quinta-feira, 30 de julho de 2009

Realpolitik

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), apanha diuturnamente nas páginas dos principais jornais do País. Esse personagem contraditório consegue ser, ao mesmo tempo, o simbólico primeiro presidente civil que representou o fim da Ditadura Militar, mas também o representante do coronelismo mais antigo e atrasado que assola o Brasil.

Duas considerações:

1. Nada do que se acusa Sarney é novidade, muito pelo contrário, já que ele sempre foi um grande aliado/sócio/amigo dos que hoje o atacam.

2. A ferocidade dos ataques contra o Presidente do Senado não é dirigida a Arthur Virgílio (PSDB-AM), que confessou crimes talvez mais graves do que de Sarney.

Esses dois pontos revelam a realpolitik que dirige as editorias dos principais órgãos da mídia tupiniquim. O objetivo deles não é defender a ética, caso contrário, além de exigir a renúncia à Presidência do Senado, os jornalões clamariam pela cassação do mandato de Sarney e fariam o mesmo com Virgílio, Heráclito Fortes (DEM-PI) e cia.

Por trás de toda a campanha anti-Sarney, se esconde a disputa pelo projeto de País. A linha editorial da mídia é ditada por seus proprietários e ideologicamente identificada com a classe empresarial da qual fazem parte. E esse setor empresarial quer a derrota do Governo Lula e sua substituição por uma vertente neoliberal. Por isso atacam Sarney, apenas.

Se Sarney for derrotado, renunciará à Presidência do Senado, mas manterá seu mandato. Virgílio, corrupto assumido, será apresentado como um vencedor. Heráclito Fortes, chefe direto de Agaciel Maia, terá passado incólume pela crise. E toda a corrupção continuará. Mas, na disputa pelo projeto de País, o time dos neoliberais terá marcado um gol. Realpolitik...

Diante disso, continuaremos torcendo para que Sarney continue presidindo o Senado, pois também sabemos brincar de realpolitik...

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Dica cultural

O quinteto “Pitanga em Pé de Amora” se apresenta durante o mês de agosto no Espaço Cachuera! (Rua Monte Alegre, 1.094, ao lado da PUC-SP). O grupo é composto por Daniel Altman (violão 7 cordas e voz), Diego Casas (violão e voz), Ângelo Ursini (saxofone, clarinete e flauta), Gabriel Setúbal (trompete, violão e voz) e Flora Poppovic (percussão e voz).

Todas as terças-feiras às 21hs. Ingressos a R$ 20,00 (meia-entrada a R$ 10,00).

MPB/samba/choro/frevo de qualidade que vale a pena conferir.


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De São Paulo-SP.

terça-feira, 28 de julho de 2009

10 bons filmes sobre a Mafia

O Poderoso Chefão (trilogia) O clássico de Mario Puzo dirigido por Francis Ford Coppola é estrelado por Marlon Brando, Al Pacino, James Caan, Robert Duvall, Diane Keaton, Tália Shire, Robert De Niro (Parte 2) e Andy Garcia (Parte 3). Trata-se da história da famiglia Corleone, a partir da emigração da Sicilia para Nova York do patriarca Don Vito (Brando/ De Niro), até a ascensão e queda de seu filho Michael (Pacino). O primeiro filme foi lançado em 1972, a segunda parte em 1979 e a terceira em 1992.

Cassino (1995) Dirigido por Martin Scorsese, o filme conta a trajetória de Sam “Ace Rothstein (Robert De Niro), o mafioso administrador do Cassino Tangiers, sua esposa Ginger (Sharon Stone) e as desaventuras de seu amigo Nicky Santoro (Joe Pesci, imperdível).

O Desafio do Bronx (1993) De Niro dirigido por De Niro... Trata-se de um drama sobre Calogero 'C' Anello (Francis Capra/Lillo Brancato), um jovem criado no Bronx que divide sua admiração entre seu pai, o honesto e trabalhador Lorenzo Anello (Robert De Niro), e Sonny LoSpecchio (Chazz Palminteri), o mafioso da rua.

Os Intocáveis (1987) Simples e direto: Eliot Ness (Kevin Costner) contra Al Capone (Robert De Niro). Dirigido por Brian de Palma, com Sean Connery e Andy Garcia. Destaque para a cena do carrinho de bebê que desce a escadaria na estação de trem, uma homenagem ao Encoraçado Potemkin de Sergei Eisenstein.

Os Bons Companheiros (1990) Se Coppola mostrou a ética da Máfia em “O Poderoso Chefão”, o diretor Martin Scorsese preferiu mostrar a falta dela (a comparação entre os filmes é inevitável)! É a saga de três amigos nos meandros da Mafia, Henry Hill (Ray Liotta), James ‘Jimmy’ Conway (Robert De Niro) e Tommy DeVito (Joe Pesci).

Era uma vez na América (1984) O diretor Sérgio Leone, famoso pelos westerns spaghetti, conta a história de trinta anos de uma ex-amisade entre os mafiosos judeus David 'Noodles' Aaronson (Robert De Niro) e Maximilian 'Max' Bercovicz (James Woods). Além do crime, a ex-amizade tem tons de triângulo amoroso entre os protagonistas e Deborah Gelly (Jennifer Connelly/Elizabeth McGovern).

Scarface (1932) O filme original de Howard Hawks, inspirou o clássico homônimo com Al Pacino, e por sua vez foi inspirado na história de Al Capone. O filme traça a carreira de crimes de Antonio 'Tony' Camonte (Paul Muni), um mafioso com cicatriz no rosto.

Os Donos da Noite (1989) Quick (Eddie Murphy) e Sugar Ray (Richard Pryor) são dois mafiosos negros que mantêm um cassino ilegal no Harlen. Talvez tenha mais valor como comédia do que como retrato da Máfia.

Oscar - Minha Filha Quer Casar (1991) Comédia com Silvéster Stallone, que interpreta Angelo 'Snaps' Provolone, um mafioso que promete se regenerar, mas fica sabendo que a filha quer casar com seu contador, que o contador está lhe roubando, que a polícia está atrás dele e outras confusões.

Bugsy (1991) Warren Beatty é Bugsy Siegel, o famoso mafioso da vida real que idealizou Lãs Vegas e dirigiu o primeiro cassino da cidade.


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De São Paulo-SP.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

40 anos do homem na Lua

Apenas para não deixar a efeméride passar em branco, um pequeno comentário sobre os 40 anos do homem na Lua:

Apesar de toda beleza do feito, ele não passa de uma jogada de marketing... De maneira alguma colocamos em dúvida a ida do homem para a Lua no dia 20 de julho de 1969, muito pelo contrário, apenas questionamos a finalidade prática do feito.

Como muitos sabem a Corrida Espacial, além das justificadas finalidades científicas e tecnológicas, era uma disputa ideológica entre o Sistema Capitalista liderado pelos EUA e o Sistema Socialista liderado pela URSS.

Mas, o que poucos sabem é que a União Soviética foi quem venceu essa disputa. O primeiro satélite em órbita era russo (Sputnik em 04/10/57), o primeiro ser vivo no espaço foi enviado pela URSS (a cadela Laika em 03/11/57) e o primeiro homem no espaço foi o cosmonauta soviético Yuri Gagarin em 12/04/61. Enfim, a disputa estava liquidada.

Em 12 de setembro de 1962, o então Presidente americano John F. Kennedy fez um discurso prometendo que os EUA iriam à Lua até o final da década. Bom pra eles! Como diria Mané Garringa, faltou combinar a disputa com os Russos, pois eles desencanaram de levar gente para a Lua e passaram a investir em sondas e estações espaciais. Solenemente ignoraram o desafio de Kennedy.

Por W.O. os EUA conseguiram levar o primeiro homem à Lua. Parabéns para eles... O que não dá é pra dizer que eles ganharam a Corrida Espacial por causa disso.

Parabéns Neil Armstrong, mas Yuri Gagarin é o maior!

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De São Paulo-SP.

terça-feira, 21 de julho de 2009

UNE sob ataque dos hipócritas

A imprensa ignora a UNE desde o Fora Collor (que só parou de ignorar quando as manifestações ficarão impossíveis de serem escondidas). Essa semana a imprensa “redescobriu” a UNE, mas apenas para atacá-la. Criticas fazem parte da Democracia, então esse não é o problema. O problema é quando TODOS os principais jornais do Brasil passam a atacar uma entidade que até semana passada eles solenemente ignoravam. É um fato, no mínimo, estranho...

Outro problema é quando a crítica não tem o menor embasamento. Citaremos, e rebateremos, algumas das criticas sem base feitas (algumas eram mentiras descaradas) contra a UNE:


UNE chapa-branca (editorial do Estadão de 20/07)

O argumento central do Estadão é que a UNE é chapa-branca do Governo Lula porque recebeu dinheiro. O editorial “denuncia” que a entidade recebeu R$ 10 milhões desde 2004 e que vai receber mais R$ 36 milhões para reconstruir sua sede. Apesar de não mentir, o Estadão omite fatos e não esclarece que todo dinheiro recebido pela UNE é relacionado a projetos, na maioria culturais, que qualquer outra entidade teria acesso (muitas outras tiveram). O Estadão também omite que antes do Governo Lula a UNE também recebia verbas federais para os projetos culturais e nunca deixou de combater o Governo FHC. Por fim, o Estadão não esclarece que a sede cuja reconstrução o Governo vai financiar é mesma que o Exército demoliu durante a Ditadura, ou seja, é uma indenização.


Jovens velhos (editorial da Folha de 21/07)

Foi o ataque mais autêntico, por sua vez mais patético. A Folha tenta questionar a UNE por sua forma de eleger a Diretoria (através de delegados em um congresso). Porém, ao longo do texto, percebemos que o que incomoda a Folha é outra coisa. Sem medo de ser feliz, o jornal da família Frias clama contra a UNE, a Petrobrás e as centrais sindicais. Mais adiante, acusa a entidade de ser atrasada por se preocupar com carteirinha (que é a garantia do direito à meia-entrada) e a entrada do capital estrangeiro nas universidades. Pelo menos foi sincera.


Caras-pintadas-de-branco (coluna de IGOR GIELOW na Folha em 20/07)

O artigo desse ilustre desconhecido (quem quer que seja ele...), quando retirada toda a verborragia, resume-se a uma tentativa de dizer que a UNE não teve grande importância no Fora Collor... Lamentável!


Educação não é mais interesse da UNE (quadro "Liberdade de Expressão com Carlos Heitor Cony e Arthur Xexéo” na CBN dia 21/07)

Arthur Xexéo declara que a UNE só tinha importância porque tratava de educação. Ignora a campanha pela adesão do Brasil aos Aliados na 2ª Guerra Mundial, a campanha do Petróleo é Nosso, o combate a ditadura e o Fora Collor. Como bem respondeu Cony, são todos fatos políticos. Xexéo também se equivoca ao dizer que “faz tempo que a UNE não trata de Educação”, ignorando que tramita no Congresso Nacional um Projeto de Lei de Reforma do Ensino Superior que é de autoria da UNE.

Por fim, Xexéo diz a barbaridade de que a UNE ao tratar de política se enfraquece já que não são assuntos de seu interesse e que não lhe dizem respeito. Duvido que Xexéo dirigiria tal afirmação, que caberia na boca do Coronel Erasmo Dias, à OAB ou à ABI.


A UNE não exerce mais um papel de vanguarda no movimento estudantil (Quadro “Por dentro da Política com Lúcia Hippolito” na CBN dia 21/07)

Inicialmente, Lúcia Hippolito foge do tema da matéria, que seria os estragos ocorridos em algumas escolas utilizadas como alojamento para os delegados ao Congresso da UNE e, em um discurso inflamado e ressentido, decretou que historicamente “a UNE é oposição a qualquer governo”... Hippolito, que se diz historiadora, não deve saber que o Congresso de fundação da UNE em 1937 nomeou Getúlio Vargas seu presidente de honra. Também ignora o apoio da UNE aos governos de Jango, Sarney e Itamar.

Lúcia mente ao dizer que “no Congresso não se ouviu uma única palavra sobre mais acesso a universidade, democratização do acesso e mais verba para educação”, já que esses temas são exatamente os mais debatidos em todo o Congresso, como pode ser conferido na programação e nas resoluções aprovadas em Plenária Final (www.une.org.br).

Não contente com as barbaridades, a “jornalista” diz que é uma contradição o presidente da UNE ser jovem e do PCdoB, pois seria um partido “embolorado”, ignorando que a maior juventude política do Brasil é a UJS, referenciada politicamente no PCdoB.

Por fim, novamente Hippólito mente quando fala que o novo presidente da UNE é estudante profissional, não trabalha e vive de mesada do pai. Além disso, trata-se de uma contradição, pois se ele é profissional, isso quer dizer que ele trabalha e não vive de mesada.

Curiosamente, ao citar a UNE da sua geração, Lúcia Hippólito não cita qual foi seu papel nos tempos de estudante. Talvez porque a jornalista nunca tenha participado do Movimento Estudantil...

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De São Paulo-SP.

domingo, 19 de julho de 2009

51º Congresso da UNE elege Augusto Chagas

Devido aos preparativos do 51º Congresso da UNE, realizado entre os dias 15 e 19 de julho em Brasília, este blog ficou sem atualizações.

Retomamos as atividades a partir dessa semana.

EM TEMPO: Augusto Chagas, estudante da USP e ex-presidente da UEE-SP foi eleito presidente da UNE pela chapa Da Unidade Vai Nascer a Novidade. Dos 2809 votos no Congresso, Augusto recebeu mais de 2 mil...

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De Brasília-DF.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Pelo fim do financiamento privado de campanhas

País democrático é aquele em que os cidadãos decidem o rumo da nação. A enorme e desproporcional influência das empresas na política Brasileira é um empecilho para nossa democracia.

O objetivo de uma empresa é, sem fazer juízo de valor, dar lucros cada vez maiores para seus proprietários. Enquanto for permitido que as campanhas eleitorais sejam financiadas por empresas, não haverá democracia de fato no Brasil, pois todo governante, para ser eleito, necessitará do apoio de empresas, que cobrarão ajuda e, caso não recebam, deixarão de apoiar na campanha seguinte.

O financiamento público de campanhas pode não ser a única alternativa, mas certamente a proibição do financiamento de empresas é uma necessidade para a democracia Brasileira.

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De São Paulo-SP.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

O Campeão da ética está sem moral

Arthur Virgílio (PSDB-AM), líder de seu partido no Senado, é o campeão da ética e do combate ao Presidente José Sarney (PMDB-AP). Além disso, Virgílio é o senador que:

a) Pegou empréstimo de R$ 10.000,00 com Agaciel Maia;

b) Teve as despesas médicas da mãe pagas pelo Senado acima do limite;

c) Mantém um funcionário no exterior, apesar de ser pago pelo gabinete no Senado.

Enfim, não tem muita moral para criticar... Apesar disso, qualquer deslize de Sarney é estampado nas manchetes dos grandes jornais, enquanto as escorregadelas de Virgílio (que ele já confessou como verdadeiras) não aparecem nem nas colunas mais obscuras.

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De São Paulo-SP.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Transparência...

A “grande” imprensa anda atacada com a coluna do Presidente Lula. Estão ofendidos que a assessoria da coluna não informou quantas perguntas recebeu.

Engraçado, a Petrobrás criou um blog para divulgar esse tipo de informação, mas foi duramente criticada pela mesma “grande” imprensa.

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De São Paulo-SP.

terça-feira, 7 de julho de 2009

O gasto e o investimento

Nesses tempos de crise mundial, muitos colunistas econômicos seguidores da ideologia neoliberal ficaram meio sem moral para fazer suas análises, afinal de contas, ninguém vai dar crédito para quem defendeu tudo que deu errado na última década. Na falta do que criticar, esses setores da mídia alertam para os “gastos do Estado”, que segundo eles é o maior dos pecados.

Bobagem, já que em tempos de recessão, quanto mais o Estado gastar, mais a economia se movimenta e apressa a saída da crise. Mesmo assim, os colunistas neoliberais bradam bravamente contra o “gasto público”.

Às vezes, tais colunistas fazem questão de diferenciar o “gasto” público do “investimento” público. O gasto, nefasto segundo eles, é tudo que tiver relação com folha de pagamento. O investimento, por sua vez, é o bom uso do dinheiro público.

Curiosamente tais colunistas criticam apenas a forma de gastar o dinheiro público, mas não dizem uma palavra sobre seu fim. Em vez de questionar se o governo investe em pesquisa ou propaganda, eles questionam se houve aumento do funcionalismo público ou se foi contratada uma empresa.

A curiosidade tem um conteúdo oculto. Vejam só que para investir em saúde e educação, qualquer governo terá de contratar professores e médicos. Mas isso será criticado como “gasto” público. Porém, se um governo contratar uma empresa terceirizada para fazer alguma coisa relacionada à educação ou à saúde, estará fazendo um benéfico “investimento” público.

Resumindo, a despesa do governo só é boa quando der lucro para algum empresário.

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De São Paulo-SP.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

O fim das pilhas

A tecnologia evolui rapidamente a partir da 3ª Revolução Industrial. Sua principal coqueluche são os instrumentos portáteis como telefones celulares, tocadores de MP3 (neo-sucessores dos walkmans à fita) e computadores notebooks.

Apesar disso, quanto mais utilidades os portáteis adquirem, mais suas baterias de curta duração se mostram limitadores. A bateria de um telefone celular que dura três dias, não agüenta doze horas se estiver usando a tecnologia G3.

Assim como foi desenvolvida a transmissão de dados sem fios, os engenheiros e cientistas buscam agora uma forma de transmitir energia sem fios. Em pouco tempo os avanços na maneira de carregar a bateria dos aparelhos portáteis vão revolucionar nossa maneira de ver a tecnologia.

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De São Paulo-SP.

domingo, 5 de julho de 2009

Comentário dominical

Em Hamburgo, na Alemanha, 67 pessoas foram presas durante manifestações duramente reprimidas pela polícia.

Se fosse no Irã seria uma prova da falta de democracia do regime...

Se fosse na USP seria um esforço do Governador José Serra em garantir o bom andamento das aulas.

Se fosse em Honduras seria a defesa da constituição contra os terríveis aliados chavistas do presidente deposto.

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De São Paulo-SP.

sábado, 4 de julho de 2009

Que facto estranho...

O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa é notícia velha, mas foi muito polêmico no ano passado. Em Portugal, uma das principais críticas era a supressão na escrita das “consoantes mudas”, aquelas letras que já não eram mais faladas, mas que continuavam sendo escritas. Havia algumas exceções, como as consoantes que eram mudas em alguns países e faladas em outros, neste caso, as duas grafias seriam aceitas. “Facto” e “fato” era um desses casos, onde o primeiro continua em uso em Portugal, enquanto o segundo é o correto no Brasil.

Por alguma estranha razão, sobre o Golpe de Estado em Honduras, o jornal Estadão insiste em escrever presidente “de facto” em contraposição ao presidente “destituído”. Muito estranho, já que no Brasil o uso corrente é “de fato”, sem falar a consoante “c”, ou seja, uma consoante muda.

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De São Paulo-SP.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Cuidado com a jactância

Todo o rolo envolvendo o Senado é uma continuação do rolo envolvendo o Senador Renan Calheiros (PMDB-AL).

Obrigado a renunciar ao cargo de Presidente do Senado em dezembro de 2008, Calheiros foi o grande articulador da eleição da José Sarney (PMDB-AP) à sua “sucessão”. Além de eleger um amigo e aliado fiel, Calheiros estava impedindo a vitória de Tião Viana (PT-AC), a quem julga responsável por não ter arquivado seu processo de cassação de mandato na Mesa Diretora. Uma vez derrotado, Tião Viana iniciou o bombardeiro de denúncias contra os Senadores PMDBistas.

No meio do caminho surgiu uma CPI da Petrobrás, na qual as articulações de Calheiros garantiram absoluto poder sobre todos os trabalhos. Com isso assustou o PT e demais partidos governistas e incomodou o PSDB, DEMo e demais partidos da oposição. Em resumo, Renan se isolou, o que desprotegeu seu aliado José Sarney.

Enfim, em magistral volta por cima, Renan pecou pela jactância.

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De São Paulo-SP.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Abre o olho, Mercadante

Com a retirada do apoio do DEMo (ex-PFL), o senador José Sarney (PMDB-AP) passa a depender do PT para se sustentar. Uma inversão de papeis, pois desde fevereiro era o PT estava na mão do PMDB, que controla as duas casas do Congresso Nacional.

O Presidente Lula, que não é bobo nem nada, já mandou avisar que apóia Sarney, pois quer o apoio do PMDB nas eleições de 2010. A bancada petista no Senado, que não tem um terço do visionarismo de Lula, ameaçou pedir o afastamento de Sarney para se vingar da derrota de Tião Viana (PT-AC) nas eleições para a Presidência do Senado. Com certeza algum representante de Lula os avisou da bobagem que faziam a tempo de recuarem.

De fato, a vitória de Sarney para presidente do Senado em fevereiro deste ano foi uma vitória do PMDB sobre o PT. Apesar disso, foi uma vitória do Governo Lula, de quem Sarney é um fiel aliado. A queda de Sarney agora seria uma vitória da Oposição sobre o Governo, e o pior, fortaleceria a ala tucana do PMDB, afastando de vez a possibilidade de um apoio à Dilma Rousseff.

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De São Paulo-SP.