A imprensa ignora a UNE desde o Fora Collor (que só parou de ignorar quando as manifestações ficarão impossíveis de serem escondidas). Essa semana a imprensa “redescobriu” a UNE, mas apenas para atacá-la. Criticas fazem parte da Democracia, então esse não é o problema. O problema é quando TODOS os principais jornais do Brasil passam a atacar uma entidade que até semana passada eles solenemente ignoravam. É um fato, no mínimo, estranho...
Outro problema é quando a crítica não tem o menor embasamento. Citaremos, e rebateremos, algumas das criticas sem base feitas (algumas eram mentiras descaradas) contra a UNE:
UNE chapa-branca (editorial do Estadão de 20/07)
O argumento central do Estadão é que a UNE é chapa-branca do Governo Lula porque recebeu dinheiro. O editorial “denuncia” que a entidade recebeu R$ 10 milhões desde 2004 e que vai receber mais R$ 36 milhões para reconstruir sua sede. Apesar de não mentir, o Estadão omite fatos e não esclarece que todo dinheiro recebido pela UNE é relacionado a projetos, na maioria culturais, que qualquer outra entidade teria acesso (muitas outras tiveram). O Estadão também omite que antes do Governo Lula a UNE também recebia verbas federais para os projetos culturais e nunca deixou de combater o Governo FHC. Por fim, o Estadão não esclarece que a sede cuja reconstrução o Governo vai financiar é mesma que o Exército demoliu durante a Ditadura, ou seja, é uma indenização.
Jovens velhos (editorial da Folha de 21/07)
Foi o ataque mais autêntico, por sua vez mais patético. A Folha tenta questionar a UNE por sua forma de eleger a Diretoria (através de delegados em um congresso). Porém, ao longo do texto, percebemos que o que incomoda a Folha é outra coisa. Sem medo de ser feliz, o jornal da família Frias clama contra a UNE, a Petrobrás e as centrais sindicais. Mais adiante, acusa a entidade de ser atrasada por se preocupar com carteirinha (que é a garantia do direito à meia-entrada) e a entrada do capital estrangeiro nas universidades. Pelo menos foi sincera.
Caras-pintadas-de-branco (coluna de IGOR GIELOW na Folha em 20/07)
O artigo desse ilustre desconhecido (quem quer que seja ele...), quando retirada toda a verborragia, resume-se a uma tentativa de dizer que a UNE não teve grande importância no Fora Collor... Lamentável!
Educação não é mais interesse da UNE (quadro "Liberdade de Expressão com Carlos Heitor Cony e Arthur Xexéo” na CBN dia 21/07)
Arthur Xexéo declara que a UNE só tinha importância porque tratava de educação. Ignora a campanha pela adesão do Brasil aos Aliados na 2ª Guerra Mundial, a campanha do Petróleo é Nosso, o combate a ditadura e o Fora Collor. Como bem respondeu Cony, são todos fatos políticos. Xexéo também se equivoca ao dizer que “faz tempo que a UNE não trata de Educação”, ignorando que tramita no Congresso Nacional um Projeto de Lei de Reforma do Ensino Superior que é de autoria da UNE.
Por fim, Xexéo diz a barbaridade de que a UNE ao tratar de política se enfraquece já que não são assuntos de seu interesse e que não lhe dizem respeito. Duvido que Xexéo dirigiria tal afirmação, que caberia na boca do Coronel Erasmo Dias, à OAB ou à ABI.
A UNE não exerce mais um papel de vanguarda no movimento estudantil (Quadro “Por dentro da Política com Lúcia Hippolito” na CBN dia 21/07)
Inicialmente, Lúcia Hippolito foge do tema da matéria, que seria os estragos ocorridos em algumas escolas utilizadas como alojamento para os delegados ao Congresso da UNE e, em um discurso inflamado e ressentido, decretou que historicamente “a UNE é oposição a qualquer governo”... Hippolito, que se diz historiadora, não deve saber que o Congresso de fundação da UNE em 1937 nomeou Getúlio Vargas seu presidente de honra. Também ignora o apoio da UNE aos governos de Jango, Sarney e Itamar.
Lúcia mente ao dizer que “no Congresso não se ouviu uma única palavra sobre mais acesso a universidade, democratização do acesso e mais verba para educação”, já que esses temas são exatamente os mais debatidos em todo o Congresso, como pode ser conferido na programação e nas resoluções aprovadas
Não contente com as barbaridades, a “jornalista” diz que é uma contradição o presidente da UNE ser jovem e do PCdoB, pois seria um partido “embolorado”, ignorando que a maior juventude política do Brasil é a UJS, referenciada politicamente no PCdoB.
Por fim, novamente Hippólito mente quando fala que o novo presidente da UNE é estudante profissional, não trabalha e vive de mesada do pai. Além disso, trata-se de uma contradição, pois se ele é profissional, isso quer dizer que ele trabalha e não vive de mesada.
Curiosamente, ao citar a UNE da sua geração, Lúcia Hippólito não cita qual foi seu papel nos tempos de estudante. Talvez porque a jornalista nunca tenha participado do Movimento Estudantil...
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De São Paulo-SP.
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