terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Já foi tarde!

NA FOTO: A Reitora Nadir Kfoury enfrento o Cel. Erasmo Dias durante a Invasão da PUC-SP.

Morreu Cel. Erasmo Dias, o facínora responsável pela invasão da PUC-SP em 1977. Na ocasião, Erasmo Dias era Secretário de Segurança Pública de São Paulo e tentava impedir a realização do III Encontro Nacional de Estudantes (que culminaria na reorganização da UNE – União Nacional dos Estudantes). A Ditadura foi incapaz de impedir os estudantes, que foram mais espertos que as forças da repressão e conseguiram realizar o III ENE. Frustrado com sua própria incompetência, Erasmo Dias ordenou a invasão do campus Monte Alegre da PUC (local que havia sediado o encontro) como forma de vingança. A invasão ocorreu durante o período letivo noturno, ou seja, milhares de estudantes e professores foram vítimas da violência da repressão. Mais de 700 foram presos e muitos foram feridos com gravidade. A Reitora Nadir Kfoury enfrentou o Coronel e tentou impedir a violência, mas ficou impotente diante do poderio militar do Secretário de Segurança.

A notícia da truculenta invasão chocou a sociedade, que imediatamente expôs sua contrariedade com aquele ato fascista. Dom Paulo Evaristo Arns, Arcebispo Metropolitano e Grão-Chanceler da PUC-SP na ocasião, ganhou as manchetes dos jornais quando declarou que, independente do que dizia o Cel. Erasmo Dias, a invasão foi totalmente ilegal uma vez que a PUC é uma universidade privada e a polícia só poderia entrar no campus com autorização da Reitoria ou se passasse no vestibular.

Na Assembléia Legislativa o Deputado Estadual Horácio Ortiz pediu a abertura de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para apurar as violências da polícia durante a invasão. O relatório final da CEI concluiu que a polícia utilizou bombas incendiárias na invasão (a suspeita era de bombas napalm...) e indicou o Cel. Erasmo Dias como responsável pela depredação da PUC e pela violência contra os estudantes. Apesar de a Comissão indicar pela prisão do Cel. Erasmo Dias, o Governador Paulo Egydio Martins nunca encaminhou o relatório para o Ministério Público e a invasão ficou impune.

A Invasão da PUC em 77, apesar da violência, resultou em um efeito completamente oposto ao pretendido pelos militares, pois em vez de assustar o Movimento Estudantil ela serviu para mostrar que a maioria da sociedade estava contra a repressão e apoiava a luta pela democracia. Finalmente em 1979 foi realizado o Congresso de Reconstrução da UNE.

**********

De São Paulo-SP.

FOTO: Hélio Campos Mello

Nenhum comentário:

Postar um comentário