Com manchete de capa, o jornalão O Estado de S. Paulo ataca a União Nacional dos Estudantes com graves acusações. Não é a primeira vez que a UNE sofre ataques do tipo, inclusive do Estadão. Basta lembrar que nos meses que antecederam ao Golpe de 64, o Estadão foi um dos mais encarniçados adversários da UNE. E as acusações eram exatamente com o mesmo teor!
Vejamos pontualmente o que diz a matéria:
“UNE é suspeita de fraudar convênios”. Falta uma informação nesta frase: QUEM suspeita da UNE? Após ler a matéria, não vemos ninguém assumir a suspeita, ou seja, quem suspeita da UNE é o próprio jornalista autor da matéria!
“Dados do Ministério da Cultura apontam irregularidades da União Nacional dos Estudantes em nove convênios”. Novamente falta uma informação. Dados não apontam, quem aponta é a pessoa que analisa os dados. E quem analisou estes dados? O Ministério Público Federal? Um analista do Ministério da Cultura? Uma Comissão Parlamentar de Inquérito? Não: “O repórter Leandro Colon analisou dois desses convênios”. Qual a qualificação técnica deste repórter para fazer tal análise?
“Pelo menos nove acordos firmados com a entidade, no valor de R$ 2,9 milhões, estariam em situação irregular”. Estariam ou estão? Quem determina se os acordos estão irregulares? Novamente é o repórter Leandro Colon.
“Aliada do governo, a União Nacional dos Estudantes (UNE) fraudou convênios, forjou orçamentos e não prestou contas de recursos públicos recebidos nos últimos dois anos”. Ao fazer tais acusações, podemos dizer que a UNE está sendo vítima de Calúnia (art. 138, do Código Penal) e Difamação (art. 139, do Código Penal).
Outras informações que faltam na matéria:
A reportagem não revela que os orçamentos das empresas irregulares não foram efetivados, ou seja, a UNE não firmou qualquer contrato com as empresas. Além disso, a responsabilidade pelas informações prestadas é da própria empresa.
A reportagem alega que os convênios da UNE estão com os prazos vencidos, mas não publica sequer uma única declaração de algum responsável do Ministério da Cultura. Ou seja, pode ser mais uma "suspeita" do jornalista do que um fato real.
Em 1964 ou em 2009, o jornal O Estado de S. Paulo continua agindo exatamente com as mesmas armas.
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De São Paulo-SP.
Genial! Melhor que isso, só se tivéssemos uma imprensa realmente democrática e o Estadão desse direito de resposta!
ResponderExcluirJessica Monteiro