sábado, 5 de novembro de 2011

Considerações sobre a Ocupação da Reitoria da USP:


Por Marcio TAQUARAL

1 – Universidade não é local para o consumo de drogas. Essa liberdade individual deveria ser exercida na própria casa do usuário, em frente ao pai e a mãe dele.

2 – Prender os consumidores de maconha é a maneira mais burra que existe para tratar o problema das drogas.

3 – O consumo de drogas não é a causa da violência na USP, ou seja, a Polícia Militar está perdendo seu tempo prendendo estudantes em vez de fazer rondas ostensivas e coibir crimes mais graves.

4 – A USP é um lugar violento, pois faz parte de uma cidade violenta. Precisa de policiamento, mas seria melhor se tivesse uma Guarda Universitária com efetivo real e treinamento especializado.

5 – O Movimento Estudantil está correto quando questiona o convênio da USP com a PM. A Polícia Militar não tem preparo para coibir crimes, apenas para reagir a eles. O ideal mesmo era a extinção da PM.

6 – Ao prender três “perigosos” estudantes que fumavam maconha, a PM mostrou a que veio. Escancarou que sua presença não tem nada a ver com a proteção dos estudantes, mas que é um instrumento de repressão das liberdades universitárias.

7 – Ao ocupar o prédio da administração da FFLCH, meia dúzia de malucos conseguiu reverter a opinião pública. Se antes todo mundo estava a favor dos estudantes contra a PM, depois da ocupação a maioria da população paulistana ficou a favor da presença da PM. (muito provavelmente a ocupação do prédio não tem relação de causa e consequência com a atuação da PM, foi apenas uma desculpa.)

8 – Em geral, a Assembleia é um instrumento de manipulação do Movimento Estudantil. Os organizadores mudam a pauta a seu bel prazer (e depois invertem tudo novamente), dão a palavra apenas a seus amigos e seguram a votação até o horário em que nenhum estudante real esteja mais presente. Resultado: apenas os militantes votam, em decisões que, em grande parte, não reflete a opinião do conjunto discente.

9 – Se, diante de toda a manipulação, a Assembleia votou pela desocupação do prédio da administração da FFLCH, provavelmente essa opinião era desproporcionalmente majoritária. Ao ignorar tal decisão e ocupar a Reitoria da USP, os pequenos grupos supostamente de Esquerda estão tirando suas máscaras democráticas e assumindo que não dão à mínima para a opinião da maioria. Ligam apenas para a própria.

10 – Pelos erros de alguns idiotas malucos, que querem apenas brincar de Revolução, o Reitor da USP, João Grandino Rodas (um notório fascista), conseguiu mais apoio do que nunca e vai conseguir manter o convênio com a PM.

CONCLUSÃO: quem perde nessa história são o Movimento Estudantil e a USP. A ação inconsequente de alguns playboys radicalizados coloca em cheque toda a atuação de um movimento muito mais amplo. História parecida foi vista na Itália e na Alemanha dos anos 70, quando as Brigadas Vermelhas e o Baader Meinholf bloquearam o avanço eleitoral da Esquerda e deram legitimidade para o recrudescimento da Direita.

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De São Paulo-SP.

8 comentários:

  1. Então Taquaral, só discordo da sua afirmação de que a opinião pública era contraria a PM no campus antes da ocupação. Em verdade, desde o assassinato do Estudante da FEA, a opinião pública é bastante favorável a presença da PM. Temos que lembrar que a maioria das pessoas acredita que a PM seja algo além de um bando de tapados armados e fardados. Mas de resto realmente acho que a ocupação, da maneira que se deu, pode representar um retrocesso na pauta geral...

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  2. Acho um tamanho desperdício os estudantes estarem gastando energia com essa manifestação! A geração "cara pintada" se preocupava com ideais mais consistentes. Por muito menos do que vemos todos os dias nos jornais, sobre as notícias de corrupção nesse governo atual, os estudantes saíram às ruas e derrubaram o presidente Fernando Collor do poder.
    E hoje? qual o motivo??? basicamente o "direito" de usar drogas no campus da faculdade sem serem incomodados pela polícia! Como se o Campus fosse um território neutro, se leis não existissem ou se o consumo de drogas fosse liberado.
    Francamente? É ridículo o papel dessas pessoas que logo serão profissionais cuidando do futuro do nosso país...E nós, que trabalhos todos os dias, pagamos esse absurdo de impostos, vemos essa dinheirama arrecadada sendo mal gasta e "surrupiada", temos cada vez mais a certeza de que o Brasil nunca será um país de primeiro mundo, não com esses nossos estudantes "idealistas".

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  3. Tanta coisa para protestar e de maneiras mais eficientes. A imagem que os estudantes passam é de uns alienados maconheiros querendo criar uma sociedade alternativa na faculdade. Que vergonha !!!
    Extinguir a PM ? Viajou na maionese....

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  4. São estes estudantes da USP que vão melhorar o país ? O PT era assim reclamão , baderneiro cheio de "idéias" o que se viu ??? Quando chegaram ao poder mostraram o que sempre foram...ratos, mediocres, aproveitadores , não se engane os "bons" estavam estudando num turno e trabalhando no outro.

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  5. Ótima análise.Completaria com a questão da mídia em geral,visívelmente se posicionando contra os estudantes e colocando opiniões simplistas .Não mostrando todos os lados do problema levaram a opinião pública a generalizar perigosamente.

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  6. Até quando a polícia e o Estado brasileiro vão "passar a mão por cima" do filhos de papai?
    Se todos os "estudantes" fossem pobres e filhos de trabalhadores comuns? Será que o tratamento seria o mesmo?Estudante universitário e pobre tem que trabalhar, dar conta da família...
    Sugiro que os vândalos fumem maconha com seus parentes e peçam apoio ou aplausos!!!

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  7. Sugiro aos bravos protestantes que façam coisas mais nobres como:
    Trabalhar na construção civil;servir ao exército brasileiro; denunciar traficantes, pedófilos e assassinos.
    Exercer algum tipo de trabalho voluntário.
    Doar sangue.
    Aproveito e parabenizo aos pais dos marginais que estão dando esse belo exemplo de cidadania ao país!
    Se ou universitários estão agindo dessa forma o que as autoridades vão querer cobrar das pessoas com menos escolaridade e menos benesses da vida?

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  8. Bom dia... sou um pai de família, medico, ex-estudante de universidade pública (a qual participava ativamente do movimento estudantil).. e como estudante fiz parte dos "cara-pintadas" protestando nas ruas contra a corrupção, que no contexto atual, não representava nem a metade do que vemos atualmente. Acredito que o problema destes alunos seja realmente a falta de foco para concentrar a energia de seus argumentos... Convenhamos que protestar pelo direito da não presença da polícia na USP tenha algum outro fundamento além de inibir o uso de drogas seria hipocrisia. Com a quantidade de assaltos, estupros e inclusive homicidios ocorrendo no interior de grandes universidades (não somente a USP), não acho que a segurança universitária seria capaz de atender tal demanda... As vezes chego a pensar se não são os próprios traficantes que estimulam este "agito" para não perderem o "grande mercado" universitário... quem sabe? De qualquer forma, indepedente dos alunos revolucionários serem "playboys" ou mesmo desprovidos de uma condição financeira mais confortável, tenho certeza que a opinião pública iria apoia-los 100% se concentrassem suas reivindicações e esforços em manifesações a favor de ensino público de qualidade, combate a corrupção, combate ao preconceito, a violência doméstica e infantil, a melhoria do SUS, a melhor remuneração dos professores (que muito deles virão a ser)... e deixem a polícia trabalhar em paz... Arriscar a vida diariamente por $889,00 reais ao mês e ainda sustentar uma família não deve ser fácil para eles também !!! E ainda... quando mais precisamos, querendo acreditar ou não, são os políiciais que acabam por resolver... seja a pacificação de uma favela, ou do resgate do pai de um "playboy" sequestrado...
    Vamos concentrar nossos esforços para mudar o país e não só do espaço que vivemos diariamente...

    Abraços

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