[1] De fato. Inclusive, o mesmo pode ser atribuído a qualquer órgão da imprensa. Os jornais, revistas, emissoras de rádio e televisão e os portais de internet são totalmente independentes, e decidem individualmente quais informações devem ser divulgadas e quais devem ser “abafadas”.
[2] Novamente a similaridade com a imprensa é presente. A mídia não vê qualquer problema em escancarar a intimidade das pessoas públicas, sejam artistas ou governantes. E muitas vezes adquirem sus informações de maneira ilegal. A propósito, a única espionagem confirmada no escândalo da Wikileaks foi a perpetrada pelo governo dos Estados Unidos contra funcionários da ONU (incluindo seu Secretário-Geral) e do Irã.
[3] Em primeiro lugar, o mais grave é que alguém tenha vazado essas informações que coloquem em risco a vida de pessoal (o governo dos EUA já fez isso propositalmente no caso de Valerie Plame, ex-agente da CIA cuja identidade foi revelada durante a administração George W. Bush). Os vazadores devem ser identificados e punidos antes de haver qualquer gritaria em torno do Wikileaks. Em segundo lugar, tais informações que colocam em risco a vida de pessoas, bem como as que violam sua intimidade devem ser avaliadas sob o prisma do interesse público, podendo inclusive ser um legitimo limitador para a liberdade de expressão. Afinal, a liberdade de uns não pode violar a vida de outros. Em terceiro lugar, as informações divulgadas pela Wikileaks são, em geral, telegramas indiscretos que causam, no máximo, um pequeno mal estar diplomático entre os EUA e algumas nações que se consideram suas aliadas.
[4] É, no mínimo, suspeito que as acusações contra Julian Assange sejam desarquivadas logo após a polêmica explodir. Muito mais suspeito é o fato de praticamente toda a mídia no Brasil, EUA e Europa ignorar o fato de que a acusação do processo criminal em questão é por ter feito sexo sem proteção, que na Suécia é considerado uma modalidade de estupro. A mídia não divulgou esta informação, nem mesmo como boato ou para desmenti-la. Quer dizer, que absurdo que os donos dos jornais decidam a seu bel prazer, sem consultar nem responder a ninguém, qual informação divulgar e qual “abafar”!
Julian Assange é uma figura controversa. Provavelmente um maluco. O Wikileaks é um perigo e deve ter seus limites. Assim como a imprensa o deve. Estes limites são o interesse público, mas devem ser muito bem delimitados, para não possibilitar abusos por parte dos Governos contra as informações que o desagradem. Afinal, a ausência da Liberdade de Expressão é um perigo muito maior do que a Wikileaks ou qualquer órgão da imprensa. A propósito, a pressão dos EUA para retirar o servidor do Wikileaks e impedir doações por cartões de crédito é comparável às atitudes de controle exercidas pela China sobre a internet, mas ao menos o Governo Chinês é honesto em dizer que considera a internet perigosa, diferente dos EUA que se apresentam como o último bastião da liberdade.
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De São Paulo-SP.
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