Pelo andar da carruagem, Manuel Zelaya pode perder as esperanças... As elites golpistas de Honduras foram muito mais espertas que as venezuelanas, pois em vez de prender o presidente preferiram exilá-lo. Não havendo mártir a ser salvo, a força do imaginário popular não foi tão grande, de modo que a pressão dos aliados de Zelaya não tiveram e nem terão condições de reverter o golpe.
As pressões diplomáticas externas certamente incomodam as elites hondurenhas, já que lhes causam prejuízos financeiros, mas para se manterem no poder elas agüentam as sanções até as eleições presidenciais. Assim, o governo golpista vai manter as eleições para novembro e eleger sub-democraticamente um sucessor. Acontecendo isso, o novo governo hondurenho, supostamente legítimo, vai solicitar o fim dos embargos.
Resumindo, Honduras continuará sob o jugo de suas elites golpistas e Zelaya continuará chupando o dedo. Talvez, para disfarçar um pouco, permitam que ele volte ao país, mas certamente nunca ao poder.
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De São Paulo-SP.
FOTO: Reuters
Você não acha que chamar novas eleições nessa situação é manter o golpe?
ResponderExcluirCreio que essas eleições demonstrarão, na verdade, quais Estados realmente estão contra esse golpe e quais estão apenas marcando posição.
Porque o que se espera é a manutenção dos embargos mesmo após chamarem novas eleições, mesmo porque o Zelaya não poderá concorrer, não é verdade?
As eleições já foram chamadas, estavam marcadas antes do golpe.
ResponderExcluirE Zelaya, como presidente, já não poderia concorrer à reeleição.
Na minha opinião, a eleição vai ser questionável, pois ocorre sob um governo golpista e ilegítimo. Mas, duvido que essa seja a opinião do Departamento de Estado Americano, ou da OEA ou da ONU etc.
Provavelmente, apenas alguns países da America Latina vão questionar o novo presidente e, se o Brasil não estiver entre eles, dificilmente algum embargo será mantido.
Essa semana o Marco Aurélio Garcia declarou que "não queremos sequer imaginar a possibilidade de que o governo Micheletti pudesse organizar as eleições". Considerando que ele é Assessor Especial da Presidência, essa também deve ser a opinião de Lula.
Eu pessoalmente preferia que houvesse uma solução mediada, com o retorno de Zelaya e a realização de eleições livres (das quais ele não participaria como candidato, inclusive, ele nem quer...). Por fim, o mundo nem sempre é como queremos e sustento o que escrevi em "Tarde demais para Zelaya".