Em geral, os governos caem porque são ruins e não tem apoio popular. Nas Democracias os governos caem institucionalmente, por vias normais e pacificas. Nos países autoritários, os governos caem da mesma forma que se sustentaram, ou seja, violentamente, uma vez que, não havendo espaço para uma oposição institucional, surgem grupos armados. Não sendo permitida a livre manifestação, o povo se manifesta como pode, seja queimando carros, prédios públicos, enfrentando o exército, a policia e destruindo o que passar pela frente. Não havendo alternativa, o país explode. Mas só explodem os maus governos, pois, em um país socialmente bem desenvolvido, ainda que haja descontentamento, poucos serão os que arriscarão sofrer a repressão do Governo.
Governos autoritários só caem com muita pressão. Os milhares de egípcios que protestaram durante semanas, mesmo sofrendo com a violência de Mubarak, não tinham nada a perder. Estavam desempregados, passando fome, sem qualquer perspectiva. A estes restavam poucas opções: podiam esperar e manter sua confiança no governo, podiam partir para a criminalidade, ou fazer a revolução. A situação do Egito levou ao terceiro caminho.
A exportação deste fenômeno por demais países árabes ou do oriente médio podem ocorrer, mas a intensidade da revolta será medida pelas condições socioeconômicas de cada país. Se a situação do povo da Líbia estiver ruim, os protestos continuarão mesmo com repressão. Naquela região o Irã é o país com melhores indicadores, ou seja, as manifestações que lá ocorrerem podem ter a mesma inspiração, mas não a mesma adesão. Daquela região, a mais repressora ditadura é a da Arábia Saudita, mas este país só será abalado por revoltas se o povo estiver mal.
Bons governos, mesmo quando autoritários, do geral são estáveis.
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De São Paulo-SP.
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