terça-feira, 1 de novembro de 2011

O Custo da Universalização

Por Marcio TAQUARAL



“Um país não pode ser levado a sério se não tiver ao menos sua própria cerveja e uma companhia aérea; ajuda se tiver um bom time de futebol e algumas armas nucleares, mas o mais importante é ter a própria cerveja” - Frank Zappa

Discordamos respeitosamente do roqueiro Frank Zappa. Em nossa opinião, só pode ser considerado sério um País que ofereça Saúde e Educação universal para sua população. Ou que pelo menos tente.

E esse é o caso do Brasil. Por pior que seja a qualidade, o nosso País busca oferecer Saúde e Educação para todos os seus cidadãos. Se um dia os dirigentes políticos tiverem vergonha na cara, vão cumprir a Constituição e fazer os investimentos necessários.

Não há campanha eleitoral em que os principais candidatos competitivos (e 100% dos candidatos eleitos) digam que a Educação e a Saúde serão as prioridades. Só falta cumprir...

Sempre se diz que no passado a Educação era boa (quem não tem um parente que estufa o peito para dizer que estudou em escola pública?). Ocorre que essa excelente Educação era direito de poucos, pois as vagas eram restritas (mais ou menos o que ocorre com as universidades públicas). Eis que veio a universalização, com a ampliação do acesso ao sistema educacional. Mas como ele também surgem problemas, afinal, alunos que antes estariam fora do sistema por deficiências de aprendizado, hoje querem continuar estudando. Estudantes mal-alimentados, sem livros em casa e, às vezes sem casa, ingressaram na escola. O tratamento a eles deve ser diferente (não no sentido discriminatório, mas para incluí-los). Diante de tantas situações novas, o sistema educacional precisa se adaptar, e para isso é necessário investimento financeiro, pedagógico e pessoal.

Na Saúde, desde 1988, o Brasil tem um sistema universal, o mal-afamado SUS (Sistema Único de Saúde). Trata-se de uma má-fama injusta. Antes do SUS, cada categoria profissional urbana tinha seu próprio sistema de saúde. Se o sistema da sua categoria fosse bom, sorte sua. Se fosse ruim, azar o seu. O sistema não era universal, ou seja, você não teria direito a ser atendido em outros estados. Além disso, esses sistemas só valiam para os trabalhadores urbanos, o que deixava a maior parte da população Brasileira sem acesso á saúde. Detalhe, estamos falando da saúde pública!

Com o advento do SUS, a saúde passou a ser realmente um direito de todos. E um dever de todos os entes federativos. Talvez seja esse o problema, quando muita gente é responsável, ninguém é responsável de fato. Assim, fica um jogo de empurra-empurra entre as prefeituras, estados e União para ver de quem é a culpa pela situação da Saúde.

Por ter se tornado universal, o SUS precisa de vultosos investimentos e, enquanto isso não acontecer, haverá filas. O fato do SUS ser universal saturou totalmente os hospitais e postos de saúde. Então é preciso fazer mais investimento. Simples assim.

Diga-se de passagem, essa é a única crítica que pode ser feita ao atendimento do SUS: filas. Ao contrário do que se propala pelas redes sociais por ai, o SUS oferece um excelente atendimento. Inclusive, os tratamentos mais elaborados, como câncer e transplantes, costumam ser feitos pelo SUS, já que muitos planos de saúde não cobrem ou impõe restrições.

Enfim, tanto na Educação, quanto na Saúde, o Brasil passou a ter sistemas universais. E somente o que é universal é realmente público. A universalidade traz alguns problemas iniciais, o que é natural, afinal, cuidar de poucos sempre e mais fácil do que cuidar de TODOS. Mas o País serve exatamente para cuidar do bem comum de TODOS. Ou seja, estamos no rumo certo, mas precisamos intensificar o ritmo.

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De São Paulo-SP.

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