terça-feira, 5 de abril de 2011

Polícia Militar: Propostas malucas! Ou não?

O mais assustador não foi a Polícia Militar executar um cidadão em um cemitério de Ferraz de Vasconcelos. O mais assustador é saber que essa é uma prática quase rotineira. Trata-se de um resquício da Ditadura no País que acha que não deve haver “revanchismo” e que a “anistia vale pra todos”. Falsos argumentos derrotados pelos fatos: o Brasil é o único país da America Latina em que a tortura aumentou após o fim da Ditadura. Será que isso é culpa da democracia? Não, a culpa é de não ter ocorrido um acerto de contas.

Enfim, devido ao nosso tenebroso passado recente, a polícia se sente no direito (para eles dever) de executar quem os incomode. A investigação sobre o Esquadrão da Morte nos anos 70 revelou que as ações do grupo não eram meros “justiciamentos” de criminoso, mas em geral vinganças pessoais e acobertamento de crimes cometidos por eles mesmos. Ou seja, a atuação violenta e assassina da polícia não é voltada contra o crime, mas a favor dele. O “cidadão de bem” não vai ter mais segurança por conta destas execuções sumárias.

E como resolver tal situação? Em primeiro lugar, a Comissão da Verdade é fundamental para esclarecer os crimes ocorridos na Ditadura. Somente com luzes sobre os porões é possível superar o passado.

Em segundo lugar, com propostas arrojadas de mudança do caráter da polícia. Não há sentido em existir uma polícia militarizada. O policial deve ser tratado como mero servidor público, sujeito aos mesmos direitos e deveres. Sua autoridade deve ser tão efetiva como a de um médico ou professor. Militares servem para manter a paz, preparando-se para a guerra. Se a polícia é militar, então a sociedade está em guerra.

Em terceiro lugar, haverá quem nos chame de malucos, a alternativa é desarmar a polícia. Em vez de metralhadoras e fuzis de alto calibre, melhor seria que nossos policiais portassem cassetetes, armas de choque e munição de borracha. Tal equipamento “alternativo” é plenamente eficaz para interromper uma ação criminosa e incapacitar um bandido sem feri-lo mortalmente. Mas, e como os pobres policiais se defenderiam dos ataques de criminosos bem armados? Ora, uma rajada de balas de borracha é mais do que o suficiente para isso. E quem já levou um tiro de bala de borracha pode atestar o efeito.

Com tais medidas, espera-se que os policiais se enxerguem como servidores públicos cuja sua função é evitar crimes e não cometê-los.

Talvez sejam propostas malucas. Talvez sejam, mas execuções em cemitérios não são um exemplo de sociedade em sã consciência...

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De São Paulo-SP.

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Assunto espinhoso! Mas matou a pau! Vou além, tomando uma abordagem antropologica arrisco dizer que assim como os Balineses de Clifford Geertz se revelavam na rinha de galos, a América do Norte na violência Hollywoodiana, a "Execução" no Brasil é um âmbito privilegiado para suscitar símbolos e características culturais que remontam a formação cultural de nosso país. Comissão da Verdade pode ser um bom passo, desmilitarização policial idem. Mas um longo processo divide a realidade da sociedade brasileira do ideal de uma cultura de paz. Nos rincões do Brasil a "arma na cinta" ainda é lei e a execução prática comum e varrida para baixo dos tapetes do anonimato.

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  3. Acho que meu comentário vai ser tirado, assim como o primeiro, por ser contrário à idéia do autor... mas arrisco assim mesmo.
    Por favor, fale sobre a Polícia quem, no mínimo, viveu o dia a dia de um policial militar, ou tem um amigo ou parente policial militar que enfrenta o crime, todos os dias, nas ruas. A Polícia Militar evoluiu muito nos últimos anos, não é a "Polícia da Ditadura" como revanchistas ainda insistem em dizer e é reconhecida como uma das melhores polícias do mundo. Por isso, peço no mínimo isenção na opinião, procure saber um pouco mais e conhecer sua Polícia. Num universo de 100 mil homens, certamente há alguns mal caráter, bandidos que se "escondem" atrás da farda... isso acontece em todas profissões. Por favor, sejam justos!!!

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  4. Prezado anônimo. O primeiro comentário foi retirado pelo "autor do comentário", não pelo autor do blog. Até mesmo, porque não é contrário à ideia do artigo. Se você quiser dar uma boa lida no blog, vai reparar que nenhum comentário foi excluído por mim e que adoro debater com quem pensa diferente.

    Enfim, acho que existem policiais honestos, mas também existem torturadores e assassinos (como os exemplos citados). Diante disso, alguém tem que tomar uma atitude. Minhas propostas são essas. Você discorda delas? Por que?

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