domingo, 10 de outubro de 2010

Rage Against the Censorship

Por Mario TAQUARAL

Curiosamente, durante o mais longo período democrático da História Brasileira, a mídia grita e se diz vítima de censura. A imprensa Brasileira é totalmente irresponsável, acusa sem provas, cria factoides, xinga, omite, manipula e ninguém faz nada. Ninguém faz nada, porque no Brasil não existe censura. Que bom! Se fosse pelos donos de jornais, ainda estaríamos na Ditadura, que eles tanto pediram, apoiaram e sustentaram.

Independente de censura, deveria haver algum tipo de responsabilização para os absurdos cometidos pela imprensa. Se alguém rouba, deve ir preso. Se um político quebra o decoro, deve ser cassado. Se um funcionário comete uma falta grave, deve ser demitido. Sendo assim, nada mais natural do que haver uma pena para mentiras e manipulações da imprensa. Isso não pode, obviamente, se transformar em censura. O correto seria que o Poder Judiciário julgasse as infrações cometidas pela imprensa, porém não temos mais Lei de Imprensa e nossos juízes são tão ruins quanto a imprensa.

Outra forma de censura é a autocensura. Por exemplo, o silêncio da mídia tupiniquim sobre as falcatruas de Paulo Preto, o caixa 2 do PSDB que fugiu com 4 milhões de reais, ou sobre a empresa de Verônica Serra (filha do candidato presidencial tucano José Serra) e Verônica Dantas (irmã do banqueiro Daniel Dantas) que quebrou o sigilo de 60 milhões de Brasileiros. Mais grave é quando a autocensura de um órgão informativo tenta calar os jornalista que nele trabalham, como foi o caso do afastamento de Heródoto Barbeiro, afastado da direção do Roda Viva após questionar José Serra sobre os extorsivos preços dos pedágios, ou o caso de Maria Rita Kehl, demitida do Estadão após escrever artigo opinativo com teor diferente dos editoriais.

Notória foi a censura ocorrida no festival SWU. A banda mais esperada era o Rage Against the Machine, conhecida pelo teor altamente politizado e contestador de sua música. O Rage tocou no sábado (09/10/2010) para 100 mil pessoas com uma estrela vermelha no palco, ofereceu música para o MST, questionou a existência de uma área VIP na pista do show e... foi censurado. A transmissão da apresentação pelo canal Multishow (de propriedade da Rede Globo) foi interrompida pouco após as 23hs quando um dos integrantes da banda decidiu vestir um boné do MST. Pela grade do Multishow, o evento seria transmitido até a meia-noite, mas curiosamente, o show mais esperado do festival SWU foi substituído por um programa sobre compra e preparo de peixes e outras iguarias. Nos jornais saiu alguma palavra sobre este fato? Alguma foto do Rage Against the Machine com boné do MST? Não, não saiu!

Em suma, existe censura no Brasil, a censura dos donos da mídia que só divulgam o que querem e escondem a verdade do publico. Deveria existir algum mecanismo que impedisse tal censura, mas não há. Então ficamos com a internet.

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De Cotia-SP.

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