A morte do Senador Ted Kennedy foi amplamente repercutida no Brasil, apesar de que sua atuação pouco influenciou na vida de nosso País. Infelizmente, pois que era um progressista, um liberal (no sentido americano do termo) que defendia os direitos humanos, que questionava as Ditaduras Latino-Americanas (que a Folha de S. Paulo acha que foi branda) e foi um grande adversário da política imperialista e beligerante do ex-Presidente George W. Bush.
No imaginário popular dos norte-americanos encerra-se um ciclo, pois Edward Kennedy era o último irmão de uma geração que é considerada por muitos como uma espécie de família real dos EUA. Tudo começou com o pai, Joe Kennedy, um grande contrabandista de álcool durante a Lei Seca que ficou muito rico, mas foi desprezado pela elite WASP (branca, anglo-saxã e protestante), já que era católico, era descendente de irlandês e tinha origens humildes. Não podendo ser presidente, decidiu preparar os filhos para tal. A competição entre os filhos era tanta que, durante a Segunda Guerra Mundial, ao saber de um ato de heroísmo de John, o irmão mais velho Joseph Jr. arriscou-se numa perigosa missão para superá-lo e acabou morrendo. O resto da história todos conhecem: John virou presidente e foi assassinado. Bob se candidatou a presidente e foi assassinado. Ted fez uma barbeiragem e perdeu a chance, mas continuou no Senado (onde estava desde 1962).
A comoção pela morte de Ted Kennedy tem menos a ver com sua atuação como senador e mais a ver com seu sobrenome. Claro que muitos reconhecem seus feitos, mas essa morte não seria noticia no mundo inteiro se não carregasse o sobrenome famoso, quase real...
Diga-se de passagem, os americanos sentem tanta falta de uma família real que inventaram até um modelo de Senado para suprir essa deficiência. Logo após a guerra de independência, os pais fundadores da nação queriam uma Câmara Alta e uma Câmara Baixa no melhor modelo inglês, mas não sabiam como fazer porque não tinham sua própria nobreza. Então inventaram o Senado, em que os Senadores têm mandatos mais longos e, por não sofrerem tanta pressão do eleitorado, tem posturas muito mais conservadoras do que os deputados.Lembre-se disso na próxima crise do Senado Brasileiro...
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De São Paulo-SP.
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