sexta-feira, 30 de abril de 2010

STF medíocre

Dentre os três poderes do Estado Brasileiro, o Poder Judiciário certamente é o pior. O Poder Legislativo está cheio de picaretas, pilantras, corruptos e reacionários, mas pelo menos eles são submetidos ao voto popular de quatro em quatro anos, ou seja, gradualmente vão sendo renovados.

No caso do Judiciário não! São picaretas, pilantras, corruptos e reacionários com vitaliciedade de cargo, irredutibilidade de vencimentos e imovibilidade. Ou seja, uma vez aprovado no concurso público, um juiz safado vai ficar no poder até sua aposentadoria compulsória aos 70 anos. Durante esse período não tem que prestar contas a nada e a ninguém. Isso gera um Poder Judiciário fossilizado e desconectado da realidade Brasileira.

Quem é juiz no Brasil? Em geral, para passar no concurso público, o cidadão precisa ficar uns 4 ou 5 anos enfurnado em uma biblioteca decorando as virgulas e artigos de cada lei existente. Não passam este tempo de estudo aprendendo e teorizando sobre a Ciência do Direito, mas apenas decorando e decorando, pois é isso que os concursos cobram: decoreba de leis.

Os que se formam em Direito e depois ainda passam 4 ou 5 anos estudando na biblioteca, certamente são sustentados por pais ricos, afinal quem é pobre não pode ficar anos sem trabalhar e exercer a profissão. São esses playboyzinhos nerds, sem qualquer experiência de vida, que ocupam os cargos do nosso Judiciário. Não é surpresa que as decisões judiciais sejam tão ruins e atrasadas.

De todo o Judiciário, costuma-se ter uma impressão melhor do Supremo Tribunal Federal, pois são juristas escolhidos, além da capacidade jurídica, por critérios políticos. Infelizmente, o STF tem se mostrado o grande defensor do atraso e impede algumas mudanças importantes e necessárias ao Brasil. Por pior que o Legislativo seja, algumas iniciativas louváveis são aprovadas por ele. Porém, tais leis progressistas não chegam a surtir efeito na sociedade, já que o STF cumpre seu papel de defensor de tudo que é antigo e velho e derruba a eficácia de tais leis.

No dia de 29 de abril de 2010, mais uma vez o STF cumpriu seu papel de atravancador da modernidade, quando decidiu estender a eficácia da Lei da Anistia para os torturadores do Regime Militar. Em 1979, a sociedade clamou pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita, mas os milicos não deram braço a torcer e aprovaram uma anistia parcial, restrita e limitada. A Lei de Anistia diz expressamente em seu art.1º, § 2º que “excetuam-se dos benefícios da anistia os que foram condenados pela prática de crimes de terrorismo, assalto, seqüestro e atentado pessoal”. Devido a isso, muitos opositores da Ditadura continuaram presos e exilados.

Estender o benefício da anistia aos torturadores é uma tentativa covarde de reescrever a História do Brasil, pois os militares sequer admitiam tais crimes como crimes. Além disso, juridicamente não tem o menor cabimento esta interpretação, conforme vários pareceres dos maiores juristas Brasileiros.

Politicamente o STF tomou uma decisão que envergonha internacionalmente o Brasil, já que no mundo inteiro as decisões têm sido em sentido contrário. Juridicamente o STF assume que suas decisões não têm rigor técnico, mas que decidem conforme outros interesses.

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De São Paulo-SP.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Mercadante e Skaf

O PT de São Paulo está de olho no PSB. O PT lançou o Senador Aloísio Mercadante como pré-candidato a Governador e anda incomodado com a pré-candidatura do Presidente da FIESP, Paulo Skaf, para o mesmo cargo. Skaf é um neo-socialista, escolheu esse partido sabe-se-lá-por-que, mas o fato é que Skaf é candidato ao governo e tem algum eleitorado na manga.

Para o campo que apóia o Presidente Lula é uma boa, pois são dois palanques para a pré-candidata Dilma Rousseff. Inclusive porque Skaf atrai para Dilma um eleitorado que ela não tem em São Paulo.

Mas para Mercadante, o ideal é ter Skaf como vice. E neste sentido que trabalha o PT de São Paulo. O problema é que além de Skaf, o PSB lançou o vereador (e escritor de livros de auto-ajuda) Gabriel Chalita para concorrer ao Senado. Dificilmente o PSB abriria mão da candidatura dos dois e, caso aceite a vice, deve exigir a outra vaga do Senado.

O problema é que o PCdoB também quer a segunda vaga do Senado para concorrer com o vereador-pagodeiro Netinho de Paula. Além disso, a base do PT entre os professores (que dirige a APEOESP) não quer ver Chalita nem pintado de ouro, já que ele foi o Secretário de Educação de Geraldo Alckmin e é um dos responsáveis pela situação lamentável da educação em São Paulo.

Os dados estão rolando e em breve teremos mais surpresas nas emocionantes eleições 2010.

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De São Paulo-SP.

terça-feira, 27 de abril de 2010

A crise grega

O espectro da crise mundial continua rondando a Europa. Antes da crise, os analistas-catastrofistas previam uma crise que abalaria as estruturas da economia mundial. A crise veio, arrasou quarteirões, mas não derrubou os pilares que sustentam o capitalismo. Com as lições da Crise de 29, os países centrais intervieram rapidamente na economia (contrariando as teses que pregam ao mundo subdesenvolvido), estatizaram bancos, salvaram multinacionais e distribuíram empréstimos. O tsunami mundial passou, mas depois dele havia um lindo dia de sol (no caso Brasileiro foi mesmo uma marolinha). Alguns países saíram da crise, outros iniciaram a recuperação e parecia que tudo tinha acabado.

Mas eis que a Grécia continua no sufoco e ameaça quebrar a qualquer momento. Se quebrar, pode levar junto Portugal, Irlanda, Itália e Espanha. Se forem juntos, a União Européia estará em sérios apuros. É muito fácil para um país salvar uma empresa em dificuldades. Quando um país quebra, a ajuda é muito mais difícil.

Existe a tese da crise em V (com uma queda e uma ascensão) e a crise em W (com uma queda, seguida de ascensão, mais uma queda e, somente ai, outra ascensão). Até agora vimos um V, mas qualquer momento a segunda fase da crise mundial pode estourar e formar um W...

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De São Paulo-SP.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Não ponham palavras em minha boca

Numa eleição, o papel da imprensa é malhar todos os candidatos para deixar o (e)leitor esclarecido sobre quem votar. Infelizmente no Brasil a imprensa não cumpre esse papel, preferindo distorcer, mentir e falsificar fatos.

Quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso acusou seus críticos de “cartismo” (movimento operário por direitos trabalhistas), a imprensa rapidamente explicou que FHC queria dizer “ludismo” (movimento operário que destruía máquinas industriais). Provavelmente FHC confundiu, mas a imprensa não deveria ter interpretado tão categoricamente a frase do ex-presidente sem nem ao menos confirmar com ele. Neste caso, a imprensa fez uma interpretação in bonan partem, ou seja, a favor de FHC.

Quando se trata da pré-candidata petista Dilma Rousseff, a imprensa também faz suas interpretações, mas sempre CONTRA. E, em alguns casos, a imprensa mente sem pudor algum.

Cobram da Dilma explicações sobre o currículo dela que informava ser Doutora quando ainda não tinha apresentado a tese (apesar de ter cumprido os créditos), mas nada falam sobre o fato do pré-candidato tucano José Serra não ter mentido em seu currículo quando se apresenta como graduado. Ocorre que Serra nunca se formou na Poli, pois foi exilado em 64. Depois disso, fez alguns cursos de Pós, mas que não são reconhecidos pela legislação Brasileira por falta da graduação anterior. Ou seja, Serra tem grau superior INCOMPLETO.

No caso da falsa polêmica dos exilados, o jornal Folha de S.Paulo estampou a seguinte manchete: “Dilma ataca rival e diz que não “fugiu” da luta na ditadura”. Na matéria, o jornal atribui a ex-ministra a seguinte frase: “eu não fugi da luta e não deixei o Brasil”. Isso gerou, obviamente, uma imensa reação dos exilados políticos que foram obrigados a deixar o Brasil para não morrerem nos porões da Ditadura Militar. O problema é que Dilma NUNCA pronunciou essa frase (discursos no youtube). A Folha simplesmente inventou um fato, atribuiu a Dilma e depois repercutiu. Isso se chama ma-ni-pu-la-ção. Certa vez a jornalista Marilene Felinto disse que a Folha deveria mudar o nome da seção “Erramos” para “Mentimos”...

Outro caso de manipulação da imprensa é referente à visita de Dilma ao túmulo de Tancredo Neves. Jornalistas e analistas passaram a semana criticando a pré-candidata e acusando-a de oportunismo, já que o PT (atual partido dela) não votou em Tancredo no Colégio Eleitoral em 1985. Em que pese o grave erro do PT, Dilma não pode ser responsabilizado por ele, já que na época não pertencia ao PT, mas do PDT (que votou em Tancredo).

A mais recente falsa polêmica refere-se ao blog da Dilma. Existe uma seqüência de fotos que a imprensa se apressou a interpretar como falsificação. Em uma das fotos aparecia a atriz Norma Bengell e a imprensa acusou Dilma de usar a foto como se fosse sua. Seria muito improvável que a equipe de Dilma fosse tão burra a ponto de usar uma imagem de uma pessoa famosa como se fosse da ex-ministra. A parte mais curiosa do factóide é que a atriz aproveitou a confusão para declarar voto na Dilma, mas essa parte da notícia não foi publicada na maioria dos jornais.

Ninguém nega à imprensa o direito de ter opinião e escolher seu lado na disputa eleitoral, apenas cobramos que isso seja feito sem mentiras e manipulações. Infelizmente não é o que vemos.

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De São Paulo-SP.

domingo, 25 de abril de 2010

O Estadão é coerente, mas está errado!

A mídia Brasileira é covarde, oportunista e não assume sua verdadeira posição política. Mal intencionados, se encobrem atrás da falsa bandeira da imparcialidade, coisa que não existe em qualquer forma de comunicação. É impossível que um meio de comunicação não tenha opinião, pois toda forma de comunicação pressupõe os valores de quem exterioriza a mensagem. Ou seja, até um sorriso é uma manifestação com opinião.

Assumir as posições políticas é uma prática muito comum na imprensa do mundo inteiro. Na França, qualquer um sabe que o Le Figaro é de Direita e o Libération é de Esquerda. Nos Estados Unidos, The New York Times faz questão de declarar em Editorial sua opinião nas eleições presidenciais (declara apoio ao candidato que prefere, sem medo de ser feliz). Todo tem opinião!

No Brasil, como bem identifica o Prof. Laurindo Leal Filho, apenas o jornal O Estado de S. Paulo e a revista Carta Capital têm coragem de apresentar sua opinião política de forma clara e coerente. A Carta Capital é quase de Esquerda e certamente muito nacionalista. O Estadão, por sua vez, é conservador e de Direita, sem vergonha de sê-lo. O Estadão sempre alinhado aos interesses das oligarquias paulistas fez oposição à Getúlio Vargas, defendeu a Revolução de 32, fez campanha pelo golpe de 64, festejou a chegada da Ditadura, mas ficou ofendido com a censura imposta pelos militares. Apesar de não ter muitas divergências com o governo militar, o Estadão não admitiu a censura e lutou à sua maneira contra a Ditadura. Uma vez na Democracia, o Estadão não escondeu que continua um jornal conservador. Derivado deste conservadorismo, o Estadão combateu o Presidente Lula em todas as suas campanhas e durante todo seu governo.

A União Nacional dos Estudantes é o oposto do conservadorismo do Estadão. Durante toda sua história, com exceção de um breve período nos anos 50, a UNE esteve sempre do lado progressista, defendendo o Brasil e o Povo Brasileiro. A UNE sempre esteve na trincheira oposta à do Estadão, talvez a única exceção tenha sido quando juntos foram opositores do Regime Militar, mas enquanto o Estadão continuou existindo e lucrando, a UNE foi perseguida, destruída, teve sua sede incendiada e seus diretores torturados e mortos. Diante de tudo isso, não é de espantar que o Estadão lance editorial condenando a indenização que a UNE receberá para reconstruir sua histórica sede na Praia do Flamengo. É uma posição coerente com o conservadorismo d’O Estado de S. Paulo, mas não faz com que o jornal esteja certo, pois quase sempre ficou do lado errado da História e esse é apenas mais um exemplo. A UNE merece a indenização e os editoriais hidrófobos contrários do Estadão podem ser vistos como mais argumentos a favor dela.

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De São Paulo-SP.

sábado, 24 de abril de 2010

Ciro Gomes nunca foi tão bem tratado (pela imprensa...)

O Deputado Federal Ciro Gomes (PSB-SP, ex-CE) errou a mão. Trata-se de um político experimentado, de alta envergadura e com todas as condições para ser Presidente da República. Concorreu duas vezes com expressivas votações. Em 2006 não disputou em respeito à reeleição do Presidente Lula, de quem foi Ministro.

Ciro achou que 2010 era sua vez. Talvez fosse, se Lula não tivesse botado na cabeça que a candidata tinha que ser a ex-Ministra Dilma Rousseff. O cálculo de Ciro foi lógico, mas não se concretizou.

Primeiro ele mudou de domicílio eleitoral para não ficar inelegível (seu irmão é Governador, o que impede Ciro de se candidatar no Ceará a qualquer cargo exceto à reeleição como deputado, conforme diz o art. 14, § 7º da Constituição Federal). Em segundo, Ciro manteve sua candidatura, pois acreditava que ia conquistar alta intenção de voto e, considerando que tira votos do candidato tucano José Serra, sua manutenção na corrida eleitoral seria fundamental. Infelizmente, nas pesquisas as intenções de voto em Ciro estacionaram e as de Dilma subiram até empatar com Serra. Neste cenário, o Presidente Lula não fica nem um pouco sensibilizado a deixar de lado seu sonho de eleição plebiscitária. Sem apoio de Lula, dificilmente Ciro vai conseguir se candidatar.

Talvez o cálculo correto de Ciro fosse ter sinalizado que poderia retirar a candidatura se fosse sagrado vice na chapa de Dilma. Enquanto o debate se postergava (tanto é que ainda não foi definido o vice), Ciro continuaria nas pesquisas e, se tivesse um bom resultado, forçaria a candidatura. Se tivesse em má situação, teria um “Plano B” para aderir. Foi com muita sede ao pote e ficou sem alternativas.

A eventual saída de Ciro da disputa eleitoral tem sido adulada pela imprensa tucana. Os que criticavam o deputado até ontem, hoje resolveram sair em sua defesa. Tudo para jogá-lo contra Lula. Ciro Gomes é jovem e brilhante, se não puder ser candidato agora, será um bom nome em 2014, mas para tal ele não pode jogar tudo para o alto e sair atirando contra os atuais aliados.

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De Cotia-SP.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

A conta que não fecha

A Esquerda paulista precisa se unir para tomar o ninho principal dos tucanos. Digam o que quiserem, mas a força do PSDB erradia do Governo do Estado de São Paulo, sem ele o partido não teria 1/10 da influência que detém.

O PSDB chegou ao Governo do Estado pela esquerda, ou seja, deslocando o malufismo e o quercismo (antes do Governo FHC ainda podia-se dizer que o PSDB estava à esquerda de Quércia). Após a morte de Mario Covas e apoiados pela aliança de centro-direita com o PFL que sustentava FHC nacionalmente, o PSDB deu uma decisiva guinada à Direita. No interior, Geraldo Alckmin assumiu o voto pragmático que era de Quércia e, na capital, José Serra herdou os votos conservadores que anteriormente eram de Maluf. Tento o PSDB o apoio das parcelas da população que elegiam Quércia e Maluf, é um partido quase invencível, pois Quércia e Maluf sempre foram arrebatadores de votos nos seus áureos tempos. Rei morto, rei posto.

Em 2010, a eleição de São Paulo vai escolher os 70 Deputados Federais do estado, os 94 Deputados Estaduais, 2 Senadores e o Governador.

A única chance de vencer o PSDB é unindo totalmente a Esquerda no estado. Mas isso não está sendo tarefa fácil. A idéia inicial seria um apoio total à candidatura de Ciro Gomes (PSB) para Governador, mas ele declinou. O PT que é hegemonista e tem de saída 30% do eleitorado, não demorou muito para lançar seus nomes: Aloísio Mercadante ao Governo e Marta Suplicy ao Senado. Para fechar a aliança sobram a vice e a outra vaga do Senado.

O PSB, mesmo sem Ciro, ameaça lançar ao Governo o Presidente da FIESP, Paulo Skaf, e o vereador (e escritor de livros de auto-ajuda) Gabriel Chalita para o Senado.

O PCdoB anunciou a candidatura do vereador-pagodeiro Netinho de Paula ao Senado. Está respaldado em excelentes resultados nas pesquisas de opinião.

Para unir a Esquerda, está sobrando gente, afinal, mesmo que o PSB abra mão da candidatura ao Governo e indicar a vice, a aliança terá três candidatos a senador. E isso não dá, pois são duas as vagas.

Isso sem levar em conta o PDT, que na teoria é um partido de esquerda, ou foi até um passado recente...

Moral da história: surge a possibilidade de duas candidaturas ao Governo do Estado. Uma do PT com Mercadante, o PDT de vice e Marta ao Senado (sobra uma vaga). E outra do PSB com Paulo Skaf para Governador e Chalita ao Senado, com apoio do PCdoB, que lança Netinho de Paula na outra vaga ao Senado (sobra a vaga de vice). Esse cenário ainda é conjectural e não está em efetivação enquanto um fator fundamental não se definir: o PCdoB não abre mão de apoiar Dilma para Presidente, ou seja, o apoio a Skaf dependeria da desistência da candidatura de Ciro Gomes para Presidente. Mas são apenas conjecturas!

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De São Paulo-SP.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Como teria sido o Governo Tancredo?

Tancredo Neves é uma daquelas figuras singulares na história do Brasil. É o único político de nosso País que foi eleito Primeiro-Ministro e Presidente.

Foi Primeiro-Ministro no Governo João Goulart, entre 1961-1962, mas não deu muito certo, pois a inflação continuou galopante. Conservador e esperto, apesar de ligado à Jango, não foi cassado com o Golpe de 64. Durante a Ditadura, sempre se colocou como opositor ao regime autoritário, mas nunca abriu mão do diálogo inclusive com setores da situação. Na reforma política de 1980, tentou fundar seu próprio partido, o PP, com participação dos setores mais reacionários do PMDB e moderados do PDS (ex-ARENA). O partido não engrenou e em 1982 se incorporou ao PMDB.

De acordo com seus detratores, Tancredo teria torcido contra as Diretas Já! Ele faria a avaliação que numa eleição direta Ulisses Guimarães seria imbatível, mas que nas indiretas a bola cairia no seu pé. Não há como se comprovar uma afirmação desses, que parece pouco verossímel, já que naquele momento político as ambições pessoais realmente estavam sendo colocadas de lado em prol do melhor para o Brasil.

Eleito pelo Colégio Eleitoral em 1985, Tancredo Neves seria o primeiro Presidente civil após 21 longos anos de Ditadura. Nunca assumiu, pois morreu em 21 de abril de 1985 (Dia de Tiradentes).

Uma vez morto, virou lenda. Todos seus erros e malandragens foram esquecidos. Um ufanismo passou a girar em torno de seu nome. Mas como teria sido o Governo Tancreto? Será que o Brasil seria melhor se ele assumisse?

Bom, muito provavelmente o Governo Tancredo seria igual ou pior que o Governo Sarney. Isso não é demérito. O Governo Sarney consolidou a transição democrática no Brasil: convocou a Constituinte, não censurou a imprensa, permitiu a liberdade sindical, autorizou a legalização dos partidos comunistas etc. O Governo Sarney pode não ter sido muito bom economicamente, mas a culpa não é dele, já que herdou um País em recessão por causa do modelo econômico falido dos milicos, com inflação e desemprego em alta. Mas pelo menos não caiu no conto do vigário do neoliberalismo e não foi entreguista.

Como teria sido o Governo Tancredo? Muito parecido, afinal quem mandava mesmo no Governo era o Deputado Ulisses Guimarães, senhor absoluto da Constituinte, do Congresso Nacional e do PMDB. Talvez Tancredo tivesse mais personalidade e condições políticas para não ficar sob o jugo de Ulisses, mas se isso ocorresse, provavelmente as mudanças seriam para pior, afinal, Tancredo era infinitas vezes mais conservador.

Na História não existe “e se?”, mas cabe a reflexão.

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De São Paulo-SP.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

50 anos de Brasília

A construção de Brasília certamente teve sua importância. A principal foi a integração do centro do Brasil, levando gente e desenvolvimento para uma região quase desabitada.

Por outro lado, urbanisticamente Brasília é uma idiotice.

Trata-se de uma cidade exclusivamente baseada no transporte individual, o que economicamente parece esperto, afinal, Juscelino Kubitschek queria fortalecer a indústria automobilística. Porém, construir uma cidade planejada e não pensar no metrô é uma burrice sem tamanho (o metrô não era nenhuma novidade na época, afinal os de Londres e Paris são do século XIX).

Os bairros são organizados por temas: setor hoteleiro, setor hospitalar, setor de bancos, setor de sei-la-o-que. Mais inteligente teria sido incluir cada um destes serviços em cada uma das super-quadras.

Por fim, as cercanias de Brasília (também conhecidas como Distrito Federal) são uma coleção de favelas miseráveis e violentas. Ou seja, urbanisticamente o Plano Piloto não foi planejado com moradias populares para receber os trabalhadores da cidade.

Apesar de todos os méritos e belezas que Brasília contém (e contém muitos), não podemos dizer foi uma cidade bem planejada.

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De São Paulo-SP.

domingo, 18 de abril de 2010

Contradições

Pedofilia

Diz o Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, que o problema dos padres católicos pedófilos não é o celibato, mas a homossexualidade. Bom, trata-se de coisas completamente diferentes e não necessariamente relacionadas. Os homossexuais são pessoas que gostam de ter relações com gente do mesmo sexo, isso não inclui crianças. Pedófilos são pessoas doentes que se sentem atraídos sexualmente por crianças, independente do sexo. Certamente existam pedófilos homossexuais, mas não é a regra.

A desculpa do Cardeal não tem muito fundamento, pois se o problema fosse a homossexualidade dos padres, eles estariam saindo uns com os outros e o escândalo seria diferente. Em geral, os casos de pedofilia envolvem majoritariamente meninos porque estes estão mais em contato com os padres do que as meninas. Por outro lado, também não faz muito sentido achar que o celibato é que gera a pedofilia.


Assassino de Luziânia

Os reacionários de plantão bradam e urram contra o fato de que o serial killer de Luziânia já tinha sido preso por pedofilia e assassinou os seis jovens sob o benefício da progressão de pena. Bradam e urram, obviamente, contra o instituto da progressão da pena. É exatamente essa sanha de querer condenar todo mundo sem critério que causou o incidente. Se no crime anterior, em vez de ser condenado a prisão comum, o assassino tivesse recebido medida de segurança, provavelmente não teria sido solto. Mas os reaças querem prender, condenar e jogar a chave fora para satisfazer sua frustração, em vez de pensar racionalmente na melhor forma de prevenir crimes.

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De São Paulo-SP.

sábado, 17 de abril de 2010

Mapa astral do pleito...

Não dá para entender porque as pessoas estão tão preocupadas com as pesquisas de opinião, o resultado eleitoral já está escrito nas estrelas! Ao menos é isso que diz a revista (sic) Veja, que publicou um horóscopo vaticinando a vitória do candidato presidencial tucano José Serra. Não é piada não:

Será que alguém ainda leva à sério essa suposta revista?

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De Cotia-SP.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

O Financiamento do Movimento Sindical

A principal fonte de renda do Movimento Sindical é o chamado “imposto sindical”, valor equivalente a um dia de trabalho recolhido do trabalhador em abril em favor de seu sindicato. O debate em torno deste imposto é intimamente relacionado à unicidade sindical. Nossa estrutura sindical prevê apenas um sindicato para cada base em uma determinada região geográfica, sendo o município a menor permitida. Dessa forma, todos os trabalhadores de determinado categoria do município são representados por seu sindicato e por conta disso o financiam através do imposto sindicato.

O outro modelo possível é a pluralidade sindical, em que qualquer um pode fundar o sindicato que quiser, do tamanho e forma que quiser. Neste modelo, cada trabalhador decide a qual deles se filiar e, conseqüentemente, a contribuição é facultativa.

O PT defende a pluralidade sindical, pois considera que o sindicalismo será mais real e combativo se deixarem de existir os sindicatos burocráticos, que só existem para arrecadar o imposto sindical, e que, por conta da unicidade, impedem a existência de uma entidade de luta atuando na mesma base. A princípio parece um bom argumento, pois sem dinheiro, os pelegos iriam buscar outra teta para mamar. Mas, na prática, irá enfraquecer a estrutura sindical como um todo. O simples fato de ser combativo não garante que o sindicato terá ampla adesão e financiamento. Além disso, os patrões podem simplesmente organizar entidades paralelas para enfraquecer a luta.

Sem a unicidade e o imposto sindical, muitos sindicatos deixarão de existir. São sindicatos pelegos, mas são melhores do que sindicato nenhum! A lógica dos petistas é que, com isso, ampliaram consideravelmente sua influência, pois ocuparão parte do espaço atualmente dominado pela Força Sindical. Trata-se de um raciocínio invertido, já o fim do imposto sindical terá um resultado parecido com o fim do financiamento do movimento estudantil: a força majoritária (Articulação Sindical do PT) irá consolidar mais ainda sua força, mas o movimento em si pode sofrer um sério revés com o enfraquecimento das demais forças. Às vezes mais vale ter sua liderança ameaçada e um movimento forte, do que ser a liderança inconteste em um movimento fraco.

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De São Paulo-SP.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

O Financiamento do Movimento Estudantil

Em 2001, o então Ministro da Educação Paulo Renato disputava internamente para ser o candidato presidencial tucano. Era o candidato favorito do Presidente Fernando Henrique Cardoso, mas tinha um problema sério, era duramente criticado pela União Nacional dos Estudantes. Paulo Renato aproveitou pela solução fácil, em vez de dialogar com a UNE e buscar atender reivindicações estudantis, preferiu usar o poder do Governo Federal para esmagar sua adversária. O ataque foi certeiro: através de uma Medida Provisória modificou as regras de emissão das carteiras de identificação estudantil, principal fonte de rendada UNE. O resultado não foi bem o esperado, já que, mesmo sem receita, a UNE continuou atuante e fazendo oposição a Paulo Renato, que perdeu a indicação para candidato.

Apesar de não ter atingido a UNE em si, a MP das carteirinhas (2208/01) alterou de forma incisiva a correlação de forças dentro do Movimento Estudantil. Isso porque, em vez de quebrar a UNE, a MP 2208/01 quebrou os Centros Acadêmicos (CAs, entidades que representam apenas os estudantes de uma faculdade ou curso).

O Movimento Estudantil, como qualquer espaço político, é liderado pelas forças ideológicas que atuam de maneira organizada, mas também é composto por uma enorme massa de pessoas não organizadas sem que deixem de participar por conta disso. Imagine, por exemplo, um Congresso da UNE: um mega-evento com a participação de 10 mil estudantes de todo o Brasil. Dentre os delegados com direito a voto (eleitos pelos colegas nas suas universidades), uma parte tem ligações diretas com as forças políticas, mas a grande maioria não tem e foi simplesmente participar das atividades.

Desde 1991, a força política com mais influência no Movimento Estudantil é a União da Juventude Socialista (UJS), organização fundada em 1984 por Aldo Rebelo e outras lideranças estudantis e juvenis. As demais forças de oposição da UNE, menores do que a UJS, baseavam sua estratégia para vencer buscando o voto dos estudantes independentes, num processo lento e gradual de convencimento que, particularmente, nunca funcionou, afinal a UJS nunca perdeu deles. Mesmo falho, esse movimento da oposição lhes dava grande força. A espinha dorsal da estratégia da oposição eram os Centros Acadêmicos independentes, pois apesar de não terem ligação com as forças, eram minimamente organizados e tinham mais chance de influenciar do que meros estudantes individualmente. Por conta disso, as forças de oposição da UNE se concentraram em dirigir as Executivas e Federações de Curso, visando um dia acumular forças e derrotar a UJS. Se esse plano ia dar certo, nunca saberemos, pois com a MP do Paulo Renato a ampla maioria dos Centros Acadêmicos deixou de existir. Diferente da UNE, que tem condições de se manter mesmo sem dinheiro (na Ditadura a UNE sobrevivia sem dinheiro e sendo perseguida pela polícia, oras!), os CAs são estruturas frágeis que precisam de alguma fonte mínima de recursos.

Moral da história, sem financiamento o Movimento Estudantil se enfraqueceu muito, já que os CAs faziam lutas concretas e a UNE tinha muito mais estrutura para fazer as reivindicações estudantis. Por outro lado, o objetivo de Paulo Renato, que era acabar com a liderança da UJS, teve efeito contrário, pois ajudou a fortalecer sua posição. Atualmente, a ampla maioria dos Centros Acadêmicos que ainda sobrevivem, são dirigidos pela UJS.

A UJS, apesar de beneficiada na disputa interna do Movimento Estudantil, mantém uma posição coerente com relação ao financiamento e defende mudança na MP das carteirinhas. Afinal, prefere um Movimento Estudantil forte e atuante, mesmo com mais oposição.

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De São Paulo-SP.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

1º ano de medições

Ontem a coluna completou um ano de medições de acesso através do Google Analytics. Durante o período compreendido entre 14/4/2009 e 13/4/2010 foram feitos 4.235 acessos por 2.567 pessoas. O blog foi acessado de 339 cidades em 45 países de todos os continentes (menos a Antártida, que não é medida). A vigorosa maioria das visitas é do Brasil mesmo, seguida por Portugal, Noruega, Estados Unidos, Líbano e Índia. O pico de acessos foi em 1º de dezembro, impulsionados pela divulgação de uma matéria no Vermelho.

O gráfico semanal mostra uma tendência de ascensão nos acessos até setembro, quando estabiliza. No final de outubro ocorre uma queda, provavelmente por falta de atualizações durante as eleições do Centro Acadêmico “22 de Agosto”. Novembro é um mês de franca elevação nos acessos até que ocorre uma queda brusca em dezembro. A partir daí ocorre um aumento irregular e gradual até atingir novamente os patamares de dezembro. A meta agora é ultrapassar o pico.

A medição por meses mostra mais ou menos a mesma variação, mas já é possível visualizar que, apesar de não ter tido um pico específico como em dezembro, o mês de março já teve globalmente mais acessos que novembro. E a tendência mostra que abril irá superá-lo facilmente.

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De São Paulo-SP.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Vice pra que?

A bem da verdade, o cargo de Vice não tem poder algum, exceto na ausência do Titular. Se o Titular for muito presente, o Vice é decorativo. Mas na prática as coisas não funcionam bem assim, já que o cargo de Vice costuma ser concedido a uma prestigiada e popular figura (em geral, a segunda opção) que acaba sendo vista como sucessora oficial do titular. Em todo caso, o poder e o prestígio do Vice não vêm de seu cargo, ao contrário, o cargo de Vice é que coroa o poder e o prestígio de uma figura pública que não pôde ser Titular.

Sendo assim, para candidato presidencial tucano José Serra e seu PSDB, ter como vice o ex-governador mineiro Aécio Neves é uma grande jogada, pois agrega o prestigio do mineiro à falta de carisma do vampirão. Em Minas Gerais (segundo maior colégio eleitoral do País) existem duas semi-unanimidades, uma é o Presidente Lula, a outra o ex-governador Aécio. Nas eleições anteriores, os mineiros não viram o menor problema em votar em ambos, já que disputavam em âmbitos diferentes. Em 2010, por outro lado, Lula não será candidato, mas Aécio vai. Se Aécio for vice de Serra, vai arrastar os votos de Minas. Mas se não for, esses votos devem se dividir, pois sem Lula e sem Aécio a conta muda.

E o que Aécio ganha sendo vice? Não muito, pois ele já é poderoso e prestigiado. Além disso, ninguém tem dúvidas de que é o sucessor oficial no ninho tucano. E o que perde? Bom, Aécio Neves teria que trocar uma vitória certa no Senado (onde pode ter bastante destaque, mesmo num Governo Dilma) por uma vitória incerta como vice. Se Serra perder a eleição, o vice Aécio perde junto, fica sem mandato e não ganha nada. Se Serra vencer a eleição, Aécio assume a vice, mas não ganha nada além do que já tem.

Em um partido como o PSDB, em que os projetos pessoais valem muito mais do que os coletivos, Aécio ganha mais se tentar o Senado.

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De São Paulo-SP.

FOTO: Retirada daqui

segunda-feira, 12 de abril de 2010

A candidatura do PSOL

O PSOL é um partido com todos os defeitos do PT e nenhuma de suas qualidades. Enfim, é uma daquelas piadas de mau gosto que o processo político-partidário produz de tempos em tempos.

O partido foi formado pela junção das micro-tendências internas de extrema-esquerda de Luciana Genro (MES) e Babá (CST) e com a adesão de um grupo dissidente do PSTU (C-SOL). Além disso, alguns poucos membros da DS seguiram Heloisa Helena. Posteriormente, a tendência interna de Ivan Valente e Chico Alencar (APS) resolveu aderir (logo após perder a disputa interna do partido). Resumindo, nenhum dos grupos fundamentais que originaram o PT participou da criação do PSOL, ou seja, este partido não é uma volta às origens do PT. Com exceção da APS e da DS, o PSOL é formado por militantes de esquerda que gostam mesmo de ser oposição e não tem a menor intenção de chegar ao poder (“o poder? poder corrompe!!!”).

Durante sua curta existência, apesar do grande alvoroço da mídia, o PSOL não decolou e continua um partido com baixo potencial eleitoral e pequena influência social. Apesar de pequeno, o PSOL é extremamente dividido e vive sob constante disputa interna, com acusações de golpe e acordões para todos os lados. O ponto mais baixo dessa confusão foi o seqüestro da página de internet do partido durante o processo de escolha do candidato presidencial.

Enfim, após toda essa luta interna, o ex-deputado Plínio de Arruda Sampaio foi alçado à categoria de pré-candidato presidencial pelo PSOL. Comparando com a candidata da eleição de 2006, Heloisa Helena, trata-se de um enorme avanço para o partido, já que a vida pública de Plínio é marcada pela atuação como intelectual propositivo, diferente da histeria udenista da ex-senadora. Ponto para o PSOL!

O mais difícil para o pré-candidato Plínio é conseguir o mesmo apoio que a mídia concedeu à Heloisa Helena em 2006. Ao contrário da ressentida Heloisa, Plínio não deve poupar críticas aos tucanos, ou seja, não se submeterá ao papel de linha auxiliar da Direita (esperamos). Enfim, provavelmente nesta eleição o queridinho da mídia não será o candidato do PSOL, mas sim a candidata do PV.

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De São Paulo-SP.

domingo, 11 de abril de 2010

Novilíngua eleitoral

Em ano eleitoral a novilígua fica afiada! Cada candidato acusa o adversário de alguma coisa horrorosa, em geral usando termos com significados plurais. Na America Latina a contradição favorita é entre o “populismo” e a “responsabilidade”. Mas o que diabos são populismo e responsabilidade?

Em nossa opinião populismo são aquelas medidas que, apesar de muito populares (grande aceitação), tem resultados inócuos para o povo. O populismo é composto de dois elementos, o primeiro referente à sua aceitação e o segundo referente ao seu efeito. Examinemos os dois elementos separadamente.

1º elemento – Com relação à sua aceitação, a medida pode ser popular (quando o Povo aprova) ou impopular (quando o Povo não aprova). Para simplificar, vamos imaginar que existem apenas dois agentes políticos: de um lado o Povo (a maioria) e de outro as elites (a minoria). Se uma medida agrada ao Povo E às elites, não há discussão. Se a medida desagrada tanto o Povo quanto as elites, então o governante é muito burro. Enfim, se o governante não for burro, a medida impopular (por desagradar ao Povo) certamente é do agrado das elites.

2º elemento – Com relação aos resultados, a medida pode ser real (quando beneficia o Povo) ou inócua (quando beneficia as elites). Se a medida beneficia todos, não há discussão. Se a medida prejudica a todos (Povo e elites), então o governante é burro.

A combinação dos dois elementos resulta em quatro conceitos, denominados conforme:

  • Medida social – aceitação popular e resultado real
  • Medida populista – aceitação popular e resultado inócuo
  • Medida responsável – aceitação impopular e resultado real
  • Medida elitista – aceitação impopular e resultado inócuo

Em geral, essas medidas não são acompanhadas pelos termos conceituados. As medidas sociais são criticadas pelas elites e acusadas de “populistas”. Por sua vez, as medidas elitistas são chamadas por eles de “responsáveis”.

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De Cotia-SP.

sábado, 10 de abril de 2010

A culpa é da vítima, de novo!

Um vereador tucano com nome de cartola de futebol, Ricardo Teixeira (PSDB), apresentou um projeto de lei na cidade de São Paulo proibindo a comercialização das chamadas “pulseiras do sexo”. As pulseiras coloridas fazem parte de uma brincadeira idiota de adolescentes em que cada cor corresponde a uma carícia, como beijo, abraço e, eventualmente, sexo. Quem conseguir arrancar a pulseira tem direito à carícia correspondente à cor. Nos últimos dias a mídia tem alardeado uma série de casos de abusos sexuais relacionados às tais pulseiras.

De fato é uma brincadeira idiota, porém a iniciativa do vereador é mais idiota ainda! Achar que a causa da violência sexual é uma pulseira colorida é equivalente ao argumento machista de que determinada mulher teria sido estuprada por causa dos trajes que usava ou pela maneira que se portava, ou seja, colocar a culpa na vítima e não no criminoso. Se o nobre vereador quer passar vergonha, valeria mais a pena se propusesse uma lei proibindo o estupro de meninas com pulseiras coloridas...

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De Cotia-SP.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Agora sim!

Para quem gosta tanto de criticar o programa nuclear Norte-Coreano e Iraniano, finalmente os EUA estão sendo minimamente coerentes propondo, em conjunto com a Rússia, uma redução de seu próprio arsenal de bombas atômicas.

Claro que, mesmo com a redução, ambas as potências continuaram com potencial para destruir o mundo algumas dezenas de vezes. Além disso, o programa não necessariamente vai sensibilizar países que não assumem sua capacidade nuclear, como Israel e Paquistão.

Em todo caso, é um passo positivo.

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De São Paulo-SP.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

A lista de Wall Street

Além de elogiar a economia Brasileira, o Wall Street Journal aproveitou para listar os 10 melhores restaurantes de São Paulo (elaborada pelo chef Paulo Barroso de Barros). Imaginando que os corretores de Wall Street sejam exigentes em assuntos gastronômicos, consideramos que a referência é boa!

Confira:

http://online.wsj.com/article/SB10001424052748704188104575083783222446658.html

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De São Paulo-SP.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Solução tem, o que falta é competência

Nesses dias de enchentes, alagamentos e trânsitos monumentais, toda a ineficiência do poder público aflora. Curiosamente, em São Paulo os eleitores da Direita e os apoiadores da dupla Serra-Kassab não enxergam isso. A resposta oficial da Direita é sempre a mesma, muda apenas o tema: "o trânsito de São Paulo não tem solução" ou "Enchentes? Isso não tem como resolver?".

A pré-candidata presidencial do PV, a ex-ministra Marina Silva, aderiu parcialmente à linha da Direita e declarou que o problema das enchentes em São Paulo só pode ser resolvido em médio-longo prazo. Ué, Marina? O PSDB governa São Paulo desde 1995 (Covas, Alckmin, Serra e agora Goldman), será que 15 anos não eram suficientes para resolver?

Se para a Direita o trânsito e as enchentes em São Paulo não têm mais solução, então nas próximas eleições deveriam balizar seu voto pelos problemas que podem ter, como Saúde e Educação, e optar pelos candidatos de Esquerda que investem nestes setores.

Por fim, discordamos gravemente dessa tese de que não há solução. Para o trânsito, a solução é o transporte público, mas o governante tem que tomar medidas corajosas que vão invariavelmente prejudicar o transporte individual (como faixas exclusivas de ônibus, por exemplo). Para as enchentes, basta investir na prevenção, na limpeza urbana e no desassoreamento do Rio Tietê, trabalhando mais e fazendo menos propaganda.

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De São Paulo-SP.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Incoerente por que?

A “paradinha” deve ser o debate mais importante do Brasil na atualidade. Nenhum outro tema tem tanta importância quando a possibilidade do batedor do pênalti dar aquela paradinha malandra antes de chutar. Os goleiros obviamente odeiam. Os batedores defendem. Como a regra não é clara (a propósito, nenhuma regra o é, caso contrário não precisariam ser interpretadas pelo juiz...) e a FIFA não se posicionou, os juízes acabam permitindo.

Se os juízes permitem, então a paradinha é uma jogada válida até para seus críticos, oras! Dessa forma, por que diabos o Rogério Ceni está sendo hostilizado ao tentar a paradinha? É hipocrisia exigir que o goleiro são-paulino ficasse se martirizando e bancando o Don Quixote enquanto todo mundo usa e abusa do artifício.

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De São Paulo-SP.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Breve opinião sobre Lula no Canal Livre

O Roda Viva da TV Cultura sempre foi um grande programa, mas faz um tempo que anda meio sem graça (segundo as más línguas, está assim por culpa dos tucanos). Em crise, cada vez mais o Roda Viva perde espaço como programa de entrevistas para o Canal Livre da Bandeirantes.

Ontem (4 de abril de 2010) o Canal Livre apresentou uma boa entrevista com Presidente Lula. Os entrevistadores foram José Luiz Datena, Boris Casoy, Antonio Teles, Fernando Mitre e Joelmir Beting. O Presidente se saiu bem principalmente sobre Economia e Política Internacional. Tudo que Lula falou pode ser rigorosamente comprovado em números, mas o tom do Presidente foi muito personalista (quase messiânico).

Tirando as provocações ao Boris, a melhor parte foi quando ele propôs uma nova ONU. No caso, o Presidente Lula defende a incorporação de mais países ao Conselho de Segurança, como o Brasil, Índia, Alemanha, Japão, África do Sul, Nigéria, Egito, México (entre os citados nominalmente). Em nossa opinião, a solução para a ONU não é a mera incorporação de novos membros ao Conselho de Segurança, mas sim o fim do poder de veto detido pelos cinco membros permanentes do Conselho (EUA, Rússia, Inglaterra, França e China).

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De São Paulo-SP.

Foto: Ricardo Stuckert/Pr

domingo, 4 de abril de 2010

Lula no Canal Livre

O Presidente Lula no Canal Livre da Bandeirantes às 23hs.

Amanhã publicamos análise.

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De São Paulo-SP

sábado, 3 de abril de 2010

Viagem ao Oriente Médio reforça possibilidade de Lula como Secretário-Geral da ONU

Papagaio de pirata em política internacional temos de sobra: o Presidente Lula realizou uma viagem histórica ao Oriente Médio (Don Pedro II tinha sido o único governante Brasileiro a fazer o mesmo) e não faltaram bobos tentando criticar a iniciativa.

Alguns insistiram que o Presidente Lula cometeu uma gafe e ofendeu o povo israelense por recusar depositar flores no túmulo de Theodor Herzl, o fundador do Sionismo. Ocorre que o Sionismo é um movimento político do qual, acertadamente, o Brasil não faz parte. Não apoiar o Sionismo é diferente de reconhecer aos judeus o direito a seu estado e defender a paz entre todos. Defender o Sionismo (ou prestar homenagem a seu fundador) seria a gafe, pois o Brasil estaria tomando um dos lados da disputa, o lado que não reconhece aos palestinos o direito a um estado. O Itamaraty foi bastante coerente e, em vez de se associar ao lado reacionário da história, Lula depositou flores no Museu do Holocausto, condenou o Holocausto e defendeu o direito de existência de Israel, ao mesmo tempo depositou flores no túmulo de Yasser Arafat, defendeu a paz e o direito do Irã desenvolver um programa nuclear pacífico.

Alguns ressentidos tentaram transformar a ida do Presidente ao Oriente Médio num fracasso, já que afastariam as possibilidades de Lula ser Secretário-Geral da ONU. Em primeiro lugar, seria temerário reduzir a histórica visita a uma pré-campanha para a ONU. Em segundo lugar, é uma burrice sem tamanha achar que a viagem teria tido este efeito, uma vez que as decisões da ONU são feitas pela Assembléia Geral, órgão em que cada país tem um direito a voto, ou seja, o voto do Irã tem o mesmo peso do que o voto dos EUA. Resumindo, mesmo que a viagem afastasse o voto israelense, teria agregado os dos países árabes, ou seja, quinze votos contra um. Além disso, lembrando que os sionistas são apenas uma das diversas linhas de pensamento que existem em Israel, pode ser que a visita de Lula tenha tido mais efeitos positivos na opinião pública israelense do que negativos.

A viagem do Presidente Lula ao Oriente Médio tem seus méritos por si própria, mas se um de seus resultados for a eleição de Lula como Secretário-Geral da ONU, o Brasil e a paz só tem a ganhar.

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De Cotia-SP.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Disco novo do Slash!

Para uma banda de rock ser considerada boa tem que ter pelo menos um gênio. Mas para entrar na história da música precisa de pelo menos dois gênios. Os Beatles tinham John e Paul, os Stones tem Mick Jagger e Keith Richards, o Led tinha quatro gênios, o Black Sabbath tinha o Ozzy e o Tony Iommi e a lista segue. Claro que existem bandas históricas com apenas um gênio, como Nirvana ou The Doors, mas nesses casos, a banda é como se fosse uma extensão de sua figura principal.

Conforme a regra, no caso do Guns N’Roses eram dois gênios: Axl Rose e Slash. Tanto é que, comparada com o sucesso do Guns nos anos 80 e 90, a carreira dos dois após a separação têm sido muito menos influente. O Axl ficou com os direitos e o nome do Guns, mas deu uma de Michael Jackson e passou dez anos recluso elaborando o álbum "Chinese Democracy". Diferente foi o Slash, que lançou quatro álbuns de duas bandas diferentes, o Slash's Snakepit e o Velvet Revolver (composto pelos ex-membros do Guns, menos o Axl, lógico!). No dia 10 de maio, Slash pretende lançar um álbum solo, que conta com a participação de alguns ilustre convidados, do quilate de Ozzy Osbourne, Lemmy do Mötorhead, Iggy Pop, Duff McKagan, Dave Grohl, Izzy Stradlin, Chris Cornell e Fergie (?!?).

O álbum novo de Slash está a disposição via streaming.

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De Cotia-SP.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Meirelles para vice

O Presidente do Banco Central Henrique Meirelles é um agente infiltrado no Governo Lula. Durante quase oito anos ele fez o possível e o impossível para boicotar mudanças mais profundas na política econômica. Apesar disso, seria formidável se ele fosse indicado como candidato a vice na chapa da petista Dilma Rousseff (ex-Ministra Chefe da Casa Civil) por duas razões:

A primeira razão é que, para ser candidato, Meirelles precisa se desvincular e renunciar à Presidência do Banco Central. Mereceria uma queima de fogos equivalente a que comemorou a saída de José Serra do Governo de São Paulo.

A segunda razão é negativa. Se Meirelles for o vice, quer dizer que Michel Temer não será! Afastar o Deputado Michel Temer (PMDB-SP) da Vice-Presidência da República é um benefício tão grande para o Brasil que somos até capazes de perdoar toda a desgraça que Meirelles cometeu durante seus anos no BACEN.

Ao que tudo indica, Meirelles não vai renunciar e teremos que agüentá-lo até o final do ano e, eventualmente, até o final do mandato da Dilma (e Temer...). Uma pena, mas sonhar não custa nada!

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De São Paulo-SP.