sábado, 8 de maio de 2010

A culpa é do voto distrital

O resultado da eleição britânica tem chamado atenção por nenhum partido ter alcançado a maioria absoluta no Parlamento para formar o Governo. Trata-se de um país parlamentarista, ou seja, o mandatário é escolhido indiretamente: o partido que tiver maioria (sozinho ou com coalizão) indica o Primeiro-Ministro. Para facilitar que haja essa maioria, o sistema eleitoral britânico adota regras que tendem para um “bipartidarismo”. Essas regras, para que não sabe, são o tal do voto distrital.

Em cada distrito, cada partido pode indicar apenas um candidato ao parlamento e ganha o que for mais votado, mesmo sem maioria absoluta. Isso gera uma terrível distorção, pois se um partido for o segundo em todos os distritos, terá uma grande quantidade de votos, mas nenhuma cadeira no Parlamento. Ou seja, a vontade popular não estará representada proporcionalmente na Câmara dos Comuns. No Reino Unido isso sempre acontece, pois o partido Liberal-Democrata fica sempre sub-representado (tem boas votações, mas ganha em poucos distritos).

Outro país que utiliza o voto distrital é o Chile. Lá também existe um “bipartidarismo forçado”, pois os partidos minoritários até conseguem alguma votação dispersa, mas não conseguem concentrá-la a ponto de vencer em um distrito. Resumindo, tem votos, mas não elegem.

Em breve procuraremos os dados e números que comprovam essa distorção tanto no Chile como no Reino Unido.

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De Cotia-SP.

2 comentários:

  1. Taquaral,

    No Reino Unido usa um sistema de voto distrital clássico mesmo, o país é divido em distritos, cada partido pode apresentar um candidato e quem tiver mais votos em relação aos demais, leva. É evidente que isso gera distorções, inclusive partidos que defendem, de algum modo, minorias, pois a menos que estejamos falando de minoriais étnicas geograficamente localizadas, eles poderão uma boa votação, mas nunca conseguirão levar um distrito sequer. A tendência é que o negócio vire um bipartidarismo mesmo, muito embora na última eleição o partido liberal-democrata tenha crescido bastante, o modo como o eleitorado dele se distribui fez com que, apesar de ter tido 23% dos votos, ele tenha feito apenas 8% das cadeiras aproximadamente - enquanto isso, os conservadores, com 36% dos votos fizeram 47% das cadeiras. O ponto chave é que um partido pode ganhar as eleições sem sequer ter tido maioria de votos. Por isso os liberais-democratas reivindicam um sistema de voto proporcional, do jeito que está, o sistema é injusto com ele ou qualquer outro partido que cresça. O artigo da Wiki em inglês sobre o assunto tá bem completa e dá para conferir com os links embaixo.

    Sobre o sistema chileno, ele não é distrital puro, mas uma espécie híbrida chamada binominal. Dois representantes são eleitos por cada distrito e um partido só faz as duas cadeiras caso obternha o dobro do voto do segundo colocado, o que é bastante difícil. Tal sistema não provoca distorções no sentido de produzir um bipartidarismo, ao contrário, existe uma pluridade considerável de partidos representados no parlamento - que é bicameral.

    um abraço

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