sábado, 30 de janeiro de 2010

Alguns aspectos legais sobre a Anistia

A rigor, a Anistia é a Lei nº 6.683/79, aprovada durante o lento processo de distensão do Regime Ditatorial que tinha se apoderado do Brasil a partir do Golpe de 64. A pressão da Sociedade clamava por uma Anistia Ampla, Geral e Irrestrita. Os milicos e seus asseclas (muitos dos quais ainda estão por ai, travestidos de democratas – usam este título, inclusive!) rejeitaram o anseio popular e o Ditador Figueiredo apresentou uma anistia parcial, limitada e restrita. Melhor do que nada, pois permitiu o retorno de alguns exilados, que foram fundamentais no processo final da mobilização que derrotou a Ditadura.

O texto da Lei anistia APENAS os crimes políticos e crimes conexos a eles, excluindo-se dela os casos terrorismo, assalto, seqüestro e atentado pessoal. Resumindo, a Anistia valia para os dois lados (militares e subversivos) que cometeram crimes políticos ou conexos, sendo assim, Leonel Brizola, Luiz Carlos Prestes e João Amazonas (entre muitos outros) puderam regressar. Da mesma forma, os golpistas de 64 foram anistiados, afinal, Golpe de Estado é um crime político. Os militares e civis que não se rebelaram durante a Ditadura também foram anistiados, já que obedecer um regime ilegítimo (instituído através de um ato de força ilegal contra a ordem constitucional vigente até 1º de abril de 1964) é um crime político.

Diferente destes é o caso dos torturadores e assassinos de presos políticos. Apesar da natureza do preso ser política, o crime de tortura e assassinato cometidos nos porões não tinham esta natureza, ou seja, tratavam-se de crimes comuns. Além disso, mesmo que tivessem sido contemplados na Lei de Anistia (coisa que não foram), a Constituição Federal de 1988 (ou seja, instituidora de outra ordem jurídica, com poder constituinte originário para rejeitar qualquer decisão exterior à dela) em seu artigo 5º, XLIII, declarou que a prática de tortura (junto com outros crimes) não são suscetíveis de anistia. Repetindo para não restar dúvida: mesmo que tivessem sido anistiados (e não foram), a Constituição não teria recepcionado a anistia aos torturados.

Quando a sociedade Brasileira pede a punição dos torturadores, não se trata de uma revisão da Lei de Anistia, pois eles nunca foram anistiados.


Lei nº 6.683/79 - Lei de Anistia
Art. 1º - É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 02 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou conexo com estes, crimes eleitorais, aos que tiveram seus direitos políticos suspensos e aos servidores da Administração Direta e Indireta, de fundações vinculadas ao poder público, aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciário, aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais, punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares.
§ 1º - Consideram-se conexos, para efeito deste artigo, os crimes de qualquer natureza relacionados com crimes políticos ou praticados por motivação política.
§ 2º - Excetuam-se dos benefícios da anistia os que foram condenados pela prática de crimes de terrorismo, assalto, seqüestro e atentado pessoal.
(...)

Constituição Federal de 1988
(...)
Art. 5º(...)
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
(...)


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De São Paulo-SP.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Informações pela metade sobre a Venezuela

Em geral, as notícias sobre a Venezuela são sempre torcidas e distorcidas. Na crise com as emissoras de TV à Cabo, a notícia tem sido divulgada pela metade e sem algumas informações essenciais. O Presidente Hugo Chávez é fanfarrão, encrenqueiro e não tem muito traquejo político, mas a cobertura que tem recebido da mídia é injusta e mentirosa.

Canais de televisão na Venezuela (como ocorre em qualquer país democrático) são concessões públicas que podem (melhor seria dizer, DEVEM) ser revogadas caso não respeitem as obrigações instituídas em lei.

A lei daquele país determina às emissoras locais que transmitam os pronunciamentos oficiais (como em qualquer outro país do mundo).

A polêmica toda surge porque seis canais de TV à cabo recusam-se a obedecer a lei sob alegação de serem canais estrangeiros. A Lei determina que se 70% do conteúdo for nacional, o canal será considerado venezuelano, independente de estar registrado na França ou ser transmitido a partir de Miami.

Em suma, os canais tiveram sua concessão suspensa por desobediência à lei. Certamente esse tipo de informação faz muita diferença na cobertura do caso.

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De São Paulo-SP.


FOTO:
http://www.robertamsterdam.com/venezuela/assets_c/2009/04/Hugo-Chavez.htm

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Acordão mineiro

Nosso querido ex-Presidente Itamar Franco (atualmente no PPS-MG, que vergonha!) declarou que é candidato ao Senado. Jogada ensaiada com o Governador Aécio Neves (PSDB).

Aécio não quer ser candidato nem a vice e nem ao Senado, ele quer é ser candidato a Presidente da República! Só retirou sua candidatura para forçar a decisão do candidato presidencial tucano José Serra (que nas horas vagas é Governador de São Paulo). Por sua vez, Serra morre de medo de perder (de novo!) a eleição pra Presidente e, dependendo das pesquisas, pode desistir do Planalto e se contentar com a reeleição.

Caso Serra realmente seja candidato a presidente, Aécio vai recusar participar da chapa, mas certamente vai querer indicar o Vice. Exatamente por isso que Itamar deixou o PMDB (que até segunda ordem está com o Lula) e foi se filiar no PPS (uma filial de má qualidade do PSDB). Se o candidato a presidente for Serra, Aécio vai indicar Itamar de vice.

Caso Aécio seja o candidato, então Itamar segue tranqüilo ao Senado junto com o atual Vice-Presidente, José Alencar (PRB).

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De São Paulo-SP.

FOTO: roubada da Folha

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A seguir: cenas do próximo capítulo

No dia 19 de janeiro, a Rede Bandeirantes e o Instituto Vox Populi solicitaram ao Tribunal Superior Eleitoral o registro da primeira pesquisa eleitoral para Presidente da República.

A pesquisa foi realizada de 14 a 17 de janeiro e abrangeu duas mil pessoas nas cinco regiões do País. De acordo com a Resolução 23.190 do TSE todas as pesquisas de opinião relativas às eleições devem ser registradas.

Aos poucos a pesquisa Vox Populi vem sendo divulgado...

Ao que se sabe, Dilma empata com Serra no Rio de Janeiro (26% e 27% respectivamente). Além disso, Dilma vence o tucano de longe em Pernambuco (45% a 23%). O que revelarão os demais estados?

Dizem por ai que o resultado geral da pesquisa vai apenas confirmar a tendência constante de queda de Serra e a subida devagar e sempre de Dilma...

Serra, que nunca foi conhecido por sua ousadia, é bastante cauteloso sobre o lançamento oficial de sua candidatura presidencial (o extra-oficial foi lançado há quatro anos, quando se elegeu governador) e não descarta tentar a reeleição (tranqüila) para o Palácio dos Bandeirantes. A decisão será feita com base nessas pesquisas, que o mineiro Aécio Neves acompanha com enorme atenção...

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De São Paulo-SP.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Garotinho mimado!

Em 2005, Robinho humilhou o Santos e fez tudo o que pode para ir jogar na Europa. Ele achava mais chique do que continuar no Brasil. O Santos até fez várias tratativas tentando melhorar o salário de Robinho, mas o problema do jogador não era financeiro, mas geopolítico!

Chegando na Europa, Robinho ficou todo melindrado com o técnico do Real Madrid e, quando foi vendido em 2008, saiu falando mal do time. Em péssima fase no Manchester City, Robinho tem esquentado o banco de reservas.

Eis que o ano começa com uma disputa entre o Santos e o São Paulo para trazer Robinho de volta ao Brasil. Uma pena, pois ele deveria ser esnobado e deixado na Europa comendo o pão que o diabo amassou, afinal, foi ele que quis assim! O futebol Brasileiro não é lugar para aposentadoria de jogador em fim de carreira! Já nos basta o gordo Ronaldo ex-Fenômeno (?!?), Adriano e Roberto Carlos do meião...

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De São Paulo-SP.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Pra que serve o Fórum Social Mundial?

Sem querer diminuir a importância do Fórum Social Mundial, trata-se de um espaço muito limitado de atuação política. A idéia inicial era contrapor-se ao Fórum Econômico Mundial, realizado anualmente em Davos na Suíça. Ao chamado da primeira edição do Fórum Social atenderam diferentes atores: desde partidos e forças políticas de Esquerda, movimentos sociais de diferentes matizes (estudantil, sindical, sem-terra, indígena etc), ONGs progressistas, ecologistas e a lista segue...

Atores tão diferentes só poderiam ter opiniões diferentes sobre como o Fórum Social deveria ser conduzido, polarizando principalmente duas teses: de um lado as forças políticas e movimentos sociais propunham que o Fórum em um espaço mais político; de outro as ONGs propunham que o Fórum se estabelecesse apenas como um “espaço de debates”. A tese das ONGs foi a que prevaleceu.

É importante compreender a conjuntura em que prevalece essa decisão sobre o caráter do FSM. A primeira edição ocorreu ancorada nas centenas de manifestações que ocorriam em todo o mundo contra o neoliberalismo e foi realizada alguns meses antes do ataque ao World Trade Center. Após o 11 de setembro, a política externa americana liderada por Bush mostrou claramente que no mundo havia um Império e que este não tinha dúvidas na hora de se fazer obedecido. O efeito psicológico de um mundo de trevas fortaleceu o setor que propunha um Fórum Social limitado e bem comportado. Nos anos seguintes, ocorreu na America Latina a chamada onda vermelha, quando vários governantes de Esquerda chegaram ao poder. Todos pela maneira eleitoral, diga-se de passagem. Mais uma vez o efeito psicológico foi evidente: outro mundo era possível, mas dentro da lei e da ordem.

Resumidamente, o Fórum Social Mundial é um espaço muito importante, que marca decisivamente um contraponto social contra a visão corporativa do Fórum Econômico de Davos. Mas não passa de um espaço para debates com pouca função política na luta dos explorados contra os exploradores.


FÓRUM SOCIAL MUNDIAL 2010
De 25 a 29 de janeiro em Porto Alegre.
* Para celebrar os 10 anos do evento, ocorrerão outros 27 eventos em todo o mundo.

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De São Paulo-SP.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Imperialismo à Brasileira?

Existe um setor engraçado da Esquerda que considera a missão da ONU no Haiti como uma ação do Imperialismo Brasileiro. Logo o Brasil, um país que sempre esteve de costas para a América Latina... O grito de guerra dessas pessoas curiosas era o seguinte: “Fora já! Fora já daqui! O Bush do Iraque e o Lula do Haiti!”. (será que atualizaram a música após a posse de Obama?)

Apesar da incrível criatividade, esse pequeno setor da Esquerda não faz uma análise muito real da situação haitiana. A crise neste pequeno país caribenho explodiu com a renúncia (?!?) do Presidente Jean-Bertrand Aristide, que por sua vez alega ter sido seqüestrado pelas forças armadas dos Estados Unidos e forçado a se exilar.

Após isso, a ONU decidiu enviar uma força de paz. Na ocasião, os Estados Unidos e a França disputavam para decidir qual deles iria liderar a força de paz, ou seja, quem deles retomaria a colônia rebelde. Exatamente para impedir essa atitude imperialista, o Brasil foi escolhido para liderar a Força de Paz.

Depois do terremoto que devastou a capital Porto Príncipe, os EUA deixaram de fingir suas pretensões sobre o Haiti e já desovaram 10 mil soldados a título de ajuda humanitária (tem gente que fala que o total poderá chegar em 20 mil). Os americanos, que já controlavam o aeroporto do país, já tem mais tropas que Força de Paz da ONU (7 mil).

Será que a melhor opção antiimperialista será a saída do Brasil do Haiti para que o país caia oficialmente nas mãos dos americanos?

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De São Paulo-SP.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Alagamento na Impresa

De repente, como num passe de mágica, a imprensa paulista descobriu que Gilberto Kassab (DEMo) é o prefeito de São Paulo. Um temporal de críticas tem caído sobre ele, sendo a Folha de S. Paulo a mais agressiva. Provavelmente são as movimentações de Geraldo Alckmin para consolidar sua candidatura a Governador. Alckmin de bobo só tem a cara e nunca acreditou na conversa fiada de que Kassab não seria candidato, afinal, todo prefeito da Capital que se preze é potencial candidato a governador.

Dizem por ai que a enchente de críticas da imprensa contra Kassab começou a transbordar exatamente após o afastamento de Andrea Matarazzo, ex-Secretário de Coordenação das Subprefeituras, em setembro de 2009. Como todos sabem, Andrea Matarazzo era o “gerente” que José Serra deixou na Prefeitura para controlar Kassab. Provavelmente, além de garoto de recados do Governador, Matarazzo era quem negociava o tom benevolente com que a imprensa tratou Kassab durante todo o péssimo governo.

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De São Paulo-SP.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Rapidinhas tucanas

  • José Serra, o candidato presidencial tucano (que nas horas vagas é Governador de São Paulo) diz que o PSDB é avesso a fazer publicidade quando está no governo. Ahahahah! Basta entrar no metrô lotado e olhar em volta o excesso de propagandas e a falta de governo! Sem se falar nas propagandas da SABESP que tem sido veiculadas no Acre!

  • Sérgio Guerra, que é Senador e Presidente do PSDB falou grosso que ia acabar com o PAC, mas depois ficou todo ofendido quando a Dilma o denunciou.... Quem fala o que quer, ouve o que não quer!

  • Aécio Neves, Governador de Minas Gerais, é mineiro (que adora ficar na moita) e tucano (que adora ficar em cima do muro). Por isso anunciou sua saída da disputa pela pré-candidatura presidencial. Rejeita a vaga de Vice numa chapa com Serra e fala por ai que vai sair candidato ao Senado... Mas na verdade Aécio é candidato a Presidente! Mineiro que é, Aécio forçou Serra a assumir a candidatura, mas na hora que o circo pegar fogo, estará no picadeiro pronto para entrar em ação.

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De São Paulo-SP.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Opiniões sobre “Lula: O Filho do Brasil” sem tratar do filme em si

Uma forma de opinar sobre o filme “Lula: O Filho do Brasil” é a partir do mérito técnico: se a fotografia é bonita, se o roteiro foi bem elaborado, se os atores interpretam bem, se a trilha sonora emociona etc.

Outro grupo de pessoas, na hora de avaliar o filme, envolve sua opinião sobre o Presidente em si: quem é contra o Governo Lula acha o filme é chapa branca enquanto os simpatizantes de Lula acham que o filme é o reconhecimento merecido deste grande estadista.

Além do setor que acha o filme chapa-branca existe outro grupo de pessoas cuja avaliação é desfavorável ao filme, mas justificam sua crítica por conta da escolha do tema, que segundo a eles não tem muita pertinência. Este setor é aquele que se sente pessoalmente atingido com os altíssimos índices de popularidade do Presidente.

Independente da avaliação técnica do filme ou da opinião política que se pode fazer dele (se é chapa branca ou não), certamente que o tema é pertinente. Todo governante Brasileiro, por pior que tenha sido, é tema cabível para um filme, afinal trata-se de nossa história. E de todos nossos governantes, gostando ou não deles, Lula é aquele cuja história de vida é mais interessante. Sua trajetória é comparável à de Ghandi ou Mandela, a quem ninguém em sã consciência reputaria como tema inadequado a um filme.

Comparemos a nossa situação com a dos Estados Unidos: dia sim, dia não, são gravados filmes sobre John Kennedy, que não fez nada de excepcional na vida, exceto sua eleição e seu assassinato. Independente da opinião dos americanos sobre Kennedy, eles certamente consideram a vida deste presidente merecedora de virar tema de filme. O mesmo sentimento deveriam ter os Brasileiros com nossa história e, considerando a bilheteria do filme, provavelmente têm!

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De São Paulo-SP.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Chile faz gol contra

A vitória do milionário Sebastian Piñera, de Direita, na eleição presidencial do Chile animou os articuladores (também direitistas) do candidato presidencial tucano José Serra (que nas horas vagas é Governador de São Paulo). Segundo eles a eleição chilena seria a derradeira prova de que a popularidade do Presidente Lula não será transferida à candidatura oficial de Dilma Rousseff, afinal, lá no Chile a Presidente Michele Bachelet tinha 81% de aprovação popular e mesmo assim seu candidato perdeu.

Talvez estejam certos, mas essa turma tem que ser menos apressada. Até a Lúcia Hippolito da CBN já alertou que a situação é bastante diferente, já que no Chile a Concertación estava há 20 anos no poder e seu candidato, Eduardo Frei, já havia sido presidente (e é filho de presidente), ou seja, um caso beeeeeem distante do Brasil com a Ministra Chefe da Casa-Civil Dilma Rousseff.

Por outro lado, é mais do que evidente que a transferência de votos não tem sido tão “automática” quando esperavam os governistas, afinal Lula tem quase 90% de aprovação e Dilma patina em segundo lugar sem sequer ultrapassar a marca histórica da Esquerda (que sempre começa uma eleição em torno de 30%). Mas ainda é cedo para Serra cantar vitória, já que no Brasil existe sim o costume de eleger um desconhecido com base na popularidade do antecessor: foi assim com Itamar-FHC na Presidência em 1994, foi assim com Quércia-Fleury no Governo de São Paulo em 1990 e foi assim com Maluf-Pitta na Prefeitura de São Paulo em 1996.

Tomara que o resultado das eleições presidenciais Brasileiras sejam bem diferentes das chilena!

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De São Paulo-SP.

FOTO: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/01/100118_chilediscursocarmo.shtml

sábado, 16 de janeiro de 2010

Nos bastidores do poder...

Secretamente no Brasil atuam interesses poderosos. Uma pequena fissura nessa estrutura secreta de poder levou à prisão o banqueiro Daniel Dantas. Em menos de 24 horas o Supremo Presidente do STF, Ministro Gilmar Mendes, concedeu dois habeas corpus liberando Dantas. Até ai, poderíamos pensar que é o caso específico de Mendes.

Com o tempo, a situação foi se agravando. Na Polícia Federal o responsável pela investigação de Dantas era o Delegado Protógenes Queiroz, que passou a ser vítima de uma virulenta campanha midiática. O Diretor-Geral da ABIN, Paulo Lacerda, foi afastado de suas funções por ter auxiliado as investigações contra o banqueiro. Posteriormente, o Delegado Protógenes foi afastado das investigações que conduzia e demitido da Polícia Federal.

A última peça da trincheira contra Daniel Dantas seria o Juiz Federal Fausto De Sanctis, que é alvo de uma denúncia no Conselho Nacional de Justiça (presidido pelo Supremo Presidente Gilmar Mendes). O curioso é que a denúncia foi elaborada pelo Deputado Federal Raul Jungmann (PPS-PE)... Desde dezembro, De Sanctis tem sido sistematicamente afastado de todos os processos importantes que julgava (MSI-Corinthians, Satiagraha e agora Castelo de Areia).

Infelizmente, as estruturas poderosas que atuam nas estruturas do Estado Brasileiro são muito maiores do que imaginamos. Gilmar Mendes é apenas a ponta do iceberg...

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Polêmicas do PNDH-3

Por conta da morte de ativista Zilda Arns aproveitamos para tratar da questão dos Direitos Humanos. Questão esta cuja manifestação mais atual é o PNDH-3, a terceira versão do Programa Nacional de Direitos Humanos (elaborado conforme as resoluções da 11ª Conferência Nacional de Direitos Humanos). Antes dele houve o PNDH-I (em 1996) e o PNDH-II (em 2002).

Os pontos mais polêmicos do decreto são:

  • A instituição da Comissão da Verdade para apurar crimes da Ditadura. Absolutamente justificável, pois independente da Lei da Anistia, os parentes e familiares de desaparecidos tem direito de saber o que aconteceu com seus entes queridos e o Brasil tem a obrigação de conhecer seu passado.
  • Avaliação da atuação da mídia com relação aos Direitos Humanos. O controle social da imprensa, muito diferente de censura, é uma maneira de democratizar os meios de comunicação.
  • A exigência de uma rodada de negociação nas Ações de Reintegração de Posse de Terras Ocupadas. Nada mais democrático do que ouvir os dois lados da questão.
  • Instituição de mecanismos que impeçam a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União. Completamente normal em um País laico.

Resumindo, são contra o PNDH-3 os setores das Forças Armadas que simpatizam com a Ditadura, os grandes grupos empresariais que dominam a imprensa, os ruralistas e a ala mais conservadora da Igreja Católica. Resumidamente, a Direita é contra o Programa Nacional de Direitos Humanos, o que não é surpresa alguma, já é composta dos setores que mais violam tais direitos.

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De São Paulo-SP.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Tragédias anunciadas: São Pedro é inocente!

Desmoronou um morro em Angra dos Reis (RJ), caiu uma ponte em Agudo (RS), um rio transbordou no centro histórico de São Luiz do Paraitinga (SP) e a capital de São Paulo novamente foi alagada.

De acordo com o suposto Prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, a culpa é da água. Por essa lógica, em vez de votar em Kassab, deveríamos votar em São Pedro...

No Brasil, essa é a época das chuvas, não é surpresa alguma que todo ano entre dezembro e janeiro chove torrencialmente. Os governantes têm obrigação de planejar e prevenir situações.

  • SE houvesse fiscalização no morro de Angra, a tragédia poderia ter sido prevenida.
  • SE a ponte de Agudos tivesse manutenção, não teria caído.
  • SE houvessem sido feitos os diagnósticos sobre erosões, contaminação de solo, assoreamentos e enchentes em São Luiz do Paraitinga, a enchente poderia ter sido prevista.
  • SE houvesse planejamento contra enchentes, a capital de São Paulo não alagaria.

Nas quatro situações, a obrigação dos governantes era prever e prevenir. Não o fizeram e colocar a culpa no clima não os isenta.

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De São Paulo-SP.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Já foi tarde!

NA FOTO: A Reitora Nadir Kfoury enfrento o Cel. Erasmo Dias durante a Invasão da PUC-SP.

Morreu Cel. Erasmo Dias, o facínora responsável pela invasão da PUC-SP em 1977. Na ocasião, Erasmo Dias era Secretário de Segurança Pública de São Paulo e tentava impedir a realização do III Encontro Nacional de Estudantes (que culminaria na reorganização da UNE – União Nacional dos Estudantes). A Ditadura foi incapaz de impedir os estudantes, que foram mais espertos que as forças da repressão e conseguiram realizar o III ENE. Frustrado com sua própria incompetência, Erasmo Dias ordenou a invasão do campus Monte Alegre da PUC (local que havia sediado o encontro) como forma de vingança. A invasão ocorreu durante o período letivo noturno, ou seja, milhares de estudantes e professores foram vítimas da violência da repressão. Mais de 700 foram presos e muitos foram feridos com gravidade. A Reitora Nadir Kfoury enfrentou o Coronel e tentou impedir a violência, mas ficou impotente diante do poderio militar do Secretário de Segurança.

A notícia da truculenta invasão chocou a sociedade, que imediatamente expôs sua contrariedade com aquele ato fascista. Dom Paulo Evaristo Arns, Arcebispo Metropolitano e Grão-Chanceler da PUC-SP na ocasião, ganhou as manchetes dos jornais quando declarou que, independente do que dizia o Cel. Erasmo Dias, a invasão foi totalmente ilegal uma vez que a PUC é uma universidade privada e a polícia só poderia entrar no campus com autorização da Reitoria ou se passasse no vestibular.

Na Assembléia Legislativa o Deputado Estadual Horácio Ortiz pediu a abertura de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para apurar as violências da polícia durante a invasão. O relatório final da CEI concluiu que a polícia utilizou bombas incendiárias na invasão (a suspeita era de bombas napalm...) e indicou o Cel. Erasmo Dias como responsável pela depredação da PUC e pela violência contra os estudantes. Apesar de a Comissão indicar pela prisão do Cel. Erasmo Dias, o Governador Paulo Egydio Martins nunca encaminhou o relatório para o Ministério Público e a invasão ficou impune.

A Invasão da PUC em 77, apesar da violência, resultou em um efeito completamente oposto ao pretendido pelos militares, pois em vez de assustar o Movimento Estudantil ela serviu para mostrar que a maioria da sociedade estava contra a repressão e apoiava a luta pela democracia. Finalmente em 1979 foi realizado o Congresso de Reconstrução da UNE.

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De São Paulo-SP.

FOTO: Hélio Campos Mello

domingo, 3 de janeiro de 2010

Uma vergonha!

O Jornal da Band propôs uma simpática vinheta com dois garis desejando feliz ano novo aos seus telespectadores. Só não contavam com a cretinice do jornalista Boris Casoy, que destilou todo seu preconceito e, sem perceber que o microfone estava aberto, ofendeu os garis em rede nacional ao vivo. Uma vergonha! Ocorre que Boris é famoso como reacionário, preconceituoso e elitista, apoiou a Ditadura Militar com afinco (dizem que foi membro do CCC), sempre foi malufista e, atualmente, é eleitor tucano. Em suma, era o típico comportamento que se esperava dele...

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/video-do-casoy-tem-700-mil-hits/

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De São Paulo-SP.