Qualquer idiota sabe que a hipocrisia corre solta no Congresso Nacional. Diante do último escândalo (essa confusão das passagens emitidas para o exterior ou para parentes de deputados), teve deputado se justificando que não fez nada de ilegal. De fato, de ilegal não fez, mas o fato de ser legal não significa que é legítimo, certo ou justo. É natural que os deputados tenham passagens para o deslocamento entre Brasília e suas bases, porém não faz o menor sentido que essas cotas sejam usadas para qualquer outra função. Isso, por si só, já encerraria qualquer discussão sobre a comutatividade, o destino ou a transferência de passagens, no entanto o clima de hipocrisia é tamanho que alguns ilustres parlamentares vêm “oportunamente” propor a “regulamentação” das passagens...
Somada à hipocrisia dos deputados, vemos a hipocrisia da imprensa. Em mais uma tentativa de desmoralizar a política, alguns jornais decidiram denunciar todos que usaram a cota para viajar para o exterior (citando, inclusive, a quantidade de vezes!). Retomando o raciocínio do parágrafo anterior, o centro da crise não é o destino da viagem, mas seu objetivo. Se os deputados foram ao exterior para cumprir alguma função parlamentar, então não há nada de errado.
Por fim, fica a hipocrisia do Deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), pego com a boca na botija cedendo sua cota de passagens para a filha. Gabeira é duplamente hipócrita: primeiro quando se proclama progressista, calcado no seu passado revolucionário, mas está sempre aliado aos coronéis do atraso, aos capachos da ditadura e aos neoliberais entreguistas; segundo quando compôs um grupo de parlamentares auto-intitulados “bancada da ética”. O que os supostamente-éticos vão dizer sobre o colega Gabeira? Pedirão CPI? Cassação?
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De São Paulo-SP.
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