sábado, 18 de junho de 2011

Na crise da Grécia a moratória é a solução

Por Marcio TAQUARAL

E a crise grega continua. O país foi à bancarrota, a economia faliu, o Estado não tem dinheiro para pagar sua dívida e o Povo foi às ruas protestar. E os comentaristas econômicos deste lado do Atlântico insistem em dizer que a solução para a Grécia é um ajusto fiscal. Será que esses comentaristas não estudaram economia? Como podem dizer uma coisa tão estúpida?

A crise da Grécia não é meramente financeira, mas também econômica! O país está do jeito que está porque não está produzindo riquezas, porque as empresas estão paradas e a população não tem emprego. Como resultado disso, o Estado quebrou e está com dificuldades para pagar sua dívida. Pagar a dívida não resolveria o problema central, que é a economia falida. A solução é realizar fortes investimentos na economia (como o Brasil e os EUA fizeram).

O ajusto fiscal é uma idiotice, pois significa retirar dinheiro da economia para pagar ao sistema financeiro externo. A solução para a Grécia chama-se moratória. Infelizmente, nossos comentaristas econômicos estão a serviço do sistema financeiro credor da Grécia e insistem em mentir para nós. E seguimos mal informados.

**********
De São Paulo-SP.


@MarcioTAQUARAL Não sou fã da Marina Silva, mas acho muito acertada sua decisão de sair do PV, aquele partido picareta!

Um comentário:

  1. Sim, você tem razão, Taquaral, mas é preciso ir mais longe: a origem dessa dívida está na maneira como a União Europeia está desenhada, sobretudo no que toca ao seu sistema monetário. Não compensa para países como Portugal, Grécia ou Espanha fazerem parte do bloco, porque o câmbio unitário, que os nivela a países como a Alemanha ou França, não apenas é irreal como também provoca um efeito perverso: como as contas daqueles países não fecham e eles sequer têm meios para intervir no câmbio (o que torna a situação deles pior do que a do Brasil dos anos 90), então só resta a via do endividamento, o que, desde os anos 90 foi uma constante. Com a crise atual, os bancos alemães e franceses, que ganharam muito dinheiro com esse esquema, não querem mais bancar o jogo porque tem uma crise mundial em curso, logo, justo agora, gregos, espanhóis e portugueses foram deixados ao relento.

    O que a direita desses países propõe é, debaixo de uma retórica moralista, catastrofista e xenófoba, cortar investimentos para que as contas fechem. Aí, tome cortes na previdência, assistência social, saúde, educação e afins. Populações inteiras, de países que nem são tão desenvolvidos assim, vão pagar um pesado custo-euro. Não que o ajuste fiscal agora não seja uma necessidade, mas se eles tivessem um sistema cambial próprio, haveria meios de tornar esse processo menos agressivo - como ocorreu com o Brasil nos anos Lula - desvalorizando a moeda - o que já ia acontecer quase que automaticamente - e, por meio de ganhos no comércio, poder ter um colchão de ar para fazer um contingenciamento fiscal de forma socialmente sustentável.

    Sem isso, não consigo conceber um ajuste econômico que não gere consequências sociais que o torne inviável. Diante disso, é torcer para que os movimentos sociais, que estão nas ruas na Espanha, não sejam engolidos pela direita fascista, porque o bicho vai pegar. Do ponto de vista macroeconômico, seja lá quem estiver no poder, é preciso tomar duas decisões duras: uma é mesmo a moratória, a outra é saída do sistema Euro. Só isso forçaria, pela simples ameaça, os grandes da Europa, que tanto ganharam com essa brincadeira, assumirem suas responsabilidades.

    abraços

    ResponderExcluir