segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Análise de um factóide

Com manchete de capa, o jornalão O Estado de S. Paulo ataca a União Nacional dos Estudantes com graves acusações. Não é a primeira vez que a UNE sofre ataques do tipo, inclusive do Estadão. Basta lembrar que nos meses que antecederam ao Golpe de 64, o Estadão foi um dos mais encarniçados adversários da UNE. E as acusações eram exatamente com o mesmo teor!

Vejamos pontualmente o que diz a matéria:

“UNE é suspeita de fraudar convênios”. Falta uma informação nesta frase: QUEM suspeita da UNE? Após ler a matéria, não vemos ninguém assumir a suspeita, ou seja, quem suspeita da UNE é o próprio jornalista autor da matéria!

“Dados do Ministério da Cultura apontam irregularidades da União Nacional dos Estudantes em nove convênios”. Novamente falta uma informação. Dados não apontam, quem aponta é a pessoa que analisa os dados. E quem analisou estes dados? O Ministério Público Federal? Um analista do Ministério da Cultura? Uma Comissão Parlamentar de Inquérito? Não: “O repórter Leandro Colon analisou dois desses convênios”. Qual a qualificação técnica deste repórter para fazer tal análise?

“Pelo menos nove acordos firmados com a entidade, no valor de R$ 2,9 milhões, estariam em situação irregular”. Estariam ou estão? Quem determina se os acordos estão irregulares? Novamente é o repórter Leandro Colon.

“Aliada do governo, a União Nacional dos Estudantes (UNE) fraudou convênios, forjou orçamentos e não prestou contas de recursos públicos recebidos nos últimos dois anos”. Ao fazer tais acusações, podemos dizer que a UNE está sendo vítima de Calúnia (art. 138, do Código Penal) e Difamação (art. 139, do Código Penal).

Outras informações que faltam na matéria:

A reportagem não revela que os orçamentos das empresas irregulares não foram efetivados, ou seja, a UNE não firmou qualquer contrato com as empresas. Além disso, a responsabilidade pelas informações prestadas é da própria empresa.

A reportagem alega que os convênios da UNE estão com os prazos vencidos, mas não publica sequer uma única declaração de algum responsável do Ministério da Cultura. Ou seja, pode ser mais uma "suspeita" do jornalista do que um fato real.

Em 1964 ou em 2009, o jornal O Estado de S. Paulo continua agindo exatamente com as mesmas armas.

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De São Paulo-SP.

domingo, 29 de novembro de 2009

Má vontade

Existe certa má vontade da grande mídia com o Movimento Estudantil. Repórteres que nunca tiveram qualquer relação e pouco conhecem sobre o Movimento, simplesmente são destacados para escrever matérias e apresentam sua opinião como fatos verdadeiros e incontestáveis.

O 51º Congresso da UNE é um mega-evento que reuniu 10 mil estudantes de todo o Brasil para definir os rumos de uma entidade com mais de 70 anos e que esteve envolvida nos principais acontecimentos da história do Brasil. Foi solenemente ignorado pela imprensa: praticamente nenhuma matéria foi escrita para descrever a pauta do evento, seus debates educacionais, as bandeiras de luta da UNE em defesa dos estudantes etc. As poucas matérias sobre o Congresso da UNE foram para criticá-lo e dizer que a entidade é governista e ligada ao Governo Federal. Depois do Congresso, misteriosamente choveram reportagens sobre a UNE, quase todas negativas.

Se a imprensa dá pouca atenção ao Congresso da UNE, em geral sequer lembra-se da existência das eleições para o DCE da USP. Curiosamente essa semana um determinado jornal publicou matéria de meia-página com direito a foto e tudo mais. Porém, em vez de abordar o processo eleitoral como um todo, a reportagem era praticamente uma peça publicitária em apoio a uma das chapas concorrentes, exatamente a que se dizia descaradamente contra a greve dos professores e funcionários.

Ainda na semana passada, foi publicada uma matéria sobre a eleição do DCE da UFRGS, que foi vencida pela chapa de Direita ligada ao PSDB. Esse repentino interesse da imprensa paulista sobre o Movimento Estudantil gaúcho é bastante suspeito, ainda mais considerando que nunca publica matérias sobre manifestações estudantis contra a governadora tucana Yeda Cruzius.

No daí 17 de novembro, na capa de todos os jornais do Brasil foi publicada foto em que um grupo de parlamentares visita Cesare Battisti. Na foto junto com o grupo está André Vitral, o Diretor de Comunicação da UNE, mas que não é citado em absolutamente nenhuma legenda. Ou seja, a UNE é ignorada até mesmo quando sai na foto de capa dos jornais!

Diante disso, não deve ser sequer levada à sério a matéria de capa de hoje (29/11) do Estadão, atacando e acusando a UNE. Obviamente, as demais matérias sobre Movimento Estudantil só foram publicadas durante essa semana eram uma preparação para o ataque no domingo. É o PIG* em ação!

* Partido da Imprensa Golpista, segundo Paulo Henrique Amorim.

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De São Paulo-SP.

FOTO: José Cruz/ABr

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Quem é Mahmoud Ahmadinejad

O atual presidente do Irã é uma figura prá lá de polêmica. Sendo assim, para entender Mahmoud Ahmadinejad não há lugar para simplificações, afinal como poderia ser simples o cara que preside uma República Islâmica, ou seja, um país que tem toda a estrutura democrática liberal, porém está submetido aos rigores da lei islâmica

Mas enfim, quem diabos é Ahmadinejad?

Em primeiro lugar, desfaçam-se as ilusões esquerdistas: Mahmoud Ahmadinejad é um conservador. Ele não é um reformista que quer tornar o Irã menos rígido em suas normas comportamentais (quem tentou isso, sem sucesso, foi o ex-presidente, o Muhammad Khatami).

Não é um reformista, mas também não é um ditador (quem falou essa bobagem foi o Denis Lerrer Rosenfield, um dos maiores idiotas do Brasil). Ahmadinejad foi eleito democraticamente e não foi ele que impôs essas leis exageradas que obrigam as mulheres a andaram de véu. Além disso, o Irã tem instituições e separação de poderes como qualquer democracia. Diga-se de passagem, Ahmadinejad não é nem mesmo o cara mais poderoso do Irã, pois tem um Aiatolá que é o Líder Supremo da Revolução Islâmica.

O Presidente iraniano também não é um maluco que quer uma bomba atômica a qualquer custo. O Irã mantém um comportado programa nuclear para fins pacíficos, como muitos outros países do mundo, mas tem sofrido essas acusações porque os EUA gostam de espezinhar todo mundo que não pensa exatamente como eles. A propósito, mesmo que Ahmadinejad quisesse uma bomba atômica isso não faria dele maluco, afinal, depois de oito anos de Bush bombardeando e invadindo Afeganistãos e Iraques afora, nunca se sabe quando chega a vez do Irã (e não há sorriso de Obama que faça alguém esquecer o que houve nessa década). Se Israel tem armas nucleares, por que o Irã não poderia?

Por fim, para não deixar barato, fazemos questão de declaram que Mahmoud Ahmadinejad é um imbecil quando nega o holocausto judeu. Se ele tem um problema com Israel, deveria manter isso no eixo político, sem estender sua raiva para o âmbito anti-semita e teorias malucas que querem reescrever a História.

Resumidamente, podemos dizer que Mahmoud Ahmadinejad é um conservador e um imbecil, mas não é um ditador e muito menos um maluco. E, se para contrapor ao poder imperial dos Estados Unidos for necessária uma aliança com ele, por que não?

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De São Paulo-SP.

CHARGE: www.johncoxart.com/CARI.Ahmadinejad.gif

domingo, 22 de novembro de 2009

Crepúsculo: uma porcaria!

A série Harry Potter tem sua pequena mitologia, tem um enredo inteligente, tem personagens elaborados e um cenário interessante. É razoável que alguém goste.

A série Crepúsculo não respeita a mitologia já existente (dos vampiros), tem um enredo banal, personagens vazios e um cenário raso. Somente adolescentes emos podem gostar dessa porcaria. A propósito, na versão cinematográfica os atores são péssimos.

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De Cotia-SP.

sábado, 21 de novembro de 2009

SARESP: como simplificar um problema complexo

As equipes de professores cujos alunos tiverem as melhores notas no SARESP terão bônus nos salários. Como se o problema da educação pública em São Paulo fosse uma simples relação entre professor e aluno.

Com o bônus, as escolas que já são melhores vão continuar melhores, pois passarão a atrair os melhores professores. Os melhores professores, alguns dos quais preferem dedicar sua carreira a lecionar nas piores escolas, por uma questão monetária vão abandoná-las e pedir transferência para as melhores escolas. E as piores escolas vão ficar piores ainda, enquanto as melhores vão ficar melhores ainda.

E o abismo vai aumentar...

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De Cotia-SP.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O Julgamento de Battisti

Nossa opinião com relação ao caso da extradição de Cesari Battisti, acompanhará humildemente o seguinte trecho do parecer do ilustre jurista professor Celso Antônio Bandeira de Mello:

"Sucede, todavia, que esta foi apenas uma dentre muitas manifestações expressivas de um estado de espírito destemperado e flagrantemente desproporcional em relação ao caso CESARE BATTISTI.
"Com efeito, o ex-Presidente da República Italiana FRANCESCO COSSIGA afirmou que "o Ministro da Justiça do Brasil disse umas cretinices" e que o Presidente LULA era do tipo chamado na Itália de "cato-comunista". O Vice-Prefeito de Milão propôs um boicote aos produtos brasileiros "como forma de pressionar o Brasil a reconsiderar a decisão" de refúgio a CESARE BATTISTI. O Vice Presidente de Relações Exteriores do Senado da Itália, Senador SERGIO DIVINA defendeu o "boicote turístico ao Brasil". O Ministro da Defesa IGNAZIO LA RUSSA declarou que a decisão "coloca em risco a amizade entre a Itália e o Brasil", ameaçou "se acorrentar à porta da embaixada brasileira em Roma" e saiu à frente de uma passeata de protesto em Milão contra o refúgio a CESARE BATTISTI. Aliás, o próprio presidente do Conselho de Ministros Italiano, ROMANO PRODI, enviou carta pessoal ao presidente LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, encarecendo a importância 'para o Governo e a opinião pública da ltália que a extradição fosse deferida pelo Supremo Tribunal Federal.
"Será que isto ocorreria se estivesse em pauta um crime comum ?"

Para o governo Silvio Berlusconi, atolado em escândalos, a extradição de Battisti é mais um factóide.

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De Cotia-SP.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Rodoanel

Na época do buraco do Metrô, que matou sete pessoas e interditou 55 imóveis, o candidato presidencial tucano José Serra (que nas horas vagas é Governador de São Paulo) fingiu que não era com ele e que não tinha nenhuma relação com o governo anterior, de Geraldo Alckmin do mesmíssimo PSDB... Até hoje ninguém foi punido pela tragédia e as empresas envolvidas continuam ganhando rios de dinheiro em contratos com o Governo do Estado.

Será que agora, com o acidente do Rodoanel, José Serra vai assumir sua responsabilidade?

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De São Paulo-SP.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

FHC e Renan Calheiros

Após 18 anos o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) assume o filho adulterino que teve com a jornalista Miriam Dutra, da Rede Globo. A notícia em si deveria ter pouca relevância, já que se trata da vida privada deste político, mas como estamos no Brasil o fato merece ser comentado para mostrar algumas incongruências de parte da mídia.

Na verdade, o fato em si não comentaremos, mas sim seu tratamento. Recentemente houve uma enorme pressão que resultou na renúncia do Presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), porque este teve um filho adulterino com uma jornalista e não soube justificar como lhe pagava a pensão.

Sobre o filho de FHC, pouco interessa aos Brasileiros, mas dos jornalistas se espera os mesmos questionamentos levantados contra Renan. FHC pagou pensão ao filho? Quanto pagou? Como pagou? Teria incorrido em situação similar a de Renan Calheiros?

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De São Paulo-SP.

domingo, 15 de novembro de 2009

15º Congresso da UPES

Entre os dias 14 e 15 de novembro, foi realizado na cidade de São Carlos o 15º Congresso da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES). O Congresso da UPES é o momento máximo dos estudantes do Ensino Básico Paulista. Ocasião em que definiram, coletivamente, sua plataforma de lutas e reivindicações para o período subseqüente de dois anos. Este também é o momento em que foi eleita a Diretoria para a entidade pelo mesmo período. Do Congresso participaram em torno de 750 estudantes e lideranças de cidades de todo o estado de São Paulo. Foi eleito presidente, com 80% dos votos, o estudante Tarcísio Boaventura da chapa “São Paulo unida pelo Brasil”. Todo o Congresso foi dirigido pessoalmente por Arthur Diego Herculano, que presidiu a UPES no período 2007-2009. Arthur foi tão exitoso na tarefa que é um dos nomes favoritos para o cargo de Presidente da UBES, a entidade nacional.

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De São Paulo-SP.

sábado, 14 de novembro de 2009

Ainda os Ficha-Sujas

Tramita no Congresso Nacional o projeto de lei (de iniciativa popular) que torna inelegíveis os candidatos que tiverem sido denunciados por alguns crimes. Caso seja aprovado, será um enorme retrocesso na jovem Democracia Brasileira, pois qualquer cidadão deve ser considerado inocente até ter sentença condenatória transitada em julgado (Art. 5º, LVII, da Constituição Federal de 1988) e, sendo assim, este projeto de lei estará cerceando a participação política plena de cidadãos inocentes. O direito de impedir os políticos corruptos de atuarem na política deve ser exercido pelo eleitor, não pelo órgão judicial que receber uma denúncia.

Um dos argumentos mais utilizados pelos defensores deste projeto de lei é que até para conseguir emprego alguns cidadãos devem apresentar atestado de bons antecedentes. Outro absurdo, pois se o cidadão não está preso (ou foragido) ele deve ter o tratamento de inocente. E se ele foi condenado e cumpriu sua pena, também deve ser tratado como cidadão honesto que pagou o que devia à sociedade. Se ninguém conceder emprego aos ex-presos, podem ter certeza que os ex-detentos lançarão mão de atividades criminosas para poderem sobreviver.

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De São Paulo-SP.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A USP tá fodida!

Com perdão do termo, não existe frase que exemplifique melhor a escolha do novo Reitor da USP.

Na mais importante universidade Brasileira ainda vigora um sistema exageradamente autoritário de gestão em que a comunidade universitária é excluída das decisões. Todas as decisões da Universidade de São Paulo estão a cargo do Conselho Universitário e dos quatro Conselhos Centrais, dos quais os estudantes e funcionários têm uma ínfima participação. Estes Conselhos que votam para Reitor, em detrimento de todo o resto da Universidade. Votam, mas não decidem, já que os três candidatos mais votados são encaminhados em uma lista tríplice para escolha do Governador.

A maioria dos Governadores respeita a decisão dos Conselhos (também, não tem com o que se preocupar de colegiados tão bem comportados...). Os únicos governadores que optaram por nomear para Reitor um candidato que não obteve a maioria dos votos foram Paulo Maluf em 1981 e José Serra em 2009.

Não contente em a USP ter um sistema arcaico de gestão, além do fato do Reitor ser indicado por um grupo seleto de eleitores e depois ser escolhido a partir de uma lista tríplice por uma pessoa externa à comunidade universitária, como se não bastasse o Governador ter indicado um dos candidatos menos votados, o professor escolhido para ser o novo Reitor da USP foi exatamente a pior das opções. O pior do pior cenário. Enfim, a USP tá fodida!

João Grandino Rodas, diretor da Faculdade de Direito, é um neoliberal na ideologia e um fascista na prática. Ele é famoso pelo comportamento inadequado quando presidia o CADE e por ter solicitado à intervenção da Polícia Militar para retirar estudantes que ocupavam simbolicamente a Faculdade de Direito. Nesta ocasião, Rodas era diretor da Faculdade e havia se comprometido pessoalmente em NÃO CHAMAR A PM desde que os manifestantes desocupassem a Faculdade ao amanhecer. Rodas não cumpriu o acordo e durante a madrugada a Força Tática invadiu a Faculdade e prendeu todos os estudantes. Posteriormente, João Grandino Rodas atuou diretamente na articulação de uma tentativa de impedimento da diretoria do Centro Acadêmico XI de Agôsto, intervindo diretamente no Movimento Estudantil.

No blog do Luis Nassif, foi publicado um interessante artigo de João Vergílio G. Cuter. Apesar de ser bastante conservador, João Vergílio G. Cuter acerta na mosca na motivação de Serra na hora de escolher Rodas como novo Reitor. Ele diz textualmente: A escolha do governador José Serra levou em conta um único dado: o enfrentamento da greve de estudantes, professores e funcionários da USP no ano que vem. O ano que vem, como todos sabemos, é o ano eleitoral em que José Serra deixa de fingir que é Governador de São Paulo e assume oficialmente sua candidatura a Presidente. Tomara que em 2009 os estudantes, professores e funcionários da USP ajudem a derrotar Rodas e a candidatura de José Serra.

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De São Carlos-SP.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Apagão

Com o Apagão da última semana muitos debates foram retomados. Em geral, foram retomados apenas para definir de quem é a culpa. A oposição (que é o governo anterior) insiste que o Apagão dessa semana é igual ao apagão de 1999. O atual Governo (que era oposição no anterior) faz questão de dizer que a situação é completamente diferente e que este Apagão foi causado por um acidente.

Independente da culpa, é assustador saber que o sistema elétrico do Brasil pode ser facilmente retirado da tomada, apagando as luzes dos principais estados, paralisando a telefonia e os sistemas de telecomunicação e até mesmo o abastecimento de água. Basta um grupo militar de elite altamente treinado (estilo Comando Delta) fazer uma investida fulminante para ocupar Itaipu e o Brasil fica totalmente desprotegido. Basta um hacker decidir invadir o sistema e o País entra em convulsão.

Diante disso, o debate que deveria ser retomado foi o de entregar os sistemas de infra-estrutura nas mãos de empresas estrangeiras. Na época das privatizações muito se falou sobre o risco que isso poderia acarretar para a segurança nacional, o apagão dessa semana é a prova cabal de que o risco era real.

E a culpa? A culpa é do Governo FHC que entregou tudo e do Governo Lula que não retomou.

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De São Paulo-SP.

domingo, 8 de novembro de 2009

ENADE, pontos positivos e negativos

Neste domingo (08 de novembro), os ingressantes e concluintes de alguns cursos selecionados pelo Ministério da Educação (MEC) tiveram que fazer o Exame Nacional de Cursos, o ENADE. Trata-se de uma prova que avalia o desempenho dos estudantes nos referidos cursos. Teoricamente, o ENADE é parte integrante do SINAES – Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior, ou seja, é um dos critérios que avalia as Instituições de Ensino - os outros seriam o corpo docente (formação acadêmica, jornada e condições de trabalho) a infra-estrutura da instituição (instalações físicas, biblioteca, salas de aula, laboratórios) e programa pedagógico.

As principais críticas ao ENADE são:

  • O peso da avaliação sobre o estudante deveria ser relativizado no cálculo geral do SINAES;
  • A prova é obrigatória e quem não fizer não tem o diploma validado; e
  • A nota do ENADE acaba sendo utilizada para ranquear universidades com intenções mercadológicas.

Por outro lado, quem fez o ENADE pôde observar que a prova academicamente era muito bem elaborada e continha conteúdo crítico e reflexivo. Além disso, foram incorporadas questões de avaliação das Instituições e do próprio ENADE. Em suma, com relação ao conteúdo o ENADE esteve de parabéns.

O ENADE também sofreu críticas de um setor supostamente de Esquerda, que são contra os critérios “mercadológicos” do exame. Este setor obviamente não leu as provas. O que pretendem eles? Que as universidades não sejam avaliadas? Será que eles não percebem que o neoliberalismo na educação reside exatamente na falta de fiscalização e avaliação?

A avaliação dos cursos da Educação Superior é uma obrigação do MEC e o desempenho dos estudantes é parte integrante de qualquer exame com o mínimo de seriedade. O resultado da avaliação deveria acarretar em sansões contra os cursos e instituições mal-avaliados, com redução de vagas ou até mesmo fechamento dos cursos, pois essa é a única maneira do MEC garantir que os estudantes não sejam lesados por instituições picaretas. Infelizmente, algumas universidades utilizam seus resultados favoráveis com finalidades meramente financeiras, mas este com certeza é um preço pequeno a se pegar por um benefício muito maior que é a separação do joio do trigo.

Cabe ao MEC fazer uma ampla campanha de explicação sobre o SINAES, o ENADE e sua importância, pois muitos estudantes desinformados podem ter se sentido desestimulados a fazer a prova ou caído no canto da sereia da “turma que sempre torce contra”.

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De São Carlos-SP.

sábado, 7 de novembro de 2009

Em defesa do ambiente escolar...

Até hoje, existe gente que justifica um estupro como “causado” pela vítima. Segundo essas pessoas, a mulher estuprada teria provocado o agressor, através de gestos ou roupas inadequadas. É um pensamento assustador, mas ainda muito corrente em nossa sociedade machista, retrógrada e atrasada.

No entanto, muito mais assustador é o uso dessa justificativa por uma instituição de ensino para expulsar uma aluna que foi submetida a um violento assédio moral por centenas de estudantes universitários.

O assunto já foi exaustivamente tratado por colunistas e comentaristas, então vamos nos reservar a examinar a seguinte frase publicada no anuncio da expulsão divulgado pela UNIBAN:

“a atitude provocativa da aluna resultou numa reação coletiva de defesa do ambiente escolar”.

“A atitude provocativa da aluna” – A culpa é da vítima, assim como no caso de estupro.

“Reação coletiva de defesa do ambiente escolar” – Uma turba ensandecida (como nem nos piores dias das torcidas de futebol) brada repetidas vezes “puta!” contra uma colega. Tudo em defesa do ambiente escolar...

Talvez a culpa seja da estudante e de seu vestido curto. Talvez a culpa seja dos estudantes que agem como manada em vez de raciocinarem por si só. Porém, uma instituição que publica uma frase como essa CERTAMENTE não tem condições de ser considerada um estabelecimento de ensino. Em defesa da Educação, o MEC deveria cassar a licença de funcionamento da UNIBAN.

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De São Paulo-SP.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Alguma coisa está fora da ordem

O “intelectual” Caetano Veloso abusou de toda sua grosseria para xingar o Presidente Lula e envergonhar a Senadora Marina Silva (PV-AC). Ao dizer que Marina não é analfabeta como o Lula que não sabe falar, é cafona falando, grosseiro, Caetano ignora que Marina tem uma história de vida tão batalhadora quanto a de Lula e que só foi alfabetizada aos 16 anos. Além disso, a opinião de Caetano de que Lula “não sabe falar” é bastante questionável, visto que poucos presidentes da história do País foram tão bem sucedidos em se comunicar com o Povo Brasileiro.

Não é a primeira vez que Caetano se alia ao lado errado, já que o cantor sempre foi um grande amigo e apoiador de Antonio Carlos Magalhães, o coronel que melhor representava o lado mais atrasado e retrógrado da política Brasileira.

Que Marina Silva tome cuidado com as companhias!

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De São Carlos-SP.

domingo, 1 de novembro de 2009

Quanta Gentileza

Neste sábado compareci ao Cinemark do Shopping Metrô Santa Cruz para assistir o filme “Bastardos Inglórios” na sessão das 18h30. De maneira bastante arbitrária, a atendente me informou que não aceitaria minha carteirinha para venda de meia-entrada. Expliquei para ela que existe uma lei que garante ao estudante portador da carteirinha da UNE a compra do ingresso pela meia-entrada. Ela insistiu que não iria vender, pois não conseguia ler o selo com a data de validade e eu insisti que aquele selo era oficial da SPTrans e que se havia um selo, mesmo que difícil de ler, ele era a prova de que minha carterinha é válida até março do ano que vem. Ela respondeu que teria que falar com o gerente, mas só se apressou em chamá-lo quando eu me recusei a liberar a fila para os demais clientes (se eu tivesse gentilmente saído, provavelmente ainda estaria aguardando a presença do ilustre gerente e teria perdido a sessão). Finalmente o gerente apareceu e garantiu a venda do ingresso pela meia-entrada conforme DETERMINA a Lei Estadual 7.844/92. Por fim, ele disse que estava abrindo uma exceção e me sugeriu que fosse à SPTrans trocar o selo. Eu irei, mas somente em março de 2010 quando acabar a validade da carteira. Até lá, continuarei a comprar meia-entrada com minha carteira da UNE emitida pela SPTrans e com validade. Imagino que esse tipo de atitude arbitrária seja muito comum e que grande parte dos estudantes acaba por abrir mão de seu direito à meia-entrada devido à pressão dos cinemas.

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De São Paulo-SP.