Há 47 anos os países-membros da Organização dos Estados Americanos (OEA) cometeram uma das maiores excrescências da Política Internacional ao expulsar Cuba da organização. Foram 14 votos pela expulsão, 1 contrário (de Cuba) e 6 envergonhadas abstenções (incluindo o Brasil de João Goulart). A desculpa para a expulsão de Cuba foi a oficial adesão de seu governo ao Marxismo-Leninismo que, segundo a resolução da OEA, “quebra a unidade e solidariedade do hemisfério”... Em suma, o fato dos Estados Unidos invadirem militarmente outros países do continente não ameaça a solidariedade do hemisfério, mas o alinhamento de Cuba ameaça. O resto da história conhecemos bem: com apoio financeiro e logístico dos EUA, a maior parte dos países membros da OEA caíram sob o julgo de sangrentas ditaduras.
A recente decisão de autorizar a re-filiação de Cuba na OEA é uma prova de que o mundo realmente mudou e que os países do continente não são mais absolutamente submissos ao Império Americano. O mais importante foi a derrota da proposta estadunidense de condicionar a re-filiação de Cuba à reformas.
Para atrapalhar a festa, o ex-presidente cubano, Fidel Castro, declarou que acha que a ilha não deve voltar à OEA, já que está organização é cúmplice de crimes contra Cuba. Anteriormente ele havia proposto a extinção da OEA e a instauração de outra organização no lugar, dessa vez sem os EUA.
De fato, Fidel tem alguma razão nas denúncias, mas se Cuba decidir ficar fora da OEA, a vitória da “rebeldia” latino-americana contra a política externa dos EUA terá efeito inverso. O não-ingresso de Cuba na OEA será usado pelos Estados Unidos como prova de que a pequena ilha não quer se integrar ao resto do continente e que, por isso, representa um perigo, mantendo assim o vil embargo econômico.
Com todo respeito a Fidel, torcemos para que, nessa questão, o Presidente Raúl Castro seja menos orgulhoso e mais pragmático que o irmão.
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De Campinas-SP.
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