Por Marcio TAQUARAL
O Fundo Monetário Internacional (FMI) é um banco, ou seja, sua administração não é democrática, mas baseada nas cotas dos acionistas. E essas cotas (como em qualquer empresa) equivalem à quantidade de dinheiro que cada um dos acionistas investiu. A questão interessante é o fato de que os “donos” do FMI são países, sendo assim, os EUA têm 17,46%, o Japão tem 6,26%, a Alemanha tem 6,11%, o Reino Unido e a França têm 5,05% (cada) e o Brasil tem 2,46% (17º maior acionista), sem se falar nos demais países.
Com a prisão e conseqüente renúncia de Dominique Strauss-Kahn, o FMI tem que escolher um novo Diretor-Geral (o Fundo não tem presidente). Pela tradição criada em Bretton Woods, o Diretor-Geral do FMI seria um europeu (e um americano no Banco Mundial). A China, os BRICS, os países em desenvolvimento e o resto do mundo podem reclamar a vontade, pois a decisão não é democrática, mas por cotas.
Para a Europa, é fundamental ter um Diretor-Geral do FMI afinado com suas pretensões, uma vez que a Grécia, a Irlanda e Portugal estão a beira da falência por causa da crise econômica mundial de 2009-2010. Se algum destes três países quebrar, a Zona do Euro entra em colapso e todos os esforços econômicos da União Européia vão pelo ralo. Mas, a principal preocupação do novo Diretor do Fundo deve ser com a Europa ou com o FMI? Se os interesses do FMI forem contraditórios com os da Europa, ele deveria optar pelos interesses do Fundo. Ao menos sempre foi assim quando o FMI tratou com os países subdesenvolvidos...
Outra questão polêmica é que os três países europeus que estão na berlinda não têm economias exatamente pequenas, ou seja, a ajuda do FMI (se houver) será em níveis muito maiores do que já ocorreram. E há quem diga que os recursos do Fundo não são suficientes para salvar os três primos pobres da velha Europa. Neste caso, a única solução seria capitalizar o Fundo, colhendo mais recursos dos acionistas. Agora, quando lembramos a situação do mundo pós-crise econômica, notamos que os únicos países em condição de aportar dinheiro para a capitalização do FMI são exatamente a China, os BRICS e outros paises em desenvolvimento. Ao investir no Fundo, estes países vão aumentar sua participação acionária e seu poder de voto, ou seja, vai fazer sentido sua pretensão na decisão sobre o novo Diretor-Geral do FMI.
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De São Paulo-SP.
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