quinta-feira, 9 de junho de 2011

Semana agitada!

Por Marcio TAQUARAL


Cai Palocci, sobe Gleise e liberdade para Battisti.


O longo ocaso do ex-Ministro da Casa Civil Antonio Palocci finalmente acabou. Façamos três considerações.

Em primeiro lugar, assim como José Dirceu (também ex-Ministro da Casa Civil), a queda de Palocci teve muitos elementos políticos e poucos elementos jurídicos. Nenhum fato relevante indica qualquer ilegalidade nos atos dos dois ex-todos-poderosos-ministros, mas ambos foram incessantemente bombardeados pela imprensa até caírem. Enfim, se Palocci for culpado, a imprensa superou as limitações do Poder Judiciário e fez justiça. Mas, se Palocci for inocente, isso é um fato preocupante, pois a imprensa suplantou a atuação do Judiciário e condenou injustamente. Independente da culpa de Palocci, é muito grave que a imprensa (composta por grupos privados) usurpe prerrogativas do Estado.

Em segundo lugar, apesar de Palocci ser o queridinho do sistema financeiro e o favorito dos empresários, suas relações não foram suficientes para mantê-lo no cargo. Isso mostra que não haverá trégua para o Governo Dilma. Zé Dirceu já cometeu esse erro antes, quando achou que tinha a Veja e a Globo nas mãos.

Em terceiro lugar, talvez a queda tenha seu lado positivo. Afinal, da última vez que Palocci caiu, o governo melhorou muito! Se bem que na ocasião ele era Ministro da Fazenda, o que possibilitou as (necessárias e bem vindas) mudanças na política econômica.


Já tomou posse a nova Ministra Chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. Trata-se de uma senadora petista do Paraná e também esposa de Paulo Bernardo, Ministro das Comunicações. A Ministra Gleisi começou na política ainda no Movimento Estudantil e foi da Diretoria da UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas). Sua indicação também é reveladora de três situações.

No Senado, o suplente da Gleisi é do PMDB, ou seja, a indicação dela também é um afago no partido do Vice-Presidente Michel Temer, cujas relações com o Governo andavam meio estremecidas.

Durante a crise de Palocci, fontes sempre anônimas diziam que os ataques a ele partiam do PT. O “fogo amigo” teria uma motivação muito clara, ocupar a Casa Civil. Um dos suspeitos era Paulo Bernardo. Como fica essa suspeita com a indicação de Gleise?

Por fim, trata-se de mais uma mulher com perfil mais técnico/gerencial (e fama de trator) para comandar a Casa Civil. A mensagem é clara! Tão clara que nem bem esquentou a cadeira e Gleisi já descobriu que tem muitos amigos. Pela esplanada dos ministérios, eram só elogios à indicação da nova Ministra, nem a oposição ficou de fora do beija-mão.


E o Battisti? A decisão da soltura de Cesare Battisti é absolutamente correta do ponto de vista do Direto pátrio e está em plena consonância com as regras do Direito Internacional. Tanto é caso de asilo político, que gerou essa “comoção”, coisa que não ocorreu na época do asilo para Alfredo Stroessner (Ditador do Paraguai) ou da prisão ilegal de Ronald Biggs (assaltante do trem pagador na Inglaterra).

Do ponto de vista poítico também é correta. O asilo político é um instrumento humanístico para proteger perseguidos políticos. Em geral, quem precisa de asilo são pessoas ativas politicamente, ou seja, que sempre vão despertar sentimentos de amor e ódio conforme sua ideologia. E todo país perseguidor se define como uma nação democrática e alega que o perseguido é um criminoso comum condenado segundo o devido processo legal.

O conceito que protege Battisti é o mesmo que garante que, ao visitar o Brasil, o Dalai Lama não seja imediatamente algemado e extraditado para a China.

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De São Paulo-SP.


@MarcioTAQUARAL Rain Man! Quando tempo vai levar até o primeiro jornal denunciar que parentes da ministra Gleisi Hoffmann contam cartas em Las Vegas?

Um comentário:

  1. O Dalai Lama nao foi condenado a prisao perpétua por 4 assassinatos por um país com o setor judiciário independente.

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