terça-feira, 7 de julho de 2009

O gasto e o investimento

Nesses tempos de crise mundial, muitos colunistas econômicos seguidores da ideologia neoliberal ficaram meio sem moral para fazer suas análises, afinal de contas, ninguém vai dar crédito para quem defendeu tudo que deu errado na última década. Na falta do que criticar, esses setores da mídia alertam para os “gastos do Estado”, que segundo eles é o maior dos pecados.

Bobagem, já que em tempos de recessão, quanto mais o Estado gastar, mais a economia se movimenta e apressa a saída da crise. Mesmo assim, os colunistas neoliberais bradam bravamente contra o “gasto público”.

Às vezes, tais colunistas fazem questão de diferenciar o “gasto” público do “investimento” público. O gasto, nefasto segundo eles, é tudo que tiver relação com folha de pagamento. O investimento, por sua vez, é o bom uso do dinheiro público.

Curiosamente tais colunistas criticam apenas a forma de gastar o dinheiro público, mas não dizem uma palavra sobre seu fim. Em vez de questionar se o governo investe em pesquisa ou propaganda, eles questionam se houve aumento do funcionalismo público ou se foi contratada uma empresa.

A curiosidade tem um conteúdo oculto. Vejam só que para investir em saúde e educação, qualquer governo terá de contratar professores e médicos. Mas isso será criticado como “gasto” público. Porém, se um governo contratar uma empresa terceirizada para fazer alguma coisa relacionada à educação ou à saúde, estará fazendo um benéfico “investimento” público.

Resumindo, a despesa do governo só é boa quando der lucro para algum empresário.

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De São Paulo-SP.

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