terça-feira, 13 de abril de 2010

Vice pra que?

A bem da verdade, o cargo de Vice não tem poder algum, exceto na ausência do Titular. Se o Titular for muito presente, o Vice é decorativo. Mas na prática as coisas não funcionam bem assim, já que o cargo de Vice costuma ser concedido a uma prestigiada e popular figura (em geral, a segunda opção) que acaba sendo vista como sucessora oficial do titular. Em todo caso, o poder e o prestígio do Vice não vêm de seu cargo, ao contrário, o cargo de Vice é que coroa o poder e o prestígio de uma figura pública que não pôde ser Titular.

Sendo assim, para candidato presidencial tucano José Serra e seu PSDB, ter como vice o ex-governador mineiro Aécio Neves é uma grande jogada, pois agrega o prestigio do mineiro à falta de carisma do vampirão. Em Minas Gerais (segundo maior colégio eleitoral do País) existem duas semi-unanimidades, uma é o Presidente Lula, a outra o ex-governador Aécio. Nas eleições anteriores, os mineiros não viram o menor problema em votar em ambos, já que disputavam em âmbitos diferentes. Em 2010, por outro lado, Lula não será candidato, mas Aécio vai. Se Aécio for vice de Serra, vai arrastar os votos de Minas. Mas se não for, esses votos devem se dividir, pois sem Lula e sem Aécio a conta muda.

E o que Aécio ganha sendo vice? Não muito, pois ele já é poderoso e prestigiado. Além disso, ninguém tem dúvidas de que é o sucessor oficial no ninho tucano. E o que perde? Bom, Aécio Neves teria que trocar uma vitória certa no Senado (onde pode ter bastante destaque, mesmo num Governo Dilma) por uma vitória incerta como vice. Se Serra perder a eleição, o vice Aécio perde junto, fica sem mandato e não ganha nada. Se Serra vencer a eleição, Aécio assume a vice, mas não ganha nada além do que já tem.

Em um partido como o PSDB, em que os projetos pessoais valem muito mais do que os coletivos, Aécio ganha mais se tentar o Senado.

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De São Paulo-SP.

FOTO: Retirada daqui

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