domingo, 5 de setembro de 2010

O Dono do DEMo

Por Marcio TAQUARAL

A imposição do Deputado Federal Índio da Costa (DEMo-RJ) como candidato à vice na chapa do presidenciável tucano José Serra foi a demonstração cabal de quem manda no DEM é o César Maia, ex-Prefeito do Rio de Janeiro.

O DEM é um partido em extinção. Não passa do PFL (apenas mudou de nome), que é um dos herdeiros do PDS, que por sua vez era a ARENA, o partido de sustentação da Ditadura Militar. Dizem que é possível rastrear o DNA do DEM até a época das capitanias hereditárias, e confirmar que o partido sempre esteve do lado mais atrasado da história.

Como não se podia deixar de esperar, o DEM é um partido de Direita, conservador e reacionário. Até bem pouco tempo atrás, era O Partido da Direita, ao menos o mais importante deles.

Eis que ocorreu uma movimentação no espectro ideológico dos partidos políticos Brasileiros. Desde sua fundação, o PSDB se movimentou da Centro-Esquerda para o Centro, depois para a Centro-Direita e, cada vez mais, se desloca para a Direita. Tal movimentação do PSDB empurra o DEM para a extrema-direita, setor do espectro ideológico que tem pouco respaldo popular (com exceção do finado e folclórico Deputado Federal Enéias Carneiro, do PRONA). Com isso, o DEM perde seu espaço entre os “grandes” partidos e tem sua influência sensivelmente reduzida.

Com a derrota do “carlismo” de ACM na Bahia, ao DEM restaram duas administrações importantes: a Prefeitura de Gilberto Kassab na capital do Estado de São Paulo e o Governo de José Roberto Arruda no Distrito Federal. Kassab na verdade é um garoto de recados de José Serra, não tem luz própria. Arruda implodiu com o escândalo do panetonegate, também conhecido como “Mensalão do DEM”.

O que sobra de liderança no DEM, sem Arruda, sem espaço nos estados do Nordeste, cada vez mais à Direita? Apenas César Maia, apesar das maluquices, ainda tem voto. O único do partido que ainda tem voto. Assim, César Maia se tornou o dono do DEM. E sua consagração foi humilhar o José Serra e seu partido, o PSDB, indicando uma figura pra lá de controversa, chamado Índio da Costa, para compor a chapa como candidato a vice-presidente.

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De São Paulo-SP.

Um comentário:

  1. Taquaral,

    O PSDB abraçou o DEM com FHC porque os tucanos não tinham - nem queriam ter - capilarização própria nos estados do Norte-Nordeste - não querer ter significa, entre outras coisas boicotar o próprio PSDB local, de estados como a Bahia, para fazer valer seu real projeto de poder. A aliança FHC-ACM nada mais foi do que o repeteco histórico da aliança do modernizador leopardiano - aquele que propõe mudar tudo para que nada mude - do centro-sul com os oligarcas do Norte: O primeiro ganha "governabilidade" e o segundo ganha respaldo para brincar de senhor feudal. Isso se viu também em Dom Pedro II e durante a República Velha - Lula, por sua vez, subverteu essa lógica ao submeter oligarcas do Nordeste ao seu projeto ao mesmo tempo em que se aliava com lideranças realmente modernizadas.

    Posto isso, sim, as políticas lulistas que geraram crescimento econômico e distribuição de renda bem como a ascensão de lideranças novas no Nordeste - como Jaques Wagner e Eduardo Campos - acabaram com o DEM naquela região. Restou o Rio de Janeira, um estado cuja política política funciona de maneira sui generis, onde tanto o projeto tucano quanto o petista fracassaram em termos locais. É nesse vazio que opera Cesar Maia - e verdade seja dita, por mais obtuso que ele seja, formalmente falando, ele é o maior tubarão da política carioca de hoje; nos últimos vinte ou trinta anos, apenas Brizolão e ele se deram ao luxo de formar quadros na política local (CM, aliás, foi formado por ele próprio Brizola).

    Ainda assim, eu suspeito que o DEM sairá terrivelmente minguado dessas eleições e dificilmente fará mais do que 50 deputados - se fizer algo em torno, será um milagre. Elas por elas, o PP, que assumiu uma postura taticamente centrista durante os anos Lula, mas que na verdade é a maior legenda da direita - E terceiro maior partido brasileiro em número de filiados, perdendo apenas para o PMDB e para o PT -, deve retomar a posição de maior partido conservador em termos parlamentares - isso, pensando em quem é originalmente de direita, porque se levarmos em conta quem é neste exato, não duvido que o PSDB fique ali com a terceira bancada do Congresso, ainda que com menos do que os 65 deputados que elegeu em 2006.

    abraços

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