sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Nuvens negras no horizonte

Atualmente o PT tem duas velocidades:

1. Já ganhei, então não preciso fazer campanha, basta dividir os cargos e fazer uma grande festa
2. Já perdi, então nem vale a pena mais fazer campanha.
Ninguém sai na rua, ninguém usa adesivo, ninguém compra o debate, ninguém tenta virar o voto dos amigos, da família etc.

Com a inesperada ocorrência do 2º turno, os petistas ficaram se sentindo derrotados e tiraram o time de campo. No primeiro turno, os candidatos a deputado mantinham um exército fazendo campanha nas ruas. No segundo turno, foram todos para casa, como se a eleição presidencial fosse ser resolvida na televisão.

Por outro lado, a tucanada está animada, pois a simples existência de 2º turno já foi uma vitória para eles. Estão todos na rua, fazendo campanha felizes e animados. Inimigos e desafetos se reconciliaram e hoje seguem juntos e esperançosos.

O pior é que, nesse cenário de empate técnico, começa a ocorrer a debandada. Um monte de fisiológicos e oportunistas que estavam com a Dilma quando sua vitória parecia inevitável, começam a negociar com o Serra em ascensão.

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De São Paulo-SP.

domingo, 10 de outubro de 2010

Rage Against the Censorship

Por Mario TAQUARAL

Curiosamente, durante o mais longo período democrático da História Brasileira, a mídia grita e se diz vítima de censura. A imprensa Brasileira é totalmente irresponsável, acusa sem provas, cria factoides, xinga, omite, manipula e ninguém faz nada. Ninguém faz nada, porque no Brasil não existe censura. Que bom! Se fosse pelos donos de jornais, ainda estaríamos na Ditadura, que eles tanto pediram, apoiaram e sustentaram.

Independente de censura, deveria haver algum tipo de responsabilização para os absurdos cometidos pela imprensa. Se alguém rouba, deve ir preso. Se um político quebra o decoro, deve ser cassado. Se um funcionário comete uma falta grave, deve ser demitido. Sendo assim, nada mais natural do que haver uma pena para mentiras e manipulações da imprensa. Isso não pode, obviamente, se transformar em censura. O correto seria que o Poder Judiciário julgasse as infrações cometidas pela imprensa, porém não temos mais Lei de Imprensa e nossos juízes são tão ruins quanto a imprensa.

Outra forma de censura é a autocensura. Por exemplo, o silêncio da mídia tupiniquim sobre as falcatruas de Paulo Preto, o caixa 2 do PSDB que fugiu com 4 milhões de reais, ou sobre a empresa de Verônica Serra (filha do candidato presidencial tucano José Serra) e Verônica Dantas (irmã do banqueiro Daniel Dantas) que quebrou o sigilo de 60 milhões de Brasileiros. Mais grave é quando a autocensura de um órgão informativo tenta calar os jornalista que nele trabalham, como foi o caso do afastamento de Heródoto Barbeiro, afastado da direção do Roda Viva após questionar José Serra sobre os extorsivos preços dos pedágios, ou o caso de Maria Rita Kehl, demitida do Estadão após escrever artigo opinativo com teor diferente dos editoriais.

Notória foi a censura ocorrida no festival SWU. A banda mais esperada era o Rage Against the Machine, conhecida pelo teor altamente politizado e contestador de sua música. O Rage tocou no sábado (09/10/2010) para 100 mil pessoas com uma estrela vermelha no palco, ofereceu música para o MST, questionou a existência de uma área VIP na pista do show e... foi censurado. A transmissão da apresentação pelo canal Multishow (de propriedade da Rede Globo) foi interrompida pouco após as 23hs quando um dos integrantes da banda decidiu vestir um boné do MST. Pela grade do Multishow, o evento seria transmitido até a meia-noite, mas curiosamente, o show mais esperado do festival SWU foi substituído por um programa sobre compra e preparo de peixes e outras iguarias. Nos jornais saiu alguma palavra sobre este fato? Alguma foto do Rage Against the Machine com boné do MST? Não, não saiu!

Em suma, existe censura no Brasil, a censura dos donos da mídia que só divulgam o que querem e escondem a verdade do publico. Deveria existir algum mecanismo que impedisse tal censura, mas não há. Então ficamos com a internet.

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De Cotia-SP.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O valor de um Prêmio Nobel

Por Marcio TAQUARAL

O Prêmio Nobel anda sem moral. Em 2009, o presidente americano Barack Obama recebeu o Nobel da Paz e logo em seguida anunciou o envio de mais tropas ao Afeganistão. Em 2010, pai do perfeito idiota latino-americano Mario Vargas Llosa recebeu o Nobel de Literatura.

Em 2010, o Nobel de Medicina foi para Robert Geoffrey Edwards, 32 anos após a criação da fertilização in vitro. Isso só para comprovar a pressão que o Vaticano ainda exerce sobre a ciência (depois de negar Darwin por tantos anos). Mas isso não é novidade no Brasil, onde religiões medievalistas (liderados pela Igreja Católica, com apoio das evangélicas) se sentem no direito de interferir na eleição presidencial para perpetuar a injustificável proibição do aborto (que é praticamente legalizado para quem tem grana, mas gera a morte de milhares de mulheres pobres que o fazem sob condições precárias).

Apesar de tudo, dizer que o Prêmio Nobel não tem valor seria uma injustiça, afinal, não há como ignorar o prêmio de 1,5 milhão de dólares concedido ao vencedor.

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De São Paulo-SP.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Reacionários enrustidos


Por Marcio TAQUARAL

Setores tradicionais da sociedade paulista (não necessariamente ricos) sempre se orgulharam muito de suas origens conservadores. Eleitoralmente, deram suporte a sujeitos do calibre de Ademar de Barros, Jânio Quadros, Paulo Maluf e, mais recentemente, Geraldo Alckmin e José Serra. Diante disso, não é nada surpreendente que os deputados federais mais votados sejam Enéas Carneiro (em 2002) e Tiririca (em 2010).

Atualmente, esse setor extremamente reacionário da população paulista tem vergonha de suas posições pessoais. Continuam de direita, mas enrustidos. Às vezes o discurso deixa escapar suas reais intenções... Hoje votam no PSDB, mas gostam mesmo é do Maluf.

Os reaças enrustidos sentem muitas saudadas do Esquadrão da Morte. Não falam abertamente que a polícia tem que sair matando, mas aceitam com bastante naturalidade as altíssimas taxas de assassinatos causadas por policiais. “Ah, mas ai é bandido que morreu em confronto com a PM”... Nos áureos tempos do Doutor Paulo, queriam ver “a ROTA na rua”, hoje em dia tem vergonha de dizer, mas deixam escapar esse tipo de pensamento quando ocorre algum ataque do PCC.

Os reaças enrustidos adoram falar em Direitos Humanos no Irã, mas no Brasil acha que “direitos humanos são para os humanos direitos”. E com isso acham normais as condições das cadeias (onde os presos são tratados piores do que num açougue) e as torturas que ocorrem nas delegacias.

Os reaças enrustidos gostavam muito da Ditadura, mas têm vergonha de assumir. Reivindicam a democracia e o movimento das Diretas Já!, mas tem ódio mortal de todos que combateram a repressão, foram vítimas de tortura, prisão e exilio. Falam de democracia, mas odeiam a anistia (com exceção da anistia para os torturadores, claro!).

Os reacionários enrustidos querem liberdade para si. Mas combatem a legalização do aborto, a descriminalização das drogas e a união homossexual. Falam em liberdade religiosa, mas odeiam evangélicos e umbandistas e consideram um absurdo a construção de uma mesquita em Nova Iorque (isso mesmo, eles têm até opinião sobre os problemas nova-iorquinos...).

Os reaças enrustidos votam no PSDB, odeiam o PT, PCdoB, PSOL e a Esquerda em geral. Odeiam por preconceito contra o povo. Para isso inventam motivos para não votar nos candidatos de esquerda. Falam em corrupção no Governo Lula, mas nunca deram a mínima para a bandalheira do Governo FHC, Serra e Alckmin. Criticam a aliança tática do Governo Lula com Sarney, Renan, Jader e Collor, mas na época do FHC aprovavam. Inclusive, apoiaram entusiasticamente o Governo Sarney, Collor e FHC...

O discurso mais falso dos reacionários enrustidos é aquele que rejeita todos os méritos do Governo Lula. Os reaças dizem que “tudo que bom vem do Governo FHC”. Até poderia ser, desde que eles gostassem do Governo Lula. Esses reaças odeiam tudo no Governo Lula, mas diante da popularidade estrondosa do Presidente, se valem deste falso argumento de que tudo de bom vem de FHC. A propósito, usam esse argumento, mas não têm coragem de defender os Governos FHC e Collor!

Os reaças estão por ai! São enrustidos e têm vergonha de suas posições políticas. No passado deram sustentação ao fascismo e à Ditadura Militar. Atualmente optaram pelos tucanos. Mas quando pressionados deixam escapar o que realmente pensam... Cuidado com eles!

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De São Paulo-SP.