sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A USP tá fodida!

Com perdão do termo, não existe frase que exemplifique melhor a escolha do novo Reitor da USP.

Na mais importante universidade Brasileira ainda vigora um sistema exageradamente autoritário de gestão em que a comunidade universitária é excluída das decisões. Todas as decisões da Universidade de São Paulo estão a cargo do Conselho Universitário e dos quatro Conselhos Centrais, dos quais os estudantes e funcionários têm uma ínfima participação. Estes Conselhos que votam para Reitor, em detrimento de todo o resto da Universidade. Votam, mas não decidem, já que os três candidatos mais votados são encaminhados em uma lista tríplice para escolha do Governador.

A maioria dos Governadores respeita a decisão dos Conselhos (também, não tem com o que se preocupar de colegiados tão bem comportados...). Os únicos governadores que optaram por nomear para Reitor um candidato que não obteve a maioria dos votos foram Paulo Maluf em 1981 e José Serra em 2009.

Não contente em a USP ter um sistema arcaico de gestão, além do fato do Reitor ser indicado por um grupo seleto de eleitores e depois ser escolhido a partir de uma lista tríplice por uma pessoa externa à comunidade universitária, como se não bastasse o Governador ter indicado um dos candidatos menos votados, o professor escolhido para ser o novo Reitor da USP foi exatamente a pior das opções. O pior do pior cenário. Enfim, a USP tá fodida!

João Grandino Rodas, diretor da Faculdade de Direito, é um neoliberal na ideologia e um fascista na prática. Ele é famoso pelo comportamento inadequado quando presidia o CADE e por ter solicitado à intervenção da Polícia Militar para retirar estudantes que ocupavam simbolicamente a Faculdade de Direito. Nesta ocasião, Rodas era diretor da Faculdade e havia se comprometido pessoalmente em NÃO CHAMAR A PM desde que os manifestantes desocupassem a Faculdade ao amanhecer. Rodas não cumpriu o acordo e durante a madrugada a Força Tática invadiu a Faculdade e prendeu todos os estudantes. Posteriormente, João Grandino Rodas atuou diretamente na articulação de uma tentativa de impedimento da diretoria do Centro Acadêmico XI de Agôsto, intervindo diretamente no Movimento Estudantil.

No blog do Luis Nassif, foi publicado um interessante artigo de João Vergílio G. Cuter. Apesar de ser bastante conservador, João Vergílio G. Cuter acerta na mosca na motivação de Serra na hora de escolher Rodas como novo Reitor. Ele diz textualmente: A escolha do governador José Serra levou em conta um único dado: o enfrentamento da greve de estudantes, professores e funcionários da USP no ano que vem. O ano que vem, como todos sabemos, é o ano eleitoral em que José Serra deixa de fingir que é Governador de São Paulo e assume oficialmente sua candidatura a Presidente. Tomara que em 2009 os estudantes, professores e funcionários da USP ajudem a derrotar Rodas e a candidatura de José Serra.

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De São Carlos-SP.

2 comentários:

  1. ELEIÇÃO PARA REITOR DA USP

    PRIMEIRO MOMENTO
    Votam os membros do Conselho Universitário, dos Conselhos Centrais e das Congregações.
    Desta votação é feita uma indicação de 8 nomes.

    SEGUNDO MOMENTO
    Os oito indicados são submetidos novamente ao Conselho Universitário e aos Conselhos Centrais para elaboração da listra tríplice. As Congregações NÃO participam desta etapa.

    TERCEIRO MOMENTO
    O Governador escolhe o reitor a partir da lista tríplice, podendo indicar qualquer um deles, até mesmo o menos votado.

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