terça-feira, 7 de setembro de 2010

Novo partido de Serra

Por Marcio TAQUARAL

Com o novo factoide (a tal quebra de sigilo de Verônica Serra), o candidato a presidente pelo PSDB, José Serra, elevou a voz para cima do PT, mas até outro dia estava mansinho, mansinho. Tão mansinho que muita gente da oposição criticava abertamente o teor da propaganda do tucano. Estava pouco agressiva, nem parecia vir de um candidato da oposição e usava até mesmo fotos do Presidente Lula. Nada na política é de graça. Tudo tem um motivo...

As perspectivas tucanas não são muito agradáveis. Com a derrota em plano nacional, o PSDB prevê redução na sua bancada na Câmara dos Deputados e no Senado. Além disso, só têm perspectiva de eleger dois governadores, Geraldo Alckmin em São Paulo e Beto Richa na Paraná (Antonio Anastasia em Minas Gerais, está empatado tecnicamente com Hélio Costa, por isso não entra na conta).

O resultado da eleição para os governos estaduais deve demonstrar o futuro do PSDB. Ao que tudo indica, a liderança tucana de maior envergadura passará a ser Geraldo Alckmin, da ala mais conservadora do partido (coerente com o movimento que o PSDB faz à Direita).

Após a eleição presidencial, deve ocorrer uma grande reorganização partidária. Em geral, os deputados de Direita são clientelistas e dependem da máquina pública, ou seja, querem ser governo, não oposição. Sendo assim, a partir do momento que perderem a eleição, vão começar as maquinações para mudar de lado e aderir ao vencedor. Por conta da fidelidade partidária, o parlamentar que mudar de lado sem mais nem menos acaba sem mandato, a não ser que seja fundador de um novo partido (entre outras alternativas que não caberiam). Em suma, circula pelos corredores de Brasília a ideia da fundação de um novo partido para receber os fisiológicos... Seria um partido de Direita, mas governista.

Como se sabe, essa história de ideologia nunca foi o forte da Direita. Aécio Neves, grão-tucano, namorou bastante a ideia de migar para o PMDB e compor chapa com o PT. Abriu mão da ideia por cálculo político, não ideologia. No pós-Lula, ninguém sabe o que passará pela cabeça deste mineiro...

Geraldo Alckmin ao que tudo indica será o grande herdeiro do espólio tucano. Mas ele mesmo vacilou bastante em sua permanência no PSDB. Após ser fragorosamente derrotado para prefeito (com articulação direta de José Serra), Alckmin estava de malas prontas para aderir ao PSB, que lhe ofereceu vaga para candidatura ao Governo do Estado, coisa que Serra tentava impedir. A mudança era tão certa que Alckmin mandou o vereador Gabriel Chalita na frente, para ir sentindo o ambiente... Antes que a mudança se consumasse, Serra voltou atrás e, para segurar Alckmin, lhe ofereceu uma secretaria e prometeu a candidatura.

E Serra? Derrotado novamente para presidente, não sobra muita coisa para ele. Candidato a prefeito, de novo? Difícil. Secretário de Alckmin? Alckmin não vai querer. Futuro de Serra? Só se for fora do PSDB.

A carreira política de Serra acabou, pode ser um Deputado Federal bem votado, talvez Senador, mas pouco espaço resta para ele. Ficar num PSDB muito à direita, durante um governo Dilma, não é um bom negócio para ele. Ou seja, pode estar surgindo o líder do novo partido governista de Direita... Não seria nada de mais para um candidato que resolveu que é o Zé, que não fala mal do governo, que tem vergonha de FHC e que usa Lula na sua propaganda.

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De São Paulo-SP.

Um comentário:

  1. Fisiologismos à parte, acredito que o PSDB, desde o período em que ficava em cima do muro, passando pelo tempo em que foi poder e perdeu o bonde da história, passa pelo seu inferno astral. O que vem depois, ninguém sabe. E José Serra está entre os escombros dessa nau perdida. Fatalmente trocará de embarcação depois de mais esta borrasca.
    Belo post, Márcio.

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