quarta-feira, 4 de maio de 2011

Bin Laden: Morre o terrorista, não o terror

Osama bin Laden foi morto em 02 de maio de 2011 no Paquistão. Sua morte foi celebrada nos Estados Unidos como uma vitória na “guerra ao terror”, mas tal fato é mais simbólico do que prático.

O homem mais procurado do mundo nasceu uma multimilionária família saudita e foi, por longos anos, aliado da CIA (ocasião em que lutou contra os Soviéticos no Afeganistão). Durante a 1ª Guerra do Golfo, Osama se irritou com a presença de tropas infiéis na terra das duas mesquitas sagradas e declarou guerra aos EUA. Organizou uma rede terrorista chamada Al Qaeda e promoveu uma série de ataques em todo o mundo, com destaques ao ataque a duas embaixadas norte-americanas em 1998, na Tanzânia e no Quênia. Em 2001 a Al Qaeda foi considerada responsável pelos ataques ao World Trade Center realizados em 11 de setembro.

A rede terrorista Al Qaeda se notabilizou por usar um sistema descentralizado de organização, através de células auto-suficientes, o que dificultava seu desmantelamento. Bin Laden, além de ideólogo do grupo, era seu principal financiador.

Antes de 11 de setembro, bin Laden já era o homem mais procurado do mundo, mas a partir dos ataques o exercido americano até mesmo invadiu o Afeganistão para caçá-lo. Uma perseguição mundial deste porte inviabilizou totalmente a liderança de bin Laden, afinal, ele não podia mais se comunicar com o grupo (até mesmo porque as células são independentes), nem financiar ações (pois o dinheiro seria rastreado pelo sistema financeiro). Resumindo, bin Laden até era o homem mais procurado do mundo, mas certamente não era mais o legendário inimigo que a população americana acreditava. Sua morte terá poucos resultados práticos na situação mundial, pois ele já não exercia mais tanto poder em seu próprio grupo. Dizer que a morte de bin Laden irá gerar atos de vingança por parte de seus seguidores é outra bobagem, afinal, a Al Qaeda nunca decretou qualquer trégua na sua jyhad contra os infiéis. Em suma, vivo ou morto, pouco muda.

O terrorismo é um termo com múltiplos significado conforme o interlocutor ou o momento histórico. No nosso entendimento, “terrorista” é aquele que busca atemorizar seus adversários para atingir seus fins (sejam revolucionários, religiosos, ecológicos, imperialistas ou de resistência) e, para tal, executa ações de violência contra alvos civis. Nessa definição, podemos incluir homens-bomba na Palestina, os ataques ao 11 de setembro, o seqüestro de civis na Colômbia, as ações de Israel nos territórios ocupados e as bombas de Hiroshima e Nagasaki. Todas ações de violência contra alvos civis para causar temor nos adversários.

Excluímos da definição de terrorismo os ataques contra alvos militares ou que não tenham como primeiro objetivo atemorizar seus adversários. Sendo assim, não são terroristas as guerrilhas (enquanto lutam contra exércitos ou paramilitares), ataques à bomba contra bases militares, aviões ou navios de guerra, nem assaltos à banco (cujo objetivo principal era arrecadar fundos para a luta armada e não atemorizar) ou seqüestros de aviões com objetivos de negociação.

Bin Laden e a Al Qaeda eram terroristas, que ninguém tenha dúvida disso. Muitas das ações do governo americano (e seus aliados) no Afeganistão e no Iraque têm elementos claramente terroristas.

A questão principal é que a morte de bin Laden pouco importa para a continuidade do terrorismo, uma vez que as origens do terror não foram modificadas.

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De São Paulo-SP.

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