A despolitização da campanha eleitoral foi sintomática nas eleições realizadas 2010. A falta de politização não é novidade, trata-se de um processo que começou em 1992, quando Paulo Maluf contratou Duda Mendonça para reformular totalmente sua imagem. Deu certo, Maluf ressuscitou e foi novamente eleito prefeito da Capital de São Paulo. Desde então, os marqueteiros assumiram cada vez maior importância no alto comando das campanhas eleitorais.
A tática eleitoral consagrada pelos marqueteiros é transformar o programa de governo em um monte de “produtos” a serem oferecidos ao eleitor. Duda Mendonça “criou” o Fura-Fila, o PAS, o Cingapura, o Leve-Leite entre outros. Desde então, todas as campanhas eleitorais fazem o mesmo. O programa de governo dos candidatos é “despolitizado” e transformado em uma montoeira de siglas e produtos a serem oferecidos. Sobram siglas: na educação temos os CEUs, na saúde as AMEs, as UPAs, o SUS, o SAMU e por ai vai. Muitas vezes, os candidatos optam por esconder seu programa atrás de números, como os 10 milhões de empregos do Lula em 2002 ou o aumento do salário mínimo para R$ 600,00 do Serra em 2010. Até o Metrô foi devidamente embalado e é apresentado nas eleições como um “produto” a ser adquirido.
Os programas de governo continuam existindo, mas a apresentação por meio de “produtos” dificulta o debate eleitoral, uma vez que esconde quais realmente são as prioridades para cada candidato. Em vez de falar sobre investimento prioritário no transporte público ou privado, os programas eleitorais apresentam belas maquetes de avenidas ou de corredores de ônibus. Em vez de falar sobre quanto vai ser investido na Educação, a propaganda política contrapõe “duas professoras no 1º ano” com “a construção de centros educacionais com quadras, cinemas e piscina”.
Bons tempos em que os políticos deixavam claro o que achavam da Saúde, Educação, Segurança, Economia, Politicas Sociais, Transporte Urbano, Cultura, Esporte, Meio Ambiente, Saneamento etc...
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De São Paulo-SP.
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