sexta-feira, 2 de setembro de 2011

A Líbia e a Queda do Muro


Por Marcio TAQUARAL

Estamos em uma nova era geopolítica. De volta ao Imperialismo quase descarado. Desde a 2ª Guerra Mundial, havia um certo constrangimento em invadir outros países. A Invasão da Baia dos Porcos foi feita por desertores cubanos treinados pela CIA, mas sem a participação direta de tropas norte-americanas. No Vietnã, os EUA tiveram que fabricar uma agressão para poder retaliar e justificar sua participação na guerra. A 1ª Guerra do Golfo foi justificada como a defesa de um país invadido (Kuwait) e deixou o regime iraquiano intacto (igualmente no caso da Sérvia/Bósnia).

A partir do 11 de setembro, esse “constrangimento” de invadir deixou de existir. Os EUA abriram a porteira com o Afeganistão e com o Iraque. Na época houver gritaria, oposição, críticas etc, mas com o passar dos anos a Europa aderiu à tese. A Líbia é simbólica por causa disso: sua invasão foi dirigida pela Europa e não houve oposição da “comunidade internacional”.

A OTAN invadiu a Líbia, assim como os EUA invadiram o Iraque e o Afeganistão. Nos três casos, usaram desculpas esfarrapadas como subterfúgio, mas o objetivo era colocar no poder um regime alinhado. No Arábia Saudita, no Barhein, no Qatar e no Iêmen, os regimes já são aliados, ou seja, não há necessidade de invasão (por isso a questão dos Direitos Humanos é convenientemente ignorada neste caso).

E não se esqueçam que tudo começou na ONU com uma inocente Zona de Exclusão Aérea para proteger os civis de Bengazi (que a diplomacia Brasileira foi acertadamente contrária). A resolução da ONU deu margem para os bombardeios em toda a Líbia, o que definiu a guerra. Em seguida, forças especiais britânicas (Special Air Service – SAS) já ingressaram no território líbio (contrariando a resolução da ONU) e logo as potências discutem como vão dividir o butim. Vejam como é curioso, a OTAN destrói a Líbia, mas o Banco Mundial e o FMI emprestam o dinheiro para a reconstrução. Não tenham dúvidas de que as empresas dessa reconstrução serão todas dos países que comandaram o ataque.

Daqui pra frente veremos muitos casos como o da Líbia: potências invadindo países estratégicos para mudar seus regimes. Quem será o próximo? O Irã? A Síria? Por que não a Venezuela? Ou Cuba? A Coréia do Norte escapa dessa porque tem armas nucleares e está ao lado do território chinês. Os países sob a influência da Rússia também estão “protegidos”, uma vez que fazem parte de outra zona de imperialismo. O problema vai ser quando houver disputa, como no caso da África, onde tanto a China quanto a Europa têm interesses.

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De São Paulo-SP.

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