sábado, 3 de abril de 2010

Viagem ao Oriente Médio reforça possibilidade de Lula como Secretário-Geral da ONU

Papagaio de pirata em política internacional temos de sobra: o Presidente Lula realizou uma viagem histórica ao Oriente Médio (Don Pedro II tinha sido o único governante Brasileiro a fazer o mesmo) e não faltaram bobos tentando criticar a iniciativa.

Alguns insistiram que o Presidente Lula cometeu uma gafe e ofendeu o povo israelense por recusar depositar flores no túmulo de Theodor Herzl, o fundador do Sionismo. Ocorre que o Sionismo é um movimento político do qual, acertadamente, o Brasil não faz parte. Não apoiar o Sionismo é diferente de reconhecer aos judeus o direito a seu estado e defender a paz entre todos. Defender o Sionismo (ou prestar homenagem a seu fundador) seria a gafe, pois o Brasil estaria tomando um dos lados da disputa, o lado que não reconhece aos palestinos o direito a um estado. O Itamaraty foi bastante coerente e, em vez de se associar ao lado reacionário da história, Lula depositou flores no Museu do Holocausto, condenou o Holocausto e defendeu o direito de existência de Israel, ao mesmo tempo depositou flores no túmulo de Yasser Arafat, defendeu a paz e o direito do Irã desenvolver um programa nuclear pacífico.

Alguns ressentidos tentaram transformar a ida do Presidente ao Oriente Médio num fracasso, já que afastariam as possibilidades de Lula ser Secretário-Geral da ONU. Em primeiro lugar, seria temerário reduzir a histórica visita a uma pré-campanha para a ONU. Em segundo lugar, é uma burrice sem tamanha achar que a viagem teria tido este efeito, uma vez que as decisões da ONU são feitas pela Assembléia Geral, órgão em que cada país tem um direito a voto, ou seja, o voto do Irã tem o mesmo peso do que o voto dos EUA. Resumindo, mesmo que a viagem afastasse o voto israelense, teria agregado os dos países árabes, ou seja, quinze votos contra um. Além disso, lembrando que os sionistas são apenas uma das diversas linhas de pensamento que existem em Israel, pode ser que a visita de Lula tenha tido mais efeitos positivos na opinião pública israelense do que negativos.

A viagem do Presidente Lula ao Oriente Médio tem seus méritos por si própria, mas se um de seus resultados for a eleição de Lula como Secretário-Geral da ONU, o Brasil e a paz só tem a ganhar.

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De Cotia-SP.

Um comentário:

  1. Legal o brog. Pena que em tão rubros tons. Então, só para encher um pouco, como reza o bom costume, o Secretário-Geral não é eleito só pela AGNU, devendo ser antes indicado e, portanto, aprovado, pelo CSNU (Art. 97 da Carta). Nesse sentido, ganhar 100 votos, mas alienar um dos P-5 é contraproducente.

    Abrasss,

    AAC

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