Por Marcio TAQUARAL
Pouca gente entendeu porque o presidenciável José Serra (PSDB) escolheu o obscuro e estabanado Deputado Federal Índio da Costa (DEM-RJ) para compor sua chapa na condição de vice. Pouca gente entendeu pelo simples fato de que Serra não escolheu Índio. Ele foi escolhido por César Maia.
Serra cometeu um erro fatal ao emparedar o mineiro Aécio Neves no passado. Na ocasião, os dois tucanos disputavam a indicação para serem candidatos a presidente. Obviamente, tanto o governador paulista quanto o mineiro queriam a titularidade da chapa. Serra sempre teve mais força no partido, de modo que tendia a vencer Aécio na disputa interna. Pelos cálculos do PSDB, uma chapa Serra com Aécio de vice seria imbatível (lembrando que, em 2009, Serra liderava com folga todas as pesquisas de opinião).
Ao emparedar Aécio, Serra jurava de pés juntos que o mineiro aceitaria a indicação como vice. E a presidência estaria praticamente garantida (pensavam eles!). Ocorre que para Aécio, a candidatura à vice não serviria para seus projetos. Se Serra ganhasse, Aécio não passaria de um vice. Se Serra perdesse, bem, Aécio perdia junto. O governador de Minas não queria ser vice de jeito maneira e, ao ser emparedado, tirou o time de campo: declarou apoio incondicional a José Serra e se candidatou ao Senado.
Ao se emparedado, Aécio tirou categoricamente o time de campo. E deixou Serra sozinho na chuva...
Com o passar dos meses, a candidata petista Dilma Rousseff subiu gradualmente nas pesquisas e, qualquer analista sério, demonstrava que tinha grandes chances de vencer o tucano. E isso tudo antes da propaganda eleitoral gratuita! Serra percebeu que a eleição estava perdida, mas como tinha jogado o substituto para fora do jogo, não teve outra opção: abandonou a reeleição fácil em São Paulo pela derrota certa na disputa presidencial. Não devia ter emparedado Aécio...
Sem Aécio de vice, começou a busca pelo substituto. No PSDB, ninguém queria ser. No DEM, o PSDB que não queria (o candidato natural José Roberto Arruda, ex-governador do Distrito Federal, tinha virado pó). Então o que sobrou? Sobrou o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Ocorre que o DEM, com seus 3 minutos de programa eleitoral gratuito, resolveu que a vaga era dele. Se Serra perderia fácil com tempo de TV e rádio, imagina sem!
Em suma, por falta de opção, Serra teve que engolir Índio da Costa, uma versão tupiniquim de Sarah Palin (candidata a vice que ajudou a naufragar a candidatura de John McCain).
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De São Paulo-SP.
* Royalties para Pedro Venceslau.
Ou o "Serra Palin" como diz o Celso de Barros, redator do Na Prática a Teoria é Outra :-)
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