sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Falta política nas revoltas em Londres

Por Marcio TAQUARAL

A confusão em Londres é irmã gêmea dos distúrbios na periferia de Paris em 2005. E, por que não dizer que sejam aparentados com as recentes revoltas no mundo árabe? São todas ações de rebeldia de uma juventude sem perspectivas. No caso da Tunísia e do Egito (para não citar a lista inteira), os jovens incomodados pela péssima situação econômica (falta de emprego ou subemprego) não tinham como expressar sua crítica, uma vez que viviam em regimes ditatoriais. Tanta pressão acumulada explodiu em revolta e os governos alardeadamente estáveis caíram como cartas de baralho empilhadas.

Nos casos de Londres e de Paris, a situação é muito semelhante: o motivo da revolta é a situação econômica e, mesmo se considerando países democráticos, a maioria destes jovens não pode se manifestar pelo sistema, uma vez que são imigrantes (ou filhos de), ou seja, são cidadãos de segunda classe em sociedades xenófobas. A alternativa que lhes restou foi a mesma que no mundo árabe.

Democracia e Ditadura podem ser muito parecidas, dependendo da posição que se ocupa dentro ou fora do sistema. Tristemente, as ações dos governos inglês e francês também lembram as ações das ditaduras, que respondem com repressão, violência e prisões. No caso britânico, o Primeiro-Ministro David Cameron conseguiu se rebaixar ainda mais quando propôs a censura às redes sociais da internet...

Há quem chame esses jovens de vândalos, talvez sejam mesmo... Certamente os defensores do Antigo Regime também chamaram de vândalos os revolucionários de 1789! Assim também foi como o General de Gaulle chamou os manifestantes de maio de 68. O adjetivo é definido pela História, dependendo da vitória ou derrota de cada movimento.

Ainda sim, muito há para ser criticado na atuação dos revoltosos de Londres, afinal, queimar lojas e depredar propriedades não vai resolver o problema deles. O que lhes falta é uma pauta política. Tal revolta, caso contasse com um objetivo claro e uma tática definida, poderia ter grandes possibilidades de lograr êxito. Infelizmente, falta programa, falta liderança e falta teoria.

Como dizia Lênin: “sem teoria revolucionária, não há prática revolucionária”. Enfim, não basta a forma revolucionária, pois a revolta londrina não tem conteúdo revolucionário. Que ninguém se engane, mas aquilo não é uma revolução. Que pena, poderia ser!

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De São Paulo-SP.

Um comentário:

  1. http://www.lrb.co.uk/2011/08/19/slavoj-zizek/shoplifters-of-the-world-unite

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