quinta-feira, 28 de abril de 2011

Quem sabe, sabe! Mas quem sabe, sabe que quem manda no Kassab é o Serra

Por Marcio TAQUARAL


Enquanto o PSDB escorre pelo ralo, seu ex-líder máximo, José Serra, mantém um silêncio sepulcral. Também pudera, ele é o verdadeiro articulador máximo do PSD (como foi nomeado o novo partido de Gilberto Kassab, suposto prefeito de São Paulo).

Como já prevíamos no ano passado, a derrota na eleição presidencial gerou uma reorganização da Direita. Por um lado, o DEMo e o PPS, primos pobres da oposição, minguaram de votos a ponto de serem considerados partidos em extinção. A alternativa? Fusão com o primo rico PSDB. Com isso, os tucanos vão cada vez mais à Direita, o que é natural para um partido liderado por Geraldo Alckmin, governador de São Paulo. Mas não é natural nem para o senador Aécio Neves e nem para Serra, que sabem que a maior parte dos votos está no Centro.

De outro lado, muitos políticos clientelistas não conseguiriam sobreviver mais 4 (talvez 8) anos fora do governo. São políticos de Direita, mas que querem aderir ao governo. Para eles, nada melhor do que fundar um partido de Direita, mas que seja governista, ou seja, o PSD.


E o Kassab com isso?

Kassab é um acaso na política. Sempre foi um apagado deputado federal do DEMo em um estado em que o DEMo nunca teve influência. Apesar de apagado, Kassab é um sortudo, pois foi escolhido a dedo para integrar a chapa de Serra candidato a prefeito. Moto continuo, Serra renunciou para ser candidato a governador (descumprindo documento registrado em cartório em que prometia terminar o mandato) e Kassab herdou a maior cidade do Brasil. Em 2008 ocorreu uma grande rusga interna dentro do PSDB de São Paulo e o então governador José Serra apoiou (nos bastidores) a reeleição de Kassab em detrimento do candidato do partido, Geraldo Alckmin. Dizia-se na época que era uma vingança pelo fato de Alckmin ter tomado de Serra a vaga de presidenciável em 2006.

Como o mundo dá voltas, hoje Alckmin é o governador e recentemente conseguiu emplacar seus aliados na direção do Diretório Municipal do PSDB. Resumindo, Serra é carta fora do baralho. Ocorre que Serra se considera um predestinado à Presidência da República desde os tempos do movimento estudantil e não vai ficar calado na hora que o jogam para escanteio. Ou melhor, ele até fica calado, mas articulando nos bastidores.

Com pouco espaço no PSDB, Serra partiu para o tudo ou nada e deu impulso às pretensões de Kassab como candidato a governador. Para tal, foi necessária a criação do novo partido, afinal, se o DEMo se fundir ao PSDB, Alckmin nunca daria espaço para Kassab. Além disso, o novo partido fica sendo o plano B de Serra para as eleições de 2014, pois ele quer se candidatar a algum cargo nacional. Se Serra não tiver o que quer do PSDB, não tenham dúvidas de que ele mudará para o barco do PSD.

Ao PSD haverá dois momentos cruciais. O primeiro será a eleição municipal de 2012. Se Kassab conseguir eleger seu sucessor, estará credenciado como forte candidato a governador. O segundo momento será de fato a eleição de 2014, onde Kassab será candidato a governador de São Paulo pelo PSD. Nesta eleição, Serra pretende ser candidato presidencial novamente, seja pelo PSD, seja pelo PSDB. Após isso, qualquer previsão é achismo.

**********
De São Paulo-SP.

Nenhum comentário:

Postar um comentário