quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O Voto Individualizado é um Problema Coletivo

Por Marcio TAQUARAL

Quando vota, você escolhe um parlamentar que trabalhe em beneficio da sociedade em geral? Ou em um político que lhe beneficie diretamente?

Independente da sua resposta (e da sinceridade dela), saiba que o sistema eleitoral Brasileiro privilegia os candidatos que trabalham em beneficio direto de seu pequeno grupo de eleitores, em detrimento dos que trabalham pelo beneficio da sociedade em geral.

Ocorre que no sistema Brasileiro, os políticos são eleitos nominalmente. O eleitor vota em uma pessoa e só se lembra de quem votou quando essa pessoa é eleita e faz alguma coisa muito boa ou muito ruim. Acontece que ficar famoso por uma coisa boa não é uma tarefa fácil, uma vez que as coisas no Congresso dependem da aprovação da maioria dos parlamentares. Ou seja, o mérito pelas boas causas coletivas acaba diluído entre os vários deputados e senadores (que são sempre “vários”, uma vez que somente são aprovados os projetos que tiverem maioria de votos...).

Por outro lado, é mais fácil um político receber os méritos quando trabalha em beneficio de seu curral eleitoral. Mesmo que o referido projeto tenha o voto dos “vários” parlamentares, somente aquele político estará ali no dia-a-dia para reivindicar os “benefícios”. Para conseguir apoio ao beneficio em seu curral eleitoral, o parlamentar tem que trocar esse apoio por projetos de seus colegas (mesmo que não concorde com eles). Assim surge o tomá-lá-dá-cá, em que todo mundo vota e ninguém sabe no que.

Em suma, quem faz a política da paróquia e de trocar favores tem mais chance de se reeleger. E, como se sabe, os únicos políticos que não querem se reeleger são os que querem se eleger pela primeira vez (e a partir daí vão querer se reeleger).

Esse não é o único problema do sistema eleitoral Brasileiro, mas é um dos maiores. E qual é a solução? Há quem diga que é o voto distrital... Balela! O voto distrital é o que vincula o candidato ao distrito pelo qual se candidata, ou seja, força ainda mais a relação com o curral eleitoral e reforça o clientelismo. A individualização da política não vai coletivizar as soluções dos problemas da sociedade.

Em nossa opinião, a solução para este problema é o voto em lista partidária. Com isso, o eleitor vai ser obrigado a escolher com base no programa geral daquele partido. O partido que se mantiver atrelado à política paroquiana vai acabar se resumindo a poucos parlamentares isolados que não vão ter potencial para aprovar seus projetos. Conseqüentemente, os parlamentares vão ter que votar abertamente em projetos de beneficio coletivo para toda sociedade e deixar claras suas opiniões ideológicas. Uma política muito mais sincera.

O voto em lista partidária não resolve todos os problemas do Brasil, mas resolve alguns, principalmente este que descrevemos.

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De São Paulo-SP.

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