy principal de José Serra.

Kassab não existe sozinho, é uma criação de Serra. Sua eventual mudança de partido, certamente é motivada por um novo padrinho, ou por uma mudança partidária do atual padrinho.

A partir de 3 de outubro essas notificas vão ficar mais evidentes. E freqüentes!

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De São Paulo-SP.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Sem sal

Por Marcio TAQUARAL

Mais um debate xoxo entre os candidatos à Presidente foi realizado na noite de domingo (12/09/2010) na Rede TV. Melhor seria ter mantido o programa Pânico...

Atualmente, os candidatos não debatem de verdade. Ninguém mais “vai pro pau” em frente às câmeras. Antigamente, os debates eram quentes, os candidatos eram espirituosos, se atacavam, exigiam posições uns dos outros etc.

Podemos até atribuir os debates xoxos à legislação eleitoral. Na atual legislação, os candidatos não são reais, mas fabricados, pois só se destacam aqueles que são bons de televisão, de imagem, de marketing. Para os marqueteiros, candidato que briga perde voto e, por isso, ninguém debate de verdade.

Antigamente, o candidato tinha que ser bom de debate, fazer discurso no comício, ganhar voto no meio da rua etc. Esses candidatos “das antigas”, como Maluf, Brizola, Montoro, entre outros, eram grandes debatedores. Os debatedores de hoje são muito chatos, pois são dirigidos pelos marqueteiros e, nos debates, cada candidato ignora os demais e fazem meros monólogos.

Atualmente, os debates não passam de um conjunto de discursos individuais inseridos no formato de perguntas/respostas. Ninguém pergunta de verdade, ninguém responde de verdade.

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De Cotia-SP.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Nazistas em NY

Na cidade que se orgulha da Estatua da Liberdade tem gente escandalizada com a construção de um centro islâmico próximo ao antigo World Trade Center. Um comportamento curioso em um país que foi erguido sobre a busca pela liberdade religiosa e o direito à propriedade. Querem impedir um empreendimento religioso em uma propriedade privada... Coisa de nazista!

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De São Paulo-SP.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Gardênia Pinheiros

Restaurante muito bem decorado ao lado da FNAC, no começo da Vila Madalena (no começo de baixo).

Pratos nem um pouco exagerados, mas excelentes!

Entrada

  • Carpaccio (com molho de alcaparras, mostarda e queijo parmesão com salada de rúcula);
  • Bolinhos de arroz crocantes,


Prato Principal

  • Penne com queijo de ovelha de produção artesanal e abobrinha (bacon opcional);
  • Arroz de cordeiro com aletria, castanhas e hortelã.


Sobremesa

  • Semifreddo de café;
  • Muffins de banana com chocolate


GARDÊNIA PINHEIROS
Endereco: Praça dos Omanguás , 110 - - Pinheiros - São Paulo
Telefone: (11) 3815-9247
Horário de Funcionamento: seg a sex 12/15e 19/0h e sab 13/0h e dom 13/22h
Chef: Ana Cristina Ferreira

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Novo partido de Serra

Por Marcio TAQUARAL

Com o novo factoide (a tal quebra de sigilo de Verônica Serra), o candidato a presidente pelo PSDB, José Serra, elevou a voz para cima do PT, mas até outro dia estava mansinho, mansinho. Tão mansinho que muita gente da oposição criticava abertamente o teor da propaganda do tucano. Estava pouco agressiva, nem parecia vir de um candidato da oposição e usava até mesmo fotos do Presidente Lula. Nada na política é de graça. Tudo tem um motivo...

As perspectivas tucanas não são muito agradáveis. Com a derrota em plano nacional, o PSDB prevê redução na sua bancada na Câmara dos Deputados e no Senado. Além disso, só têm perspectiva de eleger dois governadores, Geraldo Alckmin em São Paulo e Beto Richa na Paraná (Antonio Anastasia em Minas Gerais, está empatado tecnicamente com Hélio Costa, por isso não entra na conta).

O resultado da eleição para os governos estaduais deve demonstrar o futuro do PSDB. Ao que tudo indica, a liderança tucana de maior envergadura passará a ser Geraldo Alckmin, da ala mais conservadora do partido (coerente com o movimento que o PSDB faz à Direita).

Após a eleição presidencial, deve ocorrer uma grande reorganização partidária. Em geral, os deputados de Direita são clientelistas e dependem da máquina pública, ou seja, querem ser governo, não oposição. Sendo assim, a partir do momento que perderem a eleição, vão começar as maquinações para mudar de lado e aderir ao vencedor. Por conta da fidelidade partidária, o parlamentar que mudar de lado sem mais nem menos acaba sem mandato, a não ser que seja fundador de um novo partido (entre outras alternativas que não caberiam). Em suma, circula pelos corredores de Brasília a ideia da fundação de um novo partido para receber os fisiológicos... Seria um partido de Direita, mas governista.

Como se sabe, essa história de ideologia nunca foi o forte da Direita. Aécio Neves, grão-tucano, namorou bastante a ideia de migar para o PMDB e compor chapa com o PT. Abriu mão da ideia por cálculo político, não ideologia. No pós-Lula, ninguém sabe o que passará pela cabeça deste mineiro...

Geraldo Alckmin ao que tudo indica será o grande herdeiro do espólio tucano. Mas ele mesmo vacilou bastante em sua permanência no PSDB. Após ser fragorosamente derrotado para prefeito (com articulação direta de José Serra), Alckmin estava de malas prontas para aderir ao PSB, que lhe ofereceu vaga para candidatura ao Governo do Estado, coisa que Serra tentava impedir. A mudança era tão certa que Alckmin mandou o vereador Gabriel Chalita na frente, para ir sentindo o ambiente... Antes que a mudança se consumasse, Serra voltou atrás e, para segurar Alckmin, lhe ofereceu uma secretaria e prometeu a candidatura.

E Serra? Derrotado novamente para presidente, não sobra muita coisa para ele. Candidato a prefeito, de novo? Difícil. Secretário de Alckmin? Alckmin não vai querer. Futuro de Serra? Só se for fora do PSDB.

A carreira política de Serra acabou, pode ser um Deputado Federal bem votado, talvez Senador, mas pouco espaço resta para ele. Ficar num PSDB muito à direita, durante um governo Dilma, não é um bom negócio para ele. Ou seja, pode estar surgindo o líder do novo partido governista de Direita... Não seria nada de mais para um candidato que resolveu que é o Zé, que não fala mal do governo, que tem vergonha de FHC e que usa Lula na sua propaganda.

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De São Paulo-SP.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Más Notícias

Por Marcio TAQUARAL

Antes de começar, que fique claro não termos qualquer relação sentimental com o ex-governador Orestes Quércia, candidato ao Senado pelo PMDB. A questão é meramente política.

A Direita cometeu um erro tático na disputa pelo Senado em São Paulo. Como tem o olho maior que a barriga, achou que podia levar tudo! Já que Geraldo Alckmin liderava com folga a disputa pelo Governo do Estado, nada mais natural do que ganhar as duas vagas ao Senado. Para isso a Direita LANÇOU três candidatos: Orestes Quércia do PMDB, Aloysio Nunes do PSDB e Romeu Tuma do PTB. Como o eleitor tem dois votos ao Senado, no cálculo da Direita quem votasse em um destes três certamente votaria em um dos outros dois, potencializando entre si as candidaturas. Se não ganhassem as duas, tinham uma vaga garantida.

Mas o cálculo infalível deu errado! Primeiro a petista Marta Suplicy disparou nas pesquisas de opinião e escalou até o topo das intenções de voto. Em seguida, o vereador-pagodeiro Netinho do Paula, do PCdoB, revelou-se um fenômeno eleitoral, assumiu a segunda colocação e, se mantiver o ritmo, ultrapassa Marta antes da votação.

Enquanto as duas candidaturas da Esquerda se auto-impulsionaram, as três de Direita morriam abraçadas.

Com a saída de Quércia, por causa do tratamento de câncer de próstata, a Direita fica com duas candidaturas, ou seja, seu voto pode se concentrar. Além disso, o tucano Aloysio Nunes, que amargava na lanterninha, passa a ter o horário eleitoral de Quércia no rádio e televisão (numa eleição, herdar o tempo do PMDB é melhor que ganhar na Mega-Sena!).

Como ainda falta um mês para a eleição, Aloysio Nunes tem bastante tempo para reverter seus péssimos números. Não queremos fazer qualquer exercício de futurologia, mas é possível que, em breve, Netinho assuma a primeira colocação e Aloysio dispute a segunda contra a Marta. Tomara que isso não leve a Marta ao desespero de boicotar a candidatura de Netinho, pois isso será um grave erro, para ela!

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De Cotia-SP.

Dossiê Aécio

Grande movimentação nos bastidores da notícia.

Ninguém tem coragem de falar abertamente, mas existem grandes boatos associando a quebra do sigilo do imposto de renda de Verônica Serra com a disputa interna do PSDB pela candidatura presidencial.

Tem gente lançando suspeitas sobre Aécio Neves como mandante.

Mas ninguém se arrisca a falar nada, não contra Aécio, afinal, ele não é o PT, não é Lula, não é Dilma...

Mais informações: http://www.rodrigovianna.com.br/plenos-poderes/cheiro-de-pao-de-queijo-no-escandalo-forjado.html

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De São Paulo-SP.

domingo, 5 de setembro de 2010

O Dono do DEMo

Por Marcio TAQUARAL

A imposição do Deputado Federal Índio da Costa (DEMo-RJ) como candidato à vice na chapa do presidenciável tucano José Serra foi a demonstração cabal de quem manda no DEM é o César Maia, ex-Prefeito do Rio de Janeiro.

O DEM é um partido em extinção. Não passa do PFL (apenas mudou de nome), que é um dos herdeiros do PDS, que por sua vez era a ARENA, o partido de sustentação da Ditadura Militar. Dizem que é possível rastrear o DNA do DEM até a época das capitanias hereditárias, e confirmar que o partido sempre esteve do lado mais atrasado da história.

Como não se podia deixar de esperar, o DEM é um partido de Direita, conservador e reacionário. Até bem pouco tempo atrás, era O Partido da Direita, ao menos o mais importante deles.

Eis que ocorreu uma movimentação no espectro ideológico dos partidos políticos Brasileiros. Desde sua fundação, o PSDB se movimentou da Centro-Esquerda para o Centro, depois para a Centro-Direita e, cada vez mais, se desloca para a Direita. Tal movimentação do PSDB empurra o DEM para a extrema-direita, setor do espectro ideológico que tem pouco respaldo popular (com exceção do finado e folclórico Deputado Federal Enéias Carneiro, do PRONA). Com isso, o DEM perde seu espaço entre os “grandes” partidos e tem sua influência sensivelmente reduzida.

Com a derrota do “carlismo” de ACM na Bahia, ao DEM restaram duas administrações importantes: a Prefeitura de Gilberto Kassab na capital do Estado de São Paulo e o Governo de José Roberto Arruda no Distrito Federal. Kassab na verdade é um garoto de recados de José Serra, não tem luz própria. Arruda implodiu com o escândalo do panetonegate, também conhecido como “Mensalão do DEM”.

O que sobra de liderança no DEM, sem Arruda, sem espaço nos estados do Nordeste, cada vez mais à Direita? Apenas César Maia, apesar das maluquices, ainda tem voto. O único do partido que ainda tem voto. Assim, César Maia se tornou o dono do DEM. E sua consagração foi humilhar o José Serra e seu partido, o PSDB, indicando uma figura pra lá de controversa, chamado Índio da Costa, para compor a chapa como candidato a vice-presidente.

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De São Paulo-SP.

sábado, 4 de setembro de 2010

O Vice que versa*

Por Marcio TAQUARAL

Pouca gente entendeu porque o presidenciável José Serra (PSDB) escolheu o obscuro e estabanado Deputado Federal Índio da Costa (DEM-RJ) para compor sua chapa na condição de vice. Pouca gente entendeu pelo simples fato de que Serra não escolheu Índio. Ele foi escolhido por César Maia.

Serra cometeu um erro fatal ao emparedar o mineiro Aécio Neves no passado. Na ocasião, os dois tucanos disputavam a indicação para serem candidatos a presidente. Obviamente, tanto o governador paulista quanto o mineiro queriam a titularidade da chapa. Serra sempre teve mais força no partido, de modo que tendia a vencer Aécio na disputa interna. Pelos cálculos do PSDB, uma chapa Serra com Aécio de vice seria imbatível (lembrando que, em 2009, Serra liderava com folga todas as pesquisas de opinião).

Ao emparedar Aécio, Serra jurava de pés juntos que o mineiro aceitaria a indicação como vice. E a presidência estaria praticamente garantida (pensavam eles!). Ocorre que para Aécio, a candidatura à vice não serviria para seus projetos. Se Serra ganhasse, Aécio não passaria de um vice. Se Serra perdesse, bem, Aécio perdia junto. O governador de Minas não queria ser vice de jeito maneira e, ao ser emparedado, tirou o time de campo: declarou apoio incondicional a José Serra e se candidatou ao Senado.

Ao se emparedado, Aécio tirou categoricamente o time de campo. E deixou Serra sozinho na chuva...

Com o passar dos meses, a candidata petista Dilma Rousseff subiu gradualmente nas pesquisas e, qualquer analista sério, demonstrava que tinha grandes chances de vencer o tucano. E isso tudo antes da propaganda eleitoral gratuita! Serra percebeu que a eleição estava perdida, mas como tinha jogado o substituto para fora do jogo, não teve outra opção: abandonou a reeleição fácil em São Paulo pela derrota certa na disputa presidencial. Não devia ter emparedado Aécio...

Sem Aécio de vice, começou a busca pelo substituto. No PSDB, ninguém queria ser. No DEM, o PSDB que não queria (o candidato natural José Roberto Arruda, ex-governador do Distrito Federal, tinha virado pó). Então o que sobrou? Sobrou o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Ocorre que o DEM, com seus 3 minutos de programa eleitoral gratuito, resolveu que a vaga era dele. Se Serra perderia fácil com tempo de TV e rádio, imagina sem!

Em suma, por falta de opção, Serra teve que engolir Índio da Costa, uma versão tupiniquim de Sarah Palin (candidata a vice que ajudou a naufragar a candidatura de John McCain).

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De São Paulo-SP.

* Royalties para Pedro Venceslau.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

La Vecchia Cucina: aprovada

La Vecchia Cucina é um restaurante italiano muito simpático localizado no Itaim Bibi. Fica na parte de baixo de um flat e é muito bem decorado. O destaque fica para o excelente atendimento.

Durante a 7º Restaurant Week, só participa do jantar.


Entrada (serviram as duas!)

  • Vitela tone com saladinha da estação, ou;
  • Tagliatelle com polpetines de carnes, berinjela, tomates frescos e queijo pecorino.


Prato Principal

  • Pernil de vitela assada, com molho de funghi fresco e polenta rústica, ou;
  • Posta de namorado em crosta de coco fresco e molho de limão e citronela com purê de mandioquinha.


Sobremesa

  • Crepe de morangos com calda de chocolate meio amargo.


La Vecchia Cucina
Endereço: Rua Pedroso Alvarenga , 1088 - - Itaim Bibi - São Paulo
Telefone: (11) 3079-4042
Site Oficial: www.sergioarno.com.br
Horário de Funcionamento: Seg a Qui - 19 à 0h, Sex e Sáb - 19 à 1h
E-mail: marketing@sergioarno.com.br
Chef: Sergio Arno


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De São Paulo-SP.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Festival de Veneza

Entre os dias 1º e 11 de setembro ocorre a 67ª Mostra de Veneza (Mostra Internazionale d'Arte Cinematográfica). É um festival de cinema que ocorre anualmente desde 1932. Apesar de anual, a Mostra de Cinema é parte integrante da Bienal de Arte de Veneza (que ocorre de dois em dois anos no mês de setembro). O prêmio máximo, concedido ao melhor filme, é o Leão de Ouro, e o prêmio de melhor diretor é o Leão de Prata.

http://www.labiennale.org/en/cinema/

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De São Paulo-SP.

domingo, 29 de agosto de 2010

Prepare o talheres, pois ainda dá tempo

Até dia 12 de setembro ocorre a 7ª São Paulo Restaurant Week, o evento gastronômico que se propõe a tornar a alta cozinha acessível ao público que não é pobre, mas também não é rico.

É um circuito com 210 restaurantes que servem uma alimentação completa (sem bebida), com entrada, prato principal e sobremesa por um preço fixo: R$ 29,00 +1 no almoço e R$ 39,00+1 no jantar. O real a mais será destinado à Fundação Ação Criança. Considerando as bebidas e os 10% de serviço, cada almoço acaba saindo por R$ 40,00 e o jantar por R$ 50,00. Para uma refeição comum pode ser caro, mas é barato se considerar como alta gastronomia.

http://www.restaurantweek.com.br/default.asp?id=17

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De São Paulo-SP.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Mentiras sobre a educação paulista

O tema mais destacado no debate de ontem na Rede Gazeta, entre os candidatos ao Governo de São Paulo, foi a Educação.

Durante 16 longos anos os sucessivos governos do PSDB sucateiam a educação pública, pois não a consideram prioridade. Fazem muita propaganda, mas não investem de fato.

A progressão continuada é uma idéia do pedagogo Paulo Freire que foi implementada na ocasião em que ocupou a Secretaria de Educação da Prefeitura de São Paulo na gestão Luiza Erundina (ex-PT, atualmente no PSB). A idéia era evitar a evasão escolar causado pela frustração do aluno ao ser reprovado e excluído da turma de amigos. Ocorre que, na teoria de Paulo Freire, o ensino de ciclos era compensado com um acompanhamento individualizado e reforço para os estudantes mais fracos. Além disso, haveria avaliações periódicas para medir o grau de aprendizado, independente do fato de não ocorrer reprovação. O que os governos tucanos aplicam na educação paulista não é o método Paulo Freire, eles mantiveram o modelo educacional antigo, herdeiro dos acordos MEC-USAID da Ditadura, e simplesmente excluíram as avaliações. É um engodo para mascarar os péssimos resultados (que sempre se evidenciam nas avaliações nacionais).

Outro factóide tucano na educação é o tal bônus para os professores. Tal idéia, supostamente meritocrática, é apenas a consolidação da atual classificação das escolas públicas. O problema da qualidade de ensino certamente tem a ver com os péssimos salários dos professores, mas premiar alguns por conta do resultado dos estudantes ignora que existem outros fatores que influenciam. Uma escola com instalações piores, com alunos famintos em uma favela certamente terá resultados piores do que uma escola bem instalada em um bairro de classe média, afinal, até a pobreza tem níveis e nem todos que estudam na escola pública são miseráveis (e essa divisão em geral é territorial, entre bairros nobres e periféricos). Os resultados da escola miserável sempre serão inferiores aos da escola do bairro nobre, mesmo que os professores daquela se esforcem infinitas vezes mais do que os desta. Como o critério para os pagamentos de bônus favorecerá as escolas dos bairros nobres, a tendência é que os bons professores que heroicamente optaram por lecionar nas escolas dos bairros mais pobres sejam motivados a mudar para as escolas dos bairros ricos. Com isso será criado um circulo vicioso em que as piores escolas ficaram piores ainda. Em suma, o bônus é nocivo para educação pública de São Paulo, a solução começa por pagar salários justos para todos os professores.

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De São Paulo-SP.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

O erro de Alckmin

Com os últimos resultados das pesquisas eleitorais para presidente, a campanha da petista Dilma Rousseff consolida a liderança e a candidatura tucana de José Serra começa a ser abandonada pelos aliados... Tem sido atribuída ao presidente do PTB, Roberto Jefferson, a idéia de que a oposição deve abandonar Serra, já que a batalha está perdida neste front, para reagrupar a Direita em defesa de São Paulo, o último reduto que eles ainda tem chance de manter.

Militarmente é uma bobagem, já que, ao abandonar a disputa nacional, a Direita vai atrair o exército de Lula exatamente para a batalha do Governo do Estado em São Paulo. Como se sabe, o General-Presidente é muito mais poderoso do que a combalida oposição conservadora, ou seja, abandonar Serra pode significar a derrota de Geraldo Alckmin...

Se Alckmin fosse esperto, tentaria fortalecer Serra ao máximo, tentando deixar a disputa nacional mais espinhosa e evitando atrair Lula, Dilma e companhia. Mas, como é notório, desde a morte de Paulo Francis direitista inteligente é produto raro no Brasil...
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De São Paulo-SP.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Pobre Serra

Pois é, começou o programa eleitoral gratuito no rádio e na televisão. Agora podemos dizer que a eleição começou de verdade!

Pelo que pôde ser visto no 1º programa, o Serra está lascado!

Se o candidato presidencial tucano José Serra já está perdendo antes de começar a propaganda na televisão, agora é que não vai ter muita chance! Serra é candidato desde que perdeu para Lula em 2002, tem um recall enorme de várias eleições disputadas e o apoio maciço da imprensa.

Durante todo esse tempo em que foi candidato, usando a máquina pública do Governo do Estado e da Prefeitura de São Paulo, Serra teve apoio descarado dos jornalões e grandes canais de televisão. O esperado era que mantivesse a liderança nas pesquisas, afinal, é conhecido de praticamente todo eleitorado. Mas não foi o suficiente.

Agora, com a propaganda na televisão, a candidata petista Dilma Rousseff vai ter a chance de expor suas ideias no horário nobre, vai ficar conhecida e será devidamente apresentada como candidata do Presidente Lula. Durante as eleições Dilma tem armas suficientes para enfrentar o arsenal de Serra.

O primeiro programa de Serra foi patético, fugiu de debater qualquer tema e ainda tentou associar sua figura a de Lula. Esconderam até as tradicionais cores azul e amarelas do PSDB. Isso tudo é medo de assumir quem realmente são.

O primeiro programa de Dilma, por outro lado, foi corajoso. Dilma falou na erradicação da pobreza, o principal problema do Brasil. Além disso, em vez de esconder o passado, Dilma se apresentou orgulhosamente como lutadora contra a Ditadura Militar.

Pois é, vai ficar difícil para Serra! Tomara que o PT não suba no salto alto...

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De São Paulo-SP.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

A eleição em São Paulo está difícil

Segundo o Data-Folha de ontem (16/08), o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) lidera as pesquisas com certa folga com 54% das intenções de voto contra meros 15% de senador Aloizio Mercadante (PT). Atrás seguem Celso Russomanno (PP) com 11%, o presidente da FIESP Paulo Skaf (PSB) com 2%, Fábio Feldmann (do PV, mas é tucano enrustido) e Paulo Búfalo (PSOL) com 1% cada. Mancha (PSTU), Anaí Caproni (PCO) e Igor Grabois (PCB) foram não chegaram a 1% cada. Se seguir assim, Alckmin ganha no 1º turno.

A chance de Mercadante virar o jogo é pequena, mas existe. A partir da propaganda na televisão ele deve se consolidar como candidato da Esquerda podendo chegar a 30% dos votos. Pode ultrapassar isso caso o efeito Lula-Dilma o beneficie.

A remota vitória de Mercandate depende de uma conjuntura de diversos fatores:
1. Que os demais candidatos competitivos, Russomanno e Skaf, consigam absorver parte do eleitorado conservador, tirando votos de Alckmin, garantindo a ocorrência do segundo turno.
2. Que nacionalmente Dilma Rousseff liquide a fatura ainda no primeiro turno.
3. Que o Presidente Lula e a presidente eleita Dilma decidam jogar todo o peso em São Paulo em apoio a Mercadante.


Mesmo que esses três fatores ocorram, Alckmin continua tendo mais chances de vencer, mas a luta será renhida. Sem esses três fatores, Mercadante sequer tem chances.


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De São Paulo-SP.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Morosidade da Justiça Eleitoral

Em tempos de Ficha Limpa, é curioso saber que as contas da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) para presidente em 2006 ainda não foram aprovadas. Até suas contas como candidato a prefeito (em 2008) já foram julgadas e “aprovadas com ressalvas”.

Será que 4 anos não é tempo suficiente para julgar as contas? Certamente que é. O problema é que essas contas tendem a ser rejeitadas, já que os tucanos teriam cometido alguns erros crassos na prestação de contas. Diante disso, a decisão tem sido protelada. É muito grave que o primeiro colocado nas eleições para o Governo de São Paulo esteja a um passo da inelegibilidade...

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De Cotia-SP.

domingo, 15 de agosto de 2010

Diferença entre os debates

O debate entre os candidatos ao Governo de São Paulo (12/08) foi muito mais interessante do que o debate entre os presidenciáveis (5/08). As razões são duas: diferente do plano nacional, em São Paulo o governo estadual não tem apoio de 80% do eleitorado, ou seja, o candidato da situação, Geraldo Alckmin (PSDB), foi atacado por quase todos os adversários (somente o ridículo Fábio Feldman, do PV, passou o vexame de ficar ao lado do tucano em vez de disputar votos...). A segunda razão foi a presença de candidatos menores que são mais ousados e deixam a disputa mais apimentada (como foi o caso de Celso Russomano do PP, Paulo Skaf do PSB e Paulo Búfalo do PSOL).

Entre os “grandes”, o senador petista Aloízio Mercadante demostrou muito mais desenvoltura sendo um bom comunicador com conteúdo. Geraldo Alcmin, apesar da experiência como ex-governador, já tendo debatido contra Maluf, Marta Suplicy e Lula, mostrou-se fraco, enfadonho e não concatenava bem as frases. Apesar disso, o tucano surpreendeu ao ser mais agressivo do que de costume.

Debate, como dizem, só define eleição quando é manipulado... Enfim, trata-se de uma grande oportunidade para prepara armadinhas e “cavar” declarações espinhosas dos adversários. Infelzimente, a imprensa paulista é tão medíocre que preferiu valorizar a piada sem sal de Alckmin, que acusou Mercadante e Russomano de fazerem jogo combinado por conta das gravatas parecidas, em vez de repercutir a acusação de Paulo Búfalo sobre o superfaturamento das obras do metrô (o caso Alston, tão pouco divulgado...).

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De Cotia-SP.