sexta-feira, 13 de maio de 2011

Sítio do Pica-Pau Amarelo sob ataque

Começou com um parecer do CNE (Conselho Nacional de Educação) sobre o livro Caçadas de Pedrinho do escritor Monteiro Lobato. Tudo por causa de uma denúncia de um mestrando da UnB (Antônio Gomes da Costa Neto) que identificou um trecho do livro que ele considera racista. O CNE indicou uma série de medidas, entre elas, a inclusão de uma nota explicativa no trecho polêmico.

Daí para a imprensa, o parecer do CNE foi acusado de querer censurar Monteiro Lobato e banir o livro. Tudo mentira!

Por outro lado, surgiu um intenso movimento de detratores de Monteiro Lobato, que oacusam de ser sim racista, bem como sua obra. Para tal, alvoroçam-se em torno do trecho referido no parecer do CNE, no livro O Presidente Negro e em cartas do escritor para o escritor Godofredo Rangel e os cientistas Renato Khel Arthur Neiva.

A acusação ao livro Caçadas de Pedrinho é totalmente injusta, visto que os trecho supostamente racista é proferido pelas palavras da boneca Emília, conhecida personagem por não ter papas nas línguas e ofender à torto e à direito. O restante da obra infantil da turma do Sítio do Pica-Pau Amarelo não deixa dúvidas do papel central ocupado por Tia Anastácia (que sofre os xingamentos de Emilia) que é sempre retratada de maneira positiva, com uma espécie de representante da cultura popular.

Por outro lado, o livro O Presidente Negro, escrito por Monteiro Lobato com intenções de se inserir no mercado editorial norte-americano, é evidentemente racista. A história gira em torno de um conflito racial nos Estados Unidos e conclui propondo a segregação racial (nos EUA e no Brasil).

O conteúdo das cartas é inequívoco. Elogios ao Ku Kux Klan, defesa da eugenia e ofensas aos negros. Racismo puro!

Conclui-se então, que Monteiro Lobato era de fato racista. Assim como eram Joaquim Nabuco, George Washington, Júlio César, Montesquieu, entre outros.

Apesar de racista, é importante separar o autor de sua obra. Com exceção do mal-afamado livro O Presidente Negro, os romances de Lobato, além de não serem racistas, valorizam a cultura popular. Sendo assim, é descabida qualquer proposta de censura ou banimento dos livros de Monteiro Lobato.

Desvalorizar a obra do Pica-Pau Amarelo pelo seu autor é um argumento parecido com aqueles que querem desmerecer a luta de Zumbi porque havia escravidão (doméstica e por dívidas) em Palmares.

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De São Paulo-SP.

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